Capítulo 19 - Ajudando um ômega em apuros

1720 Words
Durante aquele baile, Lucian percebia o quão "popular" Magnus era. Muitos homens nobres cumprimentaram ele e falaram sobre trabalho e negócios dos quais o Grão-duque respondeu habilmente. Chegava a soar como um idioma estranho eles falarem de algo que Lucian não entendia muito bem, e ainda assim era bonito de se ver. A elegância de Magnus ao falar com tamanha propriedade sobre negócios era… estranhamente excitante apesar de ainda ser enfadonho. Claro que a parte de socializar era importante para eles, principalmente para ostentar a bela aliança de noivado que os dois rapazes compartilhavam. Para o prazer de Lucian, naquela festa ele não precisou pisar no centro do salão e rodopiar feito uma cotovia, já que Magnus não era alguém que se divertia dançando. No entanto, ainda era cansativo ver tantas pessoas conversando com eles e fazendo as mesmas perguntas. — Vossa Graça, como vocês acabaram juntos? — Estou ansiosa para a festa de noivado, quando será? — Teremos mais boas notícias em breve? As lisonjas eram tantas que chegava a dar dor de cabeça, principalmente por ser nítido que eram poucos os que realmente estavam contentes com a união deles. Pela primeira vez naquela noite, e desde que chegou naquele mundo, que Lucian foi alvo de olhares de inveja. Alfas, homens e mulheres, o encaravam com desdém e inveja por estar ao lado de Magnus Grimwood. — Mantenha a cabeça erguida — Sussurrava Magnus antes de beber um gole de vinho. Lucian o olhou curiosamente e soltou um riso baixo. — Está preocupado comigo? — Considerando o que sei a seu respeito, admito que fico levemente preocupado que se sinta pressionado. O que seria um dos motivos pelos quais não me sinto atraído por você. — Isso seria uma bela mentira, já que você descobriu que não bato com os seus pré-conceitos. Magnus abriu um sorriso de canto e bebeu outro pequeno gole de vinho, uma resposta silenciosa que deixou o príncipe contente. — Por acaso dei motivos para você acreditar que eu sinto algo? — Graças ao nosso pequeno segredo, devo lembrá-lo que sei como fazê-lo gemer, pelo menos. Revirando os olhos, Magnus deixou a taça sobre uma mesa e virou-se para o oitavo príncipe. — Você parece ser do tipo que se gaba de ter conseguido uma noite de prazer. — Mas é claro. Minha primeira noite foi regada a uma droga sob a companhia do famoso Grão-duque. — Cuidado… alguém pode nos ouvir. — Não se preocupe com tais detalhes. Estou apenas dizendo que tenho motivos para me sentir orgulhoso e usar isso a meu favor. — Francamente… por que teve que ser você dentre tantas pessoas? Lucian soltou um riso baixo, realmente se divertindo ao provocar Magnus. Enquanto estava preso na sua pequena bolha mágica, ele percebeu que um certo protagonista estava naquela festa também, mas desacompanhado. Lucian observava atentamente a figura de Maverick, que parecia um brutamontes de cérebro pequeno e que se destacava pela sua beleza selvagem. — Irei conversar com o sir Sageclaw por um instante, evite problemas enquanto isso. — Oh, irá abandonar o seu noivo para conversar com outro alfa? — Provocava Lucian quando Magnus soltou o seu braço. — Estou. Estarei de volta em breve, por isso aproveite para socializar um pouco. — Uau, você é mais m*****o do que imaginei. Magnus apenas deu aquele sorriso ladino e malicioso que Lucian certamente adorava ler, e que agora podia ver em primeira mão. E assim como a areia escorre entre os dedos, o Grão-duque atravessou o salão de festas para ir até Maverick. — Talvez eu não devesse comemorar tão cedo o nosso noivado — Sussurrava Lucian consigo mesmo. Agora sozinho naquele salão cheio de pessoas, que conversavam em pequenos grupos, Lucian percebia que não conhecia muita gente ali com quem se enturmar. Aquele lugar já estava quente e barulhento, e ver Magnus interagir com Maverick não lhe caía bem. Antes que algum curioso pudesse começar algum rumor estapafúrdio, Lucian optou por uma retirada estratégica. Pelo menos naquela noite ele não estava acompanhando Raven, e também ele seria o único m****o da família imperial a participar da festa. Mas a coroa em sua cabeça chamava atenção, e Lucian entendia perfeitamente o que assustava o verdadeiro oitavo príncipe. Desde o momento em que ele pisou fora da carruagem, Lucian se tornou alvo de olhares. Independente do motivo de olharem para ele, fosse por causa da sua pessoa ou por causa de Magnus, isso não diminuía a pressão do julgamento. Ver pessoas o encarando e em seguida virando uma para as outras e sussurrar algo secreto… era uma pressão absurda. Graças ao fato dele ter vivido em uma era moderna - talvez até em outra realidade? - permitiu que Lucian lidasse com aquela pressão sem cair em sua armadilha. Ou seria melhor dizer que isso era graças à falta de credibilidade em relação à sua nova realidade? Lucian, muito provavelmente, não havia aceitado por completo aquela fantasia. Caminhando pelo extenso corredor ele encontrou uma porta aberta para uma sacada vazia. Foi ali que Lucian se debruçou na sacada e bebeu um gole de limonada, se sentindo relaxado por finalmente ter fugido do zum zum zum infinito misturado com as notas musicais e os olhares curiosos. — Haa… o que eu deveria fazer? Não pensei que Magnus poderia continuar tendo sentimentos por Maverick mesmo estando envolvido comigo — Erguendo a taça de limonada contra a luz do luar, ele continuava a suspirar — Mas ele não vai fazer nada para se comprometer com Maverick… e não terá amantes. A menos que os seus sentimentos sejam fortes demais, mas duvido que seja o caso… A sua garganta ficou seca, e mesmo virando toda a limonada em sua boca, ele ainda se sentia sedento. Apesar disso, Lucian permaneceu naquela sacada silenciosa por vários minutos, tendo a sua cabeça trabalhando nos mais diferentes cenários possíveis. — Eu deveria pesquisar sobre o motivo de eu ter vindo aqui. Mas duvido muito que a biblioteca de Magnus tenha algo… Será que eu deveria apelar para alguma religião? Haa… tenho certeza de que anotei no meu quadro alguma coisa sobre a religião dentro do livro. Ele se esforçava ao máximo para se lembrar dos detalhes do livro, mas por algum motivo a sua cabeça parecia coberta por uma névoa que o impedia de avançar no raciocínio. Até mesmo começou a sentir uma leve pontada em sua têmpora, o que o fez deixar de insistir em suas memórias. — Venha, meu jovem, aceite o meu conselho e me acompanhe, farei com que jamais se esqueça de que és um plebeu. — Por favor, senhor, me solte. Lucian olhou sobre o ombro um cabelo castanho comprido. Ele reconhecia aquele cabelo. O dono daquela cabeleira deu alguns passos para trás, revelando ser o outro protagonista daquela história. Inclinando-se levemente para saber o que acontecia, Lucian também notou um velho homem que não escondia a malícia em seu sorriso, o que realmente enojou o oitavo príncipe. — Não seja teimoso, apenas me acompanhe, garoto. — Eu… Cerrando os punhos por atrapalharem o seu pequeno momento de raciocínio graças a uma situação realmente nojenta, Lucian saiu da sacada e se aproximou daqueles dois. Diferente da sua máscara inocente que sempre usava para não levantar suspeitas, a sua expressão era similar a do Grão-duque, fria e intensa. — O que está acontecendo aqui? O homem velho virou-se rapidamente prestes a xingar quem quer que estivesse lhe atrapalhando, mas ao notar o alto Lucian o encarando friamente, ele engoliu em seco apesar de ainda manter a postura arrogante. — Não é nada demais com o que devesse se preocupar. — Vossa Alteza! O velho homem pareceu surpreso pela forma como Stephen se referiu a Lucian, e encarou o príncipe dos pés a cabeça em uma avaliação cuidadosa. Sem se incomodar com tamanha falta de educação, Lucian cruzou os braços sobre o peito e permaneceu no seu papel de pessoa prepotente. — Está me incomodando ouvir uma discussão numa festa tão alegre. Poderia soltá-lo, por gentileza? Estou certo que o Conde Baragnon ficará furioso se descobrir tal cena vergonhosa. — Mas estávamos apenas… — Vou ter que repetir? — Lucian disse baixo e pausadamente, estreitando os olhos claros para o senhor — Por acaso devo te levar preso por não obedecer o oitavo príncipe deste império? — N-Não senhor! Me perdoe. O homem soltou o pulso de Stephen, que massageou levemente e instintivamente se aproximou do príncipe. Contrariado, o homem saiu daquele corredor enquanto resmungava, mas não se atreveu a responder o oitavo príncipe. — Parece que certas coisas nunca mudam — Murmurava Lucian. — Obrigado, Vossa Alteza! — Stephen disse repentinamente — Você me salvou de uma situação realmente desconfortável. — Tenha cuidado, homens embriagados podem ser mais perigosos do que quando estão sóbrios. Por acaso você veio desacompanhado? Stephen ajeitou uma mecha do cabelo comprido atrás da orelha, parecendo constrangido na frente de Lucian. — N-Na verdade eu vim com a minha família, mas eu queria um pouco de ar. — Tenha cuidado e fique perto deles… — Lucian, finalmente te encontrei. Dando um leve pulo por ouvir repentinamente aquela voz, Lucian olhou sobre o ombro e percebeu a figura estóica de Magnus Grimwood andando por aquele corredor indo em sua direção. E pelas sobrancelhas franzidas, parecia não estar contente. — Oh, Magnus. Magnus caminhou calmamente pelo longo corredor e logo percebeu Stephen ali corado ao lado de Lucian. Erguendo a sobrancelha com suspeita, ele intercalou entre encarar o ômega e o oitavo príncipe, que o encarava inocentemente. — Olá, Vossa Graça — Cumprimentava o rapaz timidamente. Magnus estreitou os olhos vermelhos. — Sir Stephen, aconteceu algo? — Não foi nada demais — Lucian se intrometeu sorrindo ao ir para o lado de Magnus, ansiando sair de perto do protagonista da história — Já está na hora de irmos? — Sim, já fizemos o que era necessário. — Muito bem — Lucian olhou para Stephen e sorriu docemente pela primeira vez, apesar de ser… falso — Tenha uma boa noite, Stephen. Tenha cuidado. Enquanto Lucian e Magnus lhe davam as costas, Stephen permaneceu naquele corredor vazio e silencioso os encarando. Levando a mão ao peito, o ômega liberava um pouco dos seus feromônios ao se sentir estranhamente contente por receber a ajuda do oitavo príncipe.
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