Capítulo 45 - Reconfortando um príncipe

1786 Words
Antes da conversa das duas famílias chegar a um fim, havia uma presença extra que ouvia a conversa com extrema atenção. A criada que se escondia nas sombras ocultou perfeitamente a sua presença, e assim que ouviu passos em direção da porta, ela saiu correndo silenciosamente. Antes que fosse pega por alguém, ela apressou os seus passos atravessando corredores do Palácio do Sol e se infiltrando entre os demais empregados, que se esforçam em manter a ordem dos nobres convidados. Ao cruzar com alguém de roupas decoradas refletindo seu status social, ela reconheceu o sinal discreto entre seus dedos. E assim, a criada seguiu aquele nobre convidado para um encontro secreto. No segundo andar, onde havia várias salas de descanso para os convidados, dois guardas protegiam a porta. O nobre convidado parou na frente da porta e deu exatas três batidas antes da porta ser aberta. O cômodo somente era iluminado por uma lareira acessa, que mostrava o rapaz de cabelos louros escuros e corpo ligeiramente bebendo uma taça de vinho de frente a uma figura encapuzada. — O que temos? — Dizia o rapaz de trajes cerimoniais. — Vossa Alteza, temos novidade — O nobre se virou para trás, e cerrou o cenho para a criada apontando para falar com o sétimo príncipe. A criada deu alguns passos tímidos para frente, encolhendo levemente os ombros pela atmosfera i********e que a cercava. Apertando os dedos em seu uniforme, ela engoliu em seco. — O-Ouvi a Sua Majestade conversar com o milorde Grimwood. Nenhuma das partes parece disposta a cancelar o noivado. — E quanto ao meu irmão mais velho? — Perguntou Elyon, bebendo um gole do vinho. — C-Continua sendo contra o casamento. Elyon ergueu a mão em sinal para os dois saírem daquela sala. O nobre arrastou a criada pelo cotovelo, que abafou o grito apesar dos seus olhos ainda transparecerem o terror que sentia. O sétimo príncipe imperial virou-se para o sujeito encapuzado e cruzou as pernas em uma pose completamente relaxada. — Viu? Eu disse que Cadec jamais aceitaria o casamento. Infelizmente ele é i****a demais para se aproveitar do poder que Lucian detém como príncipe. — Vossa Alteza, repito as minhas palavras ditas anteriormente, não vejo como o rompimento da amizade do primeiro príncipe com o Grão-duque poderia impactar o meu trabalho. — E eu te pedi para não ser tola, Ethera. Sei muito bem que o meu irmão mais novo visitou a sua guilda justamente para conseguir algo que obrigasse o Grão-duque a se casar com ele. A mulher o olhou desconfiada e se encostou no sofá. — Minhas fontes dizem que foi o próprio Imperador quem fez a proposta de casamento. — E hoje descobrimos que não foi bem assim. Independente do motivo, é fato que Lucian tem em mãos o nobre mais poderoso do Império. E eu quero os dois do nosso lado, principalmente agora que Cadec abriu mão do seu mais valioso apoio. A líder da guilda Nightshade cruzou os braços e não teceu comentários. Parecia hesitar em aceitar o acordo que o sétimo príncipe estava lhe propondo há dias. A sua hesitação foi notada por Elyon, que deixou a taça de vinho sobre uma mesa e se inclinou sobre os joelhos. — Veja bem, Ethera. Lucian é o querido filho do Consorte Imperial. Além disso, ele tem o Grão-duque ao seu lado agora. Se você conseguir trazer ele para o nosso lado, você e a sua guilda se beneficiarão, não acha? — E se eu não quiser? — Então terá que encontrar alguma maneira de lidar com os soldados por conta própria. Não há motivos para eu ajudar alguém que pode me esfaquear a qualquer momento, sabe? Era uma ameaça muito clara. A decisão estava em suas mãos: ludibriar o oitavo príncipe a se aliar a Elyon e obter um apoio para a sua guilda ou então se tornar a sua inimiga. . (…) . Como era frustrante! Lucian se sentia arrependido e envergonhado por ter erguido a voz para a família imperial. Agora que ele se acalmou, percebia como foi facilmente levado pelas emoções pela segunda vez. Sim, estava tão furioso que simplesmente explodiu na frente das pessoas mais poderosas daquele Império. Isso poderia deixá-lo vulnerável para o verdadeiro vilão se aproximar dele, apesar de ser algo inútil já que bastaria Lucian não aceitar nenhuma proposta. Infelizmente o alfa não fazia a menor ideia de como o vilão reagiria, podendo acabar com a vida dele no mesmo instante. Droga… por que ele estava divagando tanto? — Aqui, Vossa Alteza, beba esse chá — Eugene dizia com o seu tom de voz calmo. Lucian ergueu a cabeça e suspirou cansado. Pobre Eugene, o caçula dos Grimwood se esforçou para segui-lo e mantê-lo calmo, mas tudo o que Lucian fez foi lhe dar mais trabalho por não conseguir controlar a sua raiva. Só que ele precisou dizer aquelas palavras, pois, a sua frustração transbordava em um nível inimaginável. Pegando a xícara de chá e bebendo um gole, Lucian se sentiu satisfeito por algo quentinho acalmar o seu coração agitado. — Obrigado, Eugene. — Não há de quê, Vossa Alteza. Fico aliviado que você esteja realmente preocupado com o meu irmão. — Você e Jesse parecem calmos demais… — É mesmo? — Eugene soltou um riso baixo e adorável — É que estamos acostumados com isso. Magnus sempre fica ferido quando volta de alguma batalha ou quando treina com o primeiro príncipe. É… Lucian lembrava da história mencionar que Magnus voltava ferido, afinal isso é comum de acontecer em batalhas. Concordar com aquilo apenas fez o seu arrependimento aumentar. Droga, ele realmente exagerou na reação. — Eu deveria saber disso — Resmungou Lucian. — Haha, não se preocupe, Vossa Alteza, você se acostumará com isso também. É inútil se preocupar com o Mag, a teimosia dele é de ferro. — Nem me fale. — Mas devo admitir, Vossa Alteza, que estou bastante surpreso por essa situação ter ocorrido. Não esperava essa atitude vindo do primeiro príncipe. Pela primeira vez Lucian via uma expressão tristonha naquele belo e inocente rosto. Eugene parecia decepcionado com aquele problema, e não era para menos já que dificilmente Cadec e Magnus brigavam por algo. Será que os irmãos Grimwood o culpavam por aquilo? O próprio Magnus havia dito que só duelou por causa de Lucian. Os dedos enluvados de Lucian apertaram a sua calça, se sentindo frustrado por ele estar mudando tanto a história ao ponto de ferir os seus personagens queridos. — Eu também fiquei surpreso. Na verdade, não esperava por absolutamente nada disso. Sim. Lucian não esperava que nenhum m****o da família imperial lhe desse tanta atenção. O oitavo príncipe nunca recebeu algo do tipo… ao menos até onde sabia. Droga, a sua cabeça latejava quando ele pensava na história original. Já havia amanhecido desde o duelo, Argus contou ao príncipe que Raven e Elyon conduziram os convidados de volta ao salão de festas e que tudo ocorreu bem, apesar de agora o duelo ser uma grande fofoca entre os nobres. Segundo o criado beta, O Imperador e o Consorte retornaram para a festa mais tarde, afirmando que estavam satisfeitos com a bravura do Grão-duque. — A Sua Majestade fez um discurso sobre a Sua Graça ter demonstrado todos os requisitos que um nobre ômega deve ter, e que isso o tornava digno de entrar para a família imperial através do casamento com a Sua Alteza. — Ouvir isso me deixa um pouco orgulhoso do meu irmão — Eugene sorria levemente, bebendo chá junto com Lucian. — Mesmo assim as pessoas irão falar sobre isso — Lucian murmurou, desviando o olhar para o próprio chá antes de olhar para Argus — Você ouviu algo mais entre os nobres? Algo sobre o duelo. — Ouvi muitos nobres questionarem sobre o apoio que a Sua Graça. Provavelmente eles acreditam que o duelo seja um rompimento dos laços entre a Sua Alteza, o primeiro príncipe, e a Sua Graça. — Haa… justo o que eu temia — Lucian suspirava baixo. — Não acho que uma amizade de tantos anos irá se romper por causa de um duelo — Eugene inclinou a cabeça levemente, parecendo tentar confortar o oitavo príncipe — Eles são amigos de infância, é claro que já brigaram por vários motivos. Apenas precisamos dar tempo a eles e logo tudo se resolverá. Graças a graciosa presença de Eugene, o príncipe conseguiu se acalmar. Durante toda a noite até o amanhecer, Lucian se manteve sentado na cadeira ao lado da cama onde Magnus dormia. Segundo o médico, o ômega desmaiou por exaustão, o que provava o segredo que Eugene contou sobre o irmão mais velho ser um viciado em trabalho. Lucian pensou seriamente em comprar um presente para os irmãos Grimwood por serem tão gentis consigo. Lendo o jornal que Argus trouxe, Lucian ficava a par da equipe de busca liderada por Cadec. Parece que o seu irmão mais velho estava caçando rebeldes em bairros plebeus, parecendo não estar nem um pouco abalado pelos eventos do duelo. Lucian somente acordou dos seus devaneios quando ouviu Magnus resmungar e abrir os olhos. O ômega tentou sentar na cama assim que acordou, assustando Lucian que o empurrou cuidadosamente para voltar a se deitar. — Não fique se mexendo demais, Magnus. — Haa — Magnus suspirou e ergueu os olhos para Lucian e em seguida olhou em volta — Hm… parece que perdi o duelo. — É sério que isso te preocupa? — Lucian o olhou levemente bravo — Tem noção do quão preocupado eu fiquei?! Magnus moveu o ombro e o braço, verificando a sua mobilidade independente da chuva de reclamações por parte de Lucian. Tampouco parecia que ele ficou desacordado por horas graças à sua falta de descanso, muito menos que a sua atitude tenha causado uma grande repercussão. — Bem, não foi tão r**m assim. Francamente! Lucian não poderia nem culpá-lo inteiramente, já que ele também incentivou o ômega a lutar com toda as forças para não perder. Isso aumentou o seu arrependimento e vergonha por aquele vexame em sua festa de noivado. — Você está fazendo aquela cara de novo. Erguendo a cabeça, Lucian se deparou com o rosto de Magnus o encarando de perto. O seu coração acelerou repentinamente, como uma bomba explodindo no mesmo instante. — Q-Que cara? — De desespero — Magnus apoiou os braços nas pernas e continuou a encará-lo — Estava tão preocupado assim comigo? Honestamente, Lucian só podia encarar aquele homem sentado tão despreocupadamente depois de ter sido ferido. Aquele homem que o lia tão bem e que fazia o seu coração acelerar por coisas tão… pequenas. Lucian só podia pensar no quanto amava aquele vilão i****a.
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