Capítulo 59 - Premonição

1818 Words
Depois da festa de casamento de Jesse e Victória, Lucian deu continuidade aos seus planos. Ao repassar a documentação da sua mina para Magnus, o ômega facilmente enviou um dos seus homens para cuidar das negociações com os mineradores da região próxima. Para a sorte de Lucian, havia um vilarejo pequeno por lá. Enquanto esperava pela resposta, Lucian ficou ocupado também com os preparativos do próprio casamento. Ele passava o dia todo ao lado de Cassander resolvendo questões sobre os trajes formais e ensaiando o ritual que teria de fazer no templo. É claro, Lucian conseguia lidar com tamanha pressão, contudo era exaustivo da mesma forma. Quando anoitecia, ele recebia a visita de Ethera que lhe contava sobre o andamento do plano. — Oh, então você escolheu a pessoa que irá ficar responsável pelo título? — Sim, um dos meus homens já tem trabalhado em construir alguma reputação dentro da alta sociedade, mas é difícil conseguir um título e se manter sem apoio. Faz sentido. Ethera poderia comprar o título sem problema algum, só que infelizmente sem o devido apoio de alguém ele poderia ser marginalizado. Se até mesmo a família Pendleton, que ganhou o título do próprio Imperador, estava tendo problemas, quem dirá alguém que comprou o seu lugar na alta nobreza. — E descobriu sobre o leilão? — Será daqui a dois meses. O proprietário se recusa a deixar a mansão, até tudo ser resolvido e a inspeção do imóvel ser feita, irá demorar dois meses. — É tempo o suficiente — Lucian sorriu docemente — Até lá já estarei na mansão Grimwood, e espero ter o montante para te patrocinar. — Fiquei sabendo da mina de diamante. Lucian deu um risinho baixo, sem se surpreender com a facilidade dela em conseguir informações. Ethera poderia estar passando por problemas por causa da caça aos rebeldes, contudo ela ainda estava no mercado. Contudo, Lucian enxergava ainda a suspeita em seu rosto. Ethera buscava informações dele como forma de garantir que Lucian estava sendo honesto naquela negociação. Não que ele se importasse, afinal Lucian não tinha nada a esconder. — Sim, estou esperando uma resposta das negociações. Quero começar a extração o quanto antes, para vender os diamantes. — Isso leva tempo, Alteza. Até lá o leilão já ocorreu. — Sim, eu sei — Lucian foi até a mesa de estudos dele, abrindo a gaveta e pegando o cheque em branco. Ele entregou a Ethera logo em seguida — Use o quanto for para comprar aquela mansão. Surpresa, Ethera hesitou em pegar o cheque e ergueu os olhos selvagens para o príncipe. — Uma mansão de um nobre falido ainda é cara, mesmo em um leilão. Tem certeza de que poderá comprar? — Sou um príncipe que não gastou nenhuma moeda de ouro em luxo. Isso justifica o meu palácio ser tão ridículo. Além disso, vou me casar, então não morrerei pobre. E o terceiro ponto é a minha loucura em esperar que a extração de diamante dê certo. Então considere um investimento do príncipe renegado. — Você realmente é maluco, Vossa Alteza — Ethera riu e pegou o cheque — Mas manterei o seu nome escondido. É melhor evitar que descubram que você está por trás da mansão. — Ora, muito obrigado. — Vocês dois juntos definitivamente me causam arrepios. A voz grossa de Magnus fez Lucian se arrepiar. Encostado na porta com os braços cruzados, o Grão-duque franzia a testa quando Ethera acenou mostrando o cheque. — Que inconsequente. — Haha, parece que a Sua Graça não confia em mim. — Você acha? — Lucian inclinou a cabeça inocentemente — Eu acho que ele está apenas curioso. — Não falem bobagens. — Certo, certo. Chegou a minha hora, já peguei o que precisava — Ethera acenou indo para a janela e subindo na mesma — Voltarei quando tiver alguma novidade, Alteza. — Hm, vá com cuidado — Sorria ele ao assistir Ethera pular e desaparecer na noite. — Tsk — Magnus estalava a língua ao se aproximar de Lucian — Por que você continua sorrindo desse jeito? É irritante. — Porque sou um príncipe. E o que devo a honra da sua visita no meio da noite? Amanhã temos que ir para o templo. — Justamente por isso que vim — Magnus se sentou na janela e olhou para Lucian — Odeio a ideia de ter que ir para aquele lugar? Lucian inclinou a cabeça levemente sem entender ao certo o motivo de tal rusga entre ele e o templo. Aproximando-se lentamente, Lucian ficou na frente de Magnus. — Há algum problema com o templo? Você realmente odeia eles? — Haa, isso tá incrustado na nossa família. Como o anjo e o d***o. Imagino que você saiba qual deles eu sou. — Definitivamente um demônio, é claro. Mas pensei que existisse algo mais concreto. — Somos duas armas para o Império, eles usam a fé e nós as armas. Apenas somos dois lados opostos da mesma moeda. — Interessante — Lucian murmurou quando sutilmente ele deu um passo adiante e seu joelho encostou no de Magnus. Para a surpresa de Lucian, o ômega abriu as pernas e deixou ele se aproximar entre suas coxas. Mas Magnus não parecia consciente de tal ato. E Lucian continuou fingindo não notar também. — Então vocês nunca participam dos eventos do templo? — Pra quê? É perda de tempo. — Ora, a partir de amanhã você vai ficar preso numa sala orando e orando e orando… — Pretendo fazer qualquer outra coisa, menos buscar purificação. A sujeira já está impregnada na minha alma. — Não é justo eu ficar rezando e você se divertindo, Magnus. Magnus abriu um sorriso arrogante, algo que despontou dos seus lábios com certa malícia que fez Lucian se arrepiar. — Disse o príncipe que foi beijado no jardim do templo. Imediatamente a mente de Lucian lembrou do que eles quase fizeram naquele jardim. O jogo sujo que o ômega fez contra ele. Aquele beijo foi tão incrível que Lucian jamais se esqueceu, principalmente de como Magnus se atreveu a usar seus feromônios para deixá-lo e******o. Arrogante e safado, do jeito que Lucian gostava de ser provocado. O rubor não foi escondido de suas bochechas, apesar de Lucian querer provocar ele um pouco mais. Sorrindo docemente, Lucian inclinou a cabeça e deixou as mãos escondidas em suas costas, para parecer inofensivo aos olhos do ômega. — Hm? Está se referindo ao dia em que você não resistiu e quis me beijar por vontade própria? Magnus franziu a testa? — Como é? — Sim, devemos concordar que você me beijou por vontade própria naquela tarde. — Apenas para provar o meu ponto. — Continua contando como beijo. — Você é irritante, rato safado. — Eu sou? — Lucian sorriu docemente. — E por que está no meio das minhas pernas, sai daí! Rapidamente Lucian sentou no colo de Magnus. — Ah, que desastrado, parece que tropecei e caí. Magnus queria xingar, Lucian percebeu ele mordendo a língua e se contendo. Era tão divertido provocar ele, principalmente quando as suas orelhas ficaram vermelhas escondendo a sua vergonha. Lucian abraçou os ombros dele e sorriu contente por poder ter chegado ao ponto de simplesmente abraçá-lo tão carinhosamente. — Você carece de vergonha na cara. — Assim como você, que pretende fazer algo que não orar no templo nos próximos três dias. O ômega envolveu o braço na cintura do alfa, o abraçou contra si. Lucian prendeu a respiração quando ficou tão perto dele. Relaxando em seus braços, o alfa se permitiu aquele doce momento enquanto conversava e brincava com seu noivo. — Em breve estaremos casados. Vivendo juntos, dormindo e acordando juntos, comendo juntos, tomando banho juntos… — Você parece ansioso para isso. — Mas é claro. Te infernizar o resto da vida será um grande prazer. — Tsk — Magnus estalou a língua, arrancando um riso de Lucian — De toda forma eu fico contente que você esteja feliz e ansioso para vir à mansão. — Mas é claro. Estou esperando ansiosamente… Uma pontada na cabeça de Lucian o pegou desprevenido. Magnus percebeu o rosto dele ficando pálido e o olhar se tornando vazio. — O que foi? Ei… — Sem receber respostas, Magnus o segurou firmemente — Ei, Lucian! A cabeça de Lucian ficou enevoada. Ele piscou sutilmente uma vez, jurando ter visto o seu antigo apartamento, na era moderna. Como se estivesse sentado na cama lendo como sempre fazia. Ele lembrava bem daquela noite, foi quando Luciano lia a cena do sequestro durante o festival de caça. Aquela noite foi marcante porque Luciano teve uma briga com o seu ficante e acabou afogando a sua raiva na leitura. Claro. Mas agora ele lembrava perfeitamente do seu conteúdo, do fato de Magnus ter criado uma armadilha para Stephen se perder no campo de caça e assim Magnus vencer e dar o seu prêmio a Maverick. Contudo, um grupo de rebeldes confunde Stephen com Magnus e o sequestram durante o evento, criando uma comoção. Luciano lembrava que ele não conseguia se concentrar direito na leitura por estar chateado com o seu ficante. Ele releu aquele capítulo diversas vezes até sua cabeça voltar a funcionar. — Lucian! Piscando aturdido, Lucian erguia a cabeça percebendo o olhar surpreso de Magnus. — Ahn? O que foi? Magnus o encarou ainda de olhos arregalados, ficando parado por alguns segundos antes de suspirar e abraçar ele apertado. Lucian não entendia o que acontecia, mas percebeu o dedo do ômega sujo de sangue quando ele limpou o seu nariz. — Eh? — Merda! O que raios aconteceu com você? De repente você ficou pálido e a tremer, o seu nariz começou a sangrar — Magnus retirou um lenço do bolso e limpou o rosto do príncipe — Tá sentindo alguma coisa? — Não…. só uma leve tontura… — Ele franziu a testa completamente embasbacado por ter lembrado daquele detalhe na história — Um sequestro? No festival de caça? O Grão-duque parou o que fazia e encarou Lucian com o cenho franzido. — O que disse? — Sequestro durante o festival de caça — Lucian repetiu, mais perdido em pensamentos do que realmente prestando atenção na reação do ômega — Lembro que algo assim acontecia… Os rebeldes se infiltrando. — Isso é a tal da sua visão? Lucian acordou do devaneio ao ouvir tal pergunta. É mesmo, ele tinha dito a Magnus sobre ter um dom. Concordando com a cabeça, Lucian então contou ao ômega o que lembrava de ter "visto" sobre o tal evento. Estava tão claro quanto a neve os detalhes, algo que Lucian não conseguia há dias. Muitas vezes os eventos do original ficavam enevoados e ele tinha problema em relembrar. Quando se forçava demais, a cabeça sempre doía como um inferno. Contudo, Lucian jamais passou pelo o que acabou de vivenciar. Uma sensação tão estranha que fez o seu nariz sangrar.
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