Capítulo 17 -Aliança de noivado

1899 Words
— Buaaaaaaaa, Vossa Alteza! Aaaaaaaah. — Pronto, pronto. Passou, já passou. Não precisa chorar. Lucian entregava outro lenço para Argus, que continuava a chorar. Ele assoava o nariz no lenço e recebia mais um para poder enxugar as lágrimas de emoção que insistiam em escorrer pelo seu fino rosto. — E-Eu nunca imaginei que seria capaz de ver a Vossa Alteza se casando. Buaaaaaaaa, me sinto tão aliviado. Soltando um riso baixo, Lucian afagava o ombro do seu leal criado. Não o julgaria, afinal aquele era um feito que nem mesmo o verdadeiro oitavo príncipe conseguiria. Nem estava na história original a aproximação entre Lucian e Magnus de uma maneira romântica. Na verdade, a única interação que ambos os personagens tiveram era Lucian assassinar Magnus. — Eu deveria ser cuidadoso perto do Magnus… — O que disse, Vossa Alteza? — Que você está chorando demais, não precisa ficar tão emocionado. — Mas é claro que sim, Vossa Alteza! — Argus se levantou repentinamente, com o peito estufado — Finalmente poderei me preparar para cumprir os meus deveres como aprendiz do mordomo, futuramente serei o mordomo dos Grimwood. — Oh, então você estava ansioso para saber a qual família iria servir além da Imperial? — Não sou o único, Vossa Alteza. Pode apostar que a Bella, a governanta responsável pelo palácio do príncipe Cadec, também está ansiosa para saber a qual família irá servir quando o primeiro príncipe se casar. Bem, os criados pessoais seguiam os seus mestres quando se casavam. Por serem alfas, Cadec e Lucian deixarão o palácio imperial para viverem com os seus ômegas…. Isso é, dependendo de com quem casavam. No caso de Lucian, o seu futuro esposo era ninguém menos que o Grão-duque, o chefe da família Grimwood. Era natural que Lucian adotasse o seu sobrenome ao se tornar o seu consorte e passasse a cuidar dos afazeres da mansão enquanto o seu ômega governa o território. Argus, como seu criado pessoal, o seguiria para servi-lo na sua nova morada e se tornaria aprendiz do mordomo dos Grimwood. De certa forma parece uma mudança brusca de status. Dependendo com quem se casa, isso seria algo a se envergonhar. — Parece que fui muito sortudo por ter conseguido fisgar o meu vilãozinho. — Buaaaaaa, Vossa Alteza! Por favor, viva muitos anos junto com a Sua Graça. — Obrigado… eu acho. Agora pare de chorar e repasse a lista que o Imperador enviou a nós. — Certo… sniff, sniff. — Argus enxugou as lágrimas e segurou a carta enviada pelo Imperador — Aqui pede que as roupas de Sua Alteza sejam confeccionadas para combinar com as do Grão-duque. Parece que um joalheiro deve vir ao seu palácio para que escolha o anel a ser dado para o Grão-duque. — E eu pensando que haveria algum tipo de anel passado de geração em geração… — Se você se tornasse o príncipe herdeiro, provavelmente ganharia algo do tipo. — Então nem vamos sonhar com isso. Prossiga. Argus voltou a olhar a carta e repassou cada tarefa que Lucian teria que cumprir. Visitar o alfaiate, o joalheiro, visitar a residência dos Grimwood para conhecer seus cunhados, participar de reuniões sociais junto de Magnus… Parecia uma lista sem fim apenas para mostrar que ele e Magnus estavam juntos. Isso que Lucian ainda tinha outros afazeres a cumprir, da qual ele tem postergado maravilhosamente há algum tempo. Ora essa, não é todo mundo que sabe o que fazer com uma mina de diamante em seu nome, não é mesmo? E entre cuidar dos afazeres de um príncipe e sonhar acordado com o seu vilão, qual seria a menor opção? Pelos dias seguintes, Lucian m*l parou em seu pequeno e abandonado palácio. Todos os dias ele precisava ir resolver alguma pendência sobre o noivado, dentre uma dessas saídas foi preparar a aliança dele e de Magnus. O Grão-duque não pode ser tão participativo naqueles míseros detalhes, dado que ele tinha muito trabalho a fazer, no entanto isso pouco incomodou Lucian. No entardecer de alguns dias depois das instruções do Imperador, depois de voltar do centro da cidade e ter o seu corpo medido de todas as maneiras possíveis e experimentar diversos tecidos diferentes, Lucian encarava o quadro n***o e continuava a escrever as informações da história da qual ele se lembrava. Fazia dias que ele não dedicava algum tempo para aquele grande problema. Lucian ficou imensamente desmotivado por não encontrar absolutamente nada sobre uma alma que possuía outros corpos e viagens para outros universos dentro da biblioteca dele. Apesar que soava um grande delírio quando ele pensava a respeito, pois ele estava dentro de um romance que se passava em uma época que nem energia elétrica existia. — Enquanto eu estiver no lugar dele… não há chances de Magnus ser morto. Mas por precaução, esse casamento irá impedir Lucian de ser manipulado pelo verdadeiro vilão dessa história. Ficar sob os cuidados dos Grimwood irá garantir a segurança dos dois… O giz deslizava pelo quadro, criando uma variável. Nada impedia o vilão de usar outra pessoa para tentar matar Magnus. — Considerando que manter ele vivo possa ser a chave para minha vinda… Haa, e se não for isso? Como faço para ir pra casa? Encostando a testa no quadro n***o, Lucian suspirava e fechava os olhos tentando encontrar respostas. Ele tinha mudado a história, isso traria consequências que ele não fazia a menor ideia de quais seriam. Precisava estar pronto para lidar com os problemas, ao mesmo tempo em que tenta sobreviver dentro daquela história. Pelo menos até agora ele roubou toda a atenção de Magnus, o impedindo de cumprir com a sua vilania. Só que o seu casamento estava prestes a desencadear a maior reviravolta que poderia ter. — Vossa Alteza? Você tem uma visita. Sem erguer a testa, Lucian apenas respondeu. — Deixe entrar. Independente de quem fosse, Lucian só conseguia focar no problema em mãos: manter Magnus seguro. O seu personagem preferido era a única coisa que Lucian conseguia pensar ser a sua chave para vir a esse mundo. — O que é isso? Por acaso ficou louco? Só de ouvir aquela voz fez Lucian erguer a cabeça rapidamente, deparando-se com os olhos carmesins o encarando com suspeita. — Magnus! Não sabia que viria hoje. — Claro, apenas vim tratar de alguns assuntos políticos com a Sua Majestade e fui humildemente pressionado a vir te visitar. Lucian soltou um riso baixo, provavelmente o Imperador tenha dado uma sugestão de que Magnus o visitasse agora que estão comprometidos. — Obrigado por ter vindo me ver, é muito bom receber visitas. — Vossa Alteza, me perdoe a intromissão, mas parece que um mercador deseja vê-lo agora. — Tudo bem. Espero que não se incomode, Magnus, juro que voltarei logo. — Não tenha pressa. Lucian saiu da biblioteca, e apenas Magnus ficou ali. O Grão-duque adentrou na biblioteca e cruzou os braços enquanto avaliava aquele espaço tão… simples. Enquanto Argus servia o chá sobre a mesa onde Lucian costumava trabalhar, Magnus parou por perto e suspirou baixo. — Por que o oitavo príncipe tem uma biblioteca tão vazia? Aliás, todo o palácio dele é vazio. Surpreso pela fala repentina do Grão-duque, Argus pensou cuidadosamente na resposta. — A Sua Alteza nunca se incomodou com decorações e também nunca foi um príncipe que dava trabalho, então o orçamento para o seu palácio sempre foi mínimo. — Quanta besteira. Até mesmo Cadec, que é um príncipe consideravelmente discreto, tem mais criados que Lucian. Isso aqui parece mais um lugar abandonado. Argus não mordeu a isca, apesar de querer. O criado apenas deixou as xícaras na mesa e retrocedeu alguns passos enquanto aguardava o retorno do seu mestre. Magnus se aproximou pegando a xícara e bebendo um gole de chá enquanto ele avaliava o quadro-n***o cheio de anotações com símbolos estranhos. — O que é isso? Por acaso há algum tipo de código secreto? — Não, senhor. Trata-se apenas de algumas anotações que a Sua Alteza faz. — Ele é maluco? Por que está usando esse tipo de simbologia tão estranha? Argus sorriu levemente, afinal ele mesmo estranhou quando viu pela primeira vez. Foi a coisa mais assustadora que Argus já viu desde que começou a trabalhar no palácio do oitavo príncipe. Foi assim que Lucian conseguiu levantar da cama depois de acordar daquele m*l súbito, magro e fraco que m*l se aguentava em pé, Lucian se debruçou na mesa e começou a escrever incessantemente aquelas palavras estranhas. Chegou um ponto em que o papel não comportava mais aquela bagunça de simbolos, e Argus arrumou aquele quadro n***o para Lucian. No entanto, agora ele compreendia por completo o seu mestre, e sabia do que se tratava o assunto apesar de não poder ler aquele idioma. — Vossa Graça irá entender com o tempo que a Sua Alteza imperial é mais especial do que imagina. Os olhos carmesins de Magnus recaíram sobre o criado, e se estreitaram com certa suspeita. — Especial? Do que está falando? — Me desculpe a demora — Lucian dizia levemente ofegante — Haa… francamente, esse castelo é enorme. — Você correu? — Ora não me julgue. Como eu poderia me demorar sabendo que você está aqui? — Lucian se sentou na sua cadeira e respirou fundo tentando acalmar-se da correria — Fico feliz em aproveitar a sua presença, o joalheiro acabou de me entregar isto. Lucian retirou do bolso uma pequena caixa de veludo e a entregou para Magnus. O Grão-duque segurou a caixa e franziu a testa levemente antes de abrir a caixa e encontrar o par de alianças douradas com detalhes delicados. Ambos os anéis continham dois fios, um com diamante e outro com rubi que dava a volta inteira na aliança. — São… — Isso mesmo, as nossas alianças de noivado — Lucian sorriu se levantando da cadeira e pegando uma das alianças, a com um número menor, e então segurou a mão de Magnus com delicadeza. Os dedos compridos de Lucian deslizaram por dentro da luva preta do Grão-duque, causando arrepios nele. A peça foi deslizando suavemente enquanto o príncipe retirava a peça sem pressa alguma, colocando a aliança nos dedos nus e compridos de Magnus. — Ah, ficou perfeito, você não acha? Quando Lucian ergueu os olhos claros para o outro, notou o rubor intenso nas bochechas de Magnus. O Grão-duque desviou o olhar levemente e cobriu o rosto com a outra mão enluvada, parecendo envergonhado com algo. — O que foi, Magnus? — Não foi nada! Droga… E por que você já está colocando esse anel? — Para me exibir, é claro. Além disso, seria bom você usar para evitar que outros alfas se aproximem. Isso será o suficiente para espalhar algumas fofocas. — Isso não é necessário. Teremos de participar do jantar da Baronesa Vaugh, e você será o meu acompanhante. — Oh, então foi por isso que você veio? — Lucian sorria enquanto colocava a aliança no próprio dedo — Apesar que o Imperador não deixou muito claro quais eventos eu teria de participar, fui avisado que o representaria. — Agora está sabendo. Eu mesmo virei te buscar, então esteja pronto na hora. Lucian segurou a mão de Magnus e se curvou levemente beijando os nós dos seus dedos. Erguendo os olhos claros, ele era o charme em pessoa que causaria um nervo em Magnus. — Estarei esperando pela sua vinda, meu noivo.
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