Capítulo 21

1389 Words
Albert narrando - - Você tem certeza que quer fazer isso? - Jeremy perguntou pela terceira vez antes de entrarmos na sala de interrogação. - Absoluta. - Respondi respirando fundo e girando a maçaneta. - Albert! - Beatriz chamou animada assim que entrei na sala, eu somente acenei com a cabeça em cumprimento, o sorriso dela morreu em seus lábios quando percebeu minha cara séria. Ela era apenas a sombra da mulher que conheci um dia, estava extremamente magra, haviam marcas roxas visíveis em seus braços e pescoço, e seu semblante era triste. Quando não respondi seu entusiasmo seus olhos se enxeram de lágrimas, ainda nos encarávamos, ela olhava em meus olhos e parecia poder ler minha alma, e então um choro estridente cortou a sala, e só então percebi um carrinho de bebê no canto. Beatriz desviou o olhar e correu até o bebê. - Tudo bem meu amor, mamãe está aqui. - Ela dizia choacoalhando a criança em seus braços, um nó se formou em minha garganta. Quantas vezes me imaginei casando com essa mulher, tendo filhos com essa mulher, e agora aqui estava ela em minha frente, casada com outro, com o filho de outro nos braços. Senti uma mão pousar em meu ombro, olhei para o lado apenas para ver que Jeremy me encarava atento aos meus movimentos, acenei para ele com a cabeça e me sentei na cadeira em frente a Beatriz e o bebê, ao lado, Julia, uma agente da interpol já nos encarava percebendo a interação. - Podemos começar? - Julia questionou em um tom neutro. Beatriz ainda tinha o bebê em seus braços, apenas se virou para frente e nos encarava, seus olhos eram vazios e sua tristeza era palpável. Em outra época eu teria corrido até ela e a abraçado, teria afagado seus cabelos e dito que ficaria tudo bem, mas isso em outra época, não agora. - Você pode responder minhas perguntas agora senhora Fernandes? - Júlia questionou me tirando de meu transe, o olhar de Beatriz encontrou o meu, como se procurasse refúgio. lhe dei um aceno de cabeça, então Beatriz se virou para Julia e concordou, enquanto abaixava a cabeça e encarava seu filho suspirando. - Preciso que me conte tudo o que ouviu sobre as cargas e fabricação das drogas, e todos os outros negócios ilegais de seu marido. - Beatriz tinha lágrimas escorrendo por suas bochechas e meu coração se partiu naquele momento. - Não sei muito, eu não estava presente nas negociações, só tinha permição de deixar meu quarto raras vezes e o pouco que ouvi foi em festas. - Ela apertou seu filho em seu braço. - Você está me dizendo que não sabia sobre a fábrica de d***a cheia de mulheres dentro de sua propriedade. - O tom de Julia era acusatório. Beatriz a encarou. - Eu sabia que havia algo errado, mas nunca em meus piores sonhos imaginaria que ele faria isso em nossa casa, com nossos filhos por perto. - Ela limpou o rosto com o dorso de sua mão. - Preciso que você nos ajude para que possamos te ajudar senhora Fernandes. - Beatriz cerrou a mandíbula. - Já pedi para não me chamar assim, por favor.- Beatriz disse e então suspirou. - A única coisa que sei, é que ele guardava as informações em um caderninho vinho, que ficava na gaveta de seu escritório, trancada, em um fundo falso. Sei que ele anotava coordenadas e datas, ouvi eles conversando uma vez sobre isso. Beatriz contou tudo o que conseguiu se lembrar para Julia, ela passou por exames com um perito que constatou suas lesões e maus tratos por parte do marido, foi h******l ver as marcas e saber como ele a tratou todo esse tempo, a consideraram uma vítima e ela não seria indiciada por nada, minha vontade era m***r Pablo, aquela era a mulher que um dia amei e dei meu coração, que no momento estava dilacerado com as imagens dos hematomas que ela tinha espalhados por seu corpo. - E agora? - Questionei Julia enquanto estavamos do lado de fora da sala. - Ela vai entrar no programa de p******o, Pablo com toda certeza virá atrás dela e dos filhos. - Julia disse suspirando, então me lembrei que havia apenas um bebê com Beatriz. - Onde estão as outras crianças? - Questionei. - É somente uma menina. Está no hospital, caiu da janela enquanto tentavam tira-la da casa durante a invasão. - Julia suspirou. - O pior já passou, não podemos dizer a ela onde a filha está, mas assim que tiver alta será entregue a mãe. - Concordei com a cabeça. - Como você está? - Jeremy questionou assim que Júlia voltou para dentro da sala. - Bem! Não fui eu quem passou anos com um psicopata sendo torturado. Eu estou ótimo. - Respondi sarcasticamente. - Albert, foi uma escolha dela! Beatriz sabia exatamente quem era Pablo quando escolheu te deixa por ele. - Olhei para Jeremy por um minuto, ele não estava errado, mas então porque eu não conseguia tirar essa sensação do meu peito? - Vamos transferi-la para uma casa segura, mas não podemos tirá-la do país. Ela ficará em um local onde apenas nós saberemos, precisaremos cooperar juntos para manter ela e as crianças a salvo. O quartel quer o herdeiro e fará de tudo para ter as crianças. - Antônio, diretor da Interpol disse se aproximando. - Pode contar comigo, precisamos de um número restrito de pessoas de confiança apenas. Quanto mais gente sabendo o paradeiro deles pior seria. - Antônio concordou. - Sabe que tem um lugar te aguardando em minha equipe, não sabe? - Ele disse com a mão apoiada em meu ombro, eu apenas sorri. - Quem sabe algum dia. - Antônio então me deu um aperto de mão e saiu. Julia, Carlos e Charlote da Interpol iriam fazer a guarda de Beatriz e as crianças, assim como Henry, Harry, Sarah e Jeremi. Claro que mais pessoas estavam a postos, preparados para uma guerra se precisasse, mas não saberiam o paradeiro exato deles. No dia seguinte iniciamos uma operação para tirar Beatriz e seus filhos do prédio da Interpol e levá-los para um local seguro, saímos todos em 4 carros e dirigimos para um local esmo. Assim que fizemos a escolta até o galpão trocamos de carro e cada grupo seguiu para um lado, o grupo A tinha uma parte da equipe, o grupo B tinha outra, mas a verdade era que Beatriz não estava em nenhum dos dois carros, ela nem se quer havia deixado o prédio como todos pensavam. - Está pronta? - Questionei chegando ao estacionamento, tínhamos 2 minutos para sairmos antes que as câmeras começassem a monitorar aquele local. - Sempre estive. - Ela disse, então a coloquei em meu carro junto a Jeremy e Sarah e disparamos para fora. Sarah segurava sua arma e olhava para todos os lados procurando possíveis perseguidores, Beatriz e seu filho estavam abaixadas no chão do carro para não serem notados, avancei para o centro, andamos em círculos por quase uma hora até termos certeza que ninguém havia nos seguido e então arranquei para o esconderijo. - Chegamos. - Anunciei depois de trinta minutos, entrando no subsolo de um prédio, Beatriz colocou o capuz de sua blusa de frio, Sarah e Jeremy saíram primeiro do carro. - Limpo. - Sarah anunciou. - Limpo. - Jeremy anunciou em seguida e então escoltei Beatriz e seu filho até o elevador, ela estava de cabeça baixa, muito próxima a mim. Assim que entramos no elevador fiquei de frente para o espelho e de costas para a porta usando meu corpo como escudo para Beatriz e o bebê, enquanto Sarah e Jeremy ficaram de frente à porta com suas armas em punho. Beatriz era mais baixa que eu, eu encarava o espelho para ter a visão do que acontecia atrás de mim, mas podia sentir o olhar dela em meu rosto. A garota para minha surpresa esticou a mão e tocou meu rosto, me assustei e a encarei com os olhos arregalados. - Me desculpe. - Ela disse abaixando lentamente a mão, não respondi, apenas engoli seco e voltei para a mesma posição em que estava. Deixamos Beatriz no apartamento, Sarah passaria a noite com ela, junto a Carlos, Harry e Charlote.
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