___*Brenda narrando*___
- Podemos trocar números, claro, se você quiser. - Dilan disse após terminarmos nosso café, concordei com a cabeça, ele me esticou seu celular e eu entreguei o meu a ele. - Vamos nos ver mais vezes Be, agora que te encontrei nunca mais irei te perder.
Dilan então pagou a conta, nos despedimos e deixamos a cafeteria, cada um seguindo seu caminho. Era uma sensação tão estranha que chegava a ser perturbadora, ver Dilan de novo depois de tanto tempo, ouvir sua voz, sentir seu cheiro, era como se eu o tivesse enterrado tão fundo que ele não passava de lembranças, ou do meu imaginário, mas agora ele estava de volta e novamente em minha frente, ele era bem real, muito real mesmo.
“ Só para dizer que você continua maravilhosa como sempre.” - Foi a mensagem que recebi de Dilan. “ E sempre disse que amo seu cheiro de morango.” - Ele completou e eu podia sentir borboletas dançarem em meu estômago.
Já era o quinto dia, cinco dias sem notícia de Albert, e o segundo dia que Dilan e eu conversamos por mensagem, ele me contou como foi a faculdade, a especialização, as viagens que fez, os países que visitou, como anda sua família e tudo mais. Contei a ele sobre minha vida, omitindo algumas partes que não eram tão relevantes e assim conversamos quase o dia todo.
- Diga Diogo. - Atendi o telefone assim que tocou pela segunda vez, era meu irmão.
- É assim que você fala com seu irmão? - Não pude deixar de revirar os olhos. - Eu sei Que você está revirando os olhos cabeça de fogo. - Diogo provocou.
- Se não tiver nada melhor para dizer além de me irritar eu vou desligar. - Respondi bufando, Diogo riu.
- Só queria saber como está minha irmãzinha, não posso? - Eu sabia que não era esse o objetivo de sua ligação.
- Você prefere pular de um prédio de 20 andares a falar no telefone Diogo, eu estou indo trabalhar, diga logo o que você quer. - Agora foi a vez dele de bufar.
- Quero saber como você está, se está tudo bem, mamãe está preocupada com você. - Agora eu estava confusa.
- Preocupada comigo? Por que? Falei com ela ontem. - Respondi pegando minha bolsa e arrumando para o trabalho.
- Be, parece que, bem, Dilan está de volta, e foi para onde você está coincidentemente. - Agora sim eu entendia a preocupação da minha família. - A mamãe só não quer que você viva dias sombrios de novo.
- Di, eu estou bem, já encontro com Dilan por acaso e estou bem, não sou mais uma adolescente boba e apaixonada. - Falei rodando as chaves em meu dedo.
- Você não é mais uma adolescente Be, mas ainda é uma jovem de coração muito mole e bom. - Diogo disse com tristeza em sua voz. - Só se cuida tá, levou muito tempo para te tirarmos da fossa.
Nos despedimos e encerrei a ligação, quando Dilan partiu parece que havia levado minha alma junto, propus um relacionamento a distância mas ele disse que não queria me prender, que não daria certo, que ele não teria meios de visitar a cidade com frequência e por mais que eu entendesse foi difícil aceitar, eu caí em um mar de profundo desespero e angústia e por muito tempo sofri.
Eu me imaginei por diversas vezes casando com ele, vivendo com ele, namorávamos a anos nunca em meus piores sonhos nos imaginei terminando, mas aconteceu e foi terrível. Eu era uma adolescente boba, imatura, apaixonada e frágil, muito muito frágil que entrou em uma profunda depressão por pensar ter perdido o amor de sua vida. Eu entendia a relutância de meus pais, do meu irmão, ninguém gostaria de ver uma pessoa que você ama em uma tristeza tão profunda, mas éramos jovens e nossas vidas tinham que seguir de uma forma ou de outra, juntos ou separados e seguimos separados.
Peguei minha bolsa e fui direto para o escritório, me sentia entorpecida, como se assistisse os desdobramentos da minha vida de fora, a volta de Dilan, o sumiço de Albert, tinha a estranheza de Alicia e os problemas de Emma, eu poderia simplesmente enlouquecer a qualquer momento.
Sete dias, uma semana inteira se passou sem nem ao menos sinal de fumaça de Albert, tive muitas crises de ansiedade, choro e tristeza, era como se eu estivesse tendo um termino de relacionamento, relacionamento esse que só existia em minha cabeça.
Eu estava divagando sobre minha vida, era sábado quase final de tarde quando meu telefone tocou, atendi sem nem ao menos olhar o identificador de chamadas, era torturante olhar e perceber que não era ele me ligando, quando então uma voz atingiu meus ouvidos.
- O que vai fazer agora a noite. - Dilan perguntou assim que atendi.
- Acho que nada. - Respondi me jogando no sofá, era uma voz familiar, mas não era aquela que eu esperava ouvir.
- Que tal irmos a um barzinho muito bacana que alguns amigos me apresentaram? - Ele perguntou parecendo ansioso.
- Não sei, eu acho que não seria uma boa companhia. - Respondi suspirando.
- Você é sempre uma boa companhia Be, vamos, vai ser legal. Relembrar os velhos tempos! É sábado, você é jovem, não pode ficar em casa feito uma senhora idosa. - Soltei uma risada sincera, lembrei de quantas vezes Dilan me dizia isso quando estávamos juntos, apesar de ser muito sociável eu amava minha casa, e muitas vezes só queria ficar nela.
- Tudo bem, você me convenceu. - Falei me levantando.
- Me mande seu endereço, te pego às oito. - Ele disse.
- Não precisa, te encontro lá, é melhor! - Respondi hesitante.
- Está se escondendo de mim senhorita Gusmon? - Dilan brincou, não parecia ofendido.
- Se tudo der errado mais uma vez eu preciso ter meu refugiu. - Brinquei de volta mas não ouvi uma risada do outro lado.
- Sinto muito Brenda, não te magoei por querer, eu juro que só estava em busca de uma vida melhor, até mesmo para proporcionar coisas boas para você, eu não era ninguém, não tinha nada, como eu poderia pensar em ficarmos juntos se eu não tinha dinheiro nem para te pagar um cinema? Eu só queria ser alguém e conseguir te proporcionar tudo e um pouco mais. - As palavras de Dilan me atingiram como uma flecha, eu nunca esperava ouvir isso, não assim, não agora.
- Te encontro lá. - Foi a única coisa que consegui dizer antes de desligar, só então percebi que não tinha o endereço, mas como se lesse minha mente ele mandou a localização em meu celular.