Batucava meus dedos na perna em um tique nervoso enquanto olhava pela janela da velha picape do meu pai. Soltei uma lufada de ar e tombei a cabeça para trás, eu queria sair correndo.
— Pare de resmungar Sasuke. — Fugaku reclamou pela milésima vez.
Preferi ficar calado para não perder a paciência, já bastava aquela música irritante que tocava no rádio.
Lana del rey era deprimente.
— Não é tão r**m assim. — Ele murmurou me olhando de lado.
— Pra você. — Retruquei cruzando os braços.
— É apenas um ano e sua mãe esta com saudades.
— Não venha bancar o bom samaritano, acha que não sei que só quer se livrar de mim? — Me exaltei o olhando e ele respirar fundo.
— Tudo bem, você acertou. Mas é pecado um pai querer descanso do filho rebelde e inconsequente?
Trinquei os dentes e tombei a cabeça para trás.
— f**a-se.
— Já falei para parar de xingar.
— f**a-se outra vez.
— Você é caso perdido.
— Hn.
Coloquei os fones de ouvido e fechei os olhos, torcia para que um meteoro caísse no meio da estrada. Eu não queria voltar a Konoha, odiava aquele lugar.
Konoha ou vila da folha era uma pequena cidade abitada no norte do japão, chove o ano todo e não dá trégua nem ao menos no verão, era nessa cidadezinha pacata que minha mãe morava desde que se separou do meu pai.
Tudo era tão ridículo e sem graça naquele lugar.
— Sasuke acorde.
— Que é? — Tirei meus fones passando a mão no rosto.
— Chegamos.
— Maldição. — Resmunguei olhando para a floresta a nossa volta.
Esse lugar têm mais mato do que casas, deveria ser proibido a existência de pessoas aqui.
Seria bem legal se uma manada de lobos saísse da floresta e comesse todo mundo, assim eu nunca mais precisaria colocar os pés nesse lugar.
— Você vai sobreviver. — Meu pai continuou a falar e eu o ignorei.
Logo as casinhas ridiculamente pequenas começaram a aparecer, as pessoas andavam nas ruas com casacos e guarda chuvas coloridos.
— Boa sorte. — Fugaku parou o carro em frente a uma casa azul e me deu leves tapinhas no ombro.
Peguei minha mochila no banco traseiro e lhe mandei um olhar irritado antes de sair do carro e bater a porta com força.
— Não dê trabalho para sua mãe. — Ele gritou buzinando e acelerou indo embora.
Soltei um suspiro olhando para a caixa de correio caída.
Eu deveria estar em Tóquio agora, curtindo com meus amigos ou pegando alguma garota. Mas olha só onde eu vim parar.
No fim do mundo.
Tomei coragem e segui pelo caminho de pedras em direção a casa, subi os pequenos degraus de madeira fazendo um barulho irritante. Parei em frente a porta e quando ergui o punho para bater a mesma é aberta antes.
Analisei a figura feminina a minha frente e antes que eu pudesse fazer algo ela pula em meu colo.
— Sasuke que saudades. — Gritou em meu ouvido.
Havia me esquecido de quanto ela era barulhenta.
— Mãe, esta me apertando. — Sorri forçado a empurrando.
— Filho como esta grande e bonito, olha só esses músculos. — Exclamou passando a mão por todo o meu corpo.
— Acho que cresci.
— Nem parece que tem quinze anos.
— Na verdade eu tenho dezoito.
Esquecer a idade do próprio filho era bem a cara de Mikoto.
— Hum é mesmo? mas isso não importa, venha eu fiz sopa de tomates a sua preferida. — Ela sorriu me puxando para dentro da casa.
Pelo menos ela lembra o que eu gosto de comer.
Ela seguiu falando pela casa sumindo em algum cômodo e eu parei no centro da sala analisando tudo, minha mãe tinha um gosto para decorações um tanto exótico.
Tinha dois sofás de couro de algum animal, onde dois gatos dormiam em cima. Havia um tapete no centro de pele de urso, uma estante repleta de livros e vidrinhos com líquidos coloridos.
E o teto era cheio de apanha sonhos e lamparinas coloridas.
— Pode guardar suas coisas no seu quarto filho. — Mikoto gritou de algum canto da casa.
Olhei para as pequenas escadas e subi para o andar de cima, ao chegar no pequeno corredor encontrei três portas. Segui para a segunda me lembrando que era ali o meu quarto.
Fazia oito anos que eu não vinha em Konoha.
Abri a porta marrom e me deparei com um quarto azul, havia uma cama de solteiro no centro, uma prateleira repleta de carrinhos e brinquedos e um guarda roupa vermelho, estava do jeito que eu tinha deixado.
Infantil demais.
Joguei minha mochila na cama e olhei para a janela que batia por conta do vento.
— Está do jeito que você deixou. — Ouvi a voz de Mikoto e me virei a encontrando parada na porta.
A analisei por inteiro, ela vestia um vestido n***o rodado, os cabelos eram lisos e batiam na b***a. A velhice era algo que não chegava nem aos pés de Mikoto Uchiha.
— Percebi.
— Vá tomar um banho e depois desça para comer.
— Hn.
Ela saiu do quarto encostando a porta e eu segui para o banheiro.
Depois de tomar um banho quente vesti uma roupa qualquer e desci para o andar de baixo, parei no batente da porta da cozinha encontrando minha mãe sentada em uma mesa redonda com um olhar perdido.
— Pode se servir. — Ela disse assim que notou minha presença.
— Hn. — Murmurei entrando na cozinha.
Me servi e me sentei a sua frente.
— Amanhã você já pode ir para escola. — Ela quebrou o silêncio me fazendo soltar um suspiro.
Escola, que legal.
— Hn.
— Não me parece animado.
— E não estou. — Disse seco.
Ela ficou em silêncio apenas me encarando.
— Seu pai me disse que estava tendo problemas com você. — Ela disse calma e eu larguei a colher.
Lá vem bronca, era só o que faltava.
— Vai encher meu saco também? — Cruzeis as mãos em frente ao rosto.
— Não Sasuke, eu entendo que todo adolescente tem sua fase de rebeldia. — Ela cruzou os braços sorrindo divertida.
Ergui uma sobrancelha me sentando mais relaxado na cadeira.
— Eu só saio pra me divertir com meus amigos.
— Ele disse que esses amigos eram más companhias e que você até fez uma tatuagem.
— O que têm demais ter uma tatuagem? — Fiz a mesma pergunta que fiz ao meu pai quando ele descobriu.
Qual o problema em ter uma tatuagem?
— Eu acho super legal, seu pai que é careta. — Ela gargalhou.
— Jura?
— Claro.
Minha mãe era tão imprevisível que não me surpreenderia se ela também tivesse uma tatuagem.
Balancei a cabeça segurando um sorriso, minha mãe era louca.
Ficamos em silêncio e eu voltei a comer sendo avaliado por um olhar divertido dela.
— Pode ir se deitar, amanhã você acordará cedo. — Ela tomou meu prato assim que fiz questão de me levantar.
— Hn.
— Boa noite filho. — Ela me deu um beijo na bochecha e se afastou.
Fiquei a olhando se distancia e passei as mãos nos cabelos.
— Boa noite. — Sussurrei me virando para a saída da cozinha.
Subi para meu quarto ouvindo sons de trovões e fechei a janela que batia cada vez mais forte.
Uma tempestade estava por vir, ignorei e me joguei em minha cama logo adormecendo.
Estava parado no meio da floresta, estava tudo sombrio e silencioso.
— Sasuke. — Ouvi um grito atrás de mim e me virei tendo a visão de uma garota correndo em minha direção.
Ela usava uma capa e eu só consegui ver seus olhos, olhos verdes que pareciam duas esmeraldas, eles eram intensos e misteriosos.
— Me ajude. — Ela gritou olhando alarmada para trás, parecia estar fugindo de algo.
Dei um passo em sua direção e ela estendeu o braço para mim, no entanto antes que eu pudesse fazer algo seu corpo se esbarra em uma parede invisível.
Parecia um campo de força, algo que impedia sua chegada até mim.
— Eu preciso de você. — Ela grita tentando atravessar em vão.
Me aproximo estendo a mão pelo campo de força e para minha surpresa ela atravessa. A garota me olha com os olhos brilhando e sorri para mim.
— Segura minha mão. — Grito e quando estou perto de toca-la tudo fica escuro e ouço um estrondo.
Abro os olhos e me sento ofegante, olhei para a janela vendo a chuva forte caindo e o barulho de trovões.
Passei a mão no rosto e soltei um suspiro voltando a me deitar.
Foi apenas um sonho, um sonho muito estranho.
— Sasuke.
Sinto meu corpo ser balançado e abro os olhos tendo a visão de minha mãe a minha frente.
— Bom dia flor do dia, não quer se atrasar para seu primeiro dia de aula não é mesmo? — Ela perguntou animada.
Essa mulher só vive de bom humor?
— Hn. — Resmunguei me sentando.
— Você fica tão fofo emburrado. — Ela sorriu apertando minhas bochechas.
— Mãe. — A repreendi virando o rosto.
Ela ficou em silêncio e eu voltei a olha-la, a encontrando com as mãos cobrindo a boca.
— O que foi?
— Você me chamou de mãe. — Seus olhos brilharam e ela me assustou pulando em cima de mim me abraçando.
Abri a boca e me deixei ser abraçado, quando eu era criança costumava gostar de seus abraços. Eu me sentia bem, em paz.
— Estava com tantas saudade meu filho. — Ela encheu meu rosto de beijos.
— Eu...eu também.
Sim eu sentia sua falta, ela era minha mãe.
Depois daquele momento um tanto constrangedor, ela saiu do quarto e me mandou para o banheiro.
Tomei um banho rápido e vesti uma camisa azul marinho, uma calça e um tênis preto. Baguncei meus cabelos e peguei um blusão saindo do quarto.
Desci as escadas e encontrei minha mãe parada no inicio da escada.
— Aqui esta sua mochila e aqui têm bolinhos de arroz, corra que esta atrasado. — Ela me entregou uma mochila e uma sacolinha.
Me deu um beijo na bochecha e me empurrou para fora de casa.
— Tenha uma boa aula. — Sorriu batendo a porta na minha cara.
Fiquei parado com cara de tacho e bufei.
Um fato sobre Mikoto Uchiha, ela era extramente bipolar.
Soltei um suspiro e comecei a andar sem rumo, minha querida mãe havia esquecido de me falar o caminho da escola.
Talvez ela ache que eu seja adivinho.
Avistei alguns garotos a frente com livros em mãos e deduzi que eles estavam indo para o mesmo lugar que eu, então resolvi os segui.
Comi os bolinhos de arroz pelo caminho, estava morto de fome.
Não demorou muito para que eu estivesse em frente a Escola Secundária de Konoha.
Era mediana de cor avermelhada, bem diferente de minha antiga escola em Tóquio.
O que eu esperava? preciso parar de comparar esse lugar com Tóquio.
Adentrei os portões atraindo os olhares por onde passava, ouvi uma especie de sinal e os alunos começaram a seguir para suas salas.
Fiquei perdido no meio daqueles corredores e bufei.
Odeio isso.
— Sasuke Uchiha. — Escultei um grito estridente e um peso em meu ombro.
Franzi o cenho e olhei para o lado encontrando um garoto loiro pendurado em meu ombro.
Que merda é essa?
— Como sabe meu nome? — Perguntou sério o empurrando.
— Todos sabem seu nome é aluno novo e filho de Mikoto Uchiha. — Ele disse animado abrindo um sorriso maior que a cara.
Ótimo, tudo o que eu queria era ficar quieto em meu canto mas vejo que será impossível.
— Hn.
— Naruto Uzumaki a seu dispor. — Ele fez uma reverencia e eu dei um passo para trás.
— Foi m*l mas, eu gosto de mulher.
Ele apertou os olhos e me olhou indignado.
— Ta achando que eu torço para o outro time? pra sua informação eu sou homem com H maiúsculo. — Ele gritou escandalosamente fazendo uma pose estranha.
Eu mereço.
— Tudo bem, foi bom saber que você é homem mas eu tenho que ir. — Disse tentando por um ponto final naquela conversa e me virei voltando a andar.
— Ei, sabia que somos da mesma sala? — Ele gritou me abraçando pelo pescoço.
Maldito azar que me persegue, eu devo ter um imã que atrai pessoas malucas.
— Me admiraria se não fosse.
— Gostei de você, acho que seremos melhores amigos.
— Ainda não estou louco.
— O quê você disse?
— Nada.
Ele me guiou pelos corredores até pararmos em frente a uma porta amarela, tinha uma placa escrito 3B.
— Olha quem chegou. — Ele gritou entrando comigo.
Todos os olhares vieram em nossa direção e eu soltei um suspiro tentado manter a paciência.
— Você é Sasuke Uchiha? — O homem que estava sentado em cima da mesa perguntou.
Deduzi ser o professor.
— Sim.
— Sou Kakashi Hataki professor de história, vejo que m*l chegou e já está andando com más pessoas. — O professor bocejou e todos começaram a rir e cochichar.
É culpa do azar que me persegue.
— Quero vê vocês rirem quando eu for o prefeito da cidade. — Naruto gritou irritado e todos começaram a gargalhar.
Prefeito?
— Naruto sente-se esta atrapalhando minha aula. — O professor o reprendeu e o loiro bufou indo se sentar na segunda carteira do meio, atrás de uma garota que tinha olhos muito estranhos.
Desde que cheguei aqui tudo que vejo é estranho.
— Deseja se apresentar Senhor Uchiha?
— Não. — Respondi ouvindo murmurinhos ao meu respeito.
— Então pode se sentar. — Ele apontou para a classe e eu segui para o fundo sendo seguido pelos olhares daquelas pessoas curiosas.
Me sentei na última carteira ao lado da janela e soltei um suspiro.
Odiei isso.
As pessoas começaram a murmurar mais alto e eu levantei a cabeça vendo uma garota entrando na sala.
— A estranha chegou.
— Cuidado ela estar de m*l humor.
— Fujam paras colinas a bruxa chegou.
Eles faziam piadinhas e riam debochados.
Não sou de analisar as pessoas mas essa garota me chamou atenção.
Ela usava uma calça preta meio rasgada, suas mãos estavam no bolso do blusão também preto e um capuz cobria a cabeça abaixada impedindo de ver seu rosto.
— Atrasada Senhorita Haruno. — O professor repreendeu e ela o ignorou seguindo para o outro lado da sala.
Consegui ver uma mecha de cabelo rosa atravessa o capuz.
Quem diachos têm cabelo rosa?
A segui com o olhar até ela se sentar na carteira do fundo do outro lado da sala, parecia perdida em seus pensamentos e ignorava perfeitamente todas as piadinhas de m*l gosto.
Ela jogou sua mochila na mesa e cruzou as mãos sobre a mesma, mãos que estavam cobertos por luvas.
Seus ombros estavam tensos e ela parecia apertar os dedos com força.
Não consegui evitar e fiquei a encarando por bastante tempo, e quando percebi ela se virou em minha direção me fazendo engolir em seco.
Seus olhos...eles eram iguais os do meu sonho.
Eram verdes, misteriosos e intensos.
— Alguém sabe me dizer quando ocorreu a revolução francesa? — O professor perguntou me fazendo sair do transe e a garota desviou o olhar para frente.
Pisquei os olhos a olhando por mais um tempo e me virei passando mão no rosto respirando fundo.
Céus eu estou enlouquecendo, e a culpa é toda dessa porcaria de cidade.
Maldita Konoha.
(...)
Vagava meu olhar pelo pátio a procura dela, desde que o sinal do intervalo havia tocado e ela saíra apressada, eu tentava encontra-la.
Estou me sentindo ridículo.
— Então cara, como é Tóquio? — Naruto perguntou de boca cheia.
Ele havia me arrastado para uma mesa no fundo do refeitório, alegando que era a primeira vez que tinha um amigo para se sentar com ele.
— Legal. — Respondi sem interesse desviando o olhar para as pessoas.
Foi então que eu a vi, ela estava sentada debaixo de uma árvore ao lado da garota dos olhos estranhos.
Elas estavam conversando.
— Legal? cara estamos falando de Tóquio. — Ele exclamou e eu o ignorei.
Será que ele não para de falar nenhum minuto?
— Quem é ela? — Perguntei apontando com a cabeça em direção a árvore do outro lado do pátio.
Naruto me olhou e seguiu o olhar para onde eu apontava.
— Hum? esta falando da esquisitona? — Ele me olhou confuso mordendo mais um pedaço de seu sanduiche.
— Esquisitona?
— É como a chamamos, ela é sinistra. — Ele fez uma careta ao falar dela.
A encarei vendo a mesma olhando para um colar que tinha em seu pescoço, parecia perdida em pensamentos.
— Me fale sobre ela. — Voltei o olhar para Naruto pegando uma maça em meu prato a mordendo.
— Por que quer saber? — Ele perguntou confuso e desconfiado.
Nem eu sabia essa resposta, acho que deveria ser curiosidade.
— Curiosidade.
— O nome dela é Sakura Haruno, chegou na cidade a um ano atrás e mora com a tia assustadora em um sobrado mais assustador ainda. Cara só de falar nelas me da arrepios, podemos mudar de assunto? — Ele disse fazendo uma expressão medrosa.
Então o nome dela é Sakura?
— Continue. — Ordenei e ele resmungou.
— Ela é reservada, não conversa com ninguém a não ser Hinata. Outra estranha. Ela não gosta de mostrar o rosto e quando mostra é pra lhe lançar um olhar mortal e tenebroso. Ninguém chega perto dela ou da casa onde ela mora, é assustador parece coisa sobrenatural. — Ele sussurrou olhando para Sakura e a mesma olhou em nossa direção.
Naruto desviou o olhar rapidamente e eu continuei a encarando, sua cabeça ainda estava coberta pelo capuz mas eu conseguia ver seu rosto perfeitamente. Seus lábios eram pequenos e avermelhados, o nariz arrebitado e os intensos olhos verdes.
Ela era linda.
Sakura desviou o olhar para a garota ao lado e logo voltou a olhar para mim erguendo uma de suas finas sobrancelhas.
Deveria estar se perguntando o por que deu estar a encarando tanto.
— Sasuke pare de encarar quer ser morto? — Naruto me deu um chute por baixo da mesa e eu o olhei irritado.
— Qual o seu problema?
— Eu é que pergunto, você é primeira pessoa que vejo encarando a esquisita por mais de um segundo. — Ele disse me olhando indignado.
— Não enche. — Bufei cruzando os braços.
Que i****a.
— Olá meninos. — Ouvi uma voz feminina e olhei para a garota ruiva que se sentou ao meu lado com um enorme sorriso no rosto.
Será que esse lugar só têm gente intrometida?
— O que faz aqui Karin? — Naruto olhou para a garota confuso.
— Eu vim ver o meu priminho preferido e o amigo dele. — Ela sorriu tocando em meu ombro.
Era só o que faltava, mais uma pra encher meu saco.
— Você nunca fala comigo e quando fala é pra esnobar, não estou entendendo. — Naruto murmurou confuso.
— Você é tão engraçado. — Ela sorriu forçado.
Soltei um suspiro e peguei meu sanduíche o mordendo.
— Então Sasuke-kun, soube que você é de Tóquio. — Ela voltou a olhar para mim.
Sasuke-kun? será que ela sabe que a voz dela é irritante?
— Hn.
— Você não é de falar muito, não é? — Ela riu e eu a ignorei.
— Karin, será que pode dar licença? você atrapalhou nossa conversa.
— E o que conversavam de tão interessante? — A voz dela saiu desdenhosa.
— Sobre a Haruno.
— E o que têm de interessante falar daquela songa monga esquisita? — A voz dela saiu enjoada.
— Sasuke que estava curioso.
— Não têm o que falar daquela garota, ela é ridícula.
Olhei para Sakura e a mesma olhava fixamente em direção a nossa mesa, e sua expressão não era das melhores.
— Vocês já viram as roupas que ela usa? parece que foram tiradas de um brechó e aquele cabelo? kami aquele cabelo é horrível. — A ruiva começou a rir e eu a olhei.
Ela era patética.
— Cala a boca. — Mandei não suportando mais ouvir sua voz.
Ela parou de sorrir e seus olhos se arregalaram levemente.
— O que você disse? — Ela sorriu sem graça me olhando.
— Karin está pegando pesado. — Naruto murmurou incomodado.
— Pesado? só digo a verdade, ninguém quer chegar perto daquela i****a.
Chega, não sou obrigado a ouvir essa garota ridícula.
— Sai daqui.
— Como? — Ela me olhou incrédula.
— Cai fora. — Disse entre dentes e ela abriu a boca piscando os olhos.
Ela pegou sua bandeja de comida e empinou o nariz se levantando da mesa. Quando ela deu um passo para se afastar a mesma tropeça nos próprios pés e cai de cara no chão, sua bandeja voa e cai toda em sua cabeça.
Ela solta um grito e todos começam a rir da cena, inclusive Naruto.
Que povo barulhento.
O sinal tocou e eu me levantei, dei mais uma olhada em direção a Haruno e franzi o cenho ao vê-la olhando para a ruiva com um sorriso de lado.
Parecia até m*****o.
— Arg que ódio. — A ruiva gritou se levantando toda suja e sumiu apressada para algum lugar.
— Essa foi boa. — Naruto riu ao meu lado.
Não gosto de rir da desgraça alheia mas tenho que concordar que ela mereceu.
Todos começaram a ir para suas salas e eu fiz o mesmo com Naruto atrás de mim.
— Oi Sasuke. — Algumas garotas passaram por nós acenando.
Como esse povo sabe meu nome?
— Cara você m*l chegou e as garotas estão de quatro por você. — Naruto gritou atrás de mim chamando atenção das pessoas no corredor.
Será que ele não sabia ser discreto?
— Será que dá pra você falar sem gritar?
— Você vai me ensinar o seu truque?
— Que truque? — Bufei voltando a andar.
Agora todos nos encaravam, que ótimo.
— O que faz para todas as garotas ficarem afim de você? — Tagarelou ao meu lado.
Como se eu soubesse.
— Fique de boca fechada que todas cairão aos seus pés.
— Jura?
— Claro.
E não é que deu certo?
Para minha alegria o i****a ficou calado pelo resto das aulas e não me perturbou mais, quando o sinal para o fim das aulas tocou eu me levantei apressado entrando no meio da multidão de alunos.
Consegui sair da escola e fugir daquele i****a com exito.
Depois de alguns segundos caminhando adentrei o caminho de pedra seguindo até a porta, girei a maçaneta a abrindo e entrei encostando a porta atrás de mim. Visualizei a sala vendo tudo silencioso, subi para o andar de cima e joguei a mochila em algum canto.
Voltei ao andar de baixo seguindo para cozinha encontrando tudo vazio, vi um papel em cima da mesa e o peguei.
"Filho estou no trabalho, esqueci de te dizer que tenho uma loja de artefatos.
A comida esta pronta, apenas esquente quando chegar.
Volto só a tarde, se cuida bebê.
Beijos da mamãe."
Minha mãe sabe como constranger uma pessoa.
Segui até o fogão esquentando a comida enquanto pensava enquanto minha mãe era descuidada, como ela têm coragem de sair e deixar a porta aberta? qualquer um poderia entrar e furtar suas coisas.
Coloquei o macarrão no prato e peguei uma jarra de suco na geladeira.
Comecei a comer e senti algo roscar em minha perna, abaixei o olhar encontrando um gato preto se esfregando em mim e o chutei para longe.
Odeio gatos.
Ele me olhou feio e deu as costas indo embora rebolando.
Quando terminei de comer lavei a louça suja e resolvi sair de casa, não ficarei o dia inteiro trancado naquela casa. Não estou afim de enlouquecer.
— Esse lugar têm que ter alguma coisa divertida.
Caminhei pela calçada olhando tudo em volta, tudo o que eu via eram casas e comércios e mato.
Como eu imaginei, nada que prestes ou chame minha atenção.
Soltei uma lufada de ar decidido a voltar para casa mas uma coisa me chamou atenção, vi cabelos rosa passarem pela porta de uma...biblioteca. Olhei para os lados e atravessei a rua, não tenho nada pra fazer mesmo.
Adentrei a porta de vidro encontrando várias estantes de livros e algumas mesas em um canto onde algumas pessoas estavam sentadas lendo algum livro. Fiquei parado me sentindo perdido naquele lugar e vi ela seguir em direção a uma mesa afastada com um livro em mãos.
Peguei o primeiro livro que vi e segui para a mesma mesa que ela, me sentando a sua frente. Abri o livro fingindo estar concentrado e senti seu olhar queimando em mim.
— O que você quer?
Ergui a cabeça e a peguei me encarando fixamente.
— Esta falando comigo? — Me fiz de desentendido.
— Têm mais algum ser inconveniente aqui além de você? — Retrucou erguendo uma sobrancelha.
Essa garota sabe como dar uma boa resposta. Mas eu também sei.
— Que eu saiba esse lugar é público e essa mesa não é sua. — Retruquei e por um momento vi surpresa em seu rosto.
— Muito menos sua então cai fora que eu quero ficar sozinha. — A voz dela saiu raivosa.
Me remexi na cadeira a analisando, ela parece querer afastar as pessoas de perto, parece se isolar de todos.
A pergunta era, por que?
— Você afasta as pessoas por que gosta ou têm medo delas?
Eu preciso entender essa garota.
— Por que eu teria medo? — Soltou uma risada irônica.
Será que ela sabe que seu sorriso é lindo?
— Não sei, me diz você.
Ela ficou em silêncio olhando me meus olhos.
— Qual o seu problema garoto?
— Nenhum, você têm algum?
— Por que esta me seguindo? — Perguntou os lábios cerrados.
— Seguindo? não viaja eu só quero ler meu livro em paz. — Revirei os olhos e ela me olhou erguendo uma sobrancelha.
— Como ser o pai perfeito? é você não têm cara de ser um pai exemplar. — Ela balançou a cabeça e se levantou da mesa.
Virei o livro olhando sua capa e me segurei para não me dar um soco.
— Burro.
Joguei o livro na mesa e me levantei a vendo sair pela porta.
Soltei uma lufada de ar e a segui, que merda eu estou tentando fazer?
— Eu não tenho filho. — Murmurei assim que consegui acompanha-la.
— Não te perguntei nada e pare de me seguir. — Ela retrucou colocando as mãos no bolso de seu casaco.
Estou vendo que ela não dá o braço a torcer.
— Por quê você é assim? — Ousei perguntar e ela parou de andar se virando para mim.
Me olhou nos olhos fazendo-me me perder outra vez naqueles olhos verdes.
— Escuta aqui, você não me conhece e não sabe nada sobre mim. Não sei o que você esta tentando fazer mas é melhor desistir e ficar longe. — Disse séria e se virou voltando a andar, mas dessa vez com passos mais apressados.
Essa garota sabe muito bem como deixar as pessoas longes.
— Chega de levar patadas por hoje. — Soltei uma lufada de ar voltando a andar mas parei assim que pisei em algo.
Olhei para o chão e me abaixei, era um colar. O cordão era preto e o pingente tinha uma lua e um sol, o peguei o analisando e me levantei.
Alguma coisa me diz que esse cordão era dela.
A vi virar uma esquina sumindo da minha visão e guardei o colar no bolso.
— Parece que teremos mais uma conversa agradável.