Capítulo XII - Gabriel & Elena
1082 Words
Gabriel Medina sempre foi um homem de família.
Amava a esposa e os filhos.
A perda dela o deixou devastado. E o pior foi ter confessado que havia sido infiel uma única vez, mas que uma criança tinha sido fruto desta infidelidade.
Sua esposa deu o seu perdão antes de falecer, mas antes o fez prometer que encontraria a sua filha e a deixaria conhecer os irmãos, fazendo parte da família Medina tal como era seu direito.
Feita a promessa, Gabriel dedicou o seu tempo a investigar e conseguiu encontrar Elena.
Mas não tinha sido um trabalho fácil. Ela agora era Elena Camargo, e o detetive apenas procurava por Elena Morales.
Agora sentado no restaurante onde a tinha visto pela primeira vez, Gabriel sentia - se como um adolescente no seu primeiro encontro.
Tinha filhos adultos e até duas netas lindas e uma terceira á caminho, mas não conseguia evitar sentir - se tão ansioso.
Foi então que quando olhou para a entrada ele a viu.
O cabelo antes longo agora estava curto mas com o mesmo brilho, e os olhos de um azul muito claro estavam muito realçados.
Gabriel levantou para a receber.
- Elena!
- Gabriel! Como é bom te ver.
Você está óptimo.
- Obrigado. Você também.
Aliás, continuas linda. Tal como me lembrava.
- Então nunca te esqueceste de mim?
- Claro que não. Você marcou uma fase da minha vida.
Jamais te esqueceria.
- Que bom saber disso.
Podemos sentar agora?
- Sim. Por favor.
- Obrigada.
Gabriel chamou o garçon e fez os pedidos. Quando ele os deixou sozinhos, Gabriel perguntou sem hesitar:
- Onde ela está Elena?
Sabendo de quem ele falava, Elena o respondeu.
- Com a minha mãe.
Quero dizer, até á pouco tempo vivia com a minha mãe. Ela a criou e educou.
- O que isto significa? Você abandonou a nossa filha?
- Eu lamento imenso Gabriel.
Tomei a decisão num momento difícil. Carrego esta culpa á 25 anos. Eu achei que não tinhas percebido.
- É claro que eu percebi. Mas então você sumiu. Eu procurei e fui obrigado a desistir por algum tempo.
- Gabriel eu....
O garçon surgiu com os pedidos e retirou - se em silêncio.
- Nada pode justificar o que fizeste Elena. Você achou que eu iria deixar a minha filha sem o meu apoio ou minha presença como pai?
- Você era casado. Eu não poderá viver com a culpa de ter destruído uma família.
- Não te justifiques por favor.
Nem sequer pensaste em me contar. Eu esperava ouvir de ti Elena.
Eles comeram em silêncio.
- Perdoa - me Gabriel. Eu reconheço que não tinha o direito de te fazer perder 25 anos da vida da nossa filha.
Tenho a certeza que ela não te vai rejeitar.
- Ela não tem razões para isso.
O que pretendes fazer?
- Contar a verdade.
Eu já a conheci Gabriel. É uma jovem linda, inteligente, determinada e tem um coração bondoso como o teu.
- Formada?
- Sim. É médica nutricionista.
Acabou de ser aceita na Clínica dos Botelho. A melhor que conheço.
- Sim. Isto é verdade. Temos algumas parcerias.
Ela sabe a verdade?
- Não. A minha mãe me fez prometer que eu mesma contaria. Estou disposta a fazer isso, mesmo sabendo que ela me vai rejeitar.
- E a tua nova família?
- Casei e tive mais duas filhas.
Tão lindas quanto á nossa.
Aliás, o nome dela é Ana Gabriela Morales.
- Deste - lhe o meu nome?
- Sim. O da minha mãe também.
- O teu marido sabe disso?
- Não. Ele morreu sem saber.
Este é outro peso que terei que carregar. Mas, contarei as minhas filhas. A mais velha está noiva e a mais nova ainda está comigo. Fará 14 anos em breve.
- Lamento pelo teu marido.
Também estou viúvo. Os meus filhos estão formados, casados e tenho duas netas e uma terceira á caminho.
Ainda estou na fazenda. Mas ela está ligeiramente mais vazia.
Mas, a minha filha decidiu que vai mudar para lá em duas semanas.
Ela quer que a minha neta cresça no mesmo lugar que ela.
- Nossa! Isso é óptimo.
Deves estar muito feliz.
- Sim estou. Vão todos mudar.Eles acham que devem cuidar mim agora.
O espaço é enorme e mais 4 casas foram erguidas no terreno.
Eles vão ter muita privacidade.
- Disseste 4 casas?
- Sim. Apesar de estar longe de mim, eu sempre soube que a nossa menina iria voltar.
Há uma casa lá á espera dela.
- Você é um homem incrível Gabriel Medina. A nossa filha é abençoada por ter você como Pai.
- Obrigado. Tu também és incrível. E saiba que tens o meu perdão. Por isso te digo Elena, fala com elas antes que seja tarde demais. Aceita as consequências, mas ao menos estarás livre deste peso.
- Você está certo. Farei isso. E assim que for feito prometo que ligo para que você a possa conhecer.
- Obrigado. Estarei esperando.
Mais tarde quando saíram do restaurante Elena percebeu uma coisa: Amou o seu marido. Mas o seu coração ainda pertencia á Gabriel Medina.
Mas antes de pensar em dar um novo rumo á sua vida amorosa, primeiro teria que passar pela maior provação da sua vida como mãe: A possibilidade de ser rejeitada por suas filhas.
Ela passou muito tempo pensando e analisando qual seria a melhor maneira de fazer a revelação do seu maior segredo.
Sem saber o que fazer, Elena pegou no celular e ligou para a mãe.
Ela atendeu no segundo toque.
- Filha! Está tudo bem?
- Mãe! Mãe por favor me ajude.
Eu estou com muito medo.
- Medo de quê querida?
O que aconteceu?
- Eu não consigo pensar em outra coisa. Preciso revelar a verd para a minha filha. Esta mais do que na hora.
- É claro que está filha. Eu estou sufocada com tudo isso. Chega de segredos. Eu também corro o risco de perder a confiança da minha neta. Ela é a pessoa que mais amo. Não a posso perder.
- A senhora não a vai perder mamãe. O amor que une vocês é grande demais.
- Pode ser. Mas, de que adianta amar sem haver confiança?
Estavam as duas com medo e dúvidas. Gabriela dona de uma personalidade forte não aceitaria as coisas com tanta facilidade.
Mas, estas eram as consequências. E não mais do que isso. Então teriam que suportar.
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