Capítulo XLII - Recomeços

1679 Words
Ana Gabriela entrou no quarto de Elena e a viu terminando de comer. O quarto estava cheio de flores e ursos de pelúcia vermelhos, rosas e brancos. - Bom dia. - Bom dia Doutora Gabriela. Eu as deixarei a sós. - Obrigada Clara. Elena! Bom dia. Como você está? - Bom dia filha. Eu estou bem. Mas ainda sinto um pouco de dores. - O Adriano garantiu que elas vão passar em algumas semanas. Logo você terá alta. - Que bom. A Lúcia deve estar aflita e muito preocupada. - Sim. Eu pedi ao Hugo que a trouxesse para ver você mesmo que seja por uma hora apenas. - Será suficiente para nós. Muito Obrigada. - Elena eu vim para te dizer algumas coisas, mas não esperava te encontrar acordada. Agora não sei como começar. - Apenas fale querida. Eu vou te ouvir. - Certo. Eu passei a minha infância idealizando como seria ter uma mãe. As outras crianças tinham sempre a quem dar o presente do dia das mães, mas eu só tinha a Vovó. Ela era a minha guia, minha força e modelo. Saber que ela omitiu a verdade de mim me magoou muito, mas para mim foi mais fácil perdoar, porque ela sempre esteve comigo. - Eu me pergunto se você será capaz de me perdoar algum dia. Ou então se terei a oportunidade de te ouvir me chamar de Mamãe e não de Elena. - Sobre essa questão eu também tenho algo a dizer. Estou pronta para te dar a oportunidade de ser a minha mãe, mas eu não deixarei que penses que podes mandar em mim. Sou adulta e independente. Quero que você participe da minha vida, mas não me trates como tratas a Lúcia. - Está bem filha. Você já é uma mulher. Saiba que serei apenas a mãe amiga, presente e conselheira. Nada mais do que isso. Não passarei dos limites. - Obrigada. Posso fazer o meu primeiro pedido de filha mais velha? - Claro que podes meu amor. - A Senhora aceita fazer o meu vestido de noiva? Sempre admirei o seu enorme talento como estilista. E quero que o meu vestido tenha a tua assinatura. O que me dizes mamãe? Elena não podia acreditar. Ana Gabriela a chamou de mãe por vontade própria. Ela era realmente sua filha, pois também tinha herdado também o seu lado orgulhoso. Quando saiu do quarto da mãe após muito choro, Ana Gabriela decidiu fazer outra visita. Foi ao quarto de Renata. Havia polícias na porta. Ela se identificou e entrou. Renata estava acordada e sentada na cama. Não parecia a mulher malvada de antes. Estava pálida e com a pele envelhecida. Olhou para Gabriela, mas não tinha brilho nenhum nos olhos. - Bom dia Renata. - O que você faz aqui? Vieste rir de mim por estar inválida? - Não. Ao contrário do que você pensa, eu não sou igual á você. Vim aqui para te dizer que aqui se faz e aqui se paga. Agora você está pagando pelas escolhas erradas que fizeste. Eu vou embora agora. Farei questão de te enviar um presente de despedida. Adeus Renata. Seja muito infeliz com o peso do arrependimento que vais sentir pelo resto da tua vida. Gabriela foi embora sem olhar para trás. Aquela era a última vez que tinha olhado para Renata. Agora seguiria o seu caminho com Adriano, e ninguém iria interferir neste acontecimento. Este era o começo dos recomeços. O começo dos momentos felizes. Ana Gabriela juntou as mulheres da sua vida como ela as chamava e começou a organizar o seu casamento de sonho. Como seria m****o da família Botelho, não tinha como negar a realização de uma festa de acordo com o sobrenome que estava prestes a receber. Após muitas ligações e pedidos, ela finalmente conseguiu que a maior e mais requisitada organizadora de casamentos. Ana Cecília Basílio era conhecida como a fada dos casamentos felizes. Ela organizaria o casamento de acordo com a vontade de Ana Gabriela e Adriano. E foi num belo sábado que Elena finalmente anunciou que o vestido de casamento da filha estava pronto para a prova. Tinha a certeza que uma única prova seria o suficiente. Além de Ana Gabriela, na sala de espera do atelier estavam Ana, Isabella, Cissa, Lúcia, Paula e Fátima com a sua filha Brianna. - Preparem - se. Eu tratei o manequim com o vestido. Filha! Tens que fechar os olhos. - Tudo bem....- Gabriela fechou e m*l conseguiu conter a sua curiosidade. Quando abriu por causa do enorme silêncio, ela mesma ficou sem saber o que dizer por pelo menos dois minutos. Além do vestido, haviam também um par de sapatos e um conjunto de lindas jóias. - Eu achei que nunca veria este dia meu amor. Achei que seria impossível para mim ver você usando um vestido com a minha assinatura. O que achaste filha? - Ele é lindo demais. É maravilhoso. Obrigada Mãe. - Elena! O teu talento é incrível. Nossa Senhora. - Obrigada Cissa. Tive que o praticar muito. Mas agradeço as palavras. Vem comigo filha. Tens que provar o vestido e os acessórios também. Ana Gabriela seguiu a mãe sorrindo. Era impossível não perceber a felicidade presente no seu olhar. Ela voltou alguns minutos depois e deixou novamente as mulheres sem palavras. - Linda. Magnífica demais querida. - Obrigada Vovó. Mas, eu acho que a mamãe vai ter que fazer mais alguns. - Ajustes? Ele está perfeito filha. Não serão necessários ajustes. - Bem! Eu não quis contar nada sem ter a certeza. Mas, vocês vão saber em primeira mão. Eu estou grávida. - Como?! Irmã que notícia maravilhosa. - Eu serei Tia de novo?...- Lúcia levantou. - Sim maninha. E tenho a certeza que serás como sempre uma Tia maravilhosa. - Não acredito que agora serei bisavó. - Oh Vovó. Serás óptima como foste comigo. - Vais nos dizer o tempo? - Sim. Quase dois meses. Estou surpresa porque o Adriano ainda não percebeu. - A sério? - Sim. Hoje vamos sair para jantar e aproveito para contar a ele. - Nossa! O Adriano vai surta amiga. Desde que o conheço que ele tem o desejo de ser pai. - Ele me disse. Falamos sobre isso na nossa viagem, e combinámos que teríamos 4 filhos. - Que lindo filha. Bem! Farei ajustes bem discretos. Acho que por enquanto a notícia da gravidez não deve se espalhar. Faltava apenas uma hora para o casamento. O salão de festas criando na fazenda Medina estava agitado. Letícia passava instruções para todos e os seus assistentes corriam de um lado para o outro. Ana Gabriela já não conseguia disfarçar os sintomas da sua gravidez. Após uma noite de celebração com Adriano por conta da notícia, ela sabia que não demorariam muito tempo para ' encomendar ' o segundo bebê. Elena bateu na porta e entrou com um copo de suco. - Filha! Você está pronta? - Oi mamãe. Estou sim. Falta apenas colocar o vestido. A senhora me ajuda? - Claro que sim. Você parece enjoada. São as náuseas? - Sim. Elas estão a ficar cada vez mais fortes. A Ariella me receitou as vitaminas, mas parece que elas não estão ajudando. - Eu sei como te sentes. Toma! Beba isso e vais te sentir melhor. A cerimônia não será muito longa. Eu cuido disso. - Obrigada Mamãe. Será óptimo. - Certo.Volto em 5 minutos para te ajudar. Não te mexas. Gabriela sorriu com as palavras da mãe. Claro que ela não iria se mexer. Elena voltou e disse que tudo estava tratado. - Obrigada Mamãe. Já posso colocar o vestido? - Claro amor. Eu te ajudo. Alguns minutos depois Ana Gabriela estava linda. Ela sorriu e pegou o buquê das mãos de Elena. - Nossa! Ele é lindo demais. - Ainda bem que você gostou. Porque foi a Ana Lúcia quem o fez. Ela com certeza será uma designer ainda mais talentosa do que eu. - Eu digo apenas que ela é tão boa como a senhora já é. Gabriela finalmente desceu as escadas. O pai a esperava no final das escadas e sorria. Ela percebeu o brilho nos olhos dele quando também deu o braço para Elena segurar. Eles caminharam para a entrada. Foi anunciada a entrada da noiva e começou a marcha nupcial. Adriano sorriu quando a viu. Não via apenas a sua futura esposa, com ela vinha também o seu bebê. A sua família já estava a ser formada. O padre também sorriu para ela e deu início á cerimônia. Gabriela sentia - se melhor e aguentou a cerimônia toda sem sentir náuseas ou tonturas. Na festa ela apenas dançou a valsa dos noivos, e preferiu não exagerar nas outras. - Estás melhor irmã? - Oi Cissa! Estou sim. Só preciso de me manter sentada por um tempo. - Certo. Vou chamar a Ariella. - Não é necessário Cissa. Estou grávida e não doente. - Certo. Como mãe de duas crianças eu nem devia me assustar tanto. - Tudo bem. Podes por favor chamar o Adriano? Ele vai me fazer sentir melhor. Cissa foi chamar o cunhado. Ele sentou ao lado esposa, e tal como tinha dito, Gabriela realmente sentiu - se muito melhor. Tudo estava apenas no começo, e o tempo de alegria e felicidade que estavam a sentir era apenas o começo de muitos momentos felizes que estavam á caminho. A felicidade do novo casal Botelho era muito forte. Eles apagaram todos os indícios do passado, e fariam de tudo para garantir que apenas o amor e a união estariam presentes, e também que estes seriam os legados que passariam para os seus filhos. Feliz por finalmente viver a alegria da maternidade, Gabriela guardava tudo o que era bom e feliz no seu coração. Secretamente ela mantinha um diário. O mesmo seria dado aos seus filhos quando tivessem a idade certa. Eles iriam conhecer a vida da sua família. Teriam acesso ao seu legado. Saberiam que o mais importante não era a herança material, mas sim aquela que jamais estaria á venda.
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