Capítulo XI - Segredos

1071 Words
Elena seguiu a sua vida. Passados 25 anos, ela ainda sentia que faltava alguma coisa na sua vida. Após ter deixado a casa da sua mãe e a sua filha com poucos meses de vida, ela não teve uma caminhada fácil. Conseguiu emprego como camareira num hotel. Mas teve que sair porque o dono a assediava constantemente. Depois disso, decidiu fazer um curso de designer de moda em meio período, mas o seu talento chamou a atenção do dono do atelier, e ela passou a fazer o curso a tempo integral e gratuitamente. Aos poucos, a doçura e inteligência de Elena conquistaram Luciano Camargo. O cavalheirismo dele e excelente educação também a conquistaram e eles começaram uma relação. Casaram após seis meses e Elena tornou-se sócia do marido. O negócio foi prosperando. Os desenhos dela eram únicos e nunca repetidos. As clientes estavam cada vez mais impressionadas e a sua fama se espalhou como rastilho de pólvora. Elena era uma mulher feliz. Amava o marido, mas nunca revelou a ele a existência da mãe e da sua filha. Ela mantinha a conta da menina activa e todas as semanas fazia um depósito mas usando o seu nome de solteira. Ela ia até ao seu bairro e via de longe a mãe e a menina que crescia linda, forte e saudável. Ela tornou-se mãe novamente e teve Ana de Fátima. Após um tempo teve Ana Lúcia. Ainda muito feliz mas com o coração em pedaços, ela mantinha os seus segredos á sete chaves. Luciano então ficou muito doente. Passou tudo o que tinha para Elena e as filhas. A morte dela foi devastadora, mas Elena teve que se manter firme por suas meninas que também sofriam com a ausência do pai. O negócio continuou a prosperar. Elena fez um testamento secreto e a sua parte da fortuna foi passada para o nome de Ana e Gabriela. Estava decidida a contar para as filhas que tinham uma Avó e irmã mais velha, mas sempre perdia a coragem. E assim o tempo passou. Elena estava perdida nos seus pensamentos quando sua filha caçula a chamou. - Mãe? A Senhora está bem? - Meu amor! Eu estou bem. Queres alguma coisa? - Sim. Sábado será o aniversário da Clara. Eu preciso ir á loja pegar o presente dela que encomendei. Com quem eu devo ir? - Desculpa meu amor. Eu terei uma reunião em uma hora. Vou pedir a Vila que vá com você. Pode ser? - Claro que pode. Obrigada Mãezinha. - Por nada meu amor. Peça ao Baptista que prepare o carro para levar vocês está bem? Eu vou dirigir para a empresa. - Sim Senhora. Até logo mamãe. - Até logo meu amor. Elena não queria mais adiar. Estava na hora de acabar com os segredos. Além das suas filhas, tinha mais alguém do seu passado que devia saber a verdade. Sabendo que as suas revelações teriam graves consequências, ela estava disposta a aceitar tudo. Mesmo que isso implicasse perder para sempre o amor e confiança das suas filhas. Estaria mesmo disposta a correr o risco para se redimir da culpa que a assolava á 25 anos? Não seria fácil estar ao pé de Gabriela sem uma boa razão. Ela ficou desconfiada com a situação do sorteio, mas não disse nada apenas para não deixar a avó numa situação constrangedora. - Mãe!? Eu trouxe um café para a Senhora...- Ana Laura apareceu. Estava uma linda jovem. Tinha o sorriso como o de seu pai, mas de resto parecia exactamente com Elena. - Oh meu amor! Obrigada. E o que vais beber? - Suco de Laranja com cenoura. Eu não gosto de café. - Tudo bem. Senta ao pé de mim. Vamos conversar. - Sim Senhora. Ah! Eu quero contar que vai haver um acampamento de férias este ano. Mas a Senhora tem que assinar autorização. - Tudo bem. Mas, antes eu quero ver as tuas notas. Só assim vou assinar. - Por mim tudo bem. A Senhora parece triste. - Estou um pouco. Eu sinto a falta do teu pai meu amor. - Eu também sinto a falta dele Mamãe. Mas, eu quero que a Senhora seja feliz. - É mesmo!? Você não se importaria de me ver com outro homem? - Claro que não Mamãe. Seria egoísmo da minha parte. Em alguns anos vou para a Universidade, e não quero que a Senhora fique sozinha. - Nossa filha! Quando foi que você cresceu tanto? - Foi por causa da Senhora que me tornei assim. - Filha! O que você acharia se tivesses mais uma irmã? - Eu já tenho uma irmã. - Eu sei filha, mas é que... - Licença Senhora Elena. Tem uma ligação urgente para a Senhora. - Vamos entrar filha. Depois falamos está bem? Elena foi ao escritório e atendeu a ligação. - Alô! - Elena!? Oi é a Paula. - Paula!? Minha amiga que bom te ouvir. - Igualmente amiga. Nós temos que falar. Mas tem que ser pessoalmente. - Alguma coisa com a minha filha? - Ela está óptima. Mas, vamos falar pessoalmente está bem? Vamos nos encontrar no café habitual em meia - hora. Bjos. Elena desligou. Pegou a bolsa com as chaves do carro e saiu. - Eu volto em uma hora filha. - Sim senhora. Elena entrou no café e viu Paula a esperando. - Amiga! - Oi Elena! Que bom te ver. Peço café para você? - Não obrigada querida. O que foi? - Está na hora de acabar com este segredo. A Gabriela esteve na minha casa fazendo perguntas. Eu não pude nem dizer o teu nome. - Ela está investigando? - Sim. E pelo andar das coisas não vai demorar muito para descobrir tudo. E a Ana pode ter problemas. - Não. Eu preciso evita isso. Mas, não faço ideia de como vou contar para ela que sou a mãe dela. Já nos vimos duas vezes. Paula não sei o que fazer amiga. - Eu entendo você. E tem mais, após a revelação da verdade prepara o coração porque ela vai te rejeitar. - Eu sei disso. E ela não será a única a me odiar. Mas, se for esse o preço, então eu o pagarei. Elena aceitou o café e conversou mais algum tempo com Paula. Sabia que a amiga estava certa. Ela seria rejeitada, mas para ter a sua filha de volta, estava disposta a fazer qualquer sacrifício.
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