Capítulo VI - Família

1344 Words
Ana Gabriela passou a semana sem falar muito com a Avó. Estava magoada demais. Não queria ir longe demais nas suas palavras, então decidiu manter o silêncio. As suas coisas estavam arrumadas para a mudança. Ela foi conhecer a sua casa com Isabella e fez várias fotografias. Queria que a avó as visse, mas não falou nada. Na sexta-feira após as primeiras consultas, Gabriela foi preparar o seu chá na sala reservada ao pessoal médico. Estava vazia e ela gosrou disso. Precisava de silêncio para pensar. Mas, não demorou muito, pois Adriano entrou na sala e a viu. - Bom dia Gabriela. - Olá Adriano. Bom dia. - Você está bem? - Sim. Estou óptima. E farei a minha mudança amanhã mesmo. - Que óptima notícia. E a tua Avó também vai? - Não. Vou morar sozinha. A minha Avó prefere ficar na casa dela. A verdade é que... não estamos bem por estes dias. - Sério? O que houve? - Ela tem mentido para mim. E combinamos que não haveria segredos entre nós. - Eu lamento. Mas, achas que o que ela esconde afecta vocês as duas? - Tenho a certeza. E esta relacionado com a minha mãe que é filha dela. - Não conheces a tua mãe? - Não. Nunca a vi nem mesmo numa fotografia. A avó não fala disso e muito menos sobre o meu pai. - Nossa! Deve ser bem duro. Vais mesmo mudar sem que façam as pazes? - Não sei... É que eu... - Olá! Achei você Adriano. Podemos falar por favor?....- Renata estava furiosa e tinha um envelope nas mãos. Adriano já sabia do que se tratava. - Eu vou trabalhar. Até logo. Olá Doutora Renata. - Olá querida. Até logo. - O que você quer Renata? - Saber o que significam estes papéis. Eu os recebi do RH e dizem que esta é a minha última semana de trabalho. - Sim. É verdade. Não precisas de aviso previo. Na sexta-feira você deixará de trabalhar aqui. - Nao faças isso comigo Adriano. Sabes que amo o meu trabalho. Por favor não o tires de mim. - Não estou a fazer nada disso. Sei exatamente que és uma boa profissional. Mas, eu lamento Renata. Não posso te manter na minha equipa. - É a tua última palavra? - Sim. Já está decidido. A Ariella e o Lucas também já sabem e claro que estão de acordo. - Tudo bem. Hoje mesmo eu transfiro tudo sobre os meus pacientes para você. Deixarei tudo bem organizado, e amanhã já não tens que contar com a minha presença. - Como você quiser Renata. Até mais. Adriano saiu da sala a deixando sozinha. Renata sabia a razão de estar a ser mandada embora. Tinha visto a forma como era tratada nos últimos dias. E não seria nada bom manter - se num ambiente onde não era bem vista por ninguém. - Isto não vai ficar assim...- Renata disse para si mesma. Você vai pagar por isso Adriano. Vais pagar muito caro. Gabriela terminou mais cedo o seu trabalho e saiu com Isabella. A festa da clínica estava a chegar e teriam que ir encomendar os vestidos, pois era uma altura em que toda a elite feminina procurava por Elena para obter o melhor que ela tinha para oferecer. - Ana Gabriela! Que cara é essa? Está tudo bem? - Nao amiga. Tive uma briga com a Vovó. Há alguns dias que não falo com ela. - O quê?! O que aconteceu? - Ela tem mesmo mentido para mim. Eu a flagrei falando ao telefone com uma mulher. Pediu para ela desistir de nós porque estávamos bem. - Que mulher? Achas que era a tua mãe? - Eu não sei. Mas, ela negou - se a contar quem era. Sabes como ela é. - Sim eu sei. E o que vais fazer? - Vou mudar amanhã. Além disso a casa é linda e eu quero aproveitar. - Não te precipites Gabriela. - Já está decidido. A Vovó tem mentido para mim. Ela nem se importa com o que sinto. - Tudo bem. Sabes que estou do teu lado. Chegamos. Preparada para escolher? - Claro. Vamos á isso. Entraram na luxuosa loja e era bem maior do que parecia por fora. - Uau! É linda Isa. Aliás, é maravilhosa. - Concordo com você. - Olá Senhoritas! Sejam bem-vindas. Sou a Ana de Fátima Camargo. - Filha da Elena?...- Isabella perguntou sem esconder a surpresa e percebeu que a jovem tinha semelhancas fisicas com Gabriela. O mesmo tom de cabelo e olhos e até o sorriso subtil mas lindo e encantador. - Isso mesmo. - Muito prazer! Sou a Isabella e ela é a Ana Gabriela. - Bem - vindas novamente. O que vão querer? - Vestidos de gala. É para a festa anual dos Botelho. - Que maravilha. Já fizemos muitas vendas por este motivo. Vou pegar os modelos acabados de chegar e acompanhados por lindos sapatos e acessórios. Ana Gabriela também percebeu a semelhança da jovem consigo mesma e não dizia nada. Ela subiu por trás de uma porta e retornou com as mãos ocupadas. Aqui estão. São perfeitos para vocês. Ana Gabriela olhou oa vestidos e a sua atenção recaiu sobre um verde que era a sua cor favorita.  - Uau Gabriela. É lindo. Tens a certeza sobre este? - Sim. Eu amei este. Mas levarei também o azul para o caso de mudar de ideias. - Óptima escolha. Aliás, o azul vai realçar ainda mais os teus olhos.  - Amiga você vai arrasar. - Obrigada. Quero que fiques com o verde. Afinal, os teus olhos são da mesma cor. - A sério?! - Claro. Agora vamos ver os sapatos? - Claro. Aqui estão. - Ficarei com os brancos....- Gabriela disse assim que os viu.  - Também já escolhi. O que achas amiga?  - Maravilhosos. Após escolherem também os acessórios, as jovens pagaram e Ana Gabriela deu o seu novo endereço para que tudo fosse entregue na segunda-feira. - Quando estavam de saída, viram entrar uma mulher que só podia ser Elena Camargo. Ela parecia com a jovem Fátima, e tinha exactamente o mesmo tom de cabelo e olhos que Ana Gabriela e a filha que trabalhava na loja. - Olá! Senhora Elena? - Sim. Posso ajudar? - Nós acabamos de fazer compras. Só quero dizer que a Senhora é muito talentosa. Não é amiga? - Sim. O seu trabalho é incrível. Elena olhou então para Ana Gabriela e soube de quem se tratava. Só a tinha visto de longe ao longo dos anos, mas agora a tinha diante dos seus olhos. Era ela: Ana Gabriela, a bebê que tinha abandonado com poucos meses, agora estava diante de si após 24 anos a caminho de 25. - Senhora Elena? Está tudo bem?...- Gabriela percebeu que ela tinha ficado pálida. - Sim estou bem. Obrigada. Gostei de conhecer vocês. Voltem quando quiserem. - Claro. Nós voltaremos...- Ana disse e elas foram embora. - Gabriela você também percebeu? - A semelhança? Claro que sim. Mas, deve ser apenas uma coincidência. Eu não poderia ser a única com cabelos tão pretos e olhos azuis imensamente claros. - Eu sei. Mas a Vovó tinha dito que todas as mulheres da família dela tinham essa genética. Que herdaram da mãe dela. - Sim. Lembro - me disso. Mas, não vamos pensar nisso agora está bem? - Tudo bem. Queres ajuda para arrumar o que falta? - Sim por favor. E podes dormir lá em casa? Assim o clima não fica tão fechado. - Conta comigo. Mas tenho que passar em casa para pegar algumas coisas. Já falaste com a empresa de mudanças? - Sim. Vão chegar amanhã às 9 horas. - Perfeito. Amiga! Espero que vocês façam as pazes ainda hoje. - Isto só vai acontecer se a Vovó decidir ser sincera comigo e contar a verdade. As duas foram para casa. Ana Gabriela também queria fazer as pazes com a Avó, mas as coisas nem sempre correm como se espera delas.
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