Adriano e Ana Gabriela tornaram - se amigos. A sua relação profissional era excelente, e fora da clínica eles agiam informalmente. Depois do que houve na festa, Renata sumiu e também ninguém falava dela.
Foi substituída por Paula Mendes, que além de ser uma excelente dermatologista, também tornou- se boa amiga de Ana Gabriela.
Conhecida por sua sinceridade, Paula foi a primeira a alertar Gabriela sobre os sinais em volta da sua amizade com Adriano. Estavam a tomar café e chá quando ela tocou no assunto.
- Então Gabriela! Como estão as coisas com o Adriano?
- Estão óptimas. Somos amigos e temos muitas coisas em comum.
- Este brilho nos teus olhos também estão na lista de coisas em comum?
- Por favor não exageres Paula.
Não há brilho nenhum.
- A sério? Ana Gabriela só estás a enganar a ti mesma. Além disso somos amigas. E ver você feliz é algo que também me deixaria muito feliz.
- Obrigada amiga. Adoro o facto de seres tão honesta.
Mas eu não sei o que sinto. E prefiro deixar assim até me sentir melhor. Entendes?
- É claro que sim. Bem! Vamos trabalhar? Não te esqueças da reunião que teremos às 14 horas.
- Claro que não esqueço.
Ana Gabriela teve muitos pacientes e quase atrasou para a reunião. Quando entrou Ariella foi ter com ela.
- Gabriela! Eu preciso de te perguntar uma coisa.
- Claro. O que é?
- É verdade que você confrontou a Renata e a chamaste de recalcada?
- Sim. Aquela mulher me tirou do sério. Eu apenas me defendi.
- Não posso acreditar. Você se tornou a minha heroína.
Nunca me faltou a vontade de lhe pôr no lugar onde ela pertence. Mas o Adriano nunca deixava.
- Ele a amava?
- Tenho a certeza que não.
Mas, nós a conhecemos desde a infância. Ele apenas se acostumou a ter por perto.
- Isto até ela achar que era a dona dele.
- Sim. Tornou-se insuportável.
- Boa tarde a todos.
Adriano entrou e elas foram sentar. Isabella também lá estava.
- Obrigado a todos por virem.
Como sabem, na semana que vem vai começar a convenção internacional de medicina.
E como sempre nós estaremos presentes. Este ano a convenção será na Itália. Mas exactamente na zona sul.
Os organizadores decidiram inovar, e por isso divulgaram o mínimo de informações.
- Você vai Adriano?
- Sim Ariella. Como maior representante da Clínica a minha presença é obrigatória.
E para fazer alterações, este ano e se vocês concordarem, eu gostaria que a Doutora Morales também estivesse presente.
Afinal, está seria para ela uma nova experiência, e todos aqui já tiveram a sua oportunidade de participar.
- Isto é sério?! Que óptima ideia...- Ariella concordou.
- Doutor Adriano. Não temos nada contra. Pelo contrário, está seria exactamente a nossa sugestão.
- Obrigado Roberto. Então Doutora Morales. Você aceita ir comigo na Convenção deste ano?
- É claro que aceito. Eu m*l posso esperar para trocar experiências com outros profissionais da minha área e não só.
Muito Obrigada.
- Nada por isso. A Rosa vai dizer a você tudo o que será necessário.
- Tudo bem. E quanto tempo vamos ficar lá?
- Duas semanas. Por sorte eles estão no verão. Então não tens que levar agasalhos.
Preciso que amanhã mesmo entregues o teu passaporte e outros documentos.
- Tudo bem. Cuidarei disso.
A reunião seguiu. Quando saíram todos, Adriano pediu para Gabriela esperar.
- Está tudo bem?
- Sim. Quero apenas dizer que vou adorar ter a tua companhia na convenção. Teremos tempo para passear e poderás conhecer Veneza e Roma se desejares.
- É claro que pretendo conhecer.
Aliás, eu nunca tive a oportunidade de ir á um lugar tão lindo como Itália.
Obrigada Adriano.
Até amanhã.
Adriano a viu sair. Não queria dizer em voz alta nem para si mesmo.
Temia perder a confiança de Gabriela. Estava a olhar para ela como mulher. Não faria nada contra as regras.
Seria péssimo se fosse acusado de assédio. Mas, Adriano decidiu organizar primeiro os seus pensamentos.
Mas seria também capaz de organizar o seu coração sem sair magoado?
Gabriela tomava o seu café quando viu Adriano se aproximar.
O seu coração acelerou, mas ela manteve o controle.
- Olá Doutora.
- Oi Adriano. Aceitas um café?
- Não obrigado. Terminei o meu plantão e vou para casa. Não quero mais atrasar o sono.
- Entendi. Eu soube que terminaste com a Doutora Renata. Sinto muito.
- Obrigado. Mas eu não lamento.
Isto já devia ter terminado, mas eu sempre atrasei.
- Você não a amava?
- Não. Eu tentei mas não consegui. Aliás, nenhum homem amaria uma mulher como a Renata.
- Nossa! Ela é tão má assim?
- Muito pior do que imaginas.
Aliás, a minha irmã a chama de insuportável sem hesitar.
E já era assim desde que éramos crianças. Mas eu achava que eram apenas ciúmes.
- Certo. Eu percebi que ela é uma pessoa bem sincera.
- É sim. Mas, essa sinceridade toda ela só costuma esfregar na cara da Renata.
- Eu não a conheço o suficiente.
Mas até agora só ouvi palavras bem negativas sobre a Doutora.
- Infelizmente são verdadeiras.
Bem! Vou para casa. Posso levar você?
- Não obrigada. Estou com o meu carro e vou visitar a minha Avó antes de ir para casa.
- Certo. Espero que possamos almoçar um dia. Quero dizer, fora do ambiente de trabalho.
- Com certeza. Vamos combinar.
Pode ser um pequeno-almoço entre colegas. Assim eu terei a oportunidade de conhecer melhor a todos e me enquadrar mais na equipe.
- Perfeito. Vou pedir á Isabella que organize isso. Ela é boa com estas coisas.
- Isto é verdade.
- Até amanhã Gabriela.
- Até amanhã Adriano.
Bom descanso.
Adriano foi embora e Gabriela percebeu que era muito bom conversar com ele.
Era um homem bem educado e sempre que estava por perto, deixava a sua respiração bem acelerada.
Gabriela então levantou e foi pegar as suas coisas.
Passou na sala de Isabella para se despedir.
- Isabella! Estou indo para casa amiga. Ainda ficas?
- Sim. Preciso de terminar algumas coisas urgentes.
O Adriano fará uma cirurgia amanhã e quero adiantar o trabalho.
- Certo. Eu vou descansar.
Quero falar com a minha avó novamente.
- Amiga! Sei o quanto este assunto significa para você, mas não a pressiones tanto.
- Tudo bem. Tens razão.
Vou apenas para casa. Bjos.
Gabriela foi embora.
Não iria mais pressionar a sua avó. Faria tudo com calma e paciência.