Ana Gabriela ainda estava nos cuidados intensivos.
Aos poucos o seu corpo reagia e o médico garantiu que a mordedura da cobra não deixaria nenhuma sequela interna ou externa.
Mas também deixou claro que agora só dependia dela mesma abrir os olhos.
Enquanto isso, ninguém saia do lado dela. Os seguranças não deixavam ninguém passar sem uma vistoria, e até desconfiavam das enfermeiras.
Renata até aproximou - de da clínica. Já tinha sido localizada e estava a ser vigiada sem sequer perceber.
Convencida de que ninguém a iria reconhecer, Renata entrou na clínica e caminhou até ao andar onde estava Ana Gabriela, mas viu Elena e não coneguiu avançar.
Decidiu que ficaria escondida até ao amanhecer.
Por outro lado, Elena se recusava a deixar a filha. Lúcia viu a irmã apenas uma vez e Fátima também por causa da sua condição.
- Filha! Por favor abre os olhos.
Sei que não faço parte da tua lista de pessoas favoritas, mas eu não vou desistir de você.
Eu nunca deixei de te amar. Isso seria impossível. Te amei a vida toda toda. Pensei em você a cada segundo. Eu posso provar, mas tens que abrir os olhos e voltar.
Volte mesmo que seja para dizer que me odeias.
- Elena! Posso te garantir que no coração da Gabriela não tem espaço para ódio por você.
- Adriano! Eu já estou saindo.
- Tudo bem. Ela me disse que pensava em ouvir a tua versão.
- A sério?
- Sim. Seja paciente está bem?
Ela vai voltar para nós, e com certeza vai te perdoar.
- Eu espero que sim. Bem! Vou para casa ver a Lúcia e a minha mãe. Devem estar acordadas até agora.
- Vai sim. Ela está boas mãos.
- Eu sei querido. Até amanhã.
- Até amanhã Elena.
Elena foi para casa. Estava com o coração mais descansado. Com certeza Gabriela iria acordar em breve. Se ela já tinha a intenção de dar uma oportunidade para a mãe se aproximar, com certeza a poderia perdoar a qualquer momento.
Quando entrou em casa, apenas Ana a esperava na sala e tomando o seu café.
- Mamãe!
- Olá filha! Como ela está?
- Ainda dormindo mas fora de perigo.
E a Lúcia?
- Foi difícil de convencer, mas ela finalmente está deitada.
Teve um dia agitado.
- Eu imagino. Amanhã vou falar com ela. Depois da escola eu a levarei para ver a irmã.
- Faça isso filha. Acredito que em breve teremos boas notícias.
Enquanto isso, Renata continuava á espera de uma oportunidade para terminar o serviço. Estava tão obsecada com a ideia de ver Ana Gabriela morta, que esqueceu completamente de agir com cautela e não percebeu que estava a ser vigiada.
Eram 2 da manhã quando ela finalmente viu o corredor vazio.
Apenas as luzes de presença estavam acesas.
Renata caminhou e foi até á porta. Viu Ana Gabriela na cama e dormia sem se mexer.
- Hoje eu acabo com você.
Se o Adriano não ficar comigo. Então também não fica com você.
Aproximando - se da cama para desligar os botões da máquina que ajudavam Gabriela a respirar, Renata achou que finalmente iria atingir o seu objetivo, mas assim que tocou no botão, percebeu que ele não funcionava. Acendeu as luzes e viu que havia uma boneca na cama e a máquina não era verdadeira.
Ao tentar sair do quarto, foi surpreendida com a presença de Adriano, Ariella, Pedro Luciano e a polícia.
- A Senhora está presa por tentativa de assassinato, rapto, extorsão, ameaças e por adquirir produtos ilícitos.
- O Quê? Que conversa é essa?
Adriano por favor diz que me conheces, que somos noivos.
- Você está louca Renata. Mas podes ter a certeza que vais ter o que mereces....- Ariella falou olhando para ela. Vais pagar muito caro por teres tocado na minha cunhada. E o marido da Sara também vai ajustar as contas com você.
- Levem - na Senhores! Nós vamos prestar o nosso depoimento amanhã bem cedo.
- Está bem Senhores. Até amanhã.
Levaram Renata algemada e Ariella acalmou o irmão.
- Agora acabou mano. Essa mulher não será mais um problema para nós.
- Eu espero que sim Ariella.
Agora só desejo que ela acorde para saber disso.
- Ela vai acordar. Afinal, ela foi salva pelo amor. O teu e o da Elena. Existe força mais poderosa que o amor correspondido?
- Obrigado querida. Não sei o que faria sem a tua força.
- Somos irmãos. Somos família.
Jamais te deixaria passar por isso sozinho. Além disso, eu preciso da Gabriela acordada para partilhar a novidade.
- Que novidade?
- Agora não irmão. Foi uma noite longa demais. Só quero ir me deitar.
- Está bem. Vamos, eu deixo - te em casa.
- Tudo bem.
Eles saíram, mas não sem antes passarem pelo quarto verdadeiro de Ana Gabriela.
Renata ficaria presa á espera do julgamento.
Se Gabriela acordasse neste tempo, então ela realmente seria condenada por muito mais tempo do que podia imaginar.
Dias Depois
Elena não conseguia concentrar - se no seu trabalho. Apenas pensava na sua filha e na oportunidade que precisava para se reconciliarem.
Decidiu passar na clínica, talvez assim fosse melhor para acalmar o seu coração.
Foi até lá e após os procedimentos, teve 10 minutos para ver Ana Gabriela.
Sentou - se ao lado dela e começou a falar:
- Meu amor por favor abra os teus lindos olhos.
São lindos e encantadores como os do teu pai. Por favor não prives quem te ama do teu olhar doce e sincero. Da tua personalidade forte. Podes até me renegar como mãe, mas eu sei que tens um lado meu. És forte demais, por isso ainda estás aqui. Por favor filha! Precisamos de ti. Podes me odiar, mas saiba que eu amo - te demais.
Por favor amor! Abra os olhos mesmo que for para dizeres que não me queres perto de ti.
Abra os olhos.
Elena foi alertada pela enfermeira que o tempo tinha se esgotado.
Agradeceu e saiu do quarto.
A enfermeira ficou lá alguns minutos, e depois saiu correndo chamando o médico.
- Enfermeira o que houve com a minha filha? Ela está bem?
- Acalme - se Senhora. O Doutor já vem ter consigo. Sente - se e aguarde.
Elena sentou mas ligou para Adriano. Ele tinha ido para casa tomar banho e trocar de roupa.
- Senhora Elena Camargo?...- O médico aproximou - se dela.
- Sim. Sou eu mesma.
- Sou o Doutor Elias. Amigo do Adriano e recomendado para cuidar da sua filha.
- Certo. Prazer Doutor.
O que aconteceu? Ela está bem?
- Não se preocupe. Tenho excelentes notícias. A Ana Gabriela acordou.
- O quê? A sério Doutor?
- Sim. Ela ainda precisa de um tempo, mas está tudo bem. Sem sequelas. Vai para o quarto em breve, e já não vai precisar de sedativos.
- Que alegria Doutor.
Muito Obrigada. Eu a posso ver?
- Ela pediu apenas para ver o Adriano.
- Tudo bem. Eu entendo.
- Não se preocupe mais está bem? A sua filha está fora de perigo.
Adriano chegou e também recebeu as boas notícias.
Foi - lhe dito que Gabriela não devia se esforçar muito. Ela falaria devagar e com alguma dificuldade, mas seria apenas por dois ou três dias.
- Eu a poso ver Elias?.
- Claro amigo. Ela está á tua espera.
Elena ligou para todos e deu a notícia. A sala de espera logo estava cheia de pessoas que amavam Ana Gabriela. Sara estava entre elas também.
- Meu amor! Eu morri quando te vi daquele jeito querida.
Graças á Deus voltaste para mim.
- O.. Olá meu amor.
Eu estou bem.
- Eu sei amor. E ficarás ainda melhor. O pior já passou.
- A Sara! Como ela está?
- Está óptima e ansiosa para te ver. Você salvou a vida dela meu amor.
- Salvei?
- Sim. Mas outro dia eu conto tudo está bem. Preciso de você totalmente recuperada.
- Está bem. Amor! A Elena está aqui no hospital?
- Sim. Ela não te abandonou amor. Passou várias noites aqui e tive que a convencer a ir para casa, e foi bem difícil.
- Eu a ouvi hoje..Ela disse que nunca mais me deixaria sozinha.
Que me amava demais para cometer novamente este erro.
- Eu acredito. Porque não a deixas se aproximar? Não tens que a chamar de mãe.
Apenas a conheça.
- Farei isso. Mas, quero ver o meu pai, a Isabella, todo mundo.
- Eu sei amor. Mas acabaste de acordar. Tens que descansar.
E o Elias só os deixa ver você amanhã.
- Tudo bem. Mas peça a ele 10 minutos com a Elena está bem?
Por favor.
- Tudo bem. Até amanhã.
Eu amo - te muito.
- E eu amo - te mais.
Adriano saiu e disse que Gabriela estava óptima.
Elena ficou surpresa ao ouvir que poderia entrar.
- Posso mesmo Adriano?
- Claro. Ela quer te ver.
- Obrigada.
Elena entrou e viu a filha sentada olhando pela janela.
- Olá Gabriela.
- Oi Elena. Entra.
- Obrigada. Estou muito feliz e aliviada por teres acordado.
A Lúcia está louca para vir aqui.
- Imagino que sim.
Senta - te por favor. Serei breve porque quero descansar.
- Tudo bem. Estou ouvindo.
- Certo. Eu perdi o chão quando soube que tu eras a minha mãe.
A minha avó sempre foi o meu modelo, e descobrir que ela me me enganou por 25 aos foi duro demais.
- Eu sei. E lamento por isso.
Foi minha culpa.
- Tudo bem. Eu ouvi as coisas que me disseste. Todas elas.
Eu não... Não sei se um dia poderei chamar - te de mãe, mas posso ver você como uma amiga experiente. Por favor não me pressiones. Preciso te conhecer e aceitar esta verdade.
- Tudo bem. Eu entendo. Fazer parte da tua vida para mim será suficiente para começar.
Prometo que não haverá pressões.
- Obrigada. Adoro as minhas irmãs, e por isso não quero conflitos com você.
Só me prometa uma coisa por favor.
- Claro. O que é?
- Que nunca mais me voltas a mentir. Seja o que for, eu prefiro saber a verdade.
Toda a verdade. Podes fazer isso?
- Eu prometo. Eu não volto a mentir, magoar ou abandonar você filha. Eu prometo.
- Obrigada. Estou cansada.
Falamos mais amanhã está bem?
- Tudo bem querida. Eu vou sair.
- Certo. Boa noite Elena.
- Boa noite Gabriela.
Elena saiu e contou que Gabriela lhe daria uma oportunidade de se aproximar. Não a chamaria de mãe, e nem sequer falou em perdão, mas já tinham dado um grande passo.
Foram todos para casa. Ela teria alta em alguns dias e pretendiam organizar uma festa para a receber em casa.
Gabriel organizou a fazenda para isso.
Gabriela saiu alguns dias depois.
Sentia - se renovada, mas ainda não podia voltar ao trabalho.
Todos a receberam com alegria, e ela soube que Ariella estava grávida.
Num momento a sós com Adriano, ela voltou a perguntar:
- O que houve com a Renata?
- Ela está presa amor. Aguarda julgamento, e você é a testemunha principal.
- Eu sei. Ela deve pagar pelo que fez comigo.
- E pagará. Estás preparada para ir dar o teu depoimento?
- Sim eu estou.
Está na hora do acerto de contas.
- Isso mesmo meu amor.
E agora faço minhas as palavras da Ariella.
- Que palavras?
- O amor da Elena te trouxe de volta. Não há força como a do amor materno.
- Eu sei. Mas, antes de fazer mais alguma coisa, eu preciso me certificar que a Renata vai pagar por tudo o que fez.
- Ela pagará meu amor.
Acredita que ela vai pagar e muito caro.
O casal trocou um beijo apaixonado e voltou a festa.
Agora que estava recuperada Ana Gabriela só queria a sua vida de volta.
Mas antes, precisava de ter um último encontro em particular com Renata.
Só assim ficaria bem.