Alessia
Estou no orfanato fazendo as minhas obrigações porque eu não quero ficar sem almoço. Hoje eu vi aquele homem asqueroso entrando aqui. Vocês devem estar se perguntando quem é ele, e eu respondo: o senhor Mário Salvatore. Ele é o maior c*****o da região e, é claro, que uma mulher da minha idade não deveria saber o que acontece com as meninas que saem daqui com eles, mas eu sei. Elas são levadas para a prostituição; algumas ficam no cabaré e outras são leiloadas. Levaram uma colega minha, e as más línguas dizem que ela conseguiu fugir, só que depois de três dias, ela amanheceu dentro de um rio. É como se a nossa vida não valesse nada para esse tipo de homem, e eu sempre fico com muito medo das visitas dele, porque eu temo que um dia eu seja uma das escolhidas.
Eleonora: Atenção! Eu quero todas em filas no pátio o mais rápido possível.
Quando eu ouvi ela gritando isso, eu confesso que congelei, porque eu sabia que aquele homem iria comprar algumas de nós.
Isa: Vamos!
Alessia: Aquele homem entrou aqui novamente e ele vai comprar mulheres para levar para aquele lugar horrível.
Isa: Não temos escolha. Se não ficarmos na fila, ela vai deixar a gente sem comer por três dias. Você sabe como funciona, sem falar na surra que vamos levar.
Fomos andando em direção ao pátio e ficamos na fila. Ele foi andando entre as filas, olhando uma por uma, e parou em frente a mim e a Isa. Ele olhou para ela e disse:
Mário: Eu quero essa aqui.
Eleonora: Isadora é uma ótima escolha. Ela vai completar 18 anos daqui a um mês e pode ser leiloada. Você só vai ter que esperar um tempo.
Alessia: Não, sua louca! Ela não vai para lugar nenhum! - eu gritei, empurrando-o e saí correndo, puxando a Isa.
Ajudei-a a pular o muro e, logo em seguida, pulei também. Os homens da Eleonora vieram atrás de nós duas, feito loucos. Eles pareciam bichos, ou melhor, caçadores atrás de bichos.
Isa: Você está louca? - ela falou, correndo.
Alessia: Eu não vou deixar ele te levar! Nós temos que dar um jeito de fugir.
Começamos a correr pela cidade, feito loucas, com os homens dela atrás da gente. A Isa atravessou a rua e eu fui atrás dela, mas foi aí que um carro me atingiu de leve.
Percebi que os homens da Eleonora pararam e não entendi o porquê. Vários homens saíram de dentro do carro e eu confesso que congelei durante alguns minutos. Um homem muito bonito estendeu a mão para mim.
Dário: Não deveria atravessar a rua de forma tão apressada, senhorita. Poderia ter morrido.
Comecei a olhar de um lado para o outro, procurando os homens da Eleonora, e quando vi eles do outro lado da calçada, corri e agarrei a Isa com força. O homem encarou-os, que logo foram embora, e eu fiquei sem entender o que estava acontecendo.
Dário: Se machucou? - ele perguntou, se aproximando, mas eu não respondi.
De longe, eu vi a Eleonora se aproximando de nós duas e a minha vontade era sair correndo, mas o homem que me atropelou tinha muitos homens e, provavelmente, ele me seguraria para ela me levar de volta para o abrigo. É assim que eles tratam as bastardas aqui na Itália.
Eleonora: Senhor, me perdoe o incômodo. São duas das minhas meninas e elas acabaram se metendo em confusão, mas eu vim buscá-las para levá-las de volta para o abrigo. Não queria incomodá-lo.
Dário: A menina se machucou. Ela tem que ser atendida por um médico. Ela está toda arranhada. Eu quase passei com o carro em cima dela. Acredito que ela tenha que tomar um pouco mais de cuidado ao atravessar a rua com pressa. Ela parecia estar fugindo de algo. Está tudo bem no abrigo?
Eleonora: Essas duas são um pouco rebeldes, vivem fugindo, mas não tem nada de errado. Não se preocupe, não iremos incomodá-lo novamente. Eu peço que me desculpe mais uma vez pelo inconveniente que acabou de acontecer.
Eu não estava conseguindo entender quem era aquele homem. Eu não estava entendendo por que a Eleonora estava falando dessa forma.
Eleonora: Vamos embora, meninas. Temos que voltar para casa. Já está ficando tarde e eu não quero que vocês fiquem na rua. Ao anoitecer, acontecem coisas horríveis aqui.
O homem me encarou durante alguns segundos, como se estivesse procurando algo no meu olhar, mas é claro que eu não iria gritar o que estava acontecendo no abrigo, até porque ele poderia não acreditar em mim e eu acabaria sofrendo um castigo pior do que eu já vou sofrer nas mãos dessa bruxa. Ele entrou no carro e os seguranças entraram logo atrás. Quando ele saiu, os homens dela se aproximaram e saíram arrastando eu e a Isa pelo braço.
Quando nós chegamos no abrigo, o Mário Salvatore não estava. Geralmente, ele não vai embora. Eu não sou a primeira que tenta fugir e nem a última.
Eleonora: Acha mesmo que pode atrapalhar os meus negócios, duas bastardas de sangue r**m? - ela gritou, me dando um tapa no rosto.
Depois, os homens se aproximaram e começaram a me bater. Só não bateram no meu rosto; eles sempre batem em locais escondidos, porque quando o supervisor da máfia vem aqui, ele pergunta se nós estamos sendo maltratadas. Nunca distante dos seguranças, que ela não daria a oportunidade de alguém falar o que acontece aqui dentro.
Ela não encostou na Isa; ela ficou encarando-a durante alguns minutos e disse:
Eleonora: Eu não vou te machucar, Isadora, porque você já foi vendida para o senhor Mário. Essa é a sua sorte, porque senão você teria o mesmo destino que a sua querida amiga, essa insolente. Você vai ficar dois dias sem comer, sem beber e não vai ao baile como castigo pelo que você acabou de fazer, sua desgraçada maldita. É por isso que o seu pai não te quis.
Os homens saíram me arrastando e me jogaram dentro do quarto escuro. Eu sei que eu vou ficar aqui durante dois dias, sem água, sem comida e sem ver a luz do sol.