Depois de cinco anos de casamento, de fingir para os outros ser o casal perfeito, de tentar ser visto como mais do que um simples contrato, senão como uma mulher inteligente, bonita e amorosa, não consegui; ele me odeia por algum motivo que eu não sei, ele nunca me deu a oportunidade de falar por mais que eu tentasse ser uma boa esposa, tentando fazer com que ele me conhecesse depois de tudo estávamos casados e não podíamos mudar isso, nunca permitiu.
Irónico; ele é o homem mais desejável do país, milionário, bonito, inteligente, frio, poderoso, carismático, as pessoas têm medo dele por causa de seu caráter enquanto eu sou a inveja de todas as mulheres por tê-lo ao meu lado, a única que conhece sua ternura, sua paixão e seu amor, a piada do ano; se soubessem a verdade, que quando estamos sozinhos é um iceberg, calculador, c***l e desprezível, sou eu quem mais sofre com seu mau caráter; Às vezes ele me perguntava por que, se há tantos homens no mundo, eu me apaixonei por ele? Por que meu pai teve que me obrigar a me casar com ele? Por mais que o amasse, ele nunca me deixaria ser humilhada por ele.
-No que você está pensando? - Eu escuto Amelia, ela é minha melhor amiga, ela conhece todos os meus segredos, inclusive minha história com o Ángel, que de anjo não tem mais que o nome.
- Nada, só na reunião de amanhã, os investidores estão inquietos.
- É de se esperar, esta é a primeira vez que o Ángel pede uma reunião com tanta antecedência, ele não lhe disse nada?
- Eu sou a última pessoa para quem eu diria qualquer coisa, exceto: desapareça, não quero ver você e tudo de desagradável que possa existir.
- Parecem tão fofos – A olho com cara de matá-la - as pessoas os adoram, ele é tão bonito e você não é nada mau. Pena que é tudo mentira.
-Que posso te dizer? Nem sempre conseguimos o que queremos.
- Por que ele te odeia tanto? Embora você não seja nada doce, você também o trata distante e muito c***l às vezes.
-Que você pretende? Depois de tanto ser legal, querer falar com ele me chutar, não consigo ser legal.
- É uma pena porque com aquele chocolate eu até o drogo e o levo para a cama.
- Drogado? Impossível para aquele homem algo assim. Embora ele deva ser bom na cama.
-Não consigo entender como você com aquele corpo grande, aquele carisma e ele tão bem distribuído nunca em cinco anos de casamento dormiu com ele;
-Porque ele me odeia, me ver lhe causa repulsa, eu o enojo. - Ela me olha como se eu estivesse exagerando, mas não estou mentindo, seu olhar, sua atitude e até suas palavras me disseram.
-Bem, você não vê ou ouve falar dele há cinco meses, talvez ele sinta sua falta, você se acostuma a passar tanto tempo com alguém e cinco anos são cinco anos.
- Ele está com empresas estrangeiras, acho que um dia ele vai me pedir o divórcio. - Dizer a palavra dói, mas mais cedo ou mais tarde isso vai acontecer.
-Ele não vai, sua família é muito importante e deu a ele o status que ele sempre buscou que sua família e seu dinheiro não lhe permitiram.
- É isso, ele já tem. Ele tem o dinheiro e ele já fez um nome para si mesmo um dia ele não vai precisar mais de mim.
- Mas o contrato diz que enquanto suas empresas forem fundidas elas devem trabalhar juntas, ser parceiras, certo?
- A única coisa inteligente que meu pai fez quando teve a brilhante ideia daquele casamento sem pé nem cabeça.
-Você não acha que ele tem outra? - só de pensar nisso me dói embora eu não seja estúpida, um homem assim não pode ficar sozinho.
-Talvez sim, bem escondido para que a mídia e ninguém perceba e prejudique sua imagem de homem e marido perfeito assim como o contrato.
- Vocês realmente não podem tentar se dar bem? Você não descobriu por que ele te odeia tanto?
- No começo eu pensei que era porque ele foi forçado a se casar comigo por nossas famílias, depois pensei que era porque sua Elisa o havia deixado por causa do nosso "noivado" mas depois de um tempo percebi que ele deveria me odiar por outra coisa ou é apenas seu jeito de ser, o que eu sei. Estou tão cansada de tentar descobrir, de tentar entender, de tudo.
-Se você disser a ele que o ama? você nunca disse a ele.
-Como dizer a ele se aquele homem só tem uma atitude cordial comigo na frente das câmeras, parceiros e familiares, estes apenas por que sabem a verdade?
- Você não acha que ele te ama nem um pouco?
- Não, aquele homem nem tem carinho por mim. Estou acostumado a ser assim, mas também não vou me deixar humilhar, você me conhece, mas estou preocupado com o que vou dizer na reunião de amanhã.
- Quem não gosta? É tão inesperado.
Olho para o relógio, já é tarde para ainda estarmos na empresa.
-Vamos, amanhã temos que chegar cedo e o Ángel odeia se atrasar, então temos que aguentar e só aguentar em casa é o suficiente.
- Tudo bem, eu ia comer alguma coisa, você não quer me acompanhar ao invés de ir se trancar naquela casa grande?
- Não, em outra ocasião agora só quero descansar foi um dia pesado.
Eu dirijo até a casa quando a vejo, é grande, lembro da primeira vez que pisei; foi no dia seguinte ao casamento que o Ángel me trouxe sem ele o maior incentivo do mundo ele acabou de comprar, é frio, misterioso e grande como ele. Não gostei, mas por fora é lindo, com o passar dos dias transformei em uma linda casa para admirar tanto por fora quanto por dentro, mas ainda estava frio.
Eu entro e lá está Dona Carmen, ela é a atendente encarregada de cuidar de mim, ela me ensinou a cozinhar, ela me aconselha, ela é a mãe que eu nunca tive, desde que perdi a minha quando tinha seis anos. Sempre fui responsável pelas moças que trabalhavam em casa ou no internato, nunca tive esse carinho de mãe porque minhas tias não são exatamente carinhosas.
- Que bom que você chegou. - Entrego meu casaco para ela.
-Digo o mesmo. Está tudo bem aqui? Estou morrendo de fome.
-Eu fiz arroz com camarão e legumes como você gosta tanto e também peixe com batatas assadas. - Eu olho para ela de forma estranha porque ela sabe que eu não gosto de peixe, mas é o prato favorito de Angel, o que significa.
-O Senhor está aqui? - pergunto mesmo já sabendo a resposta.
-Sim senhora, ele chegou há algumas horas, foi para seu quarto, trocou de roupa e depois se trancou no escritório.
- Ok Carmen, obrigado, ele perguntou por mim? -Também sei a resposta a essa pergunta, mas não se perde a esperança.
- Ele só perguntou a que horas você chega quando você não está. - Eu a olho surpresa com aquele comentário - Parece que ele estava preocupado.
- Duvido muito que seja esse o motivo.
Carmen sabe o que acontece entre nós, poucos dias depois do nosso casamento ela percebeu, como enganá-la quando dormimos em quartos separados, praticamente não conversamos e quando fazemos isso a casa inteira descobre entre os gritos dele e os meus, não sabemos o que é pior.
- Devo dizer-lhe que você chegou ou você mesmo vai?
- Não, vou para o meu quarto tomar banho, sirva a mesa e quando estiver pronto, chame o senhor para ver se ele quer comer antes ou depois de mim e me avisa.
Isso era costume, raramente dividíamos a mesa, ele comia antes e depois se tínhamos fome eu sempre acabava comendo na cozinha com Carmen e Elena, não gosto de comer sozinha.
Vou tomar um banho pesado na jacuzzi, precisava relaxar, quando saí vi ele parado ali na janela, tão imponente, forte, bonito, seguro de si, sexo como nenhum outro; só de vê-lo excita meu corpo e cheira tão bem.
Ele se vira até que o encantamento acaba, quando seus olhos me olham seu ódio ou o que ele sente por mim fica evidente, embora desta vez haja algo diferente, perplexidade, espanto e... não sei mais nada. Vejo que ainda tenho a toalha amarrada ao peito com os cabelos molhados e compridos, devo parecer um girino fora água.
Que horror! assim mesmo tive que me ver.
- O que você está fazendo no meu quarto? - pergunto a ele quando meus sentidos voltam, ele nunca tinha entrado aqui exclusivamente para gritar três palavras e sair.
- Carmen me disse que você tinha chegado, ela não sabia que você demoraria tanto para tomar banho ou que chegaria tão tarde quando eu não estava aqui.
-Você vai me controlar agora a hora do banho e da chegada? - sem gritaria, sem censura.
- Não, você é livre para fazer o que quiser – que novidade.
- Você tem todos na empresa intrigados com a reunião de amanhã, posso saber o motivo ou devo esperar? - Aproximo-me da penteadeira e estou literalmente desgrenhada e molhada.
- Não, você não precisa esperar, é por isso que estou aqui. - Ele se virou, quando eu olho para ele vejo que ele tem alguns papéis na mão e ele os entrega para mim. Não sei por que, mas suspeito o que são.
-Eu vi o que você fez em Londres, você fechou um contrato multimilionário que abre as portas para todo o continente europeu, o que você queria.
- Isso mesmo, eu devo isso a você por me colocar em contato com eles. - Estou maravilhada com essa gratidão, não esperava. -Sei que não nos damos bem, mas sei admitir as coisas.
-Você nunca admitiu nada que tenha a ver comigo ou com minha família, mesmo que tenhamos a ver com suas conquistas, por que agora? Você está muito gentil hoje.
- Eu não quero discutir apenas falar.
O que significa que não vou gostar do que ele vai me dizer.
-Ok, estou ouvindo.- Ele aponta para a pasta, eu abro e lá está "Pedido de Divórcio", o pesadelo se torna realidade.- Fui benevolente, conversamos sobre a separação de bens, vou deixar as ações que você já tinha na empresa , você é o novo presidente embora eu ainda tenha ações e parte do conselho devido à fusão, deixo-lhe a casa de praia afinal nunca a usamos e foi um presente de seus pais então é realmente sua, mas esta casa é minha, embora você a habite durante esses cinco anos bem...
- Você comprou e não parece meu, é mais o seu estilo.
-Isso o que significa? - Eu rio zombeteiramente, é a única coisa que posso fazer enquanto meu coração está se partindo em pedaços.
- Nada, esqueça, mesmo que eu explique, você não entenderia, então eu sou o presidente enquanto você cuida de suas novas empresas?
Ele fica surpreso com o que lhe digo, sei que depois de um ano de casado montou uma empresa à parte do patrimônio da família, na qual investiu muito dinheiro sem que ninguém percebesse e agora cresceu muito nacional e internacionalmente.
-Imagino que o negócio que você fez em Londres beneficie a sua empresa e não a nossa, portanto, você já tem o que queria. - Ele me olha com aquela arrogância que o caracteriza - Sua própria empresa sem o jugo de sua família, sem mim, com clientes de alta classe e com a reputação e status que você sempre buscou, certo?
- É assim, você sabia disso...
-Eu sabia que você tinha uma empresa? Sim, eu também sei que ela se espalhou internacionalmente, é concorrência, pelo menos você não estragou a minha.
-É uma fusão, você vai exigir direitos da minha empresa porque eu não vou te dar mesmo que tenhamos que matar um ao outro, assine e aceite o que eu te dei.
- Não vou exigir nada de você, não preciso. Relembro que tenho a mesma situação empresarial e económica que você - o que ele não sabia é que também montei o meu negócio, a minha empresa, várias se for para ser realista que está muito longe das empresas familiares, também se espalharam e é daí que vêm todos os meus luxos.
Sempre quis me afastar dos negócios da família mesmo sendo um império e gosto disso, meu pai nunca considerou que uma mulher pudesse administrar tantos negócios, não temos capacidade de acreditar que é por isso que estou casada com o Angel, inteligente, milionário e bom nos negócios, sim eu concordei em ser sócio porque estava no contrato também achei uma boa opção ganhar meu próprio dinheiro e montar minha própria empresa de moda, beleza e tecnologia queria cobrir um pouco de tudo, eu sou louca eu sei.
- Você não vai exigir? Há - ele zomba - Eu não acredito nisso, desde quando você sabe que eu montei a empresa?
-Isso importa? Eu só quero uma condição.
- Há a mulher calculista de sempre.
-Se eu não pedir, nem exigir nada, você também não, você abre mão de tudo que é meu, fica com as ações da empresa e sua casa.
-Por que eu iria querer algo seu? Você não tem nada além da empresa, os carros que, se eu pensar bem, um foi dado a você por meu pai e o outro foi dado a você por mim, embora não foi por prazer.
-Pode ficar com eles se quiser, não tenho problema com isso. -Eu me viro, sento-me na frente do espelho, começo a pentear meu cabelo, preciso me distrair antes que minha coragem me traia e eu comece a chorar feito uma i****a na frente dele.
-Você não tem nada que me importe, Sofia, então assine os papéis e acabamos esse drama e casamento falso, todos voltam para suas vidas.
-Posso te perguntar uma coisa que está na minha cabeça desde que nos casamos, mas você nunca quis conversar?
Ele me olha de mau humor, desesperado para que eu assine.
- Você disse que queria conversar pela primeira vez, é isso que estamos fazendo.
- Pergunte, se vai ser isso que assine de uma vez.
- Por que você me odeia tanto? Não acho que seja só porque sua família te obrigou a se casar comigo.
- Você ainda tem coragem de perguntar? - De repente eu vi como seus olhos ficaram com raiva, eles ficaram mais escuros do que já são, seu corpo se tornou uma chama de fogo que está prestes a me queimar.
- Se estou te perguntando é porque não sei, não grite comigo!
- Por causa de você perdi tudo o que amava, perdi a mulher que amava. - Elisa, tudo isso é por causa daquela harpia.
-Eliza?
- Sim Elisa, você sabia que eu a amava desde que estávamos na faculdade, ela era minha namorada, meu mundo e você... o que você fez conosco não tem a menor explicação.
- E o que eu fiz com vocês? Relembro que eu também fui obrigada a casar! - grito com ele porque não posso tolerar que levantem a voz para mim.
-Você vai continuar jogando aquela de que você não sabia? Isso é o que mais me enfurece em você, que você faz a garota inocente, aquela que não divide um prato com o jogo de querer ganhar minha confiança e afetar algo que nunca, nunca você vai ter, quando na realidade você está calculando, mentindo, vaidosa e falsa.
- Bem agora, você não me insulta! – Então se ele percebeu meu esforço durante esses anos, ele não se importa muito com isso.
- Ela tem nome e é Elisa, uma mulher que vale muito mais do que você e você deveria pedir desculpas a ela de joelhos.
-Por que devo me desculpar?
- Você mentiu pra ela por sua causa ela me deixou e se isso não bastasse...- ele se cala vejo dor em seus olhos, mas não entendo nada.
- Eu não entendo do que você está falando.
-Você nunca entende né? Mas o que você me fez nunca vou te perdoar por isso eu te odeio e sempre vou fazer isso.
-Você sabe qual é o seu problema que você nunca percebe o que realmente acontece ao seu redor – Eu grito com ele porque ele nunca soube como valorizar a namorada que ele tinha agora ele me insulta por ela.
-Você sempre foi assim, caprichosa, mimada, conseguindo tudo o que queria por bem ou por m*l, você não suportava eu não querendo estar com você, por isso fez algo c***l e malvado assim.
- Mas o que eu fiz com ela e com você?
- Ela sempre valerá mais do que você, ela é honesta, bonita, inteligente, a pessoa mais nobre do mundo - por favor, se ela é tudo isso, eu sou a freira que saiu do convento só para ser bestificada. Mas agora tudo voltará ao seu lugar.
- Como tudo volta ao seu lugar? O que quer dizer com isso?
- Elisa voltou, conversamos, combinamos e queremos ficar juntos e você não vai estragar isso, dessa vez não vou permitir, assine.
Essa é a razão do seu pedido, aquela mulher voltou com suas mentiras.
-Por que voltar agora quando poderia fazê-lo antes?
- Isso não é problema seu, o problema é que ele voltou e você está atrapalhando, não precisamos mais continuar juntos.
- Ela é a boa nisso tudo, ela nunca fez nada, a pobre vítima dessa história. Eu me pergunto como um homem tão inteligente, astuto para os negócios e ler as pessoas não percebe o tipo de pessoa que ela é? Mas está bem.
Eu me viro, reabro a pasta, escrevo a regra que pedi onde ele também renuncia ao meu mesmo não sabendo do meu negócio e eu assino.
- Aqui está, assinado. Agora você pode ir comemorar com sua namorada, só espero que faça isso discretamente antes que todos saibam.
Ele me olha surpreso.
- Qualquer outra coisa que queira, senhor?
- Você assinou. - diz surpreso.
-É o que você queria né? Acabou, agora você pode sair do meu quarto.
Por favor, deixe-o ir porque estou prestes a desmoronar aqui, se ele ficar mais um minuto, minhas forças se quebrarão em pedaços. Ele sai do meu quarto e minhas lágrimas começam a fluir como uma cachoeira e meu coração se parte em mil pedaços.