Eu sou a Kendell, e tenho um apelido que prefiria estar sem. Porquê? Deixa eu contar o drama aqui para vocês!
Então...
Eu tive o belo azar do universo mais universal do universo, de ter nascido dos pais mais irresponsáveis do mundo.
Espera eu explicar isso daqui direitinho.
Eu nasci no morro, vinda de uns putos de uns drogados, as pessoas que dizem ter me gerado, são drogados de última categoria.
Daqueles que se ficam uns 5 minutinhos sem se drogar, se matam na mesma hora, está dando para entender?
Então, os desgraçados incompetentes do jeito que são, me geraram, e nem se preocuparam comigo num instante sequer, e eu fui crescendo assim, literalmente sozinha e em perigo óbvio, nascer no morro já é terrível, imagina uma recém-nascida no meio de dois dobrados de meia tigela?
Pois é, né!
Porém, com a ajuda das piriguetes mais velhas daqui do morro que arrumavam um jeito básico para me ajudar, consegui sobreviver.
E aí estava a minha bela pessoa.
Eles saiam de casa, sem se importar se eu tinha comido, estava doente ou alguma p***a dessas daí, iam curtir e voltavam de onde voltavam alterados, pouco se importando se houve um tiroteio no morro e se eu estava viva no meio daquela bagunça toda.
Eles brigavam na minha frente pouco se importando com a minha presença, se espancavam ali como dois animais e depois se fodiam ali, na minha frente.
Bonito? Também acho!
Eu acho, que como sempre morei no meio de confusão não tive essa coisa de trauma e essas coisas básicas todas, mas não posso mentir que era um pouco assustador.
Mas bem, nunca levei a peito o fato de que os meus pais, eram a p***a que eram. Eu estava é preocupada em tirar a minha casca daquela coisa toda.
Foi então que com a ajuda das piriguetes mais velhas, comecei a vender doces para os ranhentos do meu coração daqui do morro, e aí fui estudando, até terminar a escola.
Até aí, eu já tinha começado a trabalhar lá na lanchonete da Dona Rosinha.
Que era para eu fazer o quê?
Ver se a minha pessoa consegue entrar na faculdade dos sonhos.
Porque cara, eu desmaiei com o preço da inscrição, agora imagina a mensalidade e o preço do material que usarei em um ano apenas?
Morri geral quando vi!
E eu lá na maior batalhando para ter uma vida minimamente decente, cadê, as pessoas que me fizeram vir ao mundo?
Curtindo para caramba e se fodendo para léu léu.
Já disse que eu sou mega fã deles mano!
Imagina!!!
Tudo estava bem, e tal, quando num belo dia de unicórnios saltitantes e fadas flutuantes, os idiondos das pessoas que dizem que me geraram, chegaram com um papo básico de que agora eu pertencia ao chefe do morro.
Ou seja os desgraçados se lembraram do laço que nos une para me vender!
Porquê?
Porque os desgraçados estavam com uma dívida do c*****o, por causa daquelas merdas que eles usavam fazendo dívidas, já que nem um centavo tinham e precisavam pagar de alguma forma ou morriam.
Na verdade eu estava nem aí para eles, não me importava com eles, afinal nunca senti aquele afecto básico por eles.
Eu quis resistir em ser levada, eu tentei, mas que força eu tenho contra dezenas de capangas e um chefe que se acha dono do mundo apontando arma para cada m****o do seu corpo?
Nada, né?
E acabou que o chefinho lá do c*****o acabou com minha virginidade, de uma maneira, dolorosa, bruta e estrangulante. A vontade que eu tinha era de ter morrido.
Porém, as minhas vibrações são boas, e devo valorizar a vida que Deus me deu, e mudar a p***a de vida que eu levava. Nem pensar que eu ficaria sendo escrava s****l de um nojento como o maldito do Chris.
O desgraçado decidiu que por bem, na minúscula cabeça dele, que eu lhe pertencia, dizia que eu era dele.
Um maldito possessivo.
Já estava criando uma fantasia de novelinha na cabeça patética dele.
Então, com a ajuda das pirigas do meu coração, me ajudaram a fugir daquele c*******o enorme, que ele chamava de casa.
E tive que sumir do morro de vez, já que, já estavam me procurando e se ficasse lá, era querer ser apanhada mesmo, e sabe-se lá o que o i****a lá ia fazer comigo.
Apenas eu e a minha mochila que tinha poucas coisas só. E as minhas pernas, com os bolsos vazios.
Acabou que, eu só focada em fugir daquilo dali, acabei saindo na cidade. Cidade! Eu nunca tinha pisado um chão assim, sequer.
Prédios altíssimos, lindos, pessoas limpas e não se vestem nem um pouquinho como as pessoas lá do morro, parecem ter saído da novela das 18 horas e das 21 que assistia lá na lanchonete da dona Rosinha.
Todos limpinhos e bonitos, crianças nem pingam de ranho...e cara, eu ainda não falei dos carros, parece que saíram da televisão, lindos, sem nem um arranhão.
Parece que morri e ressuscitei na cidade dos meus sonhos de rica.
Cidade maravilhosa essa daqui!
Bem, eu apreciaria melhor tudo se ao menos não estivesse há uma semana dormindo no chão, nos banquinhos e nos papelões, com o corpo todo a doer, barriga a roncar, sem teto, sem emprego, sem casa, sem nada e ainda por cima com esse monte de gente chiliquenta.
O pior é que uma semana sem comer, pelo menos para mim é um sufoco, já não me aguento.
E ainda fugi de uns malfeitores da outra vez - que com uns truques básicos que aprendi no morro os despistei - afinal lá no morro, se você não tem olho aberto, é estuprada em qualquer bequinho por aí, e eu como sempre fui sozinha, então deu para captar né?
Então só espero achar qualquer coisa para fazer, caso contrário não sei o que será de mim.
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Fiquem preparados para essa história cheia de emoções!