Maruí esperava descobrir alguma coisa que o ajudasse a entender a morte do seu pai, algo que ele nunca havia entendido completamente. O seu pai era carinhoso e cheio de vida, não merecia o que tinha acontecido, mas se o seu irmão estive-se certo, então havia um grande mistério por trás da morte dele.
_Meu irmão estava desacordado?
_Sim majestade, ele só recobrou a consciência tempos depois, mas parecia confuso e chocado com o que tinha acontecido, lembro-me de vê-lo tentar acordar o rei de forma desesperada, sem entender o que estava acontecendo, mas a rainha disse-me que era um truque dele, que ele estava querendo fugir da responsabilidade pelo que havia feito. - as palavras de Marie trazia alguma clareza a mente de Maruí, e ele começa a pensar que o seu irmão poderia estar certo.
_E você acreditou nela?
_Sim majestade, a rainha estava visivelmente abalada após testemunhar a morte do rei, eu acreditei nela.
_Sabe dizer-me por que ela preferiu aprisionar o meu irmão do que matá-lo? - Maruí não entendia isso, e na conversa que teve com Mork ele percebeu que o seu irmão também não entendia.
_Ela disse-me que ele renasceria se o matacemos, eu confesso que não entendi e atribui isso ao seu estado emocional, então para dar um fim naquilo tudo optamos por aprisioná-lo.
_Tem algo mais em tudo isso que você não esteja me contando Marie? - pergunta Maruí vendo a bruxa ficar nervosa a sua frente.
_Não majestade, foi apenas isso. - Maruí não acreditava em Marie ele via no seu rosto que ela estava mentindo, mas sabia que não era o momento certo para pressioná-la, se ele fizesse isso ela poderia não revelar mais nada do que sabia.
_Obrigada por sua sinceridade Marie, é muito importante para mim saber mais do que ouve naquele dia, afinal eu não estava aqui no momento. - naquele dia Maruí estava treinando na floresta com outros soldados, o seu pai havia insistido que ele aprendesse o máximo que pudesse com os mais experientes, ele não discutiu e foi, quando retornou ao castelo ficou sabendo da morte do seu pai.
_Eu entendo majestade, o rei era muito querido, sei que sente falta dele.
_Não é só isso Marie, eu queria entender por que ele acusa a minha mãe de matar a dele, isso não faz o menor sentido para mim. - diz balançando a cabeça.
_As vezes ele só queria alguém para culpar por sua perda majestade.
_Você conheceu a princesa Eleonora, Marie?
_Sim majestade, ela sempre fora uma alma encantadora, gentil e doce, não entendo como ela foi capaz de provocar tanto a rainha luna. - diz ela sacudindo a cabeça sem acreditar.
_Ela provocava a minha mãe?
_Seguando a rainha, sim ela sempre chegava chorando dizendo que a princesa Eleonora havia-lhe insultado. - Marie se lembrava bem dos seus dias consolando Olisa.
_Você sempre estava com a minha mãe, você viu alguma vez isso acontecer? - a pergunta de Maruí deixa Marie confusa e ela para um pouco antes de responder.
_Na realidade não majestade, nunca vi a princesa Eleonora a provocar. - pela forma que Marie falava era como se ela tivesse feito uma nova descoberta sobre os fatos a sua frente.
_Entendo, as vezes eu só queria que tudo isso acabasse para podermos seguir com as nossas vidas, eu sei que meu pai não iria gostar de nos ver brigar tanto por algo passado. - diz Maruí suspirando enquanto olhava pela janela.
_Isso é verdade, lembro-me que ele sempre tentava juntar vocês dois, mas a rainha Olisa não gostava de te ver perto do seu irmão.
_Não sabia disso. - diz Maruí voltando a olhá-la.
_Ela dizia que não queria que o seu irmão o provocasse assim como a mãe dele fazia com ela, então por muitas vezes o rei evitou trazer Mork para o palácio, depois de um tempo o jovem mesmo decidiu não vir mais e sua majestade não insistiu a pedido da rainha luna.
As palavras de Marie fazia cada vez mais sentido para Maruí, ele sabia que o seu irmão se ressentia pelo abandono do pai, mas não sabia que nessa história também tinha o dedo da sua mãe.
_Sabe dizer-me Marie por que o meu pai envolveu-se com a princesa Eleonora, sei que não é comum no nosso mundo que os lobisomens tenham filhos com outras pessoas fora suas parceiras. - Maruí nunca entendeu isso, mas infelizmente seu pai morreu antes que ele pudesse perguntar.
_Acho que ele acreditava que ela era companheira dele, lembro-me que ele estava muito feliz quando voltou ao palácio depois da sua viagem, mas um tempo depois teve o baile e o seu pai conheceu a sua mãe e a reconheceu como companheira, mas antes disso ele havia passado um tempo com Eleonora e ela acabou engravidando do seu irmão. - enquanto falava Maruí via a confusão no rosto de Marie, mas ele não entendia o porquê, era como se ela mesma duvidasse do que estava dizendo.
_Não acredito que uma confusão dessa pode acontecer, quando encontramos o nosso companheiro é algo muito certo, não à erros. - diz Maruí pensando no que o seu irmão havia dito, mas ele sentia que não podia mais questionar Marie, se ele continuasse a lhe fazer perguntas ela poderia desconfiar dos seus motivos por trás de tudo aquilo, mas ele faz uma nota mental para voltar ao assunto com ela mais a frente.
_Você foi de grande ajuda Marie, - diz sorrindo. - E tem uma memória ótima também.
_Obrigada majestade, espero que tenha sanado algumas de suas dúvidas.
_Ajudou muito Marie, gosto muito de conversar com você.
_Basta chamar sempre que precisar majestade. - diz ela levantando-se.
_Eu vou, e lembre-se, ninguém pode saber que tivemos essa conversa. - diz serio olhando nos seus olhos.
_Eu entendi majestade. - diz fazendo uma reverência e retirando-se da biblioteca.
Maruí olhava pela janela a sua frente, mas seus pensamentos não estavam nas pessoas que passavam lá em baixo, mas sim em como tudo que Marie dizia batia com o que Mork havia-lhe contado. Maruí sentia que estava perto de descobrir a verdade, só precisava de um pouco mais de paciência.