... Maya narrando ...
... dia seguinte ...
Eu cheguei no endereço que o meu pai deixou atrás da carta , era uma casa enorme , tão enorme quanto a minha , eu respirei fundo e me aproximei da porta de entrada tocando a campainha , depois de uns minutos a porta se abriu e eu vi um homem ali dentro de um terno , aparentava ter uns trinta anos , era alto , barbado , pele branca , olhos azuis , o cabelo perfeitamente arrumado e era cheiroso ... ele me olhou dos pés a cabeça e continuou me encarando sério .
- pois não ? - ele perguntou e eu sorri de lado .
- Bom dia , eu quero falar com Rodolfo Mesquita , é você ? - eu perguntei um pouco nervosa , sim , eu me senti intimidada pela presença dele .
- Rofolfo é o meu pai , ele está ocupado . - eu suspirei .
- Eu não quero atrapalhar , mas eu preciso muito falar com ele , é urgente . - eu disse e ele assentiu .
- Qual o seu nome ?
- Maya . - ele continuava me encarando nos olhos .
- Eu vou chamá - lo . - ele disse e eu assenti , ele me deixou entrar e logo saiu , eu respirei fundo , as minhas mãos estavam suando . Depois de uns minutos o mesmo rapaz veio acompanhado de um homem mais velho .
- Bom dia , prazer , Rodolfo . - ele disse estendendo a mão para mim e eu sorri de lado .
- Prazer , meu nome é Maya . Eu sou filha do Pedro Lacerda . - eu disse e ele arqueou uma sobrancelha .
- Do Pedro Lacerda ? Nossa que surpresa te receber aqui , como anda o seu pai ?
- meu pai morreu . - eu disse e os dois me encararam com pena dessa vez .
- ah , meu Deus , eu sinto muito , mas o Pedro era tão novo .
- é , enfim . O meu pai me deixou uma carta com o seu endereço , disse que voce poderia me ajudar a resolver o meu problema .
- bom ... se estiver ao meu alcance , eu farei , o Pedro foi um grande amigo , eu tenho apreço por isso . - eu sorri de lado .
- que bom ... o meu pai não havia me dito que ele foi a falência , a empresa contraiu diversas dívidas , os imóveis estão penhorados e eu não tenho sequer um tostão nem para demitir os funcionarios e fechar as portas da empresa . - eu disse com a voz embargada , Rodolfo respirou fundo .
- Ele morreu e te deixou as dívidas como herança ? - ele perguntou e eu assenti .
- sim ... eu não o culpo , mas eu não sei quais os proximos passos que eu devo seguir , eu estou completamente perdida . - eu disse com os olhos lacrimejados .
- bom ... eu posso pensar em algo para te ajudar . - Rodolfo disse e eu sorri .
- sério ?
- sim , eu te peço um dia e depois pode voltar aqui que terá a sua resposta .
- eu fico grata , de verdade . - ele assentiu e saiu dali , eu respirei fundo um pouco mais aliviada do que antes ... olhei para o rapaz que eu ainda nem sabia o nome .
- desculpa , qual o seu nome ? - eu perguntei .
- William ... - eu assenti .
- eu vou indo , obrigada . - eu ia sair , mas ele me chamou .
- Espera ... - o olhei com atenção . - se precisar de alguma coisa enquanto o meu pai não te dá nenhuma resposta definitiva , é só me ligar . - ele disse me entregando um cartão , eu sorri de lado .
- obrigada , mesmo .
- eu sinto muito por tudo que está passando .
- é , eu também sinto , mas eu espero que o seu pai possa me ajudar . - ele assentiu . - tchau ...
- tchau . - ele disse sem tirar os olhos de mim , eu me virei de costas e saí , indo embora .
Que homem mais lindo do mundo , lindo e cheiroso , era um perfume masculino amadeirado que tomava conta de todo o ambiente .
Eu ainda não estava cem por cento tranquila , obviamente , mas eu ja estava mais aliviada só pelo fato de saber que eu tinha alguem que poderia me ajudar a sair dessa . Eu ainda nao sabia como seriam os proximos passos da minha vida , eu nao sei se eu iria conseguir voltar a abrir a empresa , por mais que fosse a minha maior vontade , eu amo aquele lugar como nunca amei nada nessa vida e me afastar do meu laboratório machucava muito .
Eu resolvi ir até a empresa , eu queria marcar uma reunião com todo mundo para dizer o que eu havia decidido e por fim dispensar todos os funcionários , eu não tinha outra escolha nesse momento , como eu ia manter uma empresa desse tamanho nas condições financeiras que eu estava enfrentando ? era impossivel ... assim só me resta torcer de todo o meu coração , com toda a minha fé que o Rodolfo possa me ajudar e aos poucos eu vou me reconstruindo novamente e faço questão de retribuir toda a ajuda que ele me der .
Ele era um homem sério , bem sério , o filho dele não era muito diferente , mas seriam eles que iam me ajudar e eu não estava com muitos privilégios de escolha no momento .
Mas eu precisava confiar que as coisas iam voltar para o lugar .