Capítulo 4

1626 Words
Lina Quando chegou a hora, fizeram um penteado nos meus cabelos e começaram a me maquiar, depois, coloquei o vestido e me ajudaram com o véu. Me sentia extremamente cheia com tantas falas das pessoas sem parar, elogios, palavras de ânimo e preferências sobre o resultado final, e eu tinha que fechar os olhos e respirar fundo para puder suportar tudo isso. A minha mãe tentava sempre me distrair um pouco, mas a cada minuto que passava, ficava mais difícil fingir que estava gostando daquilo tudo. Tentava ser simpática com todos e não queria mostrar a minha futura sogra o meu lado oposto a situação, pois como não tem mais volta, não posso criar um tipo de visão errada, até porque, estarei na família e não quero ter uma pessoa contra mim. Principalmente ela! -Pronto, belíssima! -Está linda! -Perfeita, uma noiva linda! -Maravilhosa. Era isso que eu ouvia quando estava toda pronta, me olhei no espelho e não conseguia ver tudo isso, pois a minha vontade era de chorar e fugir, mas seria em vão, pois me pegariam antes mesmo de eu conseguir passar dos portões e seria obrigada da mesma forma, fora que, só criaria uma péssima imagem minha diante dos meus futuros sogros e da organização. Agradeço os elogios e a minha mãe me entrega o buquê de flores, são todas brancas e perfeitas. -Posso ficar a sós com a noiva? – A minha futura sogra pede me deixando mais nervosa ainda. -Claro, me acompanhem por favor... – A minha diz saindo com as outras pessoas. Todos largam os objetos e saem um atrás do outro, e por último, a minha mãe sai fechando a porta. -Está realmente uma noiva muito linda! Lina, eu poderia chegar aqui e dizer que tudo será fácil, que vocês dois se darão muito bem e que não terão empecilhos, mas, eu estaria mentindo e deixando você totalmente despreparada, então, prefiro dizer a verdade, pois não me alertaram no dia em que era eu me casando... – Ela diz me deixando temerosa e continua. – No dia que me casei, eu não tive conselhos e não tive nenhum tipo de alertas e, naquela época, não tínhamos acesso a informações como temos hoje em dia..., com o passar dos dias, descobri que o meu marido tinham uma amante, fora que, ele sempre frequentava bordeis e eu não tinha a liberdade nem de sair sem ele..., as coisas só melhoraram anos depois... Presto bastante atenção no que ela diz, me perguntando aonde exatamente ela quer chegar exatamente. -Paolo nasceu em meio a brigas e traições, e somente quando a Luana nasceu, foi que tudo mudou. Você vai gostar dela e acho até que serão amigas. – Ela diz sorrindo ao falar da filha e continua. - Paolo é um homem difícil, principalmente no começo..., ele gosta das coisas do jeito dele e é muito focado no seu trabalho dentro da organização..., parece loucura, mas, peço que seja forte e tenha paciência com ele. -Tem algum motivo específico para esse pedido? – Pergunto ficando preocupada. -Alguns que infelizmente não posso mencionar ainda..., mas Lina, eu sinto e acredito que com o tempo, vocês dois irão se encaixar, que terão uma relação amigável e eu sei que parece loucura dizer isso sendo que você nunca o viu, mas..., seja forte. – Ela diz com carinho quase chorando. Não sei o que dizer a ela, mas acho isso muito estranho. Sinto que tem algo de errado e como não teria? Tudo está acontecendo rápido demais, de formas totalmente inesperadas e eu não estou tendo tempo nem de processar tudo, e desde que soube do casamento, ninguém me perguntou como eu me sinto, o que eu penso ou o que eu quero, nem que seja para mostrar algum interesse sobre o meu bem-estar. Pouco depois, a senhora Bernardi saí do quarto e fico alguns minutos sozinha podendo finalmente pensar comigo mesma. Duvido muito que Paolo não tenha uma amante, com toda a certeza ele não se importará com uma simples garota como eu, e só deve estar se casando pela organização, e eu? Bom, terei que viver de forma robótica para agradar um homem que não conheço nada. -Posso entrar? – Pietro pergunta abrindo a porta só um pouco. -Pode, entra! – O vejo todo arrumado de terno e gravata. O meu irmão é muito bonito! -Está linda! – Ele diz sorrindo, mas um sorriso pequeno no canto da boca. -Cansei de ouvir isso! Já foram tantas vezes que já perdeu o sentido... – Respondo revirando os olhos. -Eu sinto muito..., vem cá... – Pietro me puxa pela mão e me abraça apertado. – Queria ter a chance de impedir isso e eu te colocaria em um carro para fugirmos pra bem longe... – Começo a sorrir ao imaginar isso acontecendo. – Você merece muito mais que isso. -Conhece ele? – Pergunto querendo saber mais. -Um pouco..., a única coisa boa disso tudo, é que aconteça o que acontecer, a organização sempre lutará a favor de vocês..., olha, o Dom Mário pediu que o casamento fosse antecipado por algum motivo, e acredito que deva ser algo sério, então, se prepare para quando Paolo assumir tudo, pois não irá demorar. – Ele diz em forma de alerta e me sinto mais nervosa ainda. -Estou com medo..., o que me garante que ele não fará nada comigo? – Pergunto engolindo o choro sentindo uma pressão na garganta. -O contrato..., não sei de detalhes, mas, no contrato também diz que ele não pode ser visto com outra mulher publicamente..., a organização é toda contraditória, ele pode trair, mas não pode ser pego, pois colocaria em risco futuras alianças..., já ouviu o ditado: se você é capaz de trair* a mulher com quem dorme ao seu lado todas as noites, você não é digno da confiança de ninguém? – Ele pergunta e aceno em concordância. – Pois bem, somos visto pelo mundo a fora por esse ditado, mas a prática aqui dentro é diferente. -Então, ele não poderá ser visto com outra? – Pergunto para ver se entendi bem. -Não, haveria um escândalo gigante afetando os negócios e poderia haver até guerra com o conselho..., assim, para a nossa organização não há problemas, mas se uma organização de fora souber dessas falhas, Paolo terá problemas..., quanto maior o cargo, maior a responsabilidade. – Pietro diz me fazendo pensar um pouco. -Mas..., e se ele já tiver uma amante, como eu fico? – Pergunto depois de pensar um pouco. -Desculpa, mas acho que ele já tem..., você terá que conquistá-lo, Lina. – Respiro fundo ao ouvir isso. A quem eu queria enganar? Isso não deveria ser uma surpresa para mim, mas sinto um medo. E se eu não conseguir? E se sempre for assim? E se não tivermos uma boa comunicação ou relação? Será que sempre eu terei que praticamente “dividir”? Até porque uma hora irão nos cobrar filhos. A minha cabeça começa a latejar ao pensar nisso. -Olha só..., a minha princesa está linda! – O meu pai diz entrando no quarto. -Eu disse a mesma coisa a ela. – Pietro diz e o nosso pai se aproxima. -Me desculpe..., o meu sonho era que se casasse de outra forma, que ostentasse um sorriso no rosto, mas, tive que optar mais pela sua segurança... – O meu pai diz com um olhar preocupado. -Mesmo eu podendo ser infeliz? – Pergunto e ele suspira de forma pesada. -Lina..., houve um período em que as coisas estavam difíceis. A organização teve anos em conflito com os americanos, e chegou ao ponto de acontecer uma chacina*..., quase morri em um confronto, mas consegui sobreviver juntamente com o Dom Mário e foi quando fizemos essa aliança, pois não sabia como poderia ser o dia de amanhã e precisava garantir a sua segurança..., a sua e de Pietro, e você era apenas um bebê... – O meu pai diz segurando a minha mão. Logo depois a minha mãe entra e ficamos um tempo em família onde conversamos um pouco, mas como o tempo não estava a meu favor, chegou a hora de irmos e fomos para o carro. O meu pai disse que a cerimônia será simples e ocorrerá na mansão dos Bernardi’s, o que me deixou mais nervosa, e o que comecei a pensar foi: onde será que iremos morar? Tudo foi tão rápido que não tive nem tempo de pensar nisso. Alguns minutos depois, chegamos em frente a enormes portões e a mansão é imensa, jardim bem ampliado e homens por todos os lados, e quando o carro estaciona, somos recebidos por um homem e vejo a senhora Bernardi ir ao seu encontro ficando ao seu lado. -Lina, esse é o meu marido e o grande Dom, Mário..., o seu futuro sogro. – Ela diz com um sorriso no rosto. -É um prazer*, Dom. – O cumprimento com aceno de cabeça em sinal de respeito e ele estende a sua mão para mim. -O prazer* é meu Lina..., seja bem-vinda. – Ele diz e começa a cumprimentar os meus pais e Pietro. – Vamos, a cerimônia ocorrerá no jardim dos fundos. O Dom nos pede para seguirmos e entramos na mansão, e se do lado de fora já era enorme, aqui dentro é muito mais e vejo algumas pessoas com uniformes andando com algumas bandejas nas mãos. A senhora Bernardi diz que os convidados já estão no jardim acomodados, e nessa hora, vejo uma moça bem parecida com se aproximando de nós. -Vem, já estão todos esperando... – A senhora Bernardi diz nos mostrando a direção. -Desculpe..., mas o Paolo não está aqui ainda. – A moça diz com o olhar preocupado. Como assim o noivo não está aqui?
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