Uma noite perfeita

1812 Words
— Como você está? Diga-me, você vai voltar para casa hoje à noite? Gabriel enviou uma mensagem para Luciana quando se viu pensando nela e a vontade de falar com ela o dominou mais uma vez. — Estou bem, senhor, obrigado por perguntar. E sim, estou voltando para casa em algumas horas esta noite. Ela respondeu imediatamente com um sorriso bobo nos lábios, porque era como se fosse a décima mensagem que ela recebia do seu chefe desde que ela teve que viajar. Ela também queria escrever para ele, ouvi-lo a qualquer hora, mas ela se fez de forte e não cedeu à sua necessidade, porque ela não queria ser invasiva, na realidade eles não eram nada. E ela teve medo de ser tão intensa chamando ele e escrevendo para ele, portanto, apesar do seu desejo de vê-lo e falar com ele, a cautela prevaleceu nela. — Podemos nos encontrar? Vou buscá-la no aeroporto e levá-la para casa. Ele sugeriu, omitindo aquela frase que estava truncada em algum canto do seu cérebro. “Senti a sua falta e sinto a sua falta” — Não posso, estou menstruada e não me sinto muito bem, as cólicas são insuportáveis ​​e as minhas mudanças de humor não são uma boa companhia. Ela foi sincera, mesmo envergonhada. O seu chefe amante do se*xo a procurava quase todos os dias há dois meses. Estar com ela havia se tornado a sua atividade favorita do dia, e a ansiedade o estava deixando no limite, pois ela havia pedido autorização à empresa por uma semana para ir visitar os pais, já que a sua mãe estava com a saúde um pouco delicada. — Entendo, tá, então nos vemos quando você puder. Ele foi brusco com aquela despedida, sentiu-se estranho, um tanto irritado e não entendeu se era pela ansiedade de estar com ela e não poder fazer isso, ou porque ela rejeitou a sua oferta de querer ir busca-lá no aeroporto. Ela simplesmente rejeitou, como se para ela, eles ficarem sozinhos implicasse em ficar nu e ter intim*idade. Ele sabia que era isso que eles faziam desde que estavam juntos, mas, droga! Ele só queria pelo menos um beijo e, mesmo que não tenha dito isso abertamente, ele precisa vê-la, porque uma semana de ausência o deixou mais inquieto do que ele está disposto a aceitar. Ele desligou a ligação imediatamente e rapidamente escreveu uma mensagem para seus amigos da festa, confirmando que estaria com eles no bar em breve. Irritado, levantou-se da cadeira, foi até o armário de bebidas, serviu-se de um copo de uísque e bebeu-o em grandes goles, tentando saciar uma estranha sede que não cessava, não importava o líquido que ingerisse, que ele vinha sentindo há uma semana. Uma sensação que estava no seu limite. As próximas horas foram um caos completo para sua mente, e ele sentiu-se ridíc*ulo quando se viu com os olhos grudados no celular, esperando como um idio*ta por pelo menos uma po*rra de mensagem. Ela não escrevesse para ele, não ligou para ele e não o procurou, ela fingiu que ele não existia. A atitude daquela garota o desconcertava, o fato dela ser assim o fazia perder o controle e era justamente isso que o mantinha nervoso, pois saber que ele precisava tanto de alguém o estava deixando descontrolado. Chegou a hora de sair do seu apartamento. Ele precisava urgentemente sair daquelas quatro paredes que ultimamente pareciam sufocá-lo quando estava sozinho. Sem demora, vestiu o casaco, guardou a carteira, o celular, pegou as chaves do carro e saiu do confinamento disposto a se embebedar e enlouquecer com uma ou dez mulheres juntas, não importava o que tivesse que fazer. Porque ele já estava farto de estar com a m&aldita necessidade que o encurralava por uma única mulher. Enquanto isso, Luciana, quase com vontade de chorar, chegava em casa, devido ao terrível desconforto das cólicas menstruais, todo mês essa dor era como um pesadelo para ela. Ela entrou no seu quarto, deixou a sua bagagem de lado e, ansiosa para se sentir limpa, foi até o banheiro, onde tomou um banho com água morna, esperando que o precioso líquido aliviasse a sua dor. Minutos depois ela voltou para seu quarto, vestiu um robe largo e limpo que a acompanhava há muitos anos, foi um presente da sua mãe em um dos seus aniversários quando ela ainda morava com os seus pais, o tecido estava um pouco gasto e até tinha alguns pequenos furos, mas ela amava demais aquela peça, além disso, nada em todo o seu armário era mais confortável e quente para sua condição naquele momento. Ela tomou um analgésico, não querendo mais nada resolveu deitar-se na cama e antes de se cobrir da cabeça aos pés para tentar dormir, pela primeira vez em todos aqueles dias que esteve ausente cedeu à sua vontade de seja ela mesma. A poucas quadras do bar onde os seus amigos o aguardavam, Gabriel parou o carro de repente ao fixar o olhar na tela do celular, que se iluminava com uma mensagem da mulher que o deixara perdendo a cabeça. Ele desbloqueou o dispositivo tecnológico e sentiu-se mais estúp*ido do que algumas horas antes, quando não conseguiu deixar de sorrir ao ler as curtas linhas. Estou em casa agora, ainda estou um pouco chateada com minhas cólicas porque nada faz parar, estou na minha cama tentando dormir, e… não quero ser inconveniente, espero não estar, mas eu queria te desejar uma boa noite. Essas poucas palavras fizeram com que o ar fluísse para seus pulmões com mais fluidez. Saber que ela não estava bem o preocupava e o seu desejo de vê-la o obrigava a mandar o encontro com os amigos para o inf*erno. Ele hesitou um pouco, porque dar mais espaço àquela ansiedade que ele não sabia interpretar o fazia se sentir mais vulnerável do que nunca. Ele esfregou o rosto repetidamente com as duas mãos, tomado pela frustração diante da onda de emoções que estava vivenciando pela primeira vez. O seu irmão Jeronimo enviou-lhe uma mensagem dizendo que já havia chegado ao bar há mais de uma hora, e que várias mulheres bonitas já estavam dividindo a mesa com eles, entre brincadeiras e com emoticons ele confirmou que se quisesse poderia estar pene*trando uma das suas bo*cetas em poucas minutos. Gabriel, extremamente inquieto, analisou aquela possibilidade como uma opção para parar de pensar tanto em uma certa garota tímida que aos poucos, sem perceber, vinha roubando a sua calma. — Que diab*os?! O que dia*bos está acontecendo comigo? Por que duvidar? Sim, é simples, você vai para aquele bar de me*rda, se enrosca nas pernas de uma mulher estranha, você vai embora sem nem mesmo dizer a ela seu nome e tudo na sua cabeça vai se encaixar novamente. Ele montou o que parecia ser um plano perfeito, mas, entre pensar e fazer, havia uma barreira enorme, porque aquela parte do seu ser que ele entendia cada vez menos ansiava por estar com ela, com a menina que estava em casa sofrendo com as suas cólicas. Aconteceu algo inesperado, não vou conseguir. Disse ele sem rodeios e sem dar muitas explicações, respondeu à mensagem do irmão, deixou o telefone de lado, virou rapidamente o carro e pegou a primeira curva que o levaria à estrada que ele precisava seguir. Por sua vez, Luciana, enrolada nos lençóis, não sabia se queria chorar mais por causa dos fortes espasmos ou porque percebeu que a sua mensagem foi lida e o seu chefe simplesmente nem se deu ao luxo de responder. O seu coração estremeceu enquanto ela se recriminava por ter escrito para ele, ela era uma to*la, ela sabia que algo assim poderia acontecer e foi por isso que ela se conteve para não cair na tentação de procurá-lo, ela não queria se sentir humilhada, e por isso o seu plano era aproveitar o máximo possível. A vida lhe dava a oportunidade sem perder o rumo. Decepcionada, ela desligou o celular e o deixou no criado-mudo. — To*la, você é uma to*la que deveria cuidar do seu coraçãozinho para que ele não se machuque tanto, para que doa quando chegar a hora, mas só um pouco. Ela implorou a si mesma, enxugando uma única lágrima rebelde que conseguiu escapar dos seus olhos. Quase meia hora depois, Gabriel estacionou o seu carro em frente à casa dos seus pais, era uma linda mansão localizada em um dos melhores bairros da cidade, o luxo predominava nos arredores, e carros das melhores marcas enfeitavam as ruas. Cumprimentou a mãe com um beijo na testa, o pai com um forte abraço e subiu rapidamente as escadas até o segundo andar, entrou no quarto de Valéria, a sua irmã mais nova, aproximou-se do armário e começou a vasculhar as gavetas derrubando tudo no seu caminho. — Ei, o que você está procurando nas minhas coisas? Perguntou a mais nova dos irmãos Santana quando viu Gabriel bagunçando tudo com tanta ousadia. Gabriel olhou para ela, ele não sabia o nome do que ela estava procurando, então não sabia o que responder. — Preciso pegar emprestada uma dessas bolsas térmicas que aliviam as cólicas menstruais. Disse ele com segurança, Valéria era a menina da casa, a adoração de todos e tinha muitos dessas bolsas. Gabriel sabia, porque o seu pai era o encarregado de comprá-las para ela para que a sua menina não sofrer tanto com essas dores. — Que? Mas o que você vai fazer com isso? Você menstruou ou o que dia*bos? Brincou Valéria, soltando uma risada ao ver a cara séria do irmão diante do comentário. — Não me pergunte para que preciso, apenas me empreste uma, você tem muitas e não vai precisar. Gabriel insistiu enquanto a suas mãos estavam ocupadas procurando o objeto desejado. — Se você não me disser para que você quer, eu não vou te dizer onde elas estão. Diga-me, eu adoro fofoca. — Não me chantageie e pegue isso para mim rápido, Val, estou atrasado. Gabriel insistiu, desistindo. Ele tinha vasculhado o armário inteiro e não tinha encontrado nada. — Não é chantagem, é curiosidade. É para sua namorada? Melhor ainda, você tem namorada? Ela perguntou com uma mistura exata de curiosidade e espanto. — Não é para uma namorada, é para uma amiga. Você já sabe a fofoca que queria. Feliz? Agora, me dê o que preciso. As suas palavras eram claramente uma evasão. A irmã percebeu e soltou uma risada alta, indo direto para um dos cantos do armário, colocou a mão lá dentro e pegou uma das muitas bolsas térmicas que o irmão pediu. ‍‌‌​​‌‌‌​‌​‌​‌​‌​‌​‌​‌​​‌‌​​‌​‌​‌​‌​‌​‌‌‍
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