Eduarda narrando
– Duda ?.- eu ouço uma voz atrás de mim e me viro vendo ser o Theo.
— oi Theo, tudo bem ? O que faz aqui?.- eu pergunto pra ele que abre a porta do carro
– acabei de sair do batalhão, entra aí que te dou uma carona até em casa, já está tarde.- ele fala e eu confirmo.
Oi meninas eu sou a Eduarda, mais os mais próximos me chamam de Duda. Tenho 19 anos e atualmente estou estudando engenharia, quero ser engenheira assim como meu pai era.
A mais ou menos 3 anos, ele morreu em um acidente de carro com a minha irmã mais velha Raquel. Foi muito difícil pra mim e pra minha mãe passar por isso, achei que eu não fosse conseguir seguir em frente, mais graças a Deus eu reagi e terminei meus estudos e hoje estou no meu segundo ano de engenharia.
Já a minha mãe, não foi tão fácil pra ela. Ela e o meu pai tinham o casamento perfeito, eu nunca vi sequer eles discutirem durante toda minha vida, os dois estavam sempre felizes, sorrindo, brincando, saiam pra dançar, tudo o que queremos de um relacionamento saudável e feliz, eles tinham. Meu pai tinha uma empresa que ele conseguiu com muito suor e dedicação do tempo dele, ele era muito procurado para construções e isso fez nosso nome ficar muito reconhecido. Raquel estava no último ano da faculdade e iria ser engenheira também, eles foram ver uma obra que contraram a empresa do meu pai e na volta, um motorista de caminhão que dormiu no volante, acabou ocasionando o acidente do qual ele e a Raquel não saíram vivos.
Foi muito difícil pra minha mãe a perda deles e naquele dia parece que ela também partiu, porque hoje em dia eu não reconheço mais. Ela começou a beber muito e aposta muito dinheiro em uma casa de apostas que tem aqui perto de casa. Na verdade é um cassino de jogos ilegais, já cheguei a ficar sabendo que o dono dele é um homem muito perigoso e eu já falei pra ela diversas vezes não ficar frequentando esse lugar, mais ela não me esculta.
No ano passado ela ficou devendo tanta grana pra ele que teve que vender a empresa do meu p*u para poder quitar a dívida que tinha com o dono do cassino, ou ele mataria ela. Conversei com ela que disse que ia mudar e nunca mais pisaria lá novamente, mais foram só palavras jogadas ao vento.
Ela vendeu todas as suas joias e apostou todo o dinheiro, e o pior que ela não enxerga que ela só perde e cada vez se afunda mais. Não temos mais nada da venda da empresa, nem do fundo de emergência que meu pai tinha, a nossa casa vai a leilão porque em 3 anos não foram mais pagas as dívidas dela e agora ela é do banco. Não conseguimos manter os funcionários e eu tive que dispensar todos eles, vendi algumas coisas minha pra poder pagá-los já que estavam com o salário atrasado, minha mãe não se importava com nada, eu m*l a via dentro de casa e isso ainda não mudou.
Hoje eu trabalho de garçonete durante o dia em um restaurante pra poder pagar a mensalidade da minha faculdade e poder comprar o mínimo pra mim já que não ganho muito e ainda tenho que esconder o pouco que tenho porque tudo ela vende e não me deixa ter nada. A última vez que vi ela essa semana, foi a três dias a trás, só espero que ainda esteja viva pelomenos. Eu antes tinha o costume de ir atrás dela e trazê-la pra casa, mais eu só não era chamada de santa, então com o tempo eu parei porque até na cara eu apanhava dela.
Sai da faculdade e estava esperando o ônibus, quando ouvi alguém dizer meu nome, me virei vendo o Theo que sorria e abria a porta do carro pra mim entrar. Theo e policial e nós crescemos juntos, meu pai era o melhor amigo do pai dele e ele também era padrinho do Theo.
Sempre percebi que Theo não me trata como uma amiga, ele sempre tá me chavecando e dizendo que o homem que casar comigo vai ter muita sorte e que mulher igual a mim não se acha fácil. Eu sempre disfarço e digo que ele só fala aquilo porque somos amigos percebo que ele fica sem graça, mais ele não fala nada.
– você tem que usar o seu carro Duda, já te disse que ficar naquele ponto essa hora da noite e perigoso.- ele fala e eu dou de ombros.
– eu tive que vende-lo Theo, tinha umas contas pra pagar em casa e também não tinha mais nada pra comer.- como ele sabe da situação da minha mãe, eu conto pra ele a verdade.
– ela ainda não apareceu ?.- eu n**o e ele respira fundo.- talvez fosse melhor a gente ir atrás dela.- ele diz e eu respiro fundo.
– não se preocupa não, daqui a pouco ela aparece e diz que tem mais uma dívida pra pagar e pega mais alguma coisa em casa pra vender.- ele n**a
– ela precisa de ajuda Duda, já passou da hora dela mudar essa situação, essa gente é perigosa, eu tô investigando sobre esse cara e eu já soube que ele tem mais de 30 mortes nas costas, ou ela sai dessa vida, ou ela vai entrar pra esse número na lista dele.- sinto uma lágrima escorrer no meu rosto, sinto tanta falta da mulher que ela já foi um dia.
– como é que se ajuda uma pessoa que não quer ajuda Theo? Eu tô cansada já.- eu falo pra ele que não diz mais nada.
Chegamos na minha casa e eu agradeci pela carona, ele me deu um beijo que pegou no canto da minha boca e eu desci do carro toda sem graça. Entrei em casa e subi indo direto pro meu quatro, amanhã tô de folga, então vou dar um jeito nessa casa, tá uma bagunça que só, e ela é enorme pra me ajudar.
Fui me aproximando da porta do quarto e percebi que ela estava arrombada, eu sempre tranco porque ela tem mania de pegar minhas coisas e vender. Entrei no quarto vendo ele todo revirado e já fui direto aonde estava uma parte do dinheiro que sobrou da venda do carro, o valor tinha sumido junto com a minha corrente de ouro que meu pai me deu escrito Duda e um diamante no final da letra A.
Levantei muito brava e chorando ouvindo batidas na porta, eu espero muito que não seja ela, porque eu nem sei o que sou capaz de fazer por tá tão irritada.
— posso te ajudar?.- eu pergunto vendo dois homens parados ali na porta.
– e aqui que mora a dona Jussara?.- ele pergunta e eu confirmo.
– é sim, mais já faz uns dias que ela não aparece em casa, sobre o que seria ?.
– ela tá devendo pro patrão e até ela aparecer, o b.o é seu.- ele fala e sai pegando no meu braço e sai me arrastando até um carro, eu me debati tentando me soltar, só que ele era mais forte. Me jogou no porta malas e fechou me deixando ali, tenho fobia de lugares pequenos e escuros, então comecei a sentir uma falta de ar muito grande e a chorar desesperada querendo sair dali.
Não faço ideia do que vai acontecer comigo agora, e nem sei aonde minha mãe esta, meu Deus me ajude por favor, eu falo em pensamento tentando acalmar minha respiração e sinto quando o carro para.
– desci ai que o patrão tá te esperando.- ele fala e eu saio do carro rapidamente, todo meu corpo tá se tremendo com medo do que vai acontecer e só espero não ser mais uma na lista desse patrão.