CAPÍTULO UM

2581 Words
CAPÍTULO UM Irrien adorava a alegria da batalha, a emoção de saber que ele era mais forte que um inimigo - ainda assim, ver o rescaldo da sua conquista era de longe melhor. Ele atravessou as ruínas de Delos, observando o saque, ouvindo os gritos dos fracos enquanto os seus homens morriam e pilhavam, estupravam e destruíam. Novos escravos enfileirados dirigiam-se acorrentados em direção às docas, enquanto já, um mercado de bens saqueados e camponeses capturados tinha surgido numa das praças. Ele tentava ignorar a dor no seu ombro enquanto caminhava. Os seus homens não podiam vê-lo fraco. A cidade estava agora praticamente toda destruída, mas Irrien não se importava com isso. O que estava destruído poderia ser reconstruído com escravos suficientes a trabalharem sob o chicote. Poderia ser reconstruída tomando a forma que ele quisesse. Claro, havia outros que tinham as suas exigências. Agora, eles seguiam-no como tubarões seguindo uma trilha de sangue, guerreiros e sacerdotes e muito mais. Havia representantes dos outros Pedregulhos de Felldust, tagarelando sobre os papéis que os seus mestres podiam desempenhar no saque. Havia comerciantes, a querer oferecer as taxas mais favoráveis ​​para transportar os produtos saqueados de Irrien de volta para as terras da poeira infinita. Irrien ignorava-os geralmente, mas eles continuavam a chegar. “Primeiro Pedregulho”, disse um. Ele usava as vestes de um sacerdote, completas com um cinto feito de ossos de dedos e símbolos sagrados torcidos na sua barba com fios de prata. Um amuleto com pedras de sangue marcava-o como um dos mais importantes da sua ordem. “O que é que queres, ó santo?”, perguntou Irrien. Ele esfregava o ombro distraidamente enquanto falava, à espera que ninguém adivinhasse o motivo. O sacerdote espalhou as mãos tatuadas com runas que dançavam a cada contração dos seus dedos. “Não é o que eu quero, mas o que os deuses exigem. Eles deram-nos a vitória. É justo que lhes agradeçamos com um sacrifício adequado.” “Estás a dizer que a vitória não foi devida à força do meu braço?”, quis saber Irrien. Ele deixou a ameaça penetrar na sua voz. Ele usava os sacerdotes quando lhe convinha, mas não deixaria que eles o controlassem. “Mesmo o mais forte deve reconhecer o favor dos deuses.” “Eu vou pensar nisso”, disse Irrien, o que já havia sido a sua resposta para muitas coisas hoje. Exigências de atenção, exigências de recursos, um desfile inteiro de pessoas que desejavam ficar com porções do ele tinha ganho. Era a maldição de um governante, mas também um símbolo do seu poder. Todos os homens fortes que iam implorar a Irrien pelo seu favor eram um reconhecimento de que ele não poderia simplesmente ficar com o que queria. Eles começaram a caminhar de volta para o castelo. Irrien deu por si a planear, calculando onde iriam ser necessárias reparações e onde os monumentos ao seu poderiam ser erguidos. Em Felldust, uma estátua seria roubada ou destruída antes de estar concluída. Aqui poderia ficar enquanto uma lembrança da sua vitória para todo o sempre. Quando ele ficasse curado, haveria muito a fazer. Ele examinou as proteções do castelo quando regressaram. Era robusto; robusto o suficiente para poder resistir ao mundo se ele quisesse. Se ninguém tivesse aberto os portões ao povo de Irrien, o castelo poderia efetivamente ter mantido à distância o seu exército até que os conflitos inevitáveis ​​de Felldust o conquistassem. Ele estalou os dedos para um servo. “Eu quero todos os túneis por baixo deste lugar cheios. Não quero saber quantos escravos morrem a fazê-lo. Portanto, comecem com os da cidade. Não terei uma fuga de ratazanas onde as pessoas consigam esgueirar-se sem o meu conhecimento.” “Sim, Primeiro Pedregulho.” Ele entrou no castelo. Os servos já estavam a recolher as bandeiras de Felldust. No entanto, havia quem parecesse não ter captado a mensagem. Três dos seus homens estavam a rasgar tapeçarias, a arrancar pedras dos olhos das estátuas e a encher as bolsas dos seus cintos com o que resultava dos saques. Irrien avançou a passos largos, e viu-os a olhar ao redor com a reverência que ele gostava de construir nos seus homens. “O que é que estão a fazer aqui?”, perguntou ele. “A continuar a saquear a cidade, Primeiro Pedregulho”, respondeu um. Ele era mais novo que os outros dois. Irrien imaginava que ele só se tinha juntado à força invasora por causa da promessa de aventura. Tantos o faziam. “E os vossos comandantes disseram-vos para continuarem a saquear dentro do castelo?”, perguntou Irrien. “Foi para aqui que vos mandaram vir?” As expressões deles disseram-lhe tudo o que ele precisava de saber. Ele tinha ordenado aos seus homens que fossem sistemáticos sobre o saque da cidade, mas aquilo não era ser sistemático. Ele exigia disciplina dos seus guerreiros, e aquilo não era disciplinado. “Vocês pensaram que levariam simplesmente o que quisessem”, disse Irrien. “É à maneira de Felldust!”, protestou um dos homens. “Sim”, concordou Irrien. “Os fortes tiram aos fracos. Foi por isso que conquistei este castelo. Agora vocês estão a tentar tirá-lo de mim. Acham que eu sou fraco?” Ele já não tinha a sua grande espada. O seu ombro ferido ainda lhe doía demasiado para isso, mesmo que ele ainda a tivesse, então, em vez disso, ele sacou de uma faca longa. O seu primeiro golpe apanhou o mais novo dos três na base da mandíbula e pelo crânio acima. Ele girou, atirando o segundo dos três contra uma parede enquanto procurava às apalpadelas as suas próprias armas. Irrien esquivou-se de um golpe de espada do outro, cortando-lhe a garganta sem esforço com balanço vindo de trás, empurrando-o enquanto ele caía. Aquele que ele tinha empurrado para longe estava agora a andar para trás com as mãos no ar. “Por favor, Pedregulho Irrien. Foi um erro. Nós não pensámos.” Irrien aproximou-se e apunhalou-o sem dizer uma palavra, atacando-o sem parar. Ele segurou em pé o debilitado para que ele não caísse muito cedo, ignorando a forma como o seu ferimento lhe doía com o esforço. Aquilo não era apenas um assassínio, era uma demonstração. Quando Irrien finalmente deixou o homem cair, virou-se para os outros, estendendo as mãos, querendo tornar o desafio óbvio. “Alguém aqui pensa que eu sou suficientemente fraco para que vocês possam simplesmente exigir coisas de mim? Alguém pensa que eles podem tirar de mim?” Eles ficaram em silêncio, é claro. Irrien deixou-os ficar para trás enquanto se dirigia para a sala do trono. A sua sala do trono. Onde até mesmo naquele momento, o seu prémio esperava por si. * Stephania encolheu-se quando Irrien entrou na sala do trono, e ela odiou-se por isso. Ela estava ajoelhada ao pé do mesmo trono que ela tinha ocupado pouco tempo antes, com correntes de ouro a segurarem-na ao lugar. Ela tinha tentado arrancá-las quando a sala estava ainda vazia, mas elas não haviam cedido então. Irrien dirigiu-se a Stephania que se esforçou por expulsar o seu medo. Ele havia-lhe batido, ele havia-lhe colocado correntes, mas ela tinha uma escolha. Ela poderia deixar-se derrotar ou poderia transformar aquilo na sua vantagem. Haveria uma maneira de o fazer, mesmo com aquilo. Estar acorrentada ao lado do trono de Irrien tinha as suas vantagens, afinal. Isso significava que ele planeava mantê-la. Isso significava que os homens dele a tinham deixado sozinha, mesmo tendo arrastado as aias e as servas de Stephania para o seu prazer. Isso significava que ela ainda estava no cerne das coisas, mesmo não tendo controlo sobre elas. Ainda. Stephania observava Irrien enquanto ele estava sentado, avaliando cada linha dele, julgando-o da mesma maneira que um caçador poderia julgar o chão em que a sua presa vivia. Era óbvio que ele a queria, senão porque é que ele a manteria ali em vez de a mandar para uma qualquer arena de escravas? Stephania poderia trabalhar com base nisso. Ele poderia pensar que ela era dele, mas em breve ele estaria a fazer tudo o ela sugerisse. Ela desempenharia o papel do brinquedo discordante, e ela recuperaria aquilo pelo qual tinha trabalhado. Ela esperou, ouvindo enquanto Irrien começava a lidar com os negócios da cidade. A maioria eram coisas mundanas. Quanto é que eles tinham levado. Quanto ainda havia para levar. Quantos guardas eles precisavam para proteger as muralhas e como o fluxo de alimentos seria controlado. “Temos uma oferta de um comerciante para fornecer as nossas forças”, disse um dos cortesãos. “Um homem chamado Grathir”. Stephania resmungou ao ouvir aquilo e deu por Irrien a olhar para ela. “Tens algo a dizer, escrava?” Ela engoliu o seu d****o de ripostar. “Somente que Grathir é conhecido por fornecer produtos de qualidade inferior. Porém, o seu antigo parceiro de negócios está preparado para assumir os seus negócios. Apoia-lo e talvez consigas obter os suprimentos que precisas.” Irrien olhou-a fixamente. “E porque é que me estás a dizer isto?” Stephania sabia que aquela era a sua oportunidade, mas ela tinha de jogar com cuidado. “Eu quero mostrar-te que te posso ser útil.” Ele não respondeu, mas voltou a sua atenção para os homens que ali estavam. “Vou pensar nisso. O que é que se segue?” A seguir, ao que parecia, eram petições dos representantes dos outros governantes de Felldust. “O Segundo Pedregulho gostaria de saber quando é que vai ser o teu regresso a Felldust”, disse um representante. “Há assuntos lá que requerem que os Cinco Pedregulhos estejam juntos.” “A Quarta Pedregulho Vexa requer mais espaço para o seu contingente de navios.” “O Terceiro Pedregulho Kas envia os seus parabéns pela nossa vitória partilhada.” Stephania percorreu os nomes dos outros Pedregulhos de Felldust. O hábil Ulren, Kas a abrótea, Vexa, o único Pedregulho feminino, Borion o presumido. Nomes secundários em comparação com Irrien, ainda que, teoricamente, quase todos seus iguais. Só o facto de não estarem ali podia dar a Irrien tanto poder. Juntamente com os nomes, a memória de Stephania fornecia interesses, fraquezas, desejos. Ulren estava a envelhecer à sombra de Irrien e teria tido o lugar do Primeiro Pedregulho se o senhor da guerra não o tivesse tomado. Kas era cauteloso, um lorde de comerciantes que avaliava tudo antes de atuar. Vexa mantinha uma casa para lá da cidade, onde se dizia que nenhum dos seus servos tinha língua para que não pudesse falar do que via. Borion era o mais fraco, capaz de perder o lugar para quem o desafiasse. Enquanto pensava na situação em Felldust, Stephania colocou os seus dedos gentis no braço de Irrien. Ela mexia delicadamente, m*l lá tocando. Ela tinha aprendido as habilidades de sedução há muito tempo e, depois tinha passado o tempo aperfeiçoando-as numa série de amantes úteis. Ela tinha convencido Thanos, não tinha? Irrien não podia ser muito mais difícil, pois não? Ela sentiu quando ele ficou tenso. “O que estás a fazer?”, quis ele saber. “Pareces tenso com toda esta conversa”, disse Stephania. “Eu pensei que poderia ajudar. Talvez eu te pudesse ajudar a relaxar de... outras maneiras?” O segredo era não pressionar demasiado. Sugerir e oferecer, mas nunca exigir de forma definitiva. Stephania colocou o seu olhar mais inocente, olhou para os olhos de Irrien... e, depois, gritou quando ele lhe deu um estalo casualmente. A raiva acendeu-se em si. O orgulho de Stephania dizia-lhe que ela iria encontrar uma maneira de fazer Irrien pagar por aquele estalo, que ela se vingaria dele. “Ah, eis a verdadeira Stephania”, disse Irrien. “Achas que me enganas com o teu pretexto de que és uma escrava humilde? Achas que sou e******o o suficiente para acreditar que podes ser destruída com uma pancada?” O medo caiu novamente em Stephania. Ela ainda se conseguia lembrar do assobio do chicote quando Irrien a atingira. As suas costas ainda queimavam com a memória dos golpes. Tinha havido um tempo em que ela tinha tido prazer em punir os servos que o mereciam. Agora, o pensamento apenas lhe trazia de volta a dor. Mesmo assim, ela usaria a dor se tivesse de fazê-lo. “Não, mas tenho certeza que planeias mais”, disse Stephania. Ela nem sequer tentou ir pela inocência daquela vez. “Vais gostar de tentar destruir-me tanto quanto eu vou gostar de brincar contigo enquanto tu o fazes. Não é isso metade da diversão?” Irrien atingiu-a novamente. Stephania deixou que ele visse o seu ar de desafio naquele momento. Era obviamente o que ele queria. Ela faria o que fosse preciso para que Irrien ficasse ligado a si. Assim que ela o conseguisse, não importaria o que ela havia sofrido para lá chegar. “Tu achas que é especial, não achas?”, perguntou Irrien. “Tu és apenas uma escrava.” “Uma escrava que manténs acorrentada ao teu trono”, Stephania salientou com a sua voz mais sensual. “Uma escrava que obviamente planeias ter na tua cama. Uma escrava que poderia ser muito mais. Uma parceira. Conheço Delos como ninguém. Porque não admiti-lo?” Irrien levantou-se então. “Tens razão. Eu cometi um erro.” Ele baixou-se, apanhando as correntes dela e desprendendo-as do trono. Stephania teve um momento para ter uma sensação de triunfo enquanto ele a levantava. Mesmo que ele fosse c***l com ela agora, mesmo que ele apenas a arrastasse para os seus aposentos e a atirasse para ali para a reivindicar como sua, ela estava a fazer progressos. Porém, não foi para lá que ele a atirou. Ele atirou Stephania para o mármore frio, e ela sentiu a sua dureza debaixo dos seus joelhos enquanto derrapou até parar à frente de uma das figuras que ali estavam. O choque de tal atingiu-a mais do que a dor. Como é que Irrien poderia fazer aquilo? Ela não tinha sido tudo aquilo que ele podia querer? Stephania olhou para cima e viu um homem com roupas escuras a olhar para ela com evidente desprezo. “Eu cometi o erro de pensar que tu valias o meu tempo”, disse Irrien. “Queres um sacrifício, sacerdote? Leva-a. Tira-lhe o bebé e oferece-o aos teus deuses em meu nome. Não vou ter um pirralho vivo a chorar a reivindicar este trono. Quando terminares, atira o que restar dela para os necrófagos a comerem.” Stephania olhou para o sacerdote, depois olhou para Irrien, m*l conseguindo formar as palavras. Aquilo não poderia estar a acontecer. Não podia. Ela não deixaria. “Por favor”, disse ela. “Isto é uma parvoíce. Eu posso fazer muito mais por ti do que isto!” Ainda assim, eles não pareceram se importar. O pânico passou por ela, juntamente com o choque de pensar que aquilo estava realmente a acontecer. Eles iam mesmo fazê-lo. Não. Não, eles não podiam! Ela gritou quando o sacerdote lhe agarrou os braços. Outro agarrou-lhe as pernas, e eles levaram-na, ainda a lutar, entre eles. Irrien e os outros seguiram-lhes o rasto, mas naquele momento, Stephania não se importava com eles. Ela só se importava com uma coisa: Eles iam m***r o seu bebé.
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