Capítulo 2 _ R T

1138 Words
Tessa narrando Assim que tranco a porta do quarto , coloco minha bolsa com minhas roupas no chão e coloco o ouvido na porta tentando ouvir o que o Rafael faria . Logo ouço os passos dele se afastando enquanto desce as escadas e sinto um pouco de alívio . Um alívio que rapidamente é tirado de mim assim que vejo a cama grande de casal . Respiro fundo uma vez tentando me acostumar com essa nova realidade enquanto meus olhos enchem de água rapidamente . Eu não acredito que meu pai realmente tinha feito isso comigo . Pior , eu acredito sim . Sempre foi uma pessoa horrível . . . Sinto algumas lágrimas escorrerem pelo meu rosto enquanto sinto meu peito apertado . Eu estava com tanto medo do que fosse acontecer daqui pra frente . . . Minha mãe tinha morrido a dois meses e tudo parecia ter mudado tão rapidamente . . . eu sentia falta dela , eu me sentia tão sozinha ultimamente , minhas irmãs não se importavam umas com as outras , só se importavam com homens e coisas materias assim como meu pai , que só se importava com dinheiro e mulheres . . . Eu parecia ser a única que realmente me importava com coisas que realmente valem a pena , eu sou a única que puxou minha mãe e eu realmente achava que ia ter uma vida maravilhosa . Esperança , eu tinha esperança . Talvez um dia eu conseguisse sair daquele lugar , talvez um dia eu pudesse viver de verdade , ter um amor de verdade . . . mas parece que meu pai conseguiu tirar tudo de mim . Parece que a forma como me comporto não agrada muito ele , porque eu sou diferente . . . Ele podia ter mandado a Olivi ou a Layla no meu lugar . Elas provavelmente pulariam de alegria por estarem aqui com ele . Um homem rico e bonito . . . Mas parece que depois de tantos xingamentos a meu respeito ele finalmente se livrou de mim . Como um lixo descartável . . . Me abaixo ali mesmo atrás da porta chorando um pouco mais agora . Chorando por tudo o que eu tinha acabado de perder . . . Eu não tinha mais esperança alguma de sair dali , seria uma prisioneira como a minha mãe , forçada a viver com alguém que não ama pro resto da vida . . . até chegar o dia em que algum dos meus filhos vai me encontrar no quarto , com uma bala na cabeça , porque simplesmente não consegui aguentar a pressão da infelicidade . Eu não culpo minha mãe por isso , eu não culpo ela por nada do que cometeu . Coloco a mão no peito sentindo um aperto enorme ali . Tristeza , saudade , raiva . . . sentimentos que agora se espalhavam por mim como um vírus , matando toda a felicidade e a esperança . . . Quanto tempo levaria ? ? Quanto tempo levaria até o Rafael querer reivindicar algo de mim ? ? Meu beijo . . . meu corpo . . . Eu era como um objeto , um bicho de estimação pra ele fazer o que quisesse . . . . . . . . . . . . Rafa narrando Logo que a Rebecca foi embora , precisei sair de casa pra ir até a boca . Precisava resolver alguns assuntos da carga de armas que ia chegar e alguns pagamentos já que o dia de pagar os caras estava chegando . O dia passou rápido demais , ou talvez tenha passado normalmente e eu só devia estar ansioso pra que a hora de voltar pra casa não chegasse . Eu não queria chegar em casa e ter que encontrar aquela garota lá , me lembrando de que eu fiz um acordo , um acordo que simplesmente destruiu a vida dela e talvez até a minha junto . Mas eu precisava . . . O pai dela não se cansava de invadir meus morros nos últimos meses como um verme . Toda vez que ele entrava eu perdia mais e mais homens e até pessoas normais , moradores que não tinham nada a ver com a nossa rixa . Pais , Mães , filhos . . . Perdi a conta de quantas desculpas eu dei para os familiares que pareciam querer ter morrido no lugar de quem morreu . Lembro de uma vez que ofereci dinheiro pra uma mulher que agora é viúva , mãe de dois filhos , ela jogou o dinheiro na minha cara e disse que aquilo não traria o marido e o terceiro filho dela devolta . Eu sabia disso . . . Minha intenção foi das melhores mas ela com certeza não deve ter entendido que eu queria ajudar como podia , eu não tinha como trazer eles devolta , se tivesse eu com certeza teria feito . . . Passei dias sem conseguir dormir , por dias , semanas , o choro daquelas pessoas me atormentavam durante a noite , me lembrando o quando estávamos perdendo e eu não sabia como resolver o problemas . Me lembrando o quando eu estava impotente . Eu tinha que fazer alguma coisa , eu tinha que fazer alguma coisa pra impedir que coisas desse tipo acontecessem . Então quando o " Cabo " , pai da garota , fez a proposta , eu não consegui negar . Eu não sei exatamente o que fez ele me fazer a proposta . Mas eu não me importo . Eu precisava que as coisas voltassem ao normal . Eu precisava ver as pessoas seguras , as crianças brincando na rua novamente como se aqui fosse um lugar seguro , como era seguro quando eu era criança , como era seguro quando tudo era do meu pai , e não ver todas as portas e janelas trancadas , e não ver as pessoas com medo de mandarem as crianças pra escola , com medo de abrirem as lojas . . . Posso lidar com isso , posso lidar com essa situação de agora se isso significar que as pessoas podem viver com segurança . Paro a moto em frente de casa vendo os meninos da segurança . Eu não queria que estivessem ali , não pra vigiarem a garota , não pra não deixarem ela fugir . . . mas ela precisava entender . Ela precisava entender que eu precisava que ela ficasse . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . continua . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
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