Bem-vindos

3169 Words
Oi meu nome é Beatriz ou Trixy Para os íntimos, tenho 24 anos, e hoje irei contar minha história a vocês. Eu nunca fui uma menina extrovertida, comecei minha adolescência cheia de traumas de quando, era criança por ser alta e magra sofria com diversos apelidos ridículos na escola, era terrível, nas fotos, brincadeiras, danças, sempre era a última a ser escolhida ou os professores me colocavam em algum time para fazer a aula de educação física, eu não tive amigas no ensino fundamental, não sei o que é ir em festinhas infantis ou festas do pijama, tudo era motivo de me sentir envergonhada então m*l falava com as pessoas, meu lugar sempre era o mesmo longe e afastada de todos para não chamar atenção e ser maltratada. E foi todo ensino fundamental inteiro, apanhava das meninas mais fortes que eu, elas roubavam minhas coisas até meu lanche, era apelidada diariamente e não tinha amigos. Aos 13 anos continuava tudo parecido, eu mudei de escola para fazer o ensino médio mas como tinha medo não me aproximava de ninguém, parecia está numa prisão interior, via e ouvia todos ao meu redor mas não conseguia interagir com eles, nos trabalhos de escola m*l consegui pronunciar meu nome, eu não me vestia bem, nem me arrumava direito. Eu estudava pela manhã e nunca se quer pensei um batom pra ir a escola, eu acordava e vestia minha calça jeans e a farda da escola, usava as meias mais quentes possível já que sempre estava frio pela manhã, e ia de sandália de dedo com meias esse era meu look predileto. Assim que que entrei no 1° do colegial me senti livre daqueles fantasmas que me assombraram durante todo ensino médio, achei que eu realmente poderia está livre e que dali em diante ninguém iria me tratar m*l ou me dá apelidos ruins, na minha cabecinha o ensino médio era feito de jovens sérios e que já estava se tornando adultos e jamais iriam pegar n pé de uma menina que tinha a mesma idade ou quase a deles. No meu primeiro dia de aula estava indo tudo ate bem sabe, mas com o passar do tempo notei que ali eu ria sofrer igual ou até ir que na outra escola, logo vi que lá era cheio de pessoas vazias que se sentiam bem em tratar as pessoas com desprezo, as meninas eram umas fúteis e manipuladoras, só tinham olhos para os caras de idades diferente do delas, e os meninos um bando de s*******o que viviam atrás das patricinhas da turma. Eu era observada e sempre conseguia enxergar além do que demonstravam. Comecei a observar às meninas daquela escola sempre com cabelos impecáveis, batom rosa, maquiadas e bem vestidas, eu pensava como elas conseguiam acordar e ter paciência para tudo aquilo já que eu m*l conseguia tomar banho, eu tentava me adaptar dia após dia naquele novo cenário, me aproximar de outras pessoas não era uma tarefa nada fácil em minha mente eu era motivo de risos o tempo todo, não conseguia passar por alguém que estivesse sorrindo que já pensava que o motivo era meu jeito de ser, de falar ou de vestir. Até que comecei a conversar com outras garotas da turma, não foi por vontade própria e sim por muita necessidade, os professores começaram a encrencar comigo por não querer fazer os trabalhos escolares com outros colegas. Eu sempre preferia realizar todo trabalho sozinha e depois se alguém quisesse deixa colocar o nome só para ajudar na nota da pessoa, ou ela ficava com a parte da apresentação já que eu era péssima nisso. Então os meus professores começaram a observar minhas ausências na frente para essas apresentações e começaram a questionar o porquê daquilo. Era muito difícil pois sempre que eu tentava falar alguma coisa me sentia h******l, parecia que todos me olhavam e desaprovação meu jeito de falar, ou que tudo estivesse saído errado. Até que um dia eu comecei a praticar alguns esportes, e acabei gostando deles, isso foi meu refúgio de tudo, eu amei jogar futebol e quando chegava o final da aula parecia um moleque, corri para casa e me trocava para voltar para quadra e jogar uma “baba” , se eu já era estranha aí que ficou tudo perdido, no começo só era um passa tempo, mas depois o vício foi tão grande que eu só queria que acabasse a aula para ir jogar, me misturei com os meninos de lá e até pulava muros de colégios para conseguir ter acesso ao campo de futebol, eu entrei em vários projetos e parecia uma doida por isso, onde tinha jogo eu ia. Além de ser estranha, agora jogar bola, isso me fez ser a “sapatão” da turma. Isso era ridículo, só porque eu era verdadeiramente apaixonada por futebol não queria dizer que eu era lésbica e mesmo se fosse ninguém tinha direito de me tratar daquela forma com tanta indiferença. Naquela época o “bullying” não existia e isso era apenas brincadeiras dos meus amigos, claro que eu sempre me senti péssima mas se eu chegasse a incomodar um professor para reclamar de tais práticas com certeza não ia da em nada, pelo contrário até os próprios professores se achavam no direito de tratar alunos com indiferença, se por um acaso o dano fosse muito e eu chegasse em casa com marcas roxas ou sangramento no nariz ou outra coisa meu pai perguntava se tinha sido menino ou menina que teria me batido, se eu respondesse que tinha sido menino, ele ia na porta da escola e se fosse um mais velho ou maior ele descontava na mesma moeda, e se fosse menina ele me dizia “não quero que você apanhe na escola, ou vai apanhar novamente em casa” isso me fazia esconder meus hematomas. Tudo era difícil para mim ali, as vezes eu me perguntava como existia gente tão má em um lugar só, isso tudo piorou porque mesmo sendo adolescente eu m*l tinha dois feijõezinhos no lugar dos peito, isso me deixava louca, como que aos 14 anos eu ainda não tinha nenhum peitinho? Nem me dava ao trabalho de usar sutiã porque era lisa como uma tábua, eu só admirava as outras meninas da mesma idade que a minha desfilando com seus sutiãs marcados pelo uniforme escolar. Claro que os meninos também viam aquilo e se interessavam pelas mais “gostosas”, por outro lado isso também era bom, eu podia jogar futebol sem perigo de ter peito balançando e me atrapalhando correr ou pior ser acertada por uma bolada neles, isso era um alívio. O ano parecia não ter fim e sempre aparecia atividades novas no colégio, eu amava participar de eventos esportivos, principalmente jogos de futebol, baleado, vôlei, eu tinha tanta felicidade quando entrava em campo que parecia uma ganhadora da mega sena, mais isso não era o bastante tudo nunca é, eu tinha que me sobressair mais, porque não tinha amigas e sempre estava só é mesmo no jogo de futebol aquelas pessoas só estavam comigo durante aquelas horas de jogo, depois era cada um para seu lado e ninguém se falava mais. Um certo dia soube que teria mais um evento no colégio, dessa vez não era esportivo, era um festival de talentos onde poderiam se apresentar várias coisas diferentes, como desfiles, dança, teatro, no começo eu imaginei que aquilo não era para mim, vontade eu tinha de ser escolhida par algum daqueles belíssimos grupos de dança ou participar de uma peça teatral, mas logo me dava conta que nunca tinha conversado com nenhuma daquelas pessoas e como que elas iriam colocar uma completa estranha no grupelho vip deles? Impossível. O problema foi que logo após o anúncio do evento alguns professores avisaram que iriam conceder notas as apresentações dos alunos e os que não participassem iriam ficar sem ganhar, “p**a que o pariu” o que eu poderia fazer naquelas circunstâncias? “Afs” quando era jogo de futebol eles nunca me deram nota nenhuma por jogar, isso é injusto. Como é não podia fazer absolutamente nada em relação aquilo o jeito seria tentar entrar em algum grupinho daqueles, mesmo que eu não tivesse ideia de como fazer isso. Então aproveitei que tinha um trabalho para ser feito em grupo e me ofereci para realizá-lo, em troca pedi para participar do grupo de dança, claro, eles aceitaram modéstia parte sempre consegui boas notas nos trabalhos escolares, isso não era nenhum problema para mim, eles aceitaram minha proposta e mesmo com olhares de reprovação e sorrisinhos falsos , a maioria imaginou que eu não iria aguentar, mas incrivelmente conseguir chegar até o fim, no dia da apresentação de dança quase não consegui ficar de pé, minhas pernas tremiam, suava frio e até me deu dor de barriga, quando entrei no palco e vi dezenas de pessoas me olhando me senti m*l, a música começou e o meu corpo parecia se mover sozinho, os passos eram feitos perfeitamente por um momento achei que tivesse sido possuída por um espírito dançarino, aquilo me deixou incrível, percebi que todos os dias de ensaios foram recompensados, e que poderia até seguir em frente com aquela ideia de dança tudo que eu precisava fazer era encontrar algumas meninas que também quisessem fazer parte do grupo, e até que não foi muito difícil só foi colocar um anúncio na parede que logo apareceram várias meninas querendo fazer parte, e assim nasceu o grupo de danças “HotCats” nome muito ridículo mas naquela época era legal e todo grupo que se preze tinha que ser assim, fiquei meia feliz porque não iria mais precisar implorar para ter um lugar em um outro grupo, e então tudo começou assim, meu avô tinha um rádio que naquela época era perfeito com tocador de CD e fita, era em uma altura razoável e sempre quando era tempo de eventos eu pegava emprestado para ensaiarmos, após a aula ou a noite todas nós nos reuníamos no colégio para fazer a coreografia, o diretor era muito generoso e não se importava em ceder uma sala de aula vazia para que pudéssemos ensaiar. Era maravilhoso e agora além do futebol comecei a me apaixonar pela dança, começamos a nós apresentar vários eventos da cidade e logo o grupo não passava mais despercebido, infelizmente não era um mar de rosas e sempre que entrávamos no palco sofriam com vaias, as pessoas conseguiam ser más e mesmo todas do grupo se esforçando ao máximo quando por azar alguma errava algum passo a plateia zombava e isso nos desestabilizava. Não nuns tivemos o prazer de ganhar em nenhuma competição e percebamos que sempre os grupos mais conhecidos eram favorecidos, infelizmente isso acontece em todo lugar, mesmo assim consegui ser feliz por muito tempo. Era incrível como eu nunca me adequava ao padrão imposto por aquela sociedade, sempre me olhava no espelho e mesmo tentando me encaixar nunca estava se quer parecida com elas, o engraçado era que sempre quando surgia alguma roupa ou sapato da moda eu só podia comprar quando abaixava o preço e sempre quando acontecia isso o item já tinha saído da moda. O tempo foi passando e eu percebi que comecei a me interessar por meninos, eu sempre ouvia minhas colegas de sala contando suas experiências com namoradinho e ficava totalmente curiosa para ter aquela sensação e poder contar a elas alguma coisa já que nunca acontecia nada de extraordinário na minha vida. Meu pai sempre foi bem duro e rígido comigo e sempre que eu trazia uma amiga para casa ele não a tratava bem, com isso eu evitava de trazê-las, quando eu pedia para sair com alguém ele sempre encontrava milhares de defeitos para a pessoa e por fim não deixava eu sair, certa vez eu queria ir numa festinha da escola por ser a noite sabia que é iria me deter e antes que eu pudesse pedir ele já me olhava com aquele olhar de desaprovação isso me deixava muito estressada, mas minha mãe interviu e por incrível que pareça ele deixou eu ir, a única condição seria o horário de chegar em casa que deveria ser as 23 horas, então era o melhor dia da minha vida eu esperei aquela festa por longos dias e não aguentava mais a ansiedade, chegando o grande dia eu não sabia como me arruma então vesti a melhor roupa que tinha no guarda roupa e fui, nossa me senti h******l quando vi o estilo daquelas mulheres que estavam ali, eram todas da mesma idade que eu, mas “ p**a que pariu" nenhuma parecia, vendo aquilo percebi que devia me espelhar em alguém para me arrumar melhor nem que fosse só quando saísse mas tinha que aprender, minha sobrancelha era h******l , parecia uma taturana enorme, fios grossos, ligadas no meio, eu tinha pelos no bigode que dava para ver de longe, meu pai sempre dizia que mulher que se depilada era as que estavam prestavam “macho", eu cresci ouvindo tanto isso que minha pernas eram peludas igual um “lobisomem” e nunca achei que tinha necessidade de tirá-los, mas foi isso uma das primeiras coisas que fiz e mesmo com a implicância do meu pai depilada minhas pernas e fiz as sobrancelhas, quando que cheguei na escola no dia seguinte todos ficaram assustados quando me viram com rosto menos carregado “kkkk" as meninas chegaram perto para ter certeza e em seguida começaram a pergunta sobre aquilo. Comecei a me senti mais feminina sabe, queria me arrumar mais todos os dias e foi isso que fiz, comecei a pintar as unhas, como não tinha dinheiro para comprar esmaltes e acessórios eu sempre ia no salão da vizinha e ela me dava os esmaltes que estavam quase no fim, também me dava azeitona e algodão, ela também arrumava meu cabelo e sempre que podia fazia minhas sobrancelhas, isso era maravilhoso, ela era como uma madrinha para mim e eu amava quando ela me ajudava. Finalmente eu fui notada na escola, sempre tinha concursos e eventos eu gostava de dançar mas dessa vez me convidaram para desfilar, eu quase não acreditei quando foram me chamar na sala, o pessoal da direção de um evento que iria acontecer na cidade me convidou para fazer parte dele, como eu tinha 1,75 e era bem magrela eles notaram e me convidaram para fazer parte das modelos que iriam desfilar no dia, “meu Deus" eu me senti incrível quando ouvi aquilo e mesmo que fosse uma coisa simples e boba foi maravilhoso poder participar daquilo, meu sorriso foi instantâneo e na hora aceitei o convite, quase todos os dias após as aulas nos íamos ensaiar, no início eu tremia de vergonha, era h******l tinha que usar um salto altíssimo e não tropeçar, achei que não iria conseguir, nunca na vida tinha usado sandálias de salto tão alto e assim que as colocavam nos pés parecia uma “vara de bambu" trêmula. Mas por fim deu tudo certo eu consegui passar por tudo com êxito e o dia do desfile estava chegado, no dia anterior eu m*l conseguia dormir de ansiedade, toda hora olhava aquele vestido que iria usar, eu mesma tinha o confeccionado, era feito totalmente de jornais velhos, o tema do evento era reciclagem e sustentabilidade, como o evento era a noite meu pai não me deixou ir sozinha e a minha mãe foi quem me levou lá, ela me ajudou a vestir-se e ficou do meu lado até o final do evento, foi tudo maravilhoso e quando subi no palco me sentir como uma astronauta pisando na lua, a plateia era enorme e todos estavam aplaudindo e gritando, a torcida do colégio era enorme e todos apoiaram, no final do concurso eu fiquei em 3° lugar e me senti maravilhosa por ter ganhado a medalha de bronze, dali em diante percebi que tudo era possível e que eu precisava apenas correr atrás do que queria. No dia seguinte todos me cumprimentaram no colégio, e recebi até um prêmio pelo vestido que confeccionei. As coisas ainda não ficaram nada fáceis na minha vida, os meninos m*l me olhava e alguns ainda debochavam do meu jeito, mas eu consegui me aproximar das meninas mais legais daquele lugar, sim, até que fim me tornei amiga de uma, e apartar dali só vivíamos juntas, todos os dias passava na casa dela para irmos para escola, e sentaram-se uma do lado da outra, dividirmos histórias e resenhas. Até que um dia nos duas ficamos sabendo que no outro colégio tinha uma sala de informática gratuita e que poderíamos ficar até uma hora nos computadores de lá , naquele tempo não existia f******k, ** ou w******p, compartilhávamos do Orkut e MSN, era o meio de comunicação mais eficaz da época, nós não tínhamos celulares ainda, a gente enviava mensagens para alguns meninos e esperava dias até eles responderem, por várias vezes eu e minha amiga Vitória saíamos mais cedo do colégio só para ir para o centro de informática, a gente até aprendeu pular o muro que era baixo só para ir para lá, era difícil passar um dia sem ir ter acesso a Internet. As fotos eram tiradas de vez em quando em alguma câmera emprestada por algum parente e raramente tinha como ter mais de 3 fotos no Orkut, mesmo assim acreditávamos fielmente nos meninos que apareciam. Eu nunca tinha me apaixonado por ninguém e ainda nem tinha perdido a virgindade da boca, sempre era taxada de “BV", mas um dia comecei a conversar com um menino pelo MSN , nossa eu achava aquele cara maravilhoso, ele era bonito, gentil e me tratava maravilhosamente bem, eu fugia da escola e ficava por horas conversando com ele na sala de bate papo, eu realmente me apaixonei por uma pessoa que nunca tinha visto e detalhe ele morava a quase 400km de distância de onde eu estava, mas isso não foi empecilho para nós que nos dois começasse namorar virtualmente, eu ia para o colégio e ficava só imaginando a hora de poder falar com meu príncipe, e sempre que chegava e entrava na rede social ele já estava lá me aguardando, trocávamos carinhos por ali e ele aquecia meu coração com suas palavras, eu me lembro das várias promessas que ele me fez dizendo que logo iria me ver e eu boba acreditava em tudo. Até que um belo dia levei uma tal menina que eu tinha acabado de conhecer e acabei mostrando as conversas e ele no chat, ela de imediato se interessou por ele e acabou meu conto de fadas virtual, já que ela simplesmente tomou meu lugar no coração dele, eu me senti arrasada e quis até brigar nessa tal menina, tentei conversar e fazer as pazes com ele mas ela já tinha ele todinho na mão dela e dali para frente nunca mais ouvi falar dele.
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