Miguel
Entro no quarto e assim que fecho a porta o Henrique entra logo atrás.
- O que foi que deu em você? - pergunta.
- Eu falei que não queria falar com você agora Henrique.
- Eu quero saber o que aconteceu, você está com cara de transtornado.
- Eu estou transtornado Henrique, eu estou com raiva, eu estou me sentindo um covarde, eu estou me sentindo um bobo.
- Coloca pra fora que deve passar.
- Você continuou desejando a Maya depois que soube que eu estava com
ela? - pergunto ja sabendo a resposta.
- Ninguém passa a não desejar uma pessoa do dia pra noite Miguel.
- Você ja ... - me seguro pra não falar, pois a raiva está subindo so de pensar.
- Você ja o que? - pergunta
- Você ja se tocou pensando nela? - ele me olha com o olho regalado, e respira fundo.
- Responde Henrique - ele respira e vira o rosto.
- Vai Henrique responde.
- Ja - é so ele confirmar que acerto um soco no rosto dele.
- isso é nojento Henrique - falo pra ele.
- Isso é normal Miguel, o que não é normal é você me acertar um
soco - fala passando a mão no rosto.
- É normal quando é sua ficante, sua namorada ou seila o que, não com A p***a DA NAMORADA DO SEU IRMÃO HENRIQUE.
- Desculpa, se eu tivesse sóbrio não faria isso.
- Eu to enojado disso, ela ainda te dava banho? - pergunto me sentando.
- So quando eu ficava drogado e bêbado, eu chegava naquela casa lá m*l e ela me dava uma força.
- Vocês ja tiveram alguma
coisa? - pergunto com medo da resposta.
- Não né Miguel, não sou pnc nesse ponto.
- Você tem certeza?
- Sim, eu tava bêbado, não com amnésia.
- Pelo menos isso né - falo passando a mão no cabelo.
- Como foi la com a Carol? - pergunta.
- Péssimo, como ja era de se esperar, você acredita que o dono da König é o pai da Carol?
- Oi? Como assim?
- Ela me falou, a gente sabia que seu Adam não era o dono da empresa, mas ninguém nunca revelou o verdadeiro dono.
- Ou seja eu to ferrado? - o Henrique diz.
- É nisso que você pensa Henrique? O nosso pai mentiu esse tempo todo e é nisso que você pensa?
- Ele está mentindo ou não, eu vou perder meu emprego.
- Oh Henrique sinceramente, por isso que a gente não conversa.
- Você está em outra empresa, você está indiretamente desligado de lá, eu não.
La por mais podre e explorador que seja é o que paga minhas contas.
- Eu posso resolver isso pra você - falo.
- Você acha que pode tudo né?, você se acha o dono do mundo né?
- Então se fode Henrique - falo - quando precisar não me procura, ja que você sabe se virar sozinho.
- O seu m*l é sua suberba - fala.
- E o seu é seu orgulho - falo.
- Eu não quero viver na sua sombra, muito menos na do papai - fala.
- Quando você ver seu apartamento, seu dinheiro pra d***a, bebida e mulher indo embora, você vai repensar sobre isso.
- Eu morro de fome mais não te peço ajuda - fala se levantando.
- Vamos ver até onde essa afirmação vai ir .
- Vai se fuder Miguel - sai e bate a porta.
Assim que eu tiro a minha blusa e vou entrar no banheiro a porta do quarto se abre.
- Se arrependeu tão rápido assim?
- Sou eu - viro e é a Maya.
- Se for pra brigar comigo também, a cota de hoje ja foi preenchida.
- Pode guardar suas pedras, eu so vim conversar.
- Fala - falo e paro na porta do banheiro.
- Porque o Henrique saiu daquele jeito?
- Não é melhor você ir per...
- Olha bem o que você vai
responder - ela fala me interrompendo.
- A gente brigou.
- Você não falou nada pra magoar ele não né?
- Se falar verdade é magoar, e também ele não é mas uma criança pra ficar magoadinho né Maya.
- Eu sei bem que você pode ser bem grosso quando você quer Miguel.
- Eu não fui grosso e também eu falei com ele que não queria papo agora.
- Você e a Carol terminaram?
- Sim
- Ela reagiu como?
- Quebrou minha sala inteira, ameaçou minha carreira, minha vida e coisas assim.
- Uau, e você fala assim?
- Eu vou fazer o que? Chorar?
- Você consegue ser insensível em um nível absurdo, não te conheço mais Miguel.
- Desculpa - falo e sento na cama.
- Nesse tempo que você passou fora você voltou outra pessoa, você era sensível, compreensivo e tinha um coração e uma luz tão linda, e foi por essa pessoa que eu me apaixonei anos atrás e você foi e voltou isso ai.
- Eu ... na verdade sei nem o que falar.
- Você se tornou uma pessoa fria, sem coração, so pensa em você e no seu bem estar, que se f**a o resto, esse ai não é o Miguel.
- Tantas coisas aconteceram Maya, a vida te ensina a ser assim.
- Você pode ser melhor que isso Miguel, eu não quero que a Sófia conheça essa coisa ai que você chama de nova personalidade.
- Eu vou melhorar por ela - falo
- Melhore por você, olha o seu redor ,olha e pensa se vale a pena, você brigou com seu irmão Miguel, que ponto você chegou.
- Obrigado - falo levantando e vou abraçar ela, fico com medo dela não aceitar mas ela aceita.
- Não estou fazendo nada, so quero ajudar você.
- Você não tem obrigação nenhuma comigo, mas mesmo assim você se preocupa isso pra mim é muito importante.
- Apesar de tudo, eu me preocupo com você, ainda mas se afetar minha filha.
Ela me solta e vai embora.
Tomando banho eu percebo o que a Maya falou é verdade, me olhando agora eu nem me reconheço, eu virei uma pessoa misquinha, sem coração, um cara egoísta. Eu não era assim, eu não sou assim.
Ligo pro Henrique e ele não atende, ligo 10 vezes, na 11° ele atende.
- O que você quer?- Fala assim que me atende.
- Me desculpa, eu falei demais.
- Ah o grande Miguel pedindo desculpas, que supresa.
- Henrique me escuta, eu sei que nossa relação quando criança não era muito boa, meu pai sempre colocava um contra o outro, eu sei que você ficava m*l por meu pai apostar tudo em mim. Mas pra você saber eu sempre tive inveja de você.
- Não precisa mentir também Miguel.
- Eu não estou mentindo, você saia quando queria, você namorava quem queria, você fazia o que tava com vontade. Eu não, eu sempre tive medo de decepcionar meu pai, eu não fazia nada que ele não queria, eu não assumi a Maya por medo do que ele poderia fazer, eu sempre fui um covarde. Eu nem queria ser advogado.
- Você não queria ser advogado? como assim?, você fala isso des de criança.
- Meu pai fala isso des de criança, não é como se eu tivesse opção. Sabe aquela vez que eu apareci com o corpo todo roxo e você perguntou o que tinha acontecido?
- Lembro, você tinha caido da escada.
- Eu nunca cai da escada Henrique, meu pai viu meus quadros de pintura e minhas fotos, ele me bateu porque disse que aquilo era coisa de viadinho, eu gritei pra ele que aquilo era meu sonho e eu não queria saber se era de viadinho ou se ele aprovava ou não. Eu apanhei como eu nunca apanhei na vida, e ele me falou que aquilo era pra mim aprender a nunca desrespeitar ele e tudo que eu tinha feito ele jogou fora. A partir daquele dia eu perdi todo respeito que eu tinha por ele e eu so sentia medo, eu sentia medo de enfrentar ele e sentir o que eu senti aquele dia - nessa altura eu ja tava chorando no telefone.
- Me desculpa - o Henrique fala chorando também.
- Você não me deve desculpas Henrique.
- Devo sim, enquanto você estava passando por isso eu tava bebendo e fumando como se não houvesse o amanhã, e você sempre me encobria pro meu pai não ver e não saber, as vezes levava a culpa por mim, e eu achava que você fazia isso pra ser sempre o salvador da pátria.
- Eu so queria te proteger daquele pai que um dia eu vi, de toda frieza e suberba dele, e hoje eu me dei conta que eu estou virando um mini ele.
- Você não é ele, e nem vai ser ... você é melhor que isso.
- Obrigado - so consigo falar isso.
- Eu te amo - a primeira vez que escuto ele falar isso.
- Eu também te amo.
Termino de falar com o Henrique e desço. A Maya ja foi e eu percebo que estou sozinho, então decido beber um pouco, pra passar essa dor de cabeça.