Maya
O Felipe nos levou até a creche da Sófia e agora chegamos na fisioterapia do Miguel.
- Preciso comprar um carro - falo levando o Miguel até a sala da fisioterapeuta.
- Você precisa aprender a dirigir primeiro.
- Eu sei dirigir, so não tenho habilitação e nem um carro.
- Então, ai fica mais fácil, estuda que eu p**o sua habilitação.
- Não precisa Miguel, uma hora eu consigo.
- Eu não vou poder te dar nada?
- Não pagar minha habilitação, porque ai ja é demais.
- Se fosse a Carol iria está pulando de alegria por não está gastando dinheiro dela - fala de uma forma sarcástica.
- Ja começou errado me comparando, você sabe que eu odeio isso.
- Desculpa, era pra ser so um comentário.
- Luis Miguel - A fisioterapeuta chama ele.
- Bom dia - falo e ela responde.
- Você deve ser a noiva dele, doutor Paulo falou de você - no mesmo momento o Miguel faz uma feição que não entendeu.
- Longa história - sussurro no ouvido dele.
- Depois quero saber disso.
- Vamos começar Miguel? - ela diz simpática.
- É o que tem né.
Eles estão fazendo pequenos movimentos, até que ele suspende o braço do Miguel no máximo.
- Ai p***a isso doeu - Miguel e sua falta de modos.
- Isso é um bom sinal - ela diz e sorri.
- Eu vou ficar sentindo dor?
- Quando a sensibilidade dele voltar 100%, você deve sentir alguns incômodos, mas não vai ser pra sempre, mas passaremos exercícios e medicamentos pra aliviar isso.
- Vai demorar pra ele voltar? - o Miguel pergunta.
- Vai depender de você.
- Tô fudido.
- Nossa quanta positividade - falo a fisioterapeuta rir e Miguel faz bico.
Ela continuou fazendo exercícios com ele e como ja esperado o Miguel reclamando a sessão inteira.
- Você estava insuportável hoje - falo ja dentro do táxi.
- Aquilo é h******l.
- É mas você precisa disso.
- Eu não sei se quero voltar aqui.
- Você sofreu um acidente quase morreu, ficou 1 mês em coma, teve um edema cerebral, e está com medo de sentir uma pontada no braço?, você é homem ou uma pururuca?
- Uma pururuca - ele responde.
- Sempre soube.
- Eu não gostei da cara daquela fisioterapeuta - ele diz.
- Você nem viu a cara dela Miguel, larga de implicância.
- Nossa Maya, obrigado por me lembrar que estou cego .
- Eu não quis falar nesse sentido, eu sei que você está com medo, mas ela é necessária pra recuperação do seu braço, ou você quer ficar com ele assim pra sempre?
- Óbvio que não quero né.
- Então... Você tem que frequentar certinho e se esforçar o máximo pra recuperar ele.
- Ta bom mamãe.
- Fique com seu deboche que estou amando.
Chegamos na casa e so está a gente, pois hoje é o dia de folga dos funcionários.
- Você quer alguma coisa Miguel? - pergunto .
- Quero tomar banho - ontem o Felipe que ajudou ele a tomar banho, e não sei se estou preparada pra isso.
- Você precisa de ajuda além de te levar até lá?
- Tirando o fato que meu braço ta duro, eu acho que não, mas contando com esse fato, com certeza vou precisar.
- Eu tinha esquecido desse detalhe.
Subimos a escada e agora estou tirando a roupa dele.
- Ai Maya - da um grito e eu me assusto.
- Desculpa - falo e ele rir
- A seu filho da p**a, você tava
fingindo - bato no ombro dele.
- c*****o Maya agora eu senti.
- Você sente aonde?- pergunto.
- No ombro eu sinto, por isso quando a médica puxou eu sentir dor.
- Como eu vou passar a blusa nesse braço? - falo me referindo ao braço que esta parado.
- É so passar devagar por causa do meu ombro - ele fala e eu faço.
- Agora é a parte de baixo - falo mais pra mim que pra ele.
- Você está ajoelhada na minha
frente? - pergunta.
- Como você sabe?
- Maya eu estou sem enxergar a alguns dias, eu sei quando alguém ajoelha na minha frente.
- Eu so achei que seria mais fácil tirar assim - falo ainda ajoelhada.
- Va em frente então.
- Miguel seu zíper está emperrado - falo e ele rir.
- Não ta emperrado Maya, você que não está puxando direito.
- Eu não quero pegar na sua coisa - ele começa a rir.
- Eu seguro o botão e você puxa o
zíper - assim fazemos e o zíper finalmente abre.
- Pronto - falo e vou saindo.
- Me leva até o banheiro né Maya.
- Eu esqueci, você me deixou nervosa
- Eu nem te toquei e você está
nervosa? - pergunta rindo.
- Ah Miguel vai cagar, adianta logo - ele continua rindo da minha cara.
Ele toma banho e eu fico na porta esperando.
- Ah toalha Maya.
- Você deixou a cueca no chão Miguel - falo olhando pro chão pra não ver ele nú.
- Eu tirei e não tava vendo onde colocar né, eu so joguei.
- Toma logo essa toalha - falo colocando na mão dele.
- Você está olhando?
- Claro que não né, to olhando pro chão.
- Mas você sabe que eu não vou conseguir amarrar na cintura com uma mão né? Pra eu tirar a cueca com uma mão foi difícil... imagine.
- Vira de costa Miguel
- Você vai olhar minha b***a? - ele volta rir de novo.
- Não né, vou olhar pra cima, prefiro pegar sem querer na sua b***a do que no seu Jr ai embaixo.
- Você age como se não tivesse uma filha comigo.
- É diferente - falo.
- Diferente porque? O corpo é o mesmo, so ta um pouco prejudicado.
- É diferente porque antes eu queria seu corpo, hoje não.
- Essa doeu - ele fala.
Voltamos pro quarto e eu ajudo ele se vestir.
- Matou a saudade? - ele pergunta.
- De que?
- De ver meu corpinho nú - agora eu que dou risada.
- Até parece, e eu nem vi você nú, eu fechei os olhos.
- Sei, não estou enxergando, mas depois vou ver nas câmeras de segurança.
- Você tem câmera de segurança aqui?
- Claro, se alguém tentar me m***r aqui? Eu tenho que saber.
- Entendi, vamos descer?
- Vamos, eu to com fome.
- Você quer o que? - pergunto ja na cozinha.
- Qualquer coisa.
- Não tem isso aqui não - falo rindo.
- Nossa Maya, humor da praça é nossa. você não vai trabalhar esses dias?
- Não, quem vai ficar com você?
- Você me ama né - fala eu me engasgo com a água.
- O que tem haver isso?
- So alguém que ama faz esses sacrifícios pela outra.
- Isso é empatia Miguel - falo e vou ligar o rádio, e por perturbação começa tocar a música que ouvíamos juntos.
- Olha o destino esfregando na sua cara ai - fala rindo.
- Agora essa música é velha por que esta passando na rádio? - pergunto indignada.
- O universo Maya, coincidências não existem .
- Ah Miguel fica quieto.
Música, De Janeiro a Janeiro