Capítulo 1. Draak

1138 Words
Com o dia ensolarado, uma mulher com um avental surge na porta do quarto de Sami, que se encontrava deitada olhando para o teto. "Sami os vegetais estão acabando, vá colher mais por favor!" - Disse a mulher com feição alegre e juvenil para alguém de 42 anos, cabelos ruivos acobreados presos em um coque frouxo que não impedia os cachos rebeldes de adornarem seu rosto. "Já estou indo mamãe" - Respondeu Sami, a versão fiel e mais jovem de sua mãe, com seus longos cabelos cacheados ruivos soltos e seu pequeno porte de 1,57m, um sorriso gentil, a determinação e sabedoria de uma leitora nata, transbordando de seus olhos castanhos. Levantando-se depressa, colocou suas botas e seu casaco e foi até a cozinha, pegando a cesta e indo em direção à porta. "Estou indo mamãe" "Tenha cuidado, não se sabe o que pode estar à espreita" - Disse misteriosamente sua mãe, cujo nome é Maria. Sami sempre gostou de ouvir os contos que sua mãe contava, sempre admirando e estudando sobre cada um deles, pois sabia que podiam ser reais. O reino em que vivia era repleto de céticos que as consideravam, tanto mãe quanto filha, estranhas. Moravam em uma pequena casa, localizada na região sudeste do reino, próximo ao vale que a menina tanto amava por ser considerado assombrado e, portanto, desabitado. Ali, ninguém poderia julgá-la e isso tornava o lugar especial em seu coração, sendo exatamente onde colhia os vegetais, estando sempre o visitando. O vale, cujo nome é Oniris, encontra-se do outro lado da pequena montanha, afastado do reino, tornando-o perfeito para quando precisasse espairecer, talvez por ela ser a única que ousasse ir até lá ou talvez por ser mágico em sua cabeça, um lugar em que não precise esconder sua intensa curiosidade de descobrir novas coisas, onde poderia ver pessoalmente tudo o que leu em um conto sobre aquela região. Dragões, ela leu sobre eles, no conto que leu haviam majestosos dragões de tamanhos e poderes inimagináveis, cuja sabedoria perpetuava por gerações, vivendo escondidos no território de Oniris, pelo menos era isso que os livros falavam, faziam parte de contos. Mas, ela sabia que existiam e esperava vê-los um dia, por isso lia muitos livros sobre eles e estudava plantas e animais presentes no reino com o intuito de saber como viviam, como se alimentavam, como interagiam com outros seres. Entretanto, isso não era bem visto pela sociedade. Uma menina deveria ser treinada para ser uma boa esposa e esperar em casa enquanto seus maridos lutavam nas guerras e não estudando sobre contos. Mas ela queria mais, não queria ter que depender de ninguém, muito menos esperar sentada. Enquanto fazia o mesmo trajeto de sempre, ouviu uma voz grave trazida pelos ventos, fazendo-a olhar para os lados, não encontrando ninguém, então continuou a andar. Entretanto, mais uma vez a escutou, dessa vez de forma alta o suficiente para não achar que eram paranoias de sua cabeça, arrepiando os pelos de sua nuca, assustando-a. Ela então virou-se rapidamente e o viu, seu primeiro dragão estava ali, batendo suas asas fortemente enquanto descia à sua frente. O vento forte fez com que levasse as mãos até o rosto para impedir que a poeira atingisse seus olhos e então, quando enfim a ventania passou, baixou as mãos dando de cara com um belo dragão dourado. "O que faz aqui criança? Não sabe que esse território é dominado pelos seres das sombras?" Ela não conseguia não admirar o dragão a sua frente, era belíssimo, sua escama dourada refletia a luz do sol a cada movimento, deixando-a hipnotizada. Ainda admirada com o que via não conseguiu responder de imediato, mas assim que se deu conta de que ele falava com ela, respondeu: "Você fala! Você existe, eu sabia!" - afirmou. "Mas é claro que existo criança. Você ainda não respondeu minha pergunta" "E-eu ... vim colher vegetais" - respondeu com sua mente ainda processando a nova informação. "Por que tão longe do reino, em um vale sombrio?" - Perguntou o grande dragão enquanto se deitava no chão com a cabeça sobre as patas. "E-eu queria ver você ... Q-qu-quer dizer ... queria ver um dragão" "Eu sei. Fiquei curioso ao ver uma criança entrar na montanha pela primeira vez. Estive te observando criança, nós estivemos." - Ele respondeu. ...... "Quer ouvir uma história?" - Perguntou o grande dragão. Ela poderia sair correndo, seria uma reação natural ao medo. Entretanto, não conseguia sentir nada além de admiração e realização de um sonho de infância. Onde estavam todos aqueles que a consideravam louca agora? Ou quem sabe ela estivesse sonhando, mas se esse fosse o caso, não queria acordar tão cedo. Percebendo que o dragão a sua frente ainda esperava por uma resposta, ela rapidamente acenou com a cabeça e se sentou no chão, pondo-se a ouvir a história. "Há muito tempo, nesse mesmo reino, nesse mesmo lugar, uma criança adentrou a floresta nas montanhas. Admirada com o mundo novo que presenciou, ela passou a frequentá-lo cada vez mais e, isso acabou atraindo a atenção dos seres sombrios que ali habitavam, mas não só eles, como também atraiu a nossa atenção, os majestosos dragões da floresta. Nós a observamos de longe, imaginando como uma simples criança era capaz de afugentar os seres sombrios da floresta que até então, era vista como assombrada. As flores, que se encontravam fechadas com medo dos males à espreita, abriram-se em sua presença, o vale foi ficando cada vez menos sombrio e com mais vida. Sua alegria contagiava até mesmo nós que sempre fomos indiferentes. Então, em um certo dia, ela nos encontrou. O ancião, ao descobrir que uma humana adentrou nosso território, foi ao seu encontro com o objetivo de saber o que a garota fazia ali e quando viu que era capaz de nos entender, ele se prostrou a ela, surpreendendo-nos. Então ali ela se tornou nossa princesa e, desde então, os seres das trevas não ousaram tentar invadir nossas terras. Vivemos longos anos em paz durante seu reinado, mas ela adoeceu e antes de morrer, teve uma visão que revelava um futuro sombrio à espera, em que o medo e o caos assolariam a terra e que neste período surgiria um escolhido que uniria os reinos, onde os mitos lutariam lado a lado em prol de um futuro. Meses após sua visão, a princesa veio a falecer e assim duas coisas foram deixadas para trás, uma dica sobre a escolhida e seu nome, Oniris". "Então esse vale ganhou o nome da princesa?" - Perguntou. "Exatamente" - Respondeu o majestoso dragão. "E quanto à dica sobre a escolhida? Vocês já a acharam?" "A dica revela que a escolhida seria o único ser capaz de falar com um dragão após a morte de Oniris". *********** Não esqueçam de votar e comentar, please !!!
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