Capítulo 10. O artefato

1755 Words
Sami e Laszar adentraram um imenso salão lado a lado. O chão era de uma madeira lisa e escura, as paredes eram de uma cor creme, sem contar as imensas fileiras de armas penduradas por toda sua extensão, variando de espadas, sabres, adagas, lanças, arcos e muitas outras que Sami sequer havia visto em sua vida. Estava se sentindo pequena dentro do cômodo, além de ansiosa por estar rodeada dos mais diversos equipamentos. Todos eles brilhavam, era como se cada um deles estivesse vivo e quisesse mostrar sua grandeza por meio de seu brilho, era incrível. Observou de perto todas as armas ali presentes e ficou admirada com os detalhes que cada uma apresentava, eram tão delicados e bem feitos que sentia até pena de se imaginar usando elas em uma guerra. Olhou para todos os lados e demorou um pouco observando todas, esperando que uma delas magicamente viesse até si ou a chamasse, mas isso não aconteceu e, sinceramente, ela não fazia ideia de qual escolher. Estava prestes a perguntar a Laszar quando viu um artefato magnífico pendurado em um dos cantos da parede, quase impossível de se ver ao longe. Uma bela a**a. Ela era composta por um par e tinha formato circular, na qual a parte externa era revestida por lâminas extremamente afiadas que terminavam em um pequeno cabo da mesma cor, mas um pouco menos reluzente, com pequenos entalhes em sua estrutura, sendo um dragão de corpo longo como uma serpente rodeado por flores, de um dourado puro e resplandecente, combinando perfeitamente com Draak. Era realmente bela, não teve outra reação a não ser tocá-la com cuidado para não s*******r. “Essa a**a pertenceu à Ellora, uma elfo de nosso clã que morreu a mais de 1000 anos atrás. É um tipo de bumerangue modificado extremamente letal, capaz de decepar um m****o sem qualquer esforço, é uma a**a de longo e curto alcance, servindo tanto para ataque quanto para defesa. É perigosa e de difícil manejo, requer muita prática e cuidado” - Explicou Laszar. “É esta” - Disse animada. “Mas, como aprendo a usá-la?” - Perguntou. “Ela lhe ensinará se te aceitar” - Ele respondeu deixando-a confusa, mas resolveu esperar o treinamento começar. Enquanto admirava a a**a em suas mãos, Laszar seguiu em direção a umas espadas de madeira que estavam encostadas na parede, ele pegou uma delas e voltou, parando em sua frente, colocando-se em posição de defesa, na qual seus joelhos estão levemente flexionados, um pé na frente e outro atrás, um de seus braços estava em suas costas, enquanto o outro estava com a a**a levantada em direção à Sami. Ela então Imitou seus movimentos e se colocou na mesma posição, com o diferencial de estar apontando ambos os bumerangues em direção ao príncipe, um em cima mirando sua cabeça e o outro mirando seu abdômen, não sabia bem o porquê de escolher essa postura, apenas achou que seria a mais correta. Ele começou a atacá-la com a espada de madeira, enquanto Sami apenas se defendia e recuava sem saber ao certo o que fazer. Como se soubessem que não sabia manejá-la, a a**a em suas mãos começou a movimentar seu corpo em um ritmo que acompanhava Laszar, permanecendo sempre na defesa. Ela sinceramente não sabia o que estava acontecendo, mas começou a ficar com a sensação de que essas armas realmente estavam vivas. Laszar então parou de atacar e voltou à sua postura. “Interessante!” - Ele diz. “O que é interessante?” “Ela não só está te ensinando a usá-la como também está lutando sua luta por você!” - Afirma. “Laszar eu não tô entendendo! Ela tá viva?” - Perguntou. “Sim! Algumas armas são tão poderosas que acabam por criar consciência e, isso as torna capazes de aceitar ou recusar a pessoa que as maneja. Se elas aceitarem, serão fiéis aos seus portadores até a morte, como foi o caso de Ellora. Ninguém mais poderá usá-las além de seu portador, é como se elas se tornassem inúteis se alguém que não seja o portador tentar manejá-las. O interessante é que ela esteve adormecida por mais de 1000 anos, não se manifestou a ninguém desde a morte de Ellora, tornando-se inútil nas mãos de outros. Ela a escolheu, você deve nomeá-la” “Nomear?” “Isso” “Que nome se dá a uma a**a?” - Perguntou. “A minha se chama Gale, significa ventania” - Ele fala enquanto deixa a espada de madeira de lado e desembainha a espada presa em sua cintura. É realmente magnífica, sua lâmina prateada reflete o rosto de seu portador, seu cabo é branco com entalhes muito bem elaborados ao longo de toda sua extensão, realmente parecem com uma ventania, Sami olhou para sua lâmina e percebeu que havia caracteres entalhados na parte superior da lâmina - Gale - estava escrito o nome da espada. “É linda, mas não faço ideia de qual nome dar a ela, quero dar um nome digno de sua grandeza” - Disse enquanto admirava a a**a em suas mãos. “Quando você escolher o nome dela, ela o colocará em alguma parte de sua estrutura e responderá ao seu comando”. Apenas acenou com a cabeça e continuou a olhar todos os detalhes presentes em sua a**a. "Creio que por hoje está bom, irei resolver as questões de sua viagem, então estarei ausente o resto do dia. Sinta-se à v*****e para ir onde quiser". Sami apressou-se em deixar sua a**a no mesmo canto que a encontrou, mas Laszar a impediu. "Ela agora é sua, deve ir com você aonde quer que vá" - Ele explicou. "Mas, como irei andar com elas?" "Tem roupas especiais de treinamento no seu quarto, pedirei que coloquem suportes para sua a**a. Vamos, irei acompanhá-la até o quarto". Sami seguiu Laszar até uma estrutura de madeira parecida com um palanque que ficava no centro do salão central, ele apresentava um tipo de cerca que cobria seus lados e uma pequena portinha pela qual haviam passado. Ao subir no palanque, reparou no elfo que estava um pouco atrás dos dois e observou seus movimentos, fazendo com que a estrutura de madeira começasse a subir desequilibrando-a instantaneamente, mas não chegou a dar um passo para trás, já que sua alteza foi rápido o suficiente e a amparou pela mão com um de seus braços, enquanto o outro a apoiou pela cintura. Sentindo-se envergonhada pelo elfo atrás de si, ela agradeceu ao príncipe com um aceno e se equilibrou novamente. Ao chegarem nos andares superiores do castelo, Laszar tomou iniciativa e saiu na frente, segurando a portinha para que Sami pudesse passar e a guiou ao longo dos corredores da ala leste. Enquanto andavam até seu quarto, pôde perceber o quão era enorme aquele palácio. Olhou todas as dobras a fim de não se perder quando saísse do quarto, mas acabou esquecendo depois de um tempo, entretanto, não se preocupou com isso, já que haviam guardas dispostos por onde quer que olhasse naquele labirinto, era com certeza uma ótima estratégia para ganhar tempo em caso de invasão. Chegaram em frente a uma porta branca com o seu nome entalhado e se impressionou com o fato de ter um quarto especialmente seu no castelo, mas estava mais perplexa com o fato de terem entalhado tão lindamente em um curto espaço de tempo. “ Este aqui é o meu quarto, se precisar de algo é só me chamar “. Disse o elfo apontando para o quarto ao lado, com uma porta parecida com o de Sami, mas em seu entalhe estava escrito o nome do príncipe. Sami agradeceu a Laszar por tê-la auxiliado durante o treinamento e a acompanhado até o quarto, ele se retirou em seguida e ela enfim entrou. Era realmente enorme, acreditava que caberia toda sua casa ali dentro. Uma cama de casal se encontrava encostada na parede oposta à entrada, perto de uma porta de vidro que dava para uma linda varanda, com bancos e um balanço em forma de sofá pendurados no teto, ambos acolchoados. O lado esquerdo da parede estava repleto de livros, deixando-a completamente extasiada e, ao fim da estante havia uma porta que dava para um banheiro também luxuoso. Do lado esquerdo havia uma penteadeira com diversos potes, repletos de um conteúdo desconhecido por si mesma e, ao lado, tinha outra porta que dava diretamente a um armário que apresentava alguns suportes para armas, assim como para roupas e acessórios. Algumas roupas estavam dispostas dentro do armário, sendo vestidos, calças e blusas. Deixou sua a**a, com extremo cuidado e delicadeza, pendurada dentro do armário em um dos suportes centrais, mostrando sua grandeza e estilo para todos que quisessem admirá-la. Pegou uma calça e uma blusa e seguiu em direção ao banheiro ainda pensando em um nome digno para se dar à sua tão nova, mas tão querida a**a. Quando terminou, percebeu que o mundo lá fora já não estava mais tão iluminado e as estrelas começavam a brilhar no céu limpo e escuro, transformando-o em um cenário digno de uma pintura. Não havia percebido que seu treino com o elfo levara horas ou talvez tivera sido o seu banho, já que se perdeu em pensamentos dentro daquela magnífica banheira, digna da realeza … Rainha … tantas coisas aconteceram em um curto período, que não teve tempo de lembrar do título que pesava sobre seus ombros, ou até mesmo do povo que carregava em suas costas, um povo majestoso composto por dragões, únicos e magníficos. Poderia passar o dia todo pensando nos mais diversos adjetivos que descrevessem a beleza de seu povo, ou talvez sua sabedoria, ou quem sabe até mesmo sua coragem de se entregar nas mãos de uma menina tão jovem como Sami. Quais experiências ela tinha para governar um povo ? Como saberia o que era melhor para os dragões e o que poderia machucá-los ? Sempre quisera conhecê-los, mas não imaginava o quanto seu d****o havia sido modificado pelo universo para enfim ser realizado. Tais questionamentos dançavam em sua mente, uma melodia calma, mas não tão agoniante como antes, afinal, sabia que não estaria sozinha. Sentada no sofá que ficava na varanda, admirando o lindo céu sobre sua cabeça, teve certeza que pelo menos dessa vez não estaria só durante o conflito e, quem sabe até mesmo depois dele, poderia até levar essa amizade para o seu cotidiano, mas isso só o destino conhecia.

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