Dobrei peça por peça, não havia tempo para melancolia, Carolinne sequer pensou em fazer uma ligação a comunicar a mim que já não voltava, pensava que éramos amigas. — Sento pesarosa na ponta da cama, tinha começado a enrolar uma camisola, o que estou fazendo? Deus me ajude... — Tenho que pensar muito antes de fazer qualquer coisa que me possa colocar em uma situação irreversível. —Se sair por aquela porta por vontade própria, nunca mais poderei voltar. Thomas é c***l, uma vez na rua, ele não aceita ninguém de volta. — Ainda tenho o dinheiro que ganhei durante esses quatro anos, deve servir para me aguentar pelo menos um ano, se for para Londres, talvez consiga um emprego antes desse período. — Ri sem vontade. Vamos lá Nihara, tu és uma mulher adulta. Pense!
Me deitei de lado na cama ainda agarrada na camisola, com uma mala por terminar, não ia chorar. A minha vida era realmente triste e patética, meus olhos se fecham e sou levada uma vez mais pelo sono.
Abri a porta que dava para o alpendre, não lembro de como vim aqui parar, mas o ar estava suave e bonito, o céu escurecia gradativamente de azul para um crepúsculo violeta, inspirei me sentindo fantástica! Desci as escadas quase correndo, parecia estar sendo atraída por uma força invisível, mas eu não queria saber, sentia-me verdadeiramente bem. Mas isso durou pouco, tão logo ultrapassei a linha que separava a mansão do resto de Raven Ayes, tudo pareceu diferente, o céu se tornou mais escuro, havia uma neblina se formando e a minha volta parecia existir coisas que não conseguia definir distintamente, sentia um peso na atmosfera, um abafamento e uma angústia que parecia não ter fim. Não sabia onde me dirigir, corri em direção aos estábulos e fechei tão logo entrei. Todos os outros cavalos estavam agitados menos Heaven, que parecia tranquila agora. Na janela, entrava a luz da lua e podia-se ver as estrelas lúgubres. O que está acontecendo Senhor?
Deus me ajude.
Sentia medo, muito medo daquelas coisas espirituais que eu não sabia definir o que eram mas estavam aí. Me sentei num canto, encolhida...
— Não tenha medo! — reconheço logo a voz.
— Carol?? — levanto, sua figura trajada de branco junto a Heaven parecia tranquila. Os cabelos pareciam mais brancos. — Eu tive tantas saudades. — falo, sentia um alívio por saber que ela estava bem. Queria correr para abraçá-la.
— Não se aproxime! — ela diz autoritária.
— Porquê não? Você não sentiu a minha falta? — pergunto já chorosa.
— Você não quer me ver... Não assim!
— Assim como Carol? — falo dando dois passos.
— JÁ DISSE PARA FICAR ONDE ESTÁ! — foi como ouvir um trovão, ela não gritou mas o timbre da sua voz era diferente, os cavalos relincharam e lá fora uivos de lobos foram ouvidos. Paro petrificada... essa na minha frente não é minha Carol. — Por favor Nihara, eu só preciso que me ouça!
— Eu não compreendo, o que está acontecendo?
— Preste atenção. — ela fala agora com a voz mais comedida, começa a passar as mãos em Heaven. Em nenhum momento ela virava o rosto para mim. — Desfaça a sua mala, você não pode sair de Raven Ayes...
— Como sabe de Raven Ayes?
— Eu sei de tudo agora Nia. Se você sair daqui, a minha filha irá perder para sempre sua essência. A Maddie precisa do seu amor, agora mais do que nunca, se for embora, ela crescerá e se tornará numa pessoa horrível. — isso só podia ser uma pegadinha de Nora. Sorri amargamente, dessa vez ela passou dos limites!
— Do que você está falando? — essa louca não é Carolinne! — Porquê você não vai buscar ela, porquê deixou ela com Thomas?
— Eu não posso... não posso... — a Carolinne que conheço jamais se mostraria fraca nunca situação como essa. Me volto prestes a abandonar os estábulos, antes de chegar na porta sinto uma mão me apertar forte o braço.
— Ai, Carol!! Mas o quê... ?
— Eu já não sou a sua Carol... — meus pés andam pra trás eu caiu com a b***a no chão, o meu coração se parte em dois... essa.... A coisa que está na minha frente sequer é humana. Eu tento falar mas a minha voz não sai.
Caí da cama, completamente apavorada... desolada é a descrição. Ainda estava com a minha camisola nas mãos, deviam faltar pouco para o sol nascer. Trêmula vou até ao banheiro, passo água fria no rosto tentando me acalmar, olho minha imagem no espelho.
— Foi só um sonho, foi só um sonho, foi só um sonho. — repito várias vezes as mesmas palavras como se assim fosse esquecer tudo que vira.
Volto para o quarto, tiro a camisa e as calças que usava, peguei minha camisola de dormir, ao vestir sinto uma dor ligeira no local onde o aquela coisa apertou durante o pesadelo horrível. Meu braço tem manchas escuras formando os quatro dedos. — Não é possível que... não-não...
Larguei tudo, e saí daquela casa correndo e chorando muito, meu peito arfava, um dos policiais tento seguir-me mas eu embrenhei-me pela floresta ele acabou por perder o meu rastro, cada metro percorrido os pinheiros tornavam-se cada vez mais altos, me senti incapaz de gritar estava perdendo o ar. — Não posso morrer agora, Maddie precisa de mim. — Pai Santo, dói tanto, dói...
Não sei como lembrei o caminho a percorrer para chegar a essa cabana, meu senso de orientação é demasiado destorcido, talvez a dor nos leve a lugares inimagináveis. Caí de joelhos bem na porta, meus braços são levantados e eu não faço nada se não me jogar em seus braços e desabar.
— Calma! — sua voz é branda mas firme, o seu afago é como um raio de sol no inverno. Os meus soluços aumentam, Edward me põe no colo e caminha até o interior da sua casa. Senta e eu sigo chorando amarguradamente. Seus braços envolvem o meu corpo encolhido no seu colo, parecendo uma criança. — Shiiiiii, calma. Vai ficar tudo bem!
— Não vai... Não vai... — falo chorosa.
— Me conta, o que aconteceu? — fungo o nariz me lembrando de como fui para em Raven Ayes.
— Um dia, algumas garotas contaram aos pais que o internato me mantinha lá como todas as outras alunas ricas, usufruindo das "regalias" que deviam ser de outras estudantes...eu estava tirando o direito de uma menina rica em se formar na melhor escola da região. Fui expulsa, sem ter onde ir... Carolinne fez uma viagem de várias horas para ir buscar-me, me prometeu que estaríamos sempre juntas, sempre!! — volto a chora ao lembrar de como ela cuidava de mim, ela tinha mudado, andava mais triste, perdera seu brilho mas era a minha Carol e eu a amava com todo o meu ser.
— O que aconteceu? — ele volta a perguntar.
— A CAROL MORREU!! — grito. — Ela morreu... e não há nada que possa fazer! Por mais que eu chore, grite ou sinta minha alma doer... ela não vai voltar!
(…)
Fodshan , (Cheshire) Agosto 1978
Por um momento fiquei cego pelo prazer de tê-la comigo, cheguei a imaginar em como seria se invés de só estar aplacando o seu desejo, estivesse também saciando a vontade desenfreada que tinha em estar socando forte na sua b****a. Embora não sentisse nada, minha boca chegou a salivar de desejo por mais, eu só precisava um pouco daquilo, um pouquinho só! Acho que ela é daquelas mulheres que proporcionam uma noite inesquecível... Ah Nia... o que eu faria contigo se eu não fosse tão perigoso. — m*l via a hora de poder experimentar novamente o seu pote de mel. — Ri baixinho de satisfação. — Fiquei feliz com aquele bocado. — confesso.
Tomei banho, mas mesmo assim meu p*u continuava duro e doendo como se fosse um adolescente. Voltei para sala, em cima da mesa ainda estavam os papéis com anotações de tudo que descobrira sobre minha família... pensei na pantera n***a curiosa. — Ela não deve ter visto nada. — Fiquei vagueando pela cabana que nem alma penada. Saber que eu não era o louco que todos achavam era um alívio, embora eu próprio tenha duvidado da minha sanidade, sabia que dentre todos eles, o louco não era eu!
Toda fortuna reunida ao longo de gerações, absolutamente tudo, foi alcançado tendo como bases uma coleção de cadáveres, pessoas inocentes... A família Wrigth foi respeitada e ovacionada como uma das mais promissoras, sendo que por onde passava deixava um rastro de mortes que ao longo dos anos foram perdendo a conta. Nunca ninguém teve coragem de buscar a verdade, os que se atreveram tiveram um destino terrível. — Porque nunca desconfiei do meu pai? E a minha mãe... como uma mulher teve coragem de compactuar com algo tão baixo e c***l? — Thomas foi o único que mostrou para mim o seu verdadeiro ser. Podia fingir para todos, menos para mim. E pensar que tudo, completamente tudo, esteve minuciosamente traçado desde o início. Fecho os olhos lembrando de Thomas e meu pai...
— Mas Edward é quem será Duque papai! — Dissimulado, manipulador, egoísta, ASSASSINO!...
— Seu irmão terá outro destino...
— MENTIROSO!!! — grito jogando o copo na parede fazendo o mesmo cair em mil pedaços no chão. Não tinha mais ninguém a quem direcionar minha raiva, eles mentiram-me a vida toda, o meu pai, a minha mãe e a única verdade é a que eu mais desejava que fosse mentira, eu era filho dos dois seres humanos mais cruéis que eu tive o desgosto de conhecer. — Devia ter sido trocado no hospital! — Sorrio amargurado.
Eles diziam que a dor serve para nos proteger, que é a coisa mais generosa do mundo, mas eu nunca iria perceber essa lógica, não havia lógica sequer! ... Passei por coisas inimagináveis que não desejaria nem ao meu pior inimigo. Então não! Não tem como acreditar que a dor nos sirva como escudo.
(...)
A noite morreu e um novo dia renasceu, fiz a minha higiene e fui até a vila, não havia telefone na cabana. Inicialmente ela foi projetada apenas para caça, o meu pai trazia-nos para caçar. Quando ele morreu, tudo passou para o meu nome, eu nunca gostei de Fodshan e muito menos dessa cabana, mas o meu subconsciente como se estivesse me preparando ou prevendo o meu destino, antes de Thomas se juntar a Amanda e armarem contra mim, mandei remodelar. O meu irmão era demasiado "requintado" para estar num lugar sem energia elétrica, podia ser sanguinário, mas gostava demasiado do seu conforto.