Capítulo vinte: Eu já vi você.

1419 Words
Tudo naquela cabana exalava a luxúria, a luz fraca das velas, a música tocando baixinho, os lábios úmidos e vermelhos do homem mais lindo e sensual que já vira e eu me recuperando do segundo melhor orgasmo naquela noite. Minha cabeça descansava no seu ombro, suas mãos quentes me afagavam como se eu fosse a coisa mais preciosa que ele tocava. Os meus olhos estão pesados e eu me sinto cansada. — Não dorme Nia. — Edward levanta e vai até a janela. — A chuva parou, vou levar-te a casa agora. — estava completamente fascinada com a beleza e presença desse homem. Era intimidante, se antes já fazia minhas pernas tremerem, agora parecia estar à beira de ataque do coração. Minha mente diz para os meus olhos se fecharem e acabarem com a sensação estranha que estava sentindo, mas minha boca é mais rápida que eu. — Eu já vi você! — digo depois de baixar minha saia e apanhar minha calcinha. O sobrolho unido e a barba bem aparada se enquadravam perfeitamente no seu rosto. A calça jeans surrada, a camiseta preta... Ele não era nenhum coitado como eu era, Edward era rico e tirando as tatuagens, em nada se parecia com um fora da lei. Por isso, tudo naquela cabana irradiava luxo. — Ah é? — murmura. — É o homem da mercearia. Sabia que estava me seguindo! O que você quer fazer comigo? — pergunto e ele pigarreia, a sua indiferença nunca passou despercebida por mim. Claro que um homem desses lindo, nunca estaria seguindo uma mulher como eu aleatoriamente. — O que você quer de mim? — reformulo. — É uma mulher incrível Nia. Não devia ter esse tipo de pensamentos ou sentimentos por si própria. — fala me oferecendo a mão, me levanto com a sua ajuda. — É deprimente. — É inevitável, não nasci com a pele alva, não tenho cabelos longos e muito menos possuo uma beleza estonteante. — ninguém imagina como é difícil uma garota n***a crescer no meio de caucasianas a fazendo o tempo todo se sentir que ali não era o seu lugar... bem, não era! Mas eu não tinha mais para onde ir. — O que quer que eu lhe diga? — pergunta passando as mãos pelos cabelos. — Não sou muito diferente de Jasper ou de qualquer outro habitante desse inferno! Sou um outro tipo de monstro. — Me joga a manta que eu coloco por cima dos ombros. — Não! Você apenas finge se importar...—vejo nitidamente como ficou tenso com a minha resposta, seus músculos retesaram e os olhos pareciam negros. — Desejar você nunca fez parte dos meus planos! — aquela confissão pegou-me de surpresa. — Sim, eu desejo possuir você de formas tão erradas... E não consigo saber ao certo se esse desejo é meu ou é seu! — Não compreendo... — falo confusa. — Nem eu compreendo! Só fique longe de mim. — murmura de lábios cerrados, sentia o quão aturdido estava e parecia carregar consigo todo o peso do mundo. Reconhecia o olhar que me lançava, era o mesmo de uma pessoa que havia perdido tudo que tinha de importante na vida. O melhor que posso fazer, é ficar longe dele. — Por favor, quero ir embora... — peço. Fizemos o trajeto de regresso à mansão num silêncio ensurdecedor, e claro, ele tinha voltado a colocar a máscara. Passei pelos policiais e encontrei Nora deitada na minha cama, ao notar a minha presença quis levantar, disse a ela que podia continuar dormindo, eu me deitaria no chão. — A garota parece um touro bravo dormindo! Não queria pensar no que estava acontecendo, nem mesmo no porquê de estar triste por conta de um homem que obviamente não vê nada em mim. Como poderia ver? Eu sou tão sem graça e ele é... Deus! Ele foi a única pessoa que fez efetivamente alguma coisa para me proteger. Claro que foi c***l em castrar Jasper, mas ele o fez por mim. Porque razão o faria? (…) Amanheceu gelado, o sol aparecia timidamente no horizonte. Dei graças a Deus por finalmente ver a luz solar. Madre Lilian sempre dizia que não havia nada melhor que uma noite bem descansada para que o dia corresse bem, que o nascer do sol no horizonte, era como uma promessa de Deus de que tudo ficaria bem. Desafortunadamente, não tive uma boa noite, sequer dormi! Cada vez que fechava meus olhos, sentia o cheiro dele, voltava para cabana no meio da floresta, meu corpo aquecia só de lembrar nas duas piscinas azuis... Foi horrível, sentia-me exausta com uma tristeza que parecia infinita. Levantei da cama, fiz a minha higiene, procurei por Nora, a mesma já não estava, tinha deixado recado com a moça da limpeza. Fui a vila. — ao menos deixou o café pronto. Após o café, fui aos estábulos, os cavalos estavam agitados, e parecia que os corvos voltaram com força a Raven Eyes, no trajeto vi alguns sobrevoando.. — Aquilo não devia ser bom. —Heaven.... shhhhiii... calma garota! O que você tem? — falo passando a mão na crina sedosa, era um Cavalo Hunter, tinha aparência distinta em relação ao Sky e o Woods. Possuía o peito profundo, pelagem sedosa, era o mais rápido e audaz dos três, com a constituição robusta e geralmente também é o mais calmo. Por ser o cavalo de Carolinne, Heaven tem boas maneiras. Não compreendia porque estava agitada e dava a impressão de estar chorando. — Pelo amor da Santa! Cavalos choram? — Senhorita Nihara, a Senhora Ella está ao telefone. Pediu para chamá-la. — Obrigada Jonny. — vou correndo até a mansão, estava ansiosa por essa chamada. Tinha saudades dela e queria notícias da minha amiga. — Tô, Ella? — Senhorita Nihara. Como estão as coisas aí? — Estão bem, como você está? Quando vai voltar? Sabe de Maddie e Carol? — se faz um silêncio no outro lado da linha. Ouço ela suspirar. — Bem, eu estarei voltando com o patrão amanhã. A menina Maddie estará de volta no fim do mês... — E Carol? — Temo que a senhora não irá voltar. Ficou na Grã Bretanha com a família. Não tenho muito tempo, liguei para que você e Nora deixassem tudo pronto para o nosso regresso. O patrão está um pouco fragilizado por conta da separação, o seu humor está pior... — Ella você sabe se Carol está bem? E o número de telefone da família dela? — Preciso desligar... — Mas eu... — antes que eu terminasse minha frase, Ella desligou. Tinha um mau pressentimento, não gostava de como Carolinne estava fazendo as coisas, eu só estava nessa casa por causa dela e de Maddie. Se ela estava com a família porquê não ligou para aqui uma única vez? Será que tem falado com Maddie em Cumberland? — O que está fazendo agarrada a esse telefone? — p**a que pariu! — Essa louca parece se divertir me assustando. — Porquê chega sempre sorrateira? — E depois a medrosa é a Nora! Com que estava falando? — Com Ella... — Já sabes quando os patrões irão voltar? — parece uma adolescente esperando pelo namorado. O certo era que agora ela podia finalmente se tornar na senhora da casa. — Só volta o Sr. Thomas e a Ella. Ao que parece, Carolinne irá se separar do patrão. — Quando? — pergunta rindo, depois tenta emendar limpando a garganta e fingindo preocupação. — Digo, porquê? — Não sei! — murmuro derrotada, abandono a sala de volta ao meu quarto. Não sabia o que fazer, deitei na cama fechando os olhos tentando pensar, entretanto o sono que não tive na noite passada se fez presente e eu acabei dormindo. Acordei, já não ouvia o barulho de ninguém, normalmente a casa durante o dia é bastante movimentada, tem sempre muitos empregados a circularem mas não ouvia nem o barulho da insuportável da Nora cantando. Levantei indo até a cozinha, encontrei ela e os dois policiais que faziam ronda na mansão, pareciam estar a ter a melhor das conversas. Voltei para o meu quarto, eu não cabia lá, não cabia nessa casa, não cabia nem em lugar nenhum. Peguei a pequena mala que trouxera do internato, havia tomado uma decisão, ia embora de Fodshan, sem Carol sem Maddie, eu não estava fazendo nada aqui, a minha missão era cuidar e dar aulas a uma criança, fazer companhia a Carol e nesse momento não havia nenhuma das duas. CONTINUA…
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