CAPÍTULO 7

1900 Words
7 Chegara o tempo do grande banquete em comemoração aos seus vinte ciclos de vida. Nesse ponto em diante, a qualquer momento, suas dádivas podem se manifestar e ele ser encaminhado para uma das quatro tribos.  Seu pai não economizou esforços para com o grande dia de seu primogênito e um banquete fora organizado para comemorar esse dia mais que especial. Para Natan era só mais um dos chatos banquetes que seu pai usava para celebrar com os amigos mais íntimos e elfos importantes de todas as tribos. –– Mãe –– falou ele. –– Poderia deixar-me sozinho por um curto período de tempo. Anna por sua vez voltou a mexer aqui e ali nas vestes de Natan e deixou-o sozinho realizando assim a v*****e do filho. –– Buscarei seu pai e quando nós voltarmos, iremos para o pátio central, todos juntos. Natan assentiu com a cabeça e mostrou um largo sorriso para a mãe. Retribuindo com um beijo no rosto do filho Anna saiu do aposento. Ele ficou parado olhando para sua imagem durante um bom tempo. Concentrava-se somente em sua respiração. Tentando, de todas as maneiras, impedir que seu nervosismo ficasse demonstrado em seu rosto. Natan ouve batida sucedida na porta. Chegou o momento mais aguardado do ciclo atual. O vigésimo ciclo de vida do herdeiro de Elf Regnum. Respirando mais uma vez ele abriu a porta e recebeu seus pais com outro sorriso. Rei Neven Patrício estava usando uma longa manta num tom claro de verde e tendo toda a costura fios de prata. Sua coroa de ouro incrustada de jasmins verdes estava no alto de sua cabeça e um sorriso sincero jazia estampado em seu rosto. Por sua vez Anna estava com um longo vestido em um verde mais escuro intercalando com tons de marfim. Também fora costurada com fios de prata que davam uma aparência única a ela. Sua coroa era mais discreta que de Neven, menor e com poucas pedras. Seus olhos, cor de âmbar, estavam resaltados com os traços pretos feitos especialmente para aquele dia. Um longo colar de ouro estava envolto em seu pescoço. Juntos eles caminharam por alguns corredores até chegarem ao pátio central do castelo real. Chegando lá tudo estava diferente do normal. Várias decorações se faziam por todo o lado. Muitos e muitos elfos estavam espalhados pelo pátio, sentados em pequenas mesas que foram cuidadosamente distribuídas pelo local ou em pé dançando ao som dos instrumentos dos duendes. Assim que a família real chegou ao local da festa todos pararam para fazer referência à família real: a música cessou juntamente com a dança, as conversas que tomavam pequenos grupos animados também chegaram ao fim e até os duendes que serviam tipos diferentes de patês e bebidas pararam de trabalhar. Neven abriu um largo sorriso para todos. –– Podem aproveitar, porque hoje é dia de festa –– pronunciou o rei recebendo os primeiros convidados. Um casal da tribo Aqua, com sua filha. Uma elfa com longos cabelos negros, lisos como um véu contrastando perfeitamente com a pele branca como arabasto e seus olhos verdes como a água do grande mar. As vestes da tribo Aqua eram diferentes em tudoquando comparadas com as roupas da tribo Aeris. O tecido usado por eles era do mais delicado que existia. Em tons diferentes de azul e branco, pareciam mantas. –– E está é a linda Hannah Burnier –– disse Neven apertando a mão da menina. Ela esboçou um rápido sorriso e novamente se fechou. Era visível que ela estava tão incomodada de estar ali tal como Natan. Hannah usava um vestido todo azul bebê, as mangas longas cobriam todo o braço, ocultando grande parte das mãos. Enquanto seus pais conversavam, Natan trocou um rápido olhar com Hannah. Mas a elfa desviou sua atenção em questão de instantes, deixando de alguma forma o jovem príncipe constrangido.  A música voltara a tocar. Apesar de alguns seguidores assíduos do rei o acompanhara de perto. As festividades voltaram a acontecer. E todo o povo voltou-se a se alegrar. Porém Natan continuava com o mesmo humor. Enquanto caminhava ao lado do pai e da mãe falando com todos os elfos que sequer recordariam o nome depois do término do banquete. Natan estava cansado. Todo evento realizado pelo seu pai era exatamente o mesmo do anterior. Praticamente os mesmos elfos, a mesma comida preparada pelos duendes, a mesma música também tocada por duendes. Tudo exatamente idêntico. Até a tão esperada dança entre Anna e o Rei era praticamente igual, com diferença de pouquíssimos passos. Porém Natan acreditava que somente aquilo seria diferente pela primeira vez em muitos ciclos. A tão aguardada dança não se realizaria entre Anna e Neven como todos os outros banquetes e sim entre Natan e a elfa que seria sua escolhida da noite. Agora que ele chegou a maior idade e logo desvendará o que o destino reservou para ele. É sua vez de dançar para todos os presentes. Contudo, antes o discurso do Rei: –– Caros amigos elfos e elfas de todas as tribos. Duendes e demais presentes. Hoje estamos aqui para comemorar. Festejar a vida como sempre. A paz que tomou conta de toda Elf Regnum com elfos muitos queridos por mim e por minha família. Porém hoje é um dia muito especial. Muito mais do que o normal. –– o rei estava parado no centro do pátio, ao lado direito, encontrava-se Anna e ao lado esquerdo – ainda de cabeça baixa – Natan. “Hoje, meu filho Natan, está completando seu vigésimo ciclo de vida. E todos nós sabemos como isso é importante na vida de qualquer elfo. Mais cedo ou mais tarde – não tardando espero – chegará o momento do destino do meu primogênito se revelar. Lembro-me perfeitamente o quão difícil foi o nascimento de meu filho. Dos curandeiros expulsando-me do quarto de minha esposa. De eu andando de um lado para o outro  durante todo o tempo. Ouvindo os gritos até que finalmente o choro do meu filho, o choro de Natan. E hoje – vinte ciclos depois – estamos aqui comemorando o dia dele; o dia em que me tornei mais feliz, finalmente... completo.” Muitos aplaudiram entusiasmados. Neven se aproximou do filho e o abraçou demoradamente. Natan deixou sua cabeça pousar no ombro de seu pai por um tempo. Esquecendo-se da vida que nunca pedira e que, sinceramente, ele detestava. –– Então agora chamo Natan, meu filho, para ir ao encontro de uma das muitas jovens elfas que estão no local hoje e convidá-la para uma dança. A primeira dança dele, como um elfo chegando à maturidade –– disse o rei depois de desvencilhar do filho. Natan deu alguns passos tímidos na direção das elfas. Ele odiava esse tipo de atenção desenfreada que recebia por ser filho do rei. Ele teve de se concentrar em sua respiração para se acalmar e o impedir de sair correndo para o mais longe que pudesse ir. E mesmo com esse sentimento que o corroia, ele continuou firme e seguiu seu caminho. Natan se lembrou da voz de seu pai soando como um eco em sua cabeça. Do conselho que dera há tempos entre uma flechada e outra: –– Meu filho, seja educado com as jovens elfas de nossa tribo. Quando você for convidado a escolher uma dessas jovens para dançar, escolha uma de nossa tribo. Isso será visto com bons olhos por todos, não somente dos elfos de Aeris, mas pelos elfos das outras tribos também. –– Sim pai –– disse ele pondo um fim da conversa. Acertando mais uma flecha no alvo azul à distância. Então ele ergueu a cabeça e olhou a sua volta. Várias elfas Aeris estavam espalhadas pelo pátio central do Palácio Real. Muitas delas esboçando largos sorrisos envoltos de esperança para Natan. Porém seus olhos pousaram naqueles olhos verdes que olhava para ele representando total tédio. Ele seguiu determinado em direção a Hannah, passando por várias jovens que ficaram frustradas. Natan não pensou sequer em olhar para trás. Uma coisa que o rei não conseguia fazer era esconder seus sentimentos. Sua mãe era melhor nisso que ele. E Natan puxou a ela, inclusive nisso. O príncipe parou em frente à Hannah, a elfa Aqua, decidido. Estendendo a mão direita para ela, ficou ali parado por um curto período de tempo.  Hannah, por sua vez, olhava para a mão de Natan. Ela não conseguia acreditar que ele fizera isso com ela. Não dando escolha a ela para pensar, já que sua mãe já dera dois pequenos empurrões em suas costas, incentivando-a a aceitar o convite do príncipe. Foi aí que Hannah segurou a mão de Natan e deixou que o herdeiro de Elf Regnum a conduzisse até o centro do pátio, ficando na frente de todo o reino. A música voltou a tocar e os dois começaram a dançar. Com o tempo ambos influenciados pela música dos duendes se envolveram de tal maneira como se já se conheciam há ciclos. Depois das três músicas obrigatórias, Natan se afastou com Hannah, se aproximando da longa mesa que estava cheia de comida distribuída por toda sua extensão. Dois Duendes estavam parados ali servindo as bebidas. –– Alguma coisa Senhor? –– perguntou um dos duendes com a voz arrastada típica da raça. –– Não, obrigado –– disse Natan. Então Natan e Hannah seguiram até a entrada principal do palácio real e vislumbraram do alto da montanha toda Elf Regnum. Desde a tribo Petram que era a mais próxima. Até a tribo Aqua banhada pelo grande mar salgado e a tribo Ignis envolta no grande vulcão e de seu lago de fogo. –– Por que você escolheu dançar comigo? –– inqueriu Hannah depois de um tempo admirando todo o reino. Verdadeiramente era uma vista de tirar o fôlego. –– Porque você parecia ser a pessoa mais entediada desse banquete. Na verdade, até mais entediada do que eu –– respondeu Natan sorrindo com sinceridade. Hannah abriu um sorriso para ele.  –– Até que gostei da dança. Para falar a verdade nunca dancei com ninguém. Foi uma ótima primeira vez, até conseguiu acabar com meu tédio por um tempo. –– Com o meu também. Antes dos dois falarem mais qualquer palavra. Anna e Ibi Burnierchegaram à presença dos filhos. –– Aí estão vocês –– disse Ibi se aproximando de Hannah. A semelhança entre mãe e filha era incrível. Mesmo não sendo igual a Natan e Anna. –– A dança de vocês foi sublime. Mas precisamos entrar. Vocês não podem ficar aqui fora, enquanto o banquete está acontecendo lá dentro. –– sua voz era um pouco fina demais. –– Então vamos voltar para o evento mais tedioso deste ciclo –– disse Hannah dando uma piscadela cúmplice para Natan Patrício. Ibi, sua mãe, tentou repreendê-la e apressou-se em desculpar-se com a rainha, assim fora como ela se referiu a Anna. Por sua vez ela somente disse: –– Não se preocupe querida. Estou acostumada com atitudes assim em casa. Esses jovens não nos dão sossego. Ibi pareceu mais calma. Natan e Hannah Burnier voltaram para o banquete e lá ficaram até o final das festividades, volta e meia voltando a dançar, somente para se afastar dos pais e de outros elfos que julgavam chatos.
Free reading for new users
Scan code to download app
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Writer
  • chap_listContents
  • likeADD