Capítulo 2

1591 Words
ALISSON A convivência com Travis está cada vez mais insuportável. Ele implica comigo gratuitamente, até quando respiro. Se Zig não estivesse morto eu mesma o mataria por me colocar nessa situação. Já não basta ter chegado, e ser recepcionada com um show porno ao vivo e a cores no meio da sala. É um cafajeste mesmo. Ao contrário dele, os outros são lindos e simpáticos. Leon, por exemplo, é amável, até demais. O loiro é um tremendo safado e aqueles olhos verdes dele, são um verdadeiro perigo. Daniel é um moreno de tirar o fôlego, e muito reservado. Fagner é o mais lindo. Moreno, alto, forte, olhos castanhos, um sorriso encantador. Ele é o sonho de consumo de muitas mulheres, inclusive o meu. Ele e Travis são muito parecidos, embora Travis seja um arrogante e exibicionista. O tipo de amigo que Zig manteria por perto. Sinto uma dor no peito quando lembro que um maldito bêbado tirou meu irmão de mim. Nove meses após seu falecimento e não consigo superar. Tento me fazer de forte, mas a percepção que não o terei ao meu lado assombre-me, a dor é dilacerante. De certa forma, me obrigar a conviver com seus amigos, foi uma maneira que ele encontrou para me proteger e não me deixar sozinha. Enxugo algumas lágrimas da minha face, respirando fundo. Não posso deixar a tristeza me vencer. Sou Alisson Heart, sou forte como uma rocha. Esfrego meus olhos quando um rock pesado invade meus tímpanos. Pego meu celular debaixo do travesseiro olhando a hora na tela. São apenas sete horas da manhã. Arg!! Me levanto e saio do quarto procurando de onde vem esse som. O terceiro quarto, a porta está entreaberta, é de lá que vem essa melodia irritante. Entro como um furacão e paraliso ao ver Travis apenas de Boxer branca fazendo flexões no chão. Seus músculos se contraindo, atraindo a minha atenção. Fecho os olhos e conto de um até dez, mentalmente, tentando esquecer a visão do seu m****o bem-disposto pela manhã. Caminho em direção a caixa de som sobre sua cama e desligo. Imediatamente sinto uma presença atrás de mim e o exalar profundo de uma respiração quente em meu pescoço. Seus braços surgem de cada lado do meu corpo, prendendo-me no lugar. Aperta o botão, ligando-o novamente. Seu corpo suado se cola ao meu, ofego baixo, sem conseguir me mexer. — Não pode entrar assim, sem bater, pirralha. Não, no meu quarto.– Sussurra na minha orelha, e se aproxima ainda mais. Posso sentir o quanto está duro. Arregalo os olhos, horrorizada. — Você é nojento — O empurro conseguindo me livrar do seu agarre. Corro de volta para meu quarto passando a chave. Estou fervendo de raiva. Como uma pessoa pode ser tão babaca? Um tempo depois, ao descer as escadas e seguir para a cozinha, o encontro apenas com uma calça de moletom, cinza. Seu abdômen bem definido, seu peitoral rígido. Desvio meu olhar rapidamente. Ouço seu sorriso convencido, quando passo por ele e tento me controlar para não soltar o verbo. Sei que sua intenção é clara: me provocar. Só não entendo o motivo de tamanha implicância. Estou preparando um sanduíche quando sinto sua presença atrás de mim. Seu cheiro de loção pós barba, picante, instigando os meus sentidos. Prendo a respiração, não quero ficar com seu cheiro gravado em minha mente. — Bom dia, Alisson! — Sussurra próximo a minha orelha esquerda. Solto um breve som de desgosto. Travis se afasta com um sorriso satisfeito nos lábios. Me viro para ele com meu sanduíche de peito de peru em punho. — Só se for para você. — Resmungo subindo novamente as escadas. Vou direto para meu quarto respirando fundo. Sento na cama king size olhando atentamente cada detalhe. Tudo está como ele deixou. É admirável que seus amigos preservaram o quarto com todas as suas coisas. A estante com alguns troféus do tempo de capitão de futebol no colegial. Livros. O closet, o mural com muitas fotos. Sorrio ao vislumbrar algumas minhas. Sempre fomos muito unidos, e ver meu sorriso ao seu lado me faz perceber que meu irmão era o meu mundo. Pego uma, que estamos abraçados em volta de uma fogueira. Zig me levou para acampar em uma montanha, me lembro que odiei a ideia a princípio, mas ele me convenceu do contrário e foi o dia mais feliz da minha vida. — Alisson, tenho que sair. Vê se não coloca fogo no apartamento. Travis surge na soleira da porta, mas ao perceber que estou olhando para as fotos, se aproxima. — Ele dizia que esse era o mural da felicidade. Tudo e todas as pessoas que contribuíram com sua felicidade, estão aqui. Ele sorri pegando uma foto dos dois juntos. Na imagem, Travis e meu irmão, exibem um sorriso radiante, rodeado de mulheres. Coloco minha foto de volta ao seu devido lugar, olhando para Travis, observando como seu maxilar está apertado. — Eu não sei se vou aguentar viver sem ele. Eu… Travis olha-me ternamente. Seus braços fortes me envolvem para a minha surpresa, ele me abraça suspirando. — Eu sei o que você está sentindo. E não posso ajudá-la a se livrar dessa dor. Mas seu irmão não ia gostar de te ver assim, força, pirralha. — Sussurra, esfregando minhas costas lentamente. Descanso minha cabeça em seu peito, me agarrando ao fino tecido branco da sua blusa. Seu cheiro novamente é um aroma que não é fácil de ignorar. Ouço seu coração retumbar em minha orelha e me sinto estranha com o seu toque. Me afasto sorrindo minimamente. — É… obrigada. — Vou tentar. Ele encolhe os ombros e parece desconfortável com o que acabou de acontecer. — Certo. É… tenho que ir. — Murmura se afastando. — Se cuida! Passa pela porta como um raio e não consigo entender o que foi isso. Ainda mais por sentir sinceridade em seu gesto. A noite chega e com ele o tédio. Não tenho amigos com quem possa sair para me divertir ou jogar conversa fora. No antigo apartamento onde morava, Helô, minha vizinha de 62 anos, era uma espécie de amiga conselheira. Confesso que sinto sua falta e pretendo lhe fazer uma visita em breve. Começo a zapear os canais da tv, quando um quarteto muito animado surge na sala. Todos muito bem vestidos e cheirosos. Fico hipnotizada olhando para a perfeição que é Fagner. Com uma blusa azul de mangas, colada em seu peitoral, confirmando a sua boa forma. Um jeans azul que não deixa nada para a imaginação. Seus fios negros bem alinhados em um corte lateral. — Quase escorrego em sua baba — Travis sussurra se sentando ao meu lado no sofá. Olho para ele sentindo minha vergonha colorir a minha face. Seus olhos brilham malícia pura. Ele toca o canto dos meus lábios com um sorriso debochado. Afasto sua mão com um tapa. — Se tocar em mim novamente, eu arranco seus dedos. Ele ergue uma sobrancelha e passa seu braço direito sobre meus ombros. Seu cheiro queimando minha pele. Retiro seu braço dos meus ombros observando o decote V da sua blusa preta, expondo seu peitoral bronzeado, e algumas tatuagens. Meus olhos deslizam um pouco abaixo do seu abdômen e me seguro para não gritar. Esse cara não tem filtro? Droga! Tenho que parar de checá-lo. — Você tem que parar de fazer isso, pirralha. — Sussurra baixo, brincando com uma mecha do meu cabelo. Franzo o cenho. — Não sei do que está falando. Ele se aproxima, roçando as pontas dos dedos em minha coxa, subindo lentamente, descansando-os no elástico da minha calça de dormir. Minha respiração acelera, e seguro seus dedos com os olhos arregalados. — O que pensa que está fazendo? — Sussurro baixo, olhando de soslaio Daniel, Leon e Fagner conversarem na cozinha. — Te provando que você sabe muito bem o que estou falando. — Você é um… — Travis, quer uma carona? — Daniel, interrompe. Travis se afasta rapidamente e faço o mesmo, indo para a ponta do sofá. Leon nos olha com uma certa desconfiança. Tento ignorar a sensação de estar queimando em uma fogueira. — Alisson, ficará bem? — Fagner pergunta e assinto, evitando o olhar intenso de Travis sobre mim. Arg! Seu sorriso presunçoso, perturbando minha mente. — Qualquer coisa, é só ligar. Anotei nossos números de celulares, estão em cima da bancada. Sorrio. Fagner é um fofo. Travis revira os olhos. Eles se despedem e não me surpreende quando ele é o último a sair. Ele me encara balançando a cabeça. — Desiste. Fagner não é para você. Cruzo os braços, irritada. — Posso saber porquê? Ele se aproxima ficando a centímetros do meu rosto, respirando suavemente. — Ele curte mulheres mais velhas — Murmura, e se afasta. Ergo o queixo, por dentro, me sentindo humilhada. — Aliás, todos nós aqui, gostamos de mulheres… mais experientes. Um sorriso malicioso se espalha em meus lábios. — Ah, é? — Decido tirar a prova. — Você tem certeza disso? — O encaro e o vejo engolir em seco quando deslizo uma fina alça da minha blusa rosa de dormir para baixo, revelando uma parte mínima de pele do meu seio direito. Solto uma gargalhada sonora e Travis desvia o olhar com um grunhido irritado. Sai pisando duro, batendo a porta com força. Me jogo no sofá com uma risada histérica. Pelo visto, Travis provará do seu próprio veneno. Olá, meus anjos! 2° capítulo, postado com sucesso. Espero que gostem! Beijos e até breve!
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