Prólogo

405 Words
Alissa — Por que você sempre faz isso comigo? — não sei ao certo se é um tapa ou um soco, mas é forte o suficiente para me jogar no chão, encolho-me no canto da porta e abraço meus joelhos em uma tentativa falha de me proteger. — Essa resposta é simples Alissa, você tirou sua mãe de mim, ela não foi forte o suficiente para te abortar e acabou morrendo no parto, você tirou a única mulher que amei, e continuei amando-a mesmo quando me traiu com seu pai. Depois de tantos anos finalmente consigo compreendê-lo, William sente saudades de minha mãe, sua dor o deixa cego, porém ele não entende que eu também tenho meu sofrimento, eu não pude conhecê-la, saber que eu a matei é algo que irá me atormentar pelo resto da minha vida. — Você a tirou de mim e merece morrer Alissa — encolho-me ainda mais a cada passo em minha direção, William agarra meus cabelos e grito pela dor de sentir várias mechas de cabelo se soltando, percebo que ele está me arrastando para o porão e arregalo os olhos assustada, eu tenho medo de ficar lá embaixo sozinha, é escuro e frio, eu já deveria estar acostumada, pois já passei inúmeras noites no porão, entretanto sei que é impossível me acostumar ao medo. Ele abre a porta do porão e me joga, rolo escada abaixo e minha cabeça encontra o chão, gemo de dor e coloco a mão na cabeça, encontro uma pequena quantidade de sangue em minha mão, contudo acho que não é nada preocupante. Passo a noite com medo e frio, não ouço barulhos indicando que William está em casa, eu tenho medo que ele tenha saído e volte dias depois deixando-me aqui sozinha e com fome. Não sei exatamente quanto tempo estou aqui, não consigo ter noção das horas, mas em algum momento a porta abre, cautelosamente subo as escadas, isso pode ser alguma brincadeira de William para jogar-me novamente das escadas, mas quando chego no topo apenas encontro o silêncio. Dou pequenos passos tentando não fazer barulho e chego a sala, encontro William e fico em choque olhando fixamente para a cena, dou vários passos erráticos para trás até que encontro a parede atrás de mim, meu coração bate descompassado, não consigo me mexer, apenas olho para a visão a minha frente atordoada. Não existe mais Willian, na verdade existem somente pedaços dele.
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