cap 01 indo passar férias no morro
[Bianca Aguilar - 19 anos]
Bianca Aguilar . . .
Guardei meus materiais do curso na bolsa e levantei prontíssima para
ir embora. Finalmente chegou o dia que mais esperei, o dia das férias do
cursinho de enfermagem.
-Vai viajar nessas férias?-Lohany perguntou.
Não sei porque eu só consigo pensar no Phineas e Ferb cantando 'São três
meses de férias, que passam de pressa'.
Não sei ainda, talvez eu vá visitar meu pai falei.
Saímos da sala e fomos caminhando pelo corredor da instituição.
Você podia ir passar uns dias lá em casa, sei lá –ajeitou a bolsa no
ombro.
-Na favela? -a encarei.
Sim, tem algum problema?perguntou.
Sim, todos!
- Não, claro que não-sorri sem graça.
- Então. me encarou. -Você vai?
- Não sei ainda, tenho tanta coisa para fazer menti. Também não
quero invadir sua casa tirar sua privacidade, longe de mim isso.
Qual é Bianca, eu aposto que a Sofie nem te conhece mais-cruzou os
braços. -Será que escolhi mesmo a madrinha certa para a minha filha?
A encarei com os olhos semicerrados.
- Mas é claro que escolheu meu anjo, eu sou maravilhosa joguei o
cabelo.
- Eaí, aceita passar um tempo na casa da sua migs? Sorriu.
Não vai ter nenhum problema, certo?a encarei. - Ninguém vai
querer me lixar, ou me espancar até a morte.. Me queimar viva.
Lohany colocou a mão no rosto e deu risada.
- Não amiga, relaxa - falou. - Lucca é sub dono daquela bagaça toda,
se você tá na nossa casa ninguém vai mexer com você.
Bom, já que eu moro sozinha e ninguém vai sentir minha falta, por
mim tudo bem falei.
- Achei que eu ia ter que te ameaçar-sorriu gentilmente.
Revirei os olhos.
-Vou em casa arrumar minha mochila, mais tarde a gente se encontra,
beleza?
Beleza - falou.
Você pode me esperar lá no pé do morro, quando
chegar lá você manda uma mensagem que eu desço pra te buscar.
Lá no pé do morro? a encarei. - Sozinha?
- Não é perigoso Bianca, tá achando que lá é o que?
Tenho medo de alguém querer me espancar porque eu sou muito
linda.
Lohany deu risada e me empurrou.
-Para de ser i****a, eles estão acostumados com pessoas bonitas porque
me vêem todo dia-piscou.
-Ui linda, desculpa-levantei as mãos. -Tudo certo então, se
roubarem meu iphone você vai me dá outro-falei. - Ainda tô pagando
esse.
- Se você quiser eu te dou até 10, agora vai logo!
Acenei para Lohany e me afastei dela ainda com um sorriso no rosto.
Caminhei pela calçada em direção ao meu apartamento.
Ao chegar no prédio onde moro, cumprimentei o porteiro e caminhei
pelo saguão, apertei o botão do elevador algumas vezes seguidas e esperei
ele descer enquanto cantarolava uma música qualquer.
Quando o elevador enfim chegou, entrei no mesmo e apertei o botão
do 7° andar, me encarei no espelho e balancei o corpo do ritmo do meu
show imaginário.
Entrei em casa fechando a porta e joguei a bolsa em cima do sofá, tirei
minha blusa do cursinho e caminhei até a cozinha. Coloquei água para
esquentar e caminhei em direção ao quarto.
Pisa mais que eu gosto, pisa pra doer, quando mais cê pisa, eu grudo
em você cantarolei.
Peguei minha mala em cima do guarda-roupas e joguei algumas peças de
roupas dentro, junto algumas coisas básicas de higiene pessoal.
Tirei minha calça a jogando em qualquer lugare voltei para cozinha,
coloquei o miojo na água fervente e fui em direção a sala, deiteino sofá e
peguei o controle da televisão procurando por algo interessante.
Logo após comer meu super almoço de princesa, joguei o prato na pia
para que eu possa lavá-lo qualquer dia.
Entrei no banheiro fechando a porta e tirei minha calcinha e sutiã, liguei
o chuveiro e deixei a água fria cair por minha cabeça.
Depois de todas as higienes feitas, vesti meu roupão e enrolei uma toalha
na cabeça, abri a porta do banheiro e saí.
Entrei no quarto e me joguei na cama para tirar um cochilo.
[...]
Abri os olhos devagar ao ouvir batidas na porta, sentei na cama e passei a
mão no rosto.
-Que saco! - murmurei.
Bateram na porta outra vez.
-Já vai d***o! gritei. Tá com pressa se mata, peste.
Me arrastei até a sala e abri a porta, a vizinha fofoqueira do apartamento
ao lado me encarou de cima abaixo.
-Menina, minha gatinha está ai?-perguntou enquanto tentava
bisbilhotar meu apartamento por cima do meu ombro.
Tá não minha tia falei sem paciência.
Tem certeza? - me encarou.
–Com certeza ela não está aqui.. sorri sem ânimo. Do jeito que eu tô
com fome, eu já teria feito um ensopado de gatinho.
Ele me encarou espantada e colocou a mão no peito.
Credo, meu Deus.. saiu se arrastando.
Bati a porta e me encostei na mesma segurando o riso extremamente
exagerando que tive vontade de soltar.
Pensando bem, coitada da velha!
Ah, coitada nada, ela é muito chata! Deve ser por isso que a gatinha
fugiu.
Caminhei de volta para o quarto e tirei o roupão, vesti uma lingerie
amarela e me encarei no espelho.
Eaí linda, tá solteira? pisquei.
Vesti um short jeans cintura alta e uma blusa preta, peguei o pente em
cima da penteadeira e desembaracei o cabelo. Fiz uma make rápida e
passei perfume, peguei meu celular e tirei uma foto.
INSTAGRAM on
Foto . . .
Na rua é só certeza, por dentro é sÓ mistério.
Instagram off . . .
Coloquei o celular no bolso da frente do short e peguei minha mala ao
lado da cama, saí do quarto fechando a porta e fui em direção a sala.
Caminhei pelo saguão puxando minha mala assim que a porta do
elevador se abriu, alguns hóspedes que estavam vagando pelo saguão
logo voltaram suas atenções a mim.
Joguei o cabelo para o lado e saí do prédio.
Vai viajar srta. Aguilar? 0 porteiro me encarou.
-Vou passar um tempo na casa da minha amiga -sorri.
Bom passeio acenou.
Caminhei até a calçada e bati no vidro do carro, o motorista do uber
desceu e colocou minha mala no fundo. Entrei no carona da frente e
coloquei o cinto, o motorista entrou logo em seguidae deu partida assim
que lhe passei o endereço.
Encostei a cabeça no banco e fiquei encarando a janela enquanto mexia
nas pontas do cabelo.
Depois de alguns minutos ele estacionou o carro.
Chegamos!falou.
Desci do carro fechando a porta e ele desceu logo em seguida para tirar
minha mala do fundo, paguei a corrida e arrastei minha mala até o pé do
morr0.
Encarei a ladeira e só então caí na real de que realmente estou aqui
arriscando minha vida.
Deus me segura porque eu vou sair correndo -sussurrei.
Peguei o celular no bolso e mandei mensagem para Lohany.
Tô aqui, desce rápido porque eu vou chorar |/ Babi
Em questão de segundos ela respondeu.
Calma, tô descendo |/ Lohany
Coloquei o celular no bolso e sentei no degrau das primeiras escadarias
antes da ladeira, puxei minha mala para perto e me mantive atenta a
qualquer movimento estranho.
Comecei a balançar a perna rapidamente tentando me manter calma,
odeio ter que esperar.
Passa o celular!
- Aah-gritei. Por favor não me mata, toma aqui meu iphone
novinho, ainda nem paguei todo, pode levar falei rapidamente.
- Meu pai amado, se controla Bianca - Lohany falou.
Graças a Deus é você-levantei e a abracei. - Eu quase tive um
derrame amiga.
- Tá doida?
perguntou.
Amiga, você sabe que eu nasci com defeito de fábrica. - saí do abraço
Eu tô com medo.
Na verdade eu nem sei de que tenho tanto medo, mas eu já ouvi histórias
a respeito das favelas. Dizem que queimam as pessoas vivas.
Para de idiotice Babi, vamos subir logo que esse sol tá de derreter os
silicones falou.
Dei risada e a acompanhei morro acima puxando minha mala.
Tinha muitos homens armados andando tranquilamente para cima
e para baixo, as pessoas presentes pareciam não se intimidar com a
presença das armas, muitas armas, umas até maior que eu.
Os bares pareciam competir pra ver quem tocava a música mais alta, as
meninas dançavam de forma totalmente escrota no meio da rua, chega
me dá vergonha.
As crianças corriam atrás de uma bola ladeira abaixo e as malditas
vizinhas fofoqueiras debruçadas na janela comentando sobre tudo que
viam.
- Já á chegando?-perguntei.
Falta pouco- disse.
Continuamos a subir enguanto recebíamos olhares curiosos das pessoas,
dei de ombros e continuei acompanhando meu anjo da guarda.
Depois de mais uns 5 minutos paramos em frente a uma casa verde com
plantas na frente e uma enorme calçada, do jeito que o pobre gosta.
-Já tô me vendo deitada nessa calçada.
Lohany deu risada e abriu o portão me dando passagem, entrei e ela
veio logo atrás fechando o mesmo. Adentrei a casa ao lado de Lohany e
larguei a mala perto da porta.
-Não liga pra essa bagunça, eu sempre arrumo esses brinquedos mas a
Sofie prefere eles pelo chão.
Tô acostumada com coisas jogas pelo chão.
Vou te mostrar seu quarto, vem.. - chamou.
Peguei minha mala e subi as escadas com ajuda da Lohany, caminhamos
pelo corredor e adentramos o último quarto.
Tem suíte? - perguntei.
O máximo que tu vai achar é um balde pra soltar o barro.
Dei risada e me joguei na cama.
Peguei minha mala e subi as escadas com ajuda da Lohany, caminhamos
pelo corredor e adentramos o último quarto.
perguntei.
Tem suíte?
O máximo que tu vai achar é um balde pra soltar o barro.
Dei risada e me joguei na cama.
Sua casa é bem bonita -falei encarando o teto.
-Obrigada amiga.. Sorriu.
- Pode colocar suas coisas nessa cômoda,
era minha!
Tá bom, quando eu tiver tempo eu desarrumo a mala.
Porque você nunca tem tempo!
-Ou seja, nunca disse.
-Você me conhece tão bem amiga, tô orgulhosa - sorri.
Lohany revirou os olhos.
-Vou preparar algo pra gente comer, não demora –falou.
- Pode deixar linda
mandei beijo.
Ela saiu fechando a porta.
Coloquei a mala em cima da cama e abri a mesma fazendo algumas
coisas saltarem para fora. . . .