02°

1215 Words
Clara Wilson Eu nunca imaginei que fosse pegar um caso tão complicado na minha vida, depois que eu saí da reunião com o senhor Reviera, vim direto para casa e me afundei no caso dele, estudando formas de como o livrar da culpa, e sim, eu acredito cem porcento na inocência do meu cliente. - Querida, relaxe mais, tire uma folga, assim você vai acabar ficando doente- Marcos fala alisando os meus braços em forma de carinho, e logo deposita um beijo no meu ombro. - Eu tenho que me concentrar aqui Marcos, esse é o caso mais importante da minha vida- fala tirando os óculos do meu rosto por alguns momentos. - Por isso mesmo, se você ficar doente não vai conseguir resolvê-lo - meu noivo me alerta e eu me levanto de onde estava sentada, indo encher a minha caneca de café pela sexta vez nas últimas três horas. - Eu conheço os limites do meu corpo querido, não se preocupe- falo e vou até ele lhe beijando- agora vá dormir, já está tarde e o seu dia amanhã vai ser cheio- falo fazendo um carinho eu seu rosto. Eu e o Marcos estamos juntos a dez anos, nos conhecemos na faculdade quando ele foi dar uma palestra sobre a área criminal, meu noivo é também dez anos mais velho que eu, ele é promotor de justiça do estado de São Paulo à cinco anos, se tornando em pouco tempo um dos melhores inclusive. - Boa noite meu amor, não demore a deitar, por favor- fala segurando o meu rosto e deposita um selinho em meus lábios. - Durma bem querido- falo lhe dando um último selinho e ele segue para o nosso quarto. Volto ao meu trabalho, leio e releio cada palavra do inquérito do senhor Reviera, faço algumas anotações no meu caderno, algumas modificações na minha agenda profissional, entro em contato com algumas pessoas da minha equipe e mais algumas outras coisas. Sou tirada da minha bolha com o meu celular tocando, olhos os dois aparelhos em cima da minha mesa, o pessoal e o profissional, o segundo citado está vibrando na mesa com a tela acesa, o nome "Sr. Reviera" brilhando na tela. - Boa noite senhor Reviera, algum problema? - Desculpe ligar tão tarde, mas estava pensando sobre o que a senhorita me disse durante a nossa reunião, uma das datas citadas no inquérito, eu não estava em São Paulo, estava resolvendo algumas assuntos profissionais em Brasília- fala e eu já trato colocar a chamada no viva-voz. - Espere apenas um minuto senhor Reviera, vamos conversar direito sobre isso, eu estou olhando algumas coisas do seu caso, o senhor pode me informar a data em questão?- pergunto já me endireitando na minha cadeira. - Trinta de outubro do ano passado- fala e eu já localizo a data nas minhas anotações. No dia trinta de outubro de 2022, o senhor Reviera teria supostamente jantado com um homem, que dias depois foi preso sendo acusado de ser um dos grandes nomes do tráfico humano, e isso teria sido em Nova York. - Dia trinta de outubro de dois mil e vinte e dois, o senhor teria sido visto e fotografado, jantando com um dos principais responsáveis pelo tráfico humano no Brasil, em um restaurante de Nova York- falo olhando atentamente para as minhas anotações. - Nessa data eu estava em Brasília. - O senhor teria alguma prova disso? - Não, mas acho que se fossemos até lá, talvez conseguiríamos alguma coisa- fala e eu confirmo com a cabeça, mesmo sabendo que ele não pode. Passei boa parte da minha noite em ligação com o senhor Reviera, aceitei a sujestão dele e marcamos uma viagem a Brasília, para daqui a dois dias, iremos passar uma semana lá coletando provas de que ele estava lá naquela data. [...] - Brenda, desmarque todos os meus compromissos para essa semana, eu irei fazer uma viagem de última hora- falo entrando no meu escritório junto a minha secretária. - Sim senhora, vai precisar de mim nessa viagem?- pergunta e eu n**o com a cabeça enquanto coloco a minha bolsa sobre a minha mesa. - Por enquanto não Brenda, nem de você e nem da Mônica- falo e ela confirma com a cabeça- quais são os meus compromissos de hoje?- pergunto me sentando na minha cadeira e já vou ligando o meu computador. - Audiência online às dez da manhã, caso Isabella Marques, as horas tem uma reunião que a equipe de advogados do senhor Reviera, meio-dia almoço com o senhor Marcos, e as três da tarde, audiência presencial do caso Bruna Martins- fala e eu apenas confirmo com a cabeça. - Apenas isso?- pergunto olhando-a atenta. - E a sua mãe ligou, pediu para marcar um jantar com a senhora essa noite- fala e eu apenas respiro fundo. - Eu tenho algum compromisso essa noite?- pergunto e ela dá uma olhada na minha agenda. - Não senhora- fala e eu penso duas vezes antes de tomar uma decisão. - Então pode marcar o jantar com ela, para as oito da noite- falo e ela confirma com a cabeça já mexendo no seu iPad. - O mesmo restaurante de sempre?- pergunta e eu aceno positivamente com a cabeça. A Brenda passa mais alguns minutos na minha sala, mas logo sai me deixando trabalhar, o dia hoje vai ser tranquilo pelo visto, o que me preocupa é a minha noite. Eu e a minha não temos um bom relacionamento, nunca tivemos, eu não sou a filha dos sonhos dela e a mesma sempre deixou isso bem claro. A senhora Vanessa Wilson tem duas filhas, Carla Machado que é a mais nova, com apenas vinte e três anos de idade, hoje trabalha como modelo e é o orgulho da nossa mãe. E eu, a filha que veio para arruinar a vida e o casamento dela, e hoje em dia serve apenas para colocar dinheiro na conta dela e da minha meia irmã. A Carla não é filha do meu pai, ela é fruto do último casamento da minha mãe, assim que eu nasci os meus pais se separaram, a minha mãe nunca cuidou de mim e me culpava pelo fracasso dela como modelo, o meu pai vendo tal coisa não pode aceitar e pediu a separação, foi aí que eu fui criada pelo grande advogado Alexandre Wilson. - Senhora, o doutor Wilson acabou de chegar e pede para te ver. - Brenda, não é necessário anunciar a vinda do pai dela- fala entrando na minha sala e eu me levanto dando risada. - Obrigada Brenda, pode se retirar- falo sorrindo para ela e a minha secretária apenas sai da minha sala sorrindo- papai- falo indo abraçar o senhor de 65 anos. - As vezes me surpreendo ao ver o quanto você cresceu- fala me olhando atento. - O senhor sempre fala a mesma coisa- falo e ele apenas me olha sorrindo. - E nunca estou mentindo- fala se sentando de frente para a minha mesa. - O que te trás aqui papai? Achei que estivesse em San Francisco- falo voltando a me sentar. - E estava, mas senti saudades da minha filha, ou um pai não pode sentir saudades da sua própria filha?- pergunta e eu só dou risada.
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