Depois da visita do homem asqueroso e do futuro noivo de Carolina. Sebastião não retornou a casa por quase 5 meses.
Carolina e Vitória sua mãe estavam tranquilas. Carolina estava fazendo diversas perguntas a sua mãe. Mas Vitória não sabia se era certo responder. Estava com medo por sua menina.
Vitória tentou pensar que era só uma mulher normal com uma filha vivendo.
Ela criava histórias e cenários em sua mente, e levava sua filha junto. Elas transformavam a casa em uma casa de bonecas. As vezes Carolina virava a mãe a vitória a filha. E assim passavam os dias.
Tomando chá, fingindo passear por lugares que viam na televisão.
Carolina um dia perguntou porque sua mãe não deixava seu pai. Na escola ouvia casos de pais que se separavam. Mas Vitória não tinha uma resposta.
Ela simplesmente não conseguia fugir, mesmo que tentasse.
Uma vez tentou ir ate o supermercado mas descobriu que o portão só abria nos horários que Carolina saia pra escola.
Uma vez tentou sair com Carolina, logo que a menina entrou no ônibus, um homem vestindo roupas casuais estava com um fone no ouvido e fez vitória voltar pra casa.
Vitória então descobriu que tinha pessoas vigiando a casa.
Devia ter pessoas vigiando até mesmo Carolina na escola.
Carolina voltava da escola. Era seu aniversário. Sua mãe havia prometido que faria um bolo pra ela. E ela estava ansiosa.
Mas quando chegou em casa não encontrou sua mãe. Apenas um homem vestindo terno e gravata, com uma expressão séria dizendo pra arrumar suas roupas pois ela estaria indo embora.
Carolina começou a chorar pedindo pela mãe. O homem pegou carolina pelo braço e levou pra seu quarto.
— vamos, não tenho dia todo pra te esperar.
— onde está minha mãe?
— seu pai a levou pra um passeio.
— e pra onde você vai me levar?
Carolina falava em meio ao soluço do choro.
— seu futuro sogro e sogra te esperam. Então vai rápido que eles não gostam de esperar.
O homem terminou de falar e ele pode ver o pavor no rosto de Carolina. Sorriu com isso. Ele ficava feliz causando terror psicológico em mulheres.
Ele era o tipo de homem que só enfrentava mulheres, pois não tinha coragem de enfrentar outro homem. Homens covardes que tem que rebaixar e bater em uma mulher pra poder se sentir homem.
Carolina colocou algumas roupas em uma bolsa. E pegou sua boneca preferida. Sua mãe havia feito com um travesseiro velho, e colocado roupa de quando Carolina era pequena. Tinha feito cabelos com fios de um tapete velho. E o rostinho tinha sido pintado com canetinha.
Sebastião nunca comprou nada de brinquedos para Carolina, tudo que ela tinha havia sido sua mãe que tinha preparado. Ela sempre tinha ideias pra criar brinquedos pra Carolina.
Foram para casa de Rafael. A casa era grande, tinham grandes portões de ferro, e uma estrada de cascalho até a entrada da porta.
Tinha um jardim enorme na frente da casa. Carolina pensou que devia ser o máximo poder correr naquela grama verde bonita.
Ela nunca tinha sentido a grama sob seus pés. Onde ela morava não tinha jardim. Era pedra por tudo.
A porta se abriu e uma mulher de uns 40 anos apareceu na porta. Carolina pensou que a mulher fosse tão séria quanto o homem que estava ao seu lado.
— essa aí é a coisinha que querem que meu filho se case?
— sim senhora. Essa é Carolina.
Foi o homem que respondeu.
— meu marido só pode estar louco. Se ele acha que vou deixar meu filho se casar com qualquer uma.
Carolina escutou em silêncio e de cabeça baixa. Não falou nada. Tentou nem fazer barulho quando respirava.
Os últimos meses a mãe de Carolina havia conversado com ela. Se ela fosse pra longe, se fosse pra outra casa e outra família. Ela devia se comportar como ela sempre ensinou. Nunca responder. Nunca olhar nos olhos, nunca questionar. Só concordar e obedecer. Fazer tudo sempre o mais silencioso possível. Cuidar quando caminhar pra não fazer barulho. Para não irritar ninguém. O mundo não tinha pessoa boas.
Vitória repetiu isso por muitas vezes antes de dormir. E Carolina estava lembrando de cada palavra até que a senhora voltou a falar.
— vamos menina. Não tenho dia todo. Você não vai ficar de graça na minha casa não. Espero que saiba limpar a casa. Hã, com essa cara aí, parece que não sabe nem o que é uma vassoura. E nem adianta ir se iludindo que vai casar com meu filho porque não vai não. Nao irei permitir.
Ela foi falando e andando. Carolina e o homem enorme foi atrás.
Mandou que ela arrumasse suas coisas em uma prateleira que tinha ali no quarto. Era um quarto de empregadas. Carolina arrumou suas coisas na prateleira e sentou na cama.
Passou 3 anos.
Carolina nunca havia visto Rafael naquela casa.
Durante esses anos, ela levantava antes que todos. Arrumada o café, cada um na casa gostava de comer alguma coisa.
Depois começava a limpar as coisas. Ela ficava sozinha pra preparar tudo, e limpar toda a casa.
Depois que ela chegou. Uma sobrinha de dona Elvira veio morar na casa também. Era tratada como uma princesa dentro de casa. E Elvira fazia questão de dizer na frente de Carolina que seria ela quem se casaria com Rafael.
Carolina já tinha aceitado o fato de que seria empregada daquela gente pra sempre.
Hoje seria seu aniversário de 14 anos.
Elvira estava preparando uma festa pois seu filho Rafael estaria completando 18 anos. Eles faziam aniversário quase juntos. Tinha uma semana de diferença.
O senhor Hernandes quase não ficava em casa. Carolina quase não via ele, e era grata por isso. Ele dava medo em Carolina.
Carolina pensava em sua mãe todos os dias. Deste que foi parar naquela casa não tinha tido mais notícias dela.
Uma vez caminhando pela casa, quando seu Hernandes estava na casa, Carolina escutou alguns gritos e choros do quarto de dona Elvira. E ela se lembrou de sua mãe. Sua mãe sofreu na mão de seu pai e nunca gritou.
Talvez Elvira fosse fraca. Foi o que Carolina pensou. E ficou feliz por um momento por Elvira estar se dando m*l.
Logo depois Carolina se sentiu m*l pelo pensamento. Isso não era certo. Por pior que Elvira fosse, ninguém merecia sofrer nas mãos de um homem.
— sabe, meu noivo chega hoje. Espero que você fique bem quietinha no seu canto e não incomode ninguém.
Foi Sara quem entrou na cozinha atrás de Carolina falando.
Sara era a sobrinha de Elvira.
— bom dia senhorita Sara. Gostaria de algo diferente para seu café da manhã?
Carolina respondeu com serenidade. Sara odiava que ela nunca retrucava e nunca respondia nada. Nunca dava motivos para uma briga.
— sabe Carolina. Esse seu jeito de inocente, tímida, e submissa, não me engana. Não acha que vou deixar você tirar o Rafael de mim.
— então, café normal? Sirvo em 5 minutos.
Foi o que Carolina respondeu. Mas em pensamento, e só queria mandar Sara ir pra onde ela quisesse com quem ela quisesse. Carolina achava que se Sara pensava que seria feliz casando com Rafael, o problema era dela. Mas Rafael devia ser como todos os homens. Que fazem das mulheres o que bem entende.
Quando Carolina chegou na sala de jantar com a bandeja de café, quase deixou cair no chão quando notou Rafael.
Ela não iria esquecer aqueles olhos nunca. O contraste doa olhos claros com os cabelos escuros.
Carolina se recuperou e começou a tirar as coisas da bandeja e colocar em cima da mesa.
— bom dia senhor. Gostaria de algo diferente para seu café? E bem vindo em casa.
— não obrigada. Quem é você?
— sou Carolina senhor.
— meu nome é Rafael. Não me chame de senhor.
— desculpa sem… desculpa.
Quando Carolina ia saindo, Sara ia entrando.
— não mandei que você ficasse na cozinha? Não consegue receber uma ordem e obedecer? Nossa Rafael. Cada vez mais difícil encontrar bons empregados.
— desculpa Senhora Sara. Já estou indo.
— Espere Carolina.
Rafael falou. Carolina esperou, ficou olhando para o chão.
Rafael havia reconhecido Carolina. Só não podia acreditar no que haviam feito com ela. Ela era sua noiva, e a fizeram de empregada.
— Sara? Voce se casou que ela te chama de senhora? Não conheci seu noivo. E porque está na minha casa?
— aí Rafael. Está com humor bom né. Eu sou sua noiva, ela tem que me chamar de Senhora. Afinal serei a dona da casa em breve.
— quem disse que irei me casar com você? Minha noiva e Carolina.
Carolina continuou olhando para o chão.
Sara começou a gaguejar.
— carolina, quero que vá agora mesmo trocar de roupa para vir tomar café comigo.
— senhor..
rafael olhou de cara f**a pra Carolina.
— Va Carolina. E Sara? Vá chamar minha mãe agora.
Sara saiu furiosa batendo pé. E Carolina correu para seu quarto e ficou por lá.