Sara bateu na porta do quarto de dona Elvira e foi entrando. Não esperou ela dizer que podia entrar.
Quando sara olhou pra dona Elvira ela estava sentada em sua mesa de maquiagem tentando tampar um olho roxo.
— o que aconteceu sogrinha?
— não é da sua conta. Quem deu autorização pra entrar sem ser autorizada?
Dona Elvira estava irritada. E as notícias que Sara trouxe não a deixaram mais animada.
Dona Elvira estava determinada a não deixar Rafael e Carolina se casar.
Hernandez não sabia sobre o que ela estava tentando fazer.
Para Hernandes Rafael casar com Carolina iria unir as duas empresas.
Eles chamavam de empresas, os negócios ilícitos que faziam.
Tinham apoio de pessoas grandes. Políticos. Prefeitos, senadores. Até mesmo polícias que ajudavam em seus negócios. Era uma máfia de tráfico.
A parte de venda de mulheres poucas pessoas sabiam. Isso era pra um grupo mais seleto de pessoas e clientes. Não era qualquer um que tinha acesso a compra de uma mulher.
Depois que a mãe de Rafael morreu. Hernandes fez um acordo com os pais de Elvira. Ela tinha uma idade mais avançada e não era mais virg3m. Então o negócio para Hernadez foi mais proveitoso. Para esses negócios as mulheres só valiam dinheiro se fossem virg3ns e novas. Mulheres velhas para eles e que já passaram por outros homens não valiam nada.
O jeito que cada um cuidava de sua esposa e problema somente dele, e ninguém podia intervir.
Nem todos os homens que eles faziam negócios eram cruéis como ele. E como o pai de Carolina.
Esses tipos não duravam muito.
Na primeira festinha que faziam, eles já queriam sair fora. Mas a palavra de um homem era lei. E depois que o pai de Elvira confirmou verbalmente que Elvira seria esposa de Hernandes nada podia mudar isso.
Quando ele se deu conta, Elvira já estava em grandes problemas. Elvira nunca mais pode ver sua família, pois estava sempre com um machucado novo.
No fundo Elvira queria se vingar de seu pai através de Sara.
Queria que ela casasse com Rafael, já que ele foi criado com Hernandes, ele devia ser tão r**m quanto o pai e.
Sara contou a versão dela para Elvira.
Falou que Carolina deu risada da cara dela, e que se jogou pra cima de Rafael.
Ela desceu as escadas bufando.
Rafael estava sentado a mesa batendo com a ponta dos dentes no tampo de vidro que a mesa tinha.
— olá meu querido filho.
— eu já cansei de falar que não sou seu filho, então não vem com esse papo. Sara aproveita que tá aí parada igual uma parede e vá chamar Carolina, estou esperando ela pro café.
— mas tia..
Rafael levantou da mesa.
— eu vou falar mais uma vez, vá chamar Carolina agora.
Sara saiu com olhos arregalados. Sara sempre gostou de Rafael. Ele era um rapaz muito bonito.
A última vez que tinham se visto Rafael tinha um olhar mais calmo e sereno. Hoje ele tinha o olhar de Hernandez, um olhar pesado, que passava medo a quem olhava. Ele estava mais alto e mais forte também.
Ninguém sabia onde ele ficou esses três anos. Não falava com ninguém. Talvez só com o pai.
Elvira tentava agradar Rafael para não sofrer nas mãos dele também. O chamava de filho na tentativa de não chamar atenção dele como mulher. Já bastava Hernandes abusando dela. Não queria mais ninguém.
Hernandes não levava Elvira para festas igual Sebastião levava Vitória, porque Elvira já era velha, e não iria chamar atenção de ninguém, e não queria passar vergonha com ela na rua.
— que demora e essa pra ir chamar Carolina. Sara e tão tapada que não consegue fazer algo simples?
— Calma Rafael.
Rafael não deixou Elvira terminar de falar e deu um grito.
— CALMA?? Você quer que eu tenha calma??? A porr@ da minha noiva está sendo feita de emprega a não sei quanto tempo nessa casa, a tapada da Sara acha que é alguém pra ser chamada de senhora, e acha que eu me casaria com ela? Nem que fosse a última mulher na terra eu me casaria com Sara. Então eu acho muito bom que a senhora se coloque no seu lugar nessa casa, coloque essa garota pra fora o quanto antes e trate Carolina melhor.
Os olhos de Elvira ficaram arregalados. Rafael nunca tinha a tratado daquele jeito. Era a primeira vez que ele erguia a voz para ela.
Ela respirou fundo concordou com a cabeça.
— e como faremos com a casa? Seu pai não deixa contratar ninguém para ajudar na casa.
— você e essa sonsa da Sara fazem o que o dia inteiro nessa casa? No mínimo ficam deitadas de pernas pra cima enquanto Carolina cuida de tudo. Ou estou enganado?
— Rafael querido, eu só queria ter certeza que ela soubesse cuidar de uma casa quando você voltasse e casasse com ela.
Quando ela terminou de falar, Sara e Carolina entraram na sala de jantar.
— Aqui está ela Rafael. Ela não queria vir. Por isso a demora.
Sara pode ouvir Rafael falando dela no corredor. Ela estava relutando sobre ir ou não chamar Carolina. Mas quando viu que ele se alterou ela foi chamar Carolina.
— queria falar comigo Senhor Rafael? Bom dia Senhora Elvira.
Carolina falou olhando para seus pés.
Rafael a olhou de cima em baixo. E não conseguiu ver aquela doce menina que ele conheceu a três anos atrás.
Carolina parecia alta de mais para as roupas que usava, estava magra de mais, cabelos compridos passando da bund@, daqui a pouco era capaz de arrastar no chão. Ele quase não conseguia ver o rosto dela pois sempre olhava para o chão. Nunca para ele.
Rafael fico remoendo por todos esses anos a imagem dela. E ela estava quase irreconhecível.
Quando ele soube que seu pai iria para a festa com a mãe de Caroline, ele fez seu capanga ir buscar Caroline e levar para casa de sua mãe.
Não iria deixar ela naquela casa com aquele louco do Sebastião. Achou que ali ela seria melhor cuidada. Afinal, Elvira não era de tratar ninguém m*l, mas hoje ele se descontrolou com ela.
Rafael se encantou por Carolina mesmo ela sendo uma criança. E estava se sentindo h******l por isso.
Ele tinha vontade de esperar até ela completar 18 anos pra casar, mas talvez tivesse que casar quando ela comportasse 16 para poder assumir de uma vez o lugar de seu pai.
Um homem solteiro não herda o lugar do pai. Somente casado. E Rafael não via a hora de poder dar um tiro no meio da cabeça de seu pai.