Capítulo 2

1101 Words
Cristian fitzy narrando: Termino de fazer outra tatuagem. Esses últimos quatro anos serviram pra colocar minha vida de volta nos eixos, agora eu vivo bem, ainda continuo com os remédios e terapias, e isso me ajuda a ter uma vida tranquila. Minha relação com minha família está muito melhor, Victoria agora é minha amiga, ironia, não? Contínuo trabalhando na empresa, e isso é bom, as vezes por causa dos meus transtornos fico com vontade de largar tudo, e Marius sabe muito bem controlar a situação, o mesmo me dá um dia de folga e eu o gasto com a psicóloga, ficamos horas conversando, as vezes faço atividades físicas ou alguma atividade diferente, isso me ajuda muito. A três anos atrás fiz minha primeira tatuagem, eu me sentia inseguro por causa das cicatrizes do acidente, então comecei a cobrir elas com várias tatuagens. A mais grande que tenho é no braço direito, o mesmo foi o mais afetado por causa do acidente, eram vários cortes e pra cobrir tive que tatuar o braço por completo, a mesma começa da ponta dos dedos e vai até boa parte do meu peitoral, tenho de tudo um pouco, flores, pássaros, palavras, imagens de desenhos animados que eu gostava quando era criança. Depois que comecei não quis mais parar, encobri todas as cicatrizes e fiz mais algumas em outros lugares, no pescoço, tatuei a frase "Live Like a Warrior" nas maçãs do rosto, e fiz até na virilha. Marius me chama de gibi ambulante, meus sobrinhos adoram ficar olhando elas e a Eliza não liga, aquela chata. Eu amo muito os meus sobrinhos, sempre vou visitá-los e levo presentes. Dylan, Herry e Ryan estão tão espertos, sem falar na Helena, aquela coisinha nem parece que tem 6 anos, o tempo passa tão rápido. Saiu do estúdio de tatuagem e sigo para minha casa, irei tomar um banho e ir na casa dos meus pais. Continuo morando no mesmo apartamento, é um pouco longe da casa dos meus pais e da empresa, mas eu gosto, o barulho da cidade e das pessoas no prédio me fazem não me sentir sozinho, e quando quero ter um descanso dos grandes barulhos da cidade, vou para um pequeno chalé nas montanhas. Não tem muito tempo que comprei o chalé, e fui pouquíssimas vezes lá, mas garanto que é extremamente relaxante. Chegando no meu apartamento tomo um banho rápido, no começo era bem complicado por causa da prótese, mas agora já peguei prática. Saiu do banheiro com uma toalha na cintura e a outra secando o cabelo. Ando até o closet e procuro por algo confortável, como hoje estava um pouco frio, resolvo vestir um conjunto de moletom preto, nos pés opto por um tênis branco. Já completamente arrumado, desço até o estacionamento e pego meu carro. Depois de uns 30 minutos chego na casa dos meus pais, de longe já ouço o barulho da creche do Marius. Vejo quando Helena corre atrás dos irmãos pelo jardim com um coelho na mão. - Vou falar pra mamãe quando ela voltar _disse ela. - Conta pro tio o que eles aprontaram? _falo me aproximando dela. - Tio Cris _disse correndo até a mim, a mesma estava com um vestidinho rosa, sei que foi Marius que escolheu. - O que eles fizeram? _perguntei. - Olha _disse me mostrando o coelhinho_ eles rasgaram tio, foi o papai que me deu... ele irá ficar triste quando ver. Seus olhinhos estavam cheios de lágrimas, Marius deu esse coelhinho quando ela era bem pequena, e desde então nunca mais o largou. - Tenho certeza que dá pra concertar _falei_ por que não leva pra sua avó? Dona Crystal fez curso de costura. - Sério? _pergunto e eu confirmei_ Obrigada tio Cris, vou levar pra ela concertar. Recebi um beijo na bochecha e logo a mesma correu pra dentro de casa. Ando pelo jardim e encontro meus três sobrinhos sentados de baixo de uma árvore. - O que vocês fizeram? _falo me aproximando_ rasgaram o bichinho de pelúcia da irmã de vocês. - Foi sem querer tio _disse Dylan. - Estávamos brincando de jogar o coelhinho um para o outro, pra ela tentar pegar, mas a mesma acabou se aproveitando de um descuido do Ryan e os dois começaram a brigar pelo bichinho _diz Herry. - Desculpa _diz Ryan. - Não façam mais isso, Helena o levou para que minha mãe costurasse _falei_ vai ficar tudo. - Vai ficar a tarde aqui tio? _pergunta Dylan. - Não, queria resolver uns assuntos da empresa com o pai de vocês _falei_ onde ele está? - Saiu com a mamãe _disse Herry. - Por que não brinca um pouco com a gente enquanto eles voltam _diz Ryan_ podemos comer bolo de chocolate antes. - Tem bolo? _pergunto. - Sim _diz Dylan. - Então eu quero _falei. Fomos pra dentro e depois brincamos por um tempo, logo Marius chegou e fomos conversar. Era sobre um novo projeto que estávamos desenvolvendo, iríamos contratar algumas pessoas para que o projeto fosse desenvolvido mais rápido. Fiquei lá por algumas horas e depois fui embora. [...] No caminho de volta pra casa acabei passando em uma lanchonete e comprando um lanche. Eu não iria cozinhar então isso serviria, levei tudo para o terraço da minha cobertura e me sentei para comer. A noite estava linda, apesar de não vermos estrelas o céu estava muito bonito, os prédios coloridos davam um certo charme, apesar de preferir ver as estrelas, as luzes dos vários prédios não deixavam a desejar no quesito iluminação. Levo o grande hambúrguer até a boca e dou uma grande mordida, estava uma delícia, tomo um pouco do meu refrigerante. Já fazem cinco anos que parei de beber, não consumo nada que tenha álcool já que tomo remédios e pode cortar o efeito. Olho ao redor e suspiro. Eu gosto do dia por que é sempre barulhento, não me sinto sozinho, mas quando chega a noite a solidão bate a minha porta. Todos em suas casas tem uma companhia, eu não, sempre sozinho... Desde do acidente não me envolvi com nenhuma mulher, acabo me sentindo inseguro por causa das cicatrizes e prótese. Apesar das cicatrizes estarem encobertas com tatuagens, minha pele tem um aspecto diferente e é isso que me deixa inseguro, simplesmente não consigo. Mulheres adoram homens tatuados, e por isso sempre recebo olhares maliciosos, e até penso em tentar, mas acabo desistindo. Nunca pensei em arranjar uma namorada ou até casar... mas estou ficando velho, e não quero ficar sozinho. Ficar sozinho é muito triste. Vamos ver o que o destino me reserva.
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