A simplicidade
Leonardo
Podemos dizer que o Samuel escorregou f**o na bola. Ou é pisou? Nem sei. Só sei que ele vacilou em não dar tanta atenção à Jess.
— Vamos preparar o colchão — Caio se anima.
— Agora temos quarto de hóspedes — Frav sugere.
— Pra quê? Temos o colchão e um chão na sala. Tudo perfeito!
— Sempre dormimos no colchão. É a melhor coisa que fazemos juntos, depois de jogar boliche — Pri fala.
— Tenho que concordar — a ruivinha concorda, se aconchegando em meus braços que a envolve.
— Eu vou pegar o colchão — falo e levanto do sofá.
Os meninos me seguem e arrumamos tudo na sala.
Todos vestiram seus pijamas que tinham trago de casa.
Nos ajeitamos em casais e ficamos vendo um filme de terror. A ruivinha odeia terror. E eu me aproveito disso. Toda hora ela me abraça forte quando se assusta.
— Medo, ruivinha? — falo perto do seu ouvido. Ela me olha assustada e eu rio nasal — Eu te protejo — ela sorrir — Medrosa — me olha séria e ameaça me bater — Retiro o que disse — sorrio — Só uma parte — dou um beijo em sua cabeça e acaricio seus fios.
Ficamos quase a noite inteira naquele filme.
Samuel e Priscila já dormiam. Jess e Caio estavam vidrados no filme e riam quando o cara matava alguém. Eu tenho medo desses dois.
A ruivinha só se aconchegava mais em meu colo que me fazia sentir sua b***a naquele short roçando em mim.
Eu tinha que me conter, só fiquei alisando seus cabelos e ela dormindo mais profundo ainda.
Eu já estava quase indo embora, só quero pregar os meus olhos o quanto antes e ignorar os sociopatas rindo.
Acordo no dia seguinte sozinho e vejo todos um por cima do outro.
É isso que eu mais amo em nossos amigos : A simplicidade!
Eles não ligam se temos dinheiro ou não. Não tem dinheiro pra restaurante? Vamos sentar na varanda e bater um papo tomando umas cervejas baratas até o fígado pedir arrego.
Eu não os troco por nada.
Nossa amizade já é de desde a adolescência
Caminho até a cozinha e preparo um café caprichado. O Caio vai acordar varado de fome, isso é certo.
— Dormiu muito tarde? — Samuel aparece na cozinha.
— Como se tivesse como dormir mais cedo — resmungo — Sua namorada e o Caio ficarando rindo a noite toda. Tenho medo deles — ele rir e assente.
— Acho que vacilei f**o — concordo com ele — Não posso tentar justificar a minha ausência como marido pra ela. Mas esse processo está encucando a minha cabeça. Eu tenho que assumir tudo naquela empresa.
— Tenta se redimir com ela.
— O que você faz quando vacila com a ruivinha?
— Chora filhão. Ruivinha é muito difícil de se resolver — balanço a cabeça — Deve ser mais fácil com a loira do que com a ruiva.
— A Jess é meio...
— Avoada? — completo.
— Exatamente — rimos — Mas, ela é firmeza. Nunca me decepciona. É uma mulher maravilhosa. Agradeço a Deus todos os dias por eu ter casado com a Jéssica — fala com um sorriso bobo.
— Logo ela te perdoa. Jess nunca guarda mágoa de ninguém.
— Deus lhe ouça, Leo. Deus lhe ouça.
Ficamos conversando por um tempo até Caio aparecer.
— Estou na larica. Passa o pão, master chef — senta na banqueta e me encara — Bora chef boi — bate na bancada.
— Sua mulher é aquela dormindo — aponto pra sala e em direção para a Priscila.
— A ruivinha? Eu sei, né — ele brinca e dou um t**a em sua cabeça — Não mexo mais com a sua ruiva — resmunga — Chatão.
— Bom mesmo — passo o pacote de pão e o pote de geléia pro mesmo que devora quase tudo em poucos minutos — Já sabemos a situação do relacionamento de cada um, menos do Caio — olhamos para ele que está concentrado em comer inúmeras fatias de pão com geléia de uva.
Pra onde vai tanta comida?
— Como vai as coisas com a Pri? — Samuel pergunta e encaramos ele que continuou a comer.
— Caio? — chamo sua atenção.
— O que foi? — ele nos olha — Desculpa. Estavam perguntando pra mim?
— Ao próprio.
— Entendi — ele volta a comer o pão, sem nos dar uma resposta.
— Caio — ele nos olha — Como vocês dois estão?
— Eu tenho que responder, é? — aponta para si como se fosse uma novidade.
— Isso é mais que óbvio, Caio — reviro os olhos e cruzo os braços.
— Não sabia que era pra responder. Pensei que era uma pergunta catórica.
— Não é retórica? — Samuel o corrige.
— Você é bem burrinho, Samuel — Caio fala, e eu ri — Deveria voltar para a escola. Melhor escolha que tu faz, parceiro.
— Fala logo, Caio — Samuel fala já sem muita paciência.
— Estamos indo muito bem. Ela suspeita que está grávida — fala na maior naturalidade.
— Como assim? Fizeram os testes? — pergunto.
— Ela falou que fez xixi em um palitinho — continua comendo.
É sério que ele está tão calmo para essa possibilidade?
— E como você está respeito a isso? — Samuel pergunta.
— Eu não sei — dá de ombros — c*****o, eu não sei — ele arregala os olhos.
Parece que finalmente ele acordou para a realidade de que talvez tenha um filho.
— Você vai ser pai. Acorda! — falo.
— p**a m***a! Eu vou ser pai — ele levanta da cadeira — Como eu vou criar essa criança? Eu trabalho em peças de teatro infantil — ele anda de um lado pro outro — Consigo muito m*l me sustentar.
— E nem se casaram — Samuel completa.
— Nem vem com esse papo — ele aponta seu dedo pra Samuel, e logo vem em minha direção.
— Lá vem — reviro os olhos.
— Me dá um emprego na sua lanchonete, Leo. Somos amigos — ele abre os braços e sorrir.
— E você botar fogo? Nem pensar. Quem mandou não encapar esse treco — balanço a cabeça — E não é uma lanchonete.
— As ondas da praia não estavam reclamando — ele resmunga e o olho incrédulo — Até parece que nunca fez.
Olho pro Samuel que também me olha e negamos com a cabeça.
— Vocês não sabem nada sobre se aventurar.
— Quando vai pedir ela em namoro? — pergunto.
— Acho que nem tão cedo. Talvez, nunca — ele fala.
— Nunca? — escutamos aquela voz de desapontada e viramos a olhando.
Fodeu. A casa caiu.
[...]