Instrumento da Queda

1159 Words
Costa ouvia aquelas informações com uma ânsia de vômito, ele insistiu em perguntar a Dead como ele poderia não se lembrar enquanto vía Rebeca a mulher que ele ama chorando em posição fetal em cima de uma cama de hotel de quinta categoria. — eu sei que parece absurdo, mas aquilo tudo me afetou também, era um trauma para mim — Costa vai para cima dele e o empurra um monte de vezes. — Você conversava e até sorria com aquele homem, eu vi várias vezes — Dead se senta — eu fiz aquilo para que eles não fizessem m*l a vocês. No dia em que a Rebeca veio até lá pela primeira vez eu cantei durante todo o ato oh my darling Clementine, e ela ficou calma, ela não apanhou por um tempo até ela ver o pai dela e entrar em extremo terror e eu vi que ela por ter se debatido muito começou a sangrar e eu vi sangue nela e em mim como se eu fosse o culpado. As fortes emoções transbordam da narrativa onde Costa lida com a dolorosa verdade. Dead, numa tentativa de justificar as suas ações passadas, revela fragmentos de sua própria dor, um reflexo de trauma e sobrevivência. Costa, movido por uma mistura de raiva, confusão e desespero, confronta Dead com força física e emocional. A cena que envolve Rebeca é intensamente perturbadora. Em posição fetal, símbolo universal de vulnerabilidade e dor, ela é o epicentro da angústia representada. Dead tocou no ponto mais sensível — a inocência perdida e a violência presenciada. Ao escolher a canção "Oh My Darling, Clementine" para acalmar Rebeca, Dead usou a doçura de uma antiga canção folclórica americana para contrastar com a brutalidade do momento vivido. Dead, em sua defesa frágil, expõe a sua luta interna, desejando proteger enquanto inadvertidamente se envolvia no m*l que cercava Rebeca. As memórias de Dead estão impregnadas com a violência da qual ele foi testemunha e parte. A inocência de Rebeca é destacada pelo som da canção e a brutalidade do ato é reforçada pela visão do sangue, um poderoso lembrete de culpa e horror. Esta narrativa conduz o leitor por um labirinto de emoções e moralidade questionável. A complexidade dos personagens revela as profundezas de suas psiques danificadas, e a interação entre Costa e Dead reflete a luta para digerir e lidar com as tormentas do passado. A violência, o trauma e a sobrevivência enredam-se em um momento de intenso drama humano, deixando um eco de suas ressonâncias emocionais. — e você não é? — ele pergunta e Dead fecha a mão e grita pela primeira vez em anos — EU TINHA 14 ANOS! — Rebeca acorda de seu transe e vai até ele e o abraça não vendo ele mais como um predador e sim como uma vítima do que houve, por isso Dead era todo encolhido emocionalmente e quando aquilo voltava ele finalmente saia da casca. — eu tenho nojo do que me obrigaram a fazer com você — Costa diz e ela balança a cabeça — eu fico feliz por ter feito, do contrario estaria morto e eu não ia ter você para me apoiar agora — ela diz e estranhamente os três se abraçaram naquele momento mesmo uma parte de cada um estando apavorada. Em uma cena tensa e emocionalmente carregada, algo se revela. Dead, até então visto com certo receio, é reconhecido como uma vítima de suas circunstâncias. Aos 14 anos, ele experimentou eventos que o traumatizaram profundamente, levando a um fechamento emocional. A explosão de Dead, um grito que não escapava há anos, é um desabafo de dor represada. Rebeca, ao testemunhar a dor crua de Dead, muda sua percepção. Ela o vê não como ameaça, mas como alguém que foi subjugado pelo seu passado. Costa, com sua admissão, confirma a complexidade das suas próprias ações e o preço emocional que pagou por elas. Há uma inversão de expectativa aqui; Costa, potencialmente um perpetrador, expressa repulsa pelas ações que tomou contra Dead, mas também reconhece que essas ações o mantiveram vivo. A gratidão misturada com aversão é um sentimento complicado, mas honesto. Rebeca, agindo como um suporte emocional, oferece conforto, e Costa expressa uma tristeza profundamente sincera. A situação ameaçadora se transforma em um momento de vulnerabilidade compartilhada. Isso indica um avanço na narrativa, onde a empatia substitui a desconfiança, e o suporte mútuo prevalece sobre a revolta individual. O abraço dos três reflete uma união de destinos fracturados, uma aceitação do trauma e do passado que os uniu, mesmo que uma parte de cada um ainda esteja assustada. Este é um exemplo poderoso de como personagens complexos e situações dolorosas podem se entrelaçar, levando a uma compreensão compartilhada e um suporte emocional que antes parecia impensável. Nestor, oculto sob uma fachada pacífica por anos, enfrentava uma reviravolta. A percepção pública, antes cúmplice involuntária de sua máscara de inocência, começava a mudar. O temor crescia dentro dele; ele sabia que podia silenciar quem o ameaçasse, mas a testemunha de sua filha? Isso selaria seu destino. Ele cultivara uma esperança em Rebeca—que ela poderia ser a herdeira de seus segredos mais sombrios. Nestor tentou moldá-la à sua imagem, mas seu comportamento abusivo estava além do controle. Ele queria que ela superasse seus demônios, algo que ele via como essencial até aquele momento crítico. A presença de Rebeca em sua mesa de escritório o alarmou. Ela não era mais a filha complacente e submissa que ele conhecia, uma mudança que passou despercebida até que ele estava frente a frente com ela, seus próprios olhos agora refletindo uma desconhecida determinação. Este confronto emergente prometia desviar a trajetória cuidadosamente planejada por Nestor, revelando que, mesmo aqueles mais próximos a ele, não estavam imunes às consequências de suas ações. Rebeca encarou Nestor com uma firmeza que era nova para ele, sua voz fria ecoando com um peso que mesmo as paredes pareciam absorver. “Eu pensei algumas vezes em me m***r, acabar com o sofrimento e dormir para sempre,” ela disse, engolindo a amargura a cada palavra, “mas não posso perdoar o que você fez com os homens que eu amo.” Nestor observou, paralisado. O mundo em que ele era o dominador, o jogador de xadrez frio e calculista, despedaçava-se perante ele. “João e Maria são excelentes em seus trabalhos,” Rebeca continuou, “pois eles conseguiram todas as gravações que estavam escondidas aqui e já estão com a polícia.” Ela fez uma pausa, seu olhar o estudando, como se o visse verdadeiramente pela primeira vez em sua vida. “E eu espero do fundo do meu coração que você fique em uma cela imunda pelo resto da sua vida.” As palavras finais de Rebeca tombaram sobre Nestor como uma sentença já decretada. Ele se viu encarado não somente pela perda de seu império, mas pela traição final: sua própria herança, sua filha, tornara-se o instrumento de sua queda.
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