CAPÍTULO 4
A DISCOTECA
Narrado por Vitória
"A aparência se vê, a essência se sente"
Chego ao quarto depois de estar toda a tarde no Spa.
Foi muito bom, agradável e relaxante, mas por muito que eu tente, não consigo relaxar p***a nenhuma.
Encho a banheira e coloco sais com cheirinho a laranja.
Entro na banheira depois de estar bem cheinha e ali fico de olhos fechados e começo a chorar.
Choro, choro e choro.
Percebo que perdi até a hora, porque a água já está até fria.
Saio da banheira e entro no box para tirar a espuma do meu corpo.
E o choro volta com tudo.
Tantos sonhos desfeitos.
De repente, subo a minha cabeça e saio rapidamente do box.
Olho para a minha figura no espelho.
Caramba, eu sou uma mulher bem bonita, apresentável, simpática e todas essas coisas boas. Tenho um ótimo emprego, sou bem falante e não tenho vícios nem manias.
— Por quanto mais tempo te vais ficar a lamentar, Vitória Stuart? Vais ter pena de ti por mais quanto tempo? — olho para o meu reflexo, enquanto faço as perguntas a mim mesma — Deixa de ser b***a mulher e vai mas é te divertir e esquece aqueles dois ordinários, eles se merecem mesmo.
Saio da frente do espelho e caminho até ao closet.
Tiro do cabide um vestido vermelho com brilhantes sem alças e um pouco acima dos joelhos, justo, que marca bem a minha excelente forma física, calço umas sandálias pretas.
Deixo os meus longos e brilhantes cabelos castanhos escuros soltos, coloco uma bonita maquilhagem que realça ainda mais os meus olhos verdes, coloco os meus brincos preferidos e que são únicos, visto que os mandei fazer a uma amiga que é designer de jóias, porque sonhei com eles, pego na minha bolsa preta e saio do quarto pronta para me divertir.
Caramba, eu mereço.
O hotel tem uma discoteca para os clientes se divertirem, caso não queiram sair do hotel, e é para lá mesmo que eu vou.
Ao chegar já estão bastantes pessoas, algumas dançam na pista, outras conversam, ou tentam conversar, por causa da música alta. Mas assim à primeira vista me parece um bom ambiente.
Vou até ao bar e peço uma Vodka Absolut, hoje quero beber e me divertir até cair, pelo menos essa é a minha ideia.
Quero tirar da minha mente aqueles dois miseráveis que só desgraçaram a minha vida e fizeram cair por terra todos os meus sonhos.
Bebo uma Vodka, duas Vodkas e no fim da terceira já estou cheia de calor e bem alegre.
Sinto a pista de dança a chamar por mim, o meu corpo balança ao som daquela música sensual.
Pego então na minha quarta vodka, me levanto e vou até ao meu chamado, a pista de dança, que está cheia de corpos a dançar, a rebolar, a se esfregar.
O ambiente é ótimo e eu passo por todas aquelas pessoas suadas e que se estão a divertir à grande e vou para o meio da pista e danço, danço como se a minha vida dependesse disso.
Sinto o meu corpo tão leve, tão vazio de sentimentos e pensamentos e eu gosto disso. Não pensar, não sentir, nada de nada.
Não sei há quanto tempo aqui estou e nem me interessa, quem está a contar o tempo?
A minha bebida já acabou, vou até ao bar buscar outra, quando esbarro nas costas de um homem.
— Ai meu deus, peço desculpa. — falo bem alto para ele me conseguir ouvir.
Sinto a minha voz arrastada, estou bem bebida, kkk, mas ainda sei o que faço, acho eu.
O homem vira se para mim e sinto o meu sangue fugir do meu corpo. Caramba, é o mesmo homem que esbarrei na piscina hoje cedo.
Ele me olha e vejo os seus olhos cor de avelã bem brilhantes a olharem intensamente para mim. Ele dá um sorriso de lado divertido.
Chega perto do meu ouvido e fala.
— Duas vezes no mesmo dia, é muita coincidência.
— Sinto muito mesmo. — tento me desculpar mais uma vez.
Alguém lhe dá um empurrão por trás ao passar e agora é a vez dele esbarrar em mim, ficando muito perto.
Nos olhamos por meros segundos e ele se afasta um pouco.
— Agora sou eu que peço desculpa. — ele fala sem jeito.
— Fazemos assim, eu desculpo apenas se dançares comigo.
Oxi, Vitória? Onde eu fui buscar toda esta coragem? Só pode ser as Vodkas Absolut a falarem por mim, ahahah.
Dançamos sensualmente, os nossos corpos estão muito perto um do outro e tenho sensações que nunca me lembro de as ter.
Ele é tão lindo, sensual e tão cheiroso, que me deixa inebriada de desejo.
Ao fim de duas músicas ele sorri e começa a se afastar, mas eu o puxo pela sua mão de novo para perto de mim.
Não sei se é as luzes baixas e escuras próprias de uma discoteca, ou se é as Vodkas que já bebi ou se por e simplesmente estou louca, mas o certo é que eu beijo a boca dele, e que boca mais fantástica.
Ele corresponde ao beijo e as nossas línguas se encontram de imediato, o seu hálito a Whisky misturando com o meu a vodka, me deixa ainda mais excitada e sinto que lhe estou a causar a mesma sensação de excitação.
Ele se afasta um pouco e me olha encurtando um pouco o seu olhar para mim.
— O que estás a fazer? — ele pergunta.
— Nada demais, apenas quero mais um beijo.
A bebida me deixou completamente fora de mim, numa situação normal, eu nunca faria isto.
Se calhar esse é mesmo o meu problema, ser certinha demais.
Mas estou longe de casa, por isso não quero nem saber.
Ele me olha com o seu semblante carregado.
— Anda, vou te levar a um lugar seguro, da maneira que tu estás não podes ficar aqui sozinha, alguém vai acabar por se aproveitar de ti.
E sem sequer esperar pela minha resposta, pega na minha mão e me conduz para fora da discoteca.
Ele chama o elevador e saímos no piso das suítes do hotel, mas ele me leva para o lado contrário da minha suíte, mas eu nada digo.
Me sinto um pouco zonza mas super alegre, sinto-me como há muito tempo não me sentia, despreocupada de tudo, bem, pensando um pouco, acho que nunca me senti assim. Mas eu gosto da sensação.
Ele abre a porta de uma das suítes e ao entrarmos eu vou logo o agarrando mas ele me trava.
— Não queiras fazer uma coisa que depois te vais arrepender. — ele me adverte.
Sério? Ele está a dispensar-me? Será que eu sou assim tão sem graça mesmo?
— Vem, vou te deixar aqui na cama para descansares.
Ele me leva até à cama e se vira de novo para ir embora, mas eu mais uma vez o puxo pela sua mão o fazendo olhar para mim.
— Eu não vou me arrepender de nada, eu sei o que eu quero, eu quero-te aqui, na cama comigo.
As vodkas falam demais, mais do que a minha própria boca.
Quero me sentir desejada, amada e quero e preciso de fazer uma loucura.
Quero apagar a imagem do Patrick e da Alicia a transarem juntos feito uns loucos no jardim na minha própria festa de casamento.