Recomeço- 6 ?

1528 Words
Ao entrar na casa dos meus pais, somos recebidos calorosamente por minha mãe. Flavinha, cheia de energia, corre para abraçar sua avó e depois se dirige animadamente para seu avô, pulando em seu colo com um sorriso radiante. Porém, quando minha mãe se aproxima de Aron, seu cumprimento é marcado por uma frieza perceptível, indicando uma tensão, desconforto que existe entre eles. Sentados na sala , a fragrância tentadora da comida recém-preparada enche a sala enquanto minha mãe, com um sorriso acolhedor, convida todos a se juntarem para o jantar. As luzes suaves criam uma atmosfera aconchegante, sinto uma mistura de fome e antecipação pelo que está por vir. É um momento de união familiar, onde as preocupações do dia a dia podem ser deixadas de lado, pelo menos por um momento, enquanto compartilham uma refeição juntos. Sinto meu coração dar um salto quando Flavinha solta a bomba durante o jantar . Meus olhos se arregalam em surpresa, enquanto todos na mesa param abruptamente, olhando para ela em choque. - Eu vou ter dois irmãozinhos ! - Dois irmãos? Meu pai pergunta animado! A notícia pareceu cair como uma pedra no meio de nossa refeição tranquila, deixando um silêncio tenso pairando sobre nós. Minha mãe para de comer, colocando os talheres sobre o prato com um gesto brusco, deixando claro que perdeu o apetite. Sinto Aron imediatamente segurar minha mão, oferecendo apoio silencioso. Antes que eu possa dizer algo, minha mãe irrompe com uma pergunta carregada de frustração e incredulidade. - Por que só agora estamos sabendo? Ela questiona, seu tom cortante cortando o ar tenso da sala. Tento intervir, mas ela me interrompe, expressando sua desaprovação de forma direta. Aron tenta afastar Flavinha da situação, pedindo a Flavinha para tocar piano, uma melodia nova. Sem hesitar, ela se levanta e segue obedientemente para o piano. A melodia suave do piano preenche o ambiente, mas mesmo assim a tensão persiste. Minha mãe, visivelmente perturbada, continua a expressar sua decepção e frustração. Apesar dos esforços do meu pai para acalmá-la, suas palavras cortantes encontram pouco alívio. Finalmente, ela se levanta, sua raiva transbordando em palavras que cortam como facas afiadas. - Espero que tenha total apoio da família dele, você os escolheu! boa sorte! Ela diz, antes de nos deixar com meu pai, o eco de suas palavras ainda pairando no ar. Sinto perdida diante da intensidade das emoções que acabaram de explodir, enquanto meu pai olha impotente, incapaz de dissipar a tempestade que se formou entre nós. O conselho reconfortante do meu pai soa como um eco vago em meio à turbulência emocional que se instalou em nossas vidas. - Tenha paciência com ela. Em breve tudo voltará ao normal! Ele diz, tentando acalmar meus nervos exauridos. Mas suas palavras apenas destacam a dolorosa realidade que tenho evitado enfrentar. - Essa normalidade, pai, nunca existiu entre nós! Desabafo, deixando escapar a amargura acumulada ao longo dos anos. - Eu realmente achei que ela tinha mudado...mas não. Concluo, reconhecendo a verdade dura e crua que relutava em aceitar. Enquanto nos despedimos do meu pai, vejo a confusão nos olhos inocentes de Flavinha, incapaz de entender por que estamos indo embora tão abruptamente. Aron, com sua habilidade para suavizar as arestas ásperas da realidade, inventa uma desculpa gentil para acalmar sua mente infantil, colocando-a no carro com cuidado. Enquanto partimos, sinto a mão reconfortante de Aron tocar minha perna, suas palavras tranquilizadoras ecoando no interior do veículo. - Vamos ficar bem, querida! Ele diz, mas por mais reconfortante que seja seu apoio, não consigo evitar a sensação de desânimo que me envolve. Encosto minha cabeça no banco, perdida em pensamentos, me perguntando por que minha mãe simplesmente não consegue aceitar minhas escolhas. Ao deixar minha mãe de lado, resignada diante da impossibilidade de mudar sua atitude, percebo que esta é a primeira vez que acordo mais cedo que Aron. Ontem à noite foi turbulenta para nós dois, e o peso do conflito ainda está presente. Ao entrar na cozinha, me deparo com uma cena que congela meu coração. Valéria e Fernando, ambos muito próximos, como se estivessem compartilhando um segredo íntimo. Observo em choque quando Fernando se inclina para beijá-la, um gesto que confirma minhas suspeitas. Eles estão juntos. De repente, todas as peças se encaixam! O comportamento estranho de Fernando, sua distância recente e seu silêncio enigmático. A incerteza paira no ar enquanto volto para o quarto, tentando entender os motivos por trás do segredo de Fernando e Valéria. Por que eles estão escondendo seu amor? Qual é o motivo por trás dessa farsa? Essas perguntas ecoam em minha mente enquanto acordo Aron, seu rosto sonolento revelando sua confusão ao me ouvir. - Meu amor... preciso te contar o que descobri! Digo, minha voz carregada de tensão e ansiedade. Aron se levanta, ainda sonolento, seu olhar confuso quando pergunta. - O que descobriu? - Fernando e Valéria se amam! Eu respondo, deixando escapar a revelação que me abalou . Aron parece atordoado com a notícia. - O que? De onde tirou essa ideia? Ele questiona, incrédulo. - Eu vi! É tudo o que consigo dizer, minha voz vacilante diante do que testemunhei. Aron se levanta, deixando um beijo carinhoso em minha cabeça antes de partir em direção ao banheiro, disse que precisava de uma ducha para despertar . Enquanto me recomponho, me levanto e sigo seus até a cozinha . Lá, encontro Valéria, com expressão serena contrasta com a turbulência de meus pensamentos. - Bom dia, Valéria! Cumprimento, tentando manter a naturalidade . Ela responde com um sorriso gentil, sua voz suave ao perguntar se dormi bem. - Sim... Respondo, forçando um sorriso educado. - Precisamos contratar outra cozinheira! Digo , evitando seu olhar. Ela sorri novamente, se oferecendo para lidar com a situação. Antes que eu possa responder, Jessica entra na cozinha, dando bom dia. - Vou acordar a Flavinha! Jessica anuncia. Aron entra na cozinha já pronto para o dia, cumprimentando Valéria com cordialidade. - Bom dia, Valéria! - Bom dia senhor Klein, aceita café? Ele sorri aceitando prontamente a oferta de café. Enquanto ele se prepara para a conversa que está por vir com Fernando , Aron se aproxima de mim com uma proposta. - Se incomoda de ir com outro carro? Preciso ter uma conversa com nosso amigo! Ele pergunta, sua expressão séria revelando a seriedade da situação. Eu toco gentilmente seu peito e sorrio, tentando lhe pedir cautela . - Vai com calma, senhor Klein... Respondo, preocupada com o impacto da conversa . Após tomar seu café, ele me dá um breve beijo e sai, me deixando com meus próprios pensamentos enquanto me preparo para o dia. Aron Klein Na garagem, encontro Fernando, e nossa interação é tensa, carregada com a consciência do que está por vir. - Podemos ir... Eu falo , mas expressão dele muda quando ele olha em volta, procurando por Fabíola. - Fabíola irá no outro carro! Vamos. Eu respondo, tentando manter minha voz firme enquanto recuso sua expectativa de que ela nos acompanhe. Peço ao motorista para fazer uma parada em uma cafeteria perto da Meraki, e Fernando concorda em me acompanhar. Assim que chegamos, pedimos nosso café, mas a atmosfera entre nós está carregada de tensão, cada um de nós perdido em nossos próprios pensamentos sobre o que está por vir. Enquanto tomamos nossos cafés, decido abordar o assunto diretamente. - Desde quando está se relacionando com Valéria? Pergunto, minha voz firme refletindo minha determinação em obter respostas. Fernando engasga com seu café, sua expressão de surpresa evidenciando sua falta de preparo para essa conversa. Permaneço sério e continuo, deixando claro que sei da verdade. - Não acredito que vem mentindo para mim! Acuso, a incredulidade transparecendo em minhas palavras. - Fabíola viu vocês dois juntos. Provavelmente ela acha que é minha culpa você estar omitindo o relacionamento ! Acrescento, confrontando com a realidade de suas ações e o impacto que elas tiveram em nossa família. Fernando se recompõe após o susto inicial e me encara com seriedade. -Não tem nada a ver com você, Valéria quis assim. Ela não queria preocupar Fabíola. Vocês não estavam bem... Ele explica, sua voz carregada de uma mistura de justificação e remorso. Enquanto ele fala, começo a compreender o raciocínio por trás das ações de Valéria. Ela estava protegendo sua amiga, tentando evitar que Fabíola se preocupasse com eles em um momento tão delicado para nós . Respiro fundo, tentando processar essa nova perspectiva. - Entendo o pensamento de Valéria! Ela estava protegendo a amiga. Não queria que ela se preocupasse com vocês em um momento tão delicado para Fabíola! Concluo, reconhecendo a nobreza por trás das intenções de Valéria. No entanto, faço questão de destacar a importância de abordar essa situação com delicadeza e honestidade. - Mas preciso que entendam que Fabíola está magoada. Elas são amigas, e ela descobriu algo importante desta maneira... Explico, ressaltando a necessidade de resolver esse problema o mais rápido possível. - Quero que me deixe na Meraki e volte para casa para conversar com Valéria. Isso precisa ser resolvido ainda hoje! Finalizo, deixando claro que não podemos deixar essa questão pendente por mais tempo.
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