Não consigo conter o sorrisinho que se formou no canto da minha boca. Nunca recebi uma única rosa ao longo da minha vida, na verdade, a parte clichê dentro de mim estava dando gritinhos eufóricos.
Bom, quando eu tinha por volta dos meus 15 anos, eu tive um "namoradinho", mas não durou muito, mas pelo menos... um dia ele me deu um lírio, que é claro, durou mais que aquele relacionamento ridículo de adolescente.
Será que devo ir atrás dele para agradecer...?
Vou andando pelos corredores a procura de Nate, quando o vejo com Sarah e Dinah. Ambas rindo descontraidamente com rosas nas mãos. Por algum motivo aquilo me incomodou, motivo esse que eu não me atrevo a continuar pensando. Por que eu me importo?
Ahh!!... então ele é do tipo que atira para todos os lados.
Reviro os olhos e jogo a rosa em um canto qualquer e prossigo até o meu quarto novamente. Irritada, apenas me jogo na cama e afundo meu rosto em um travesseiro.
Por que aquilo me incomodou?
(...)
Toc toc toc
- entre...- digo calma sentada em uma poltrona lendo mais um de meus romances.
- soube que ficou sem almoçar...- Daniel adentra no quarto com uma bandeja farta.
- eu não estou com fome - digo suavemente, afinal, não foi culpa dele ter que sair as pressas para os compromissos de alfa.
- eu imaginei isso - Heitor entra no quarto com uma bandeja de guloseimas.
- Heitor! Você vai encher a menina de doces?! - Daniel o repreende.
- na verdade, nós vamos encher a barriga de doces - ele diz colocando a bandeja sobre uma mesa e esfregando a mão na barriga.
- e então... soube que você e seus amigos se aproximaram de Nathaniel - Daniel rosna.
- na verdade... eu o acho bem...- faço uma pausa e penso na palavra certa, mas nenhuma me vêm em mente - bom... ele não me chama a atenção - completo comendo um bolinho.
- é bom mesmo...- Daniel diz comendo uma torrada.
- mas... por que? - pergunto interessada.
- a família dele e nós não somos muito amigos. Eles só estão aqui porque o assunto é geral - explica Heitor- não são muito confiáveis... - completa.
- mas... o que eles fizeram? - pergunto sem reação.
- houve traição da parte dos antepassados deles com os nossos - explica Daniel sério.
- eu devo avisar aos meus amigos...? Dinah e Sarah estão... encantadas com ele - digo desconfortável.
- não, deixe esse assunto baixo...- Heitor diz pegando mais um bolinho - mas tome cuidado. Solicitamos que ele nem esteja mais presente nas reuniões - completa.
- não sei nem porque ele veio...- Daniel revira os olhos.
- mas... ele grudou em nós - explico.
- haja naturalmente, mas não confie- Heitor diz.
- fala sério - bufo - vocês não estão sendo muito paranoicos?.
- "paranóicos"? - Heitor arqueia uma das sobrancelhas - eles tem sorte que não podemos simplesmente manda-los embora daqui.
- Safira, somos governantes - Daniel começa a explicar - o que acontece no passado é o que define nosso futuro, o futuro do nosso povo! - ele me olha preocupado - deve tomar cuidado com quem tem histórico de traição, afinal, o fruto não cai muito longe da árvore.
- você me parece um tanto... - Heitor pensa - "encantada" com ele - ele me olha suspeitando.
- na verdade, ele é extremamente irritante - falo sem paciência - a pessoa mais irritante do mundo!
- eu espero que continue assim - Daniel avisa - não quero eles perto de nós.
(...)
Depois de horas com os meus irmãos, já eram 7:30 da noite. Me reuni com minha família para jantar, e logo em seguida eu iria me preparar para dormir.
Andando pelos corredores do castelo, passo pelos corredores onde ficam os quartos de hóspedes, logo, a maioria ocupados devido ao número de visitantes que temos recebido. Passando pelo corredor, vejo uma porta m*l fechada, e acabo sem querer escutando uma conversa.
- ela não confiam em mim...- era a voz de Nate.
De todos os malditos quartos, TINHA QUE SER JUSTAMENTE ESSE?!
- se esforce mais...- dizia a voz de um homem sem paciência - é bom ter uma Linard por perto, os irmãos dela são como cães de caça, prontos a nos atacar - ele completa, incomodado.
Eu não conseguia reconhecer, mas acho que era o pai dele que estava falando.
- abra os olhos... muita coisa pode acontecer... - dizia o homem novamente.
- conquiste a princesinha que você conquista aqueles cães bravos...- agora a voz de uma mulher - Safira é a fraqueza daqueles dois. Se querem que eles gostem de você, Safira é um bom começo.
Mas que droga é essa?!
- se aproxime dela...- o homem dizia - seja amigo dela.
- não é como se ela facilitasse as coisas - Nate fala com tédio - ela me odeia.
Me afasto da porta assustada. Nate estava fazendo tudo aquilo de propósito!
Ando rapidamente para longe desse corredor. Quando escuto o barulho da porta sendo aberta com brutalidade. Viro o corredor rapidamente e saio da vista dele.
- tinha alguém aqui... eu sinto o cheiro...o medo...- Nate fala farejando o ar.
Não é novidade que todos querem se dar bem com Heitor e Daniel, mas é a primeira vez que tentam me usar para isso.
Alguns lobos possuem dons, alguns dos sentidos mais aguçados ou sexto sentido. Mas nunca ouvi sobre "farejar o medo".
Saio dali o mais rápido possível, e entro primeira sala que vejo, que para meu azar, era a sala do trono. Assim que fecho a porta, viro-me e vejo a enrascada que me meti.
- Safira...? - Daniel pergunta tirando seus óculos.
Daniel e Heitor estavam sentados em seus devidos tronos, e alguns homens ao seu redor.
-...eu não queria atrapalhar... - sou interrompida.
- desculpe o atraso, alfa - o pai de Nate e o Nate entram na grande sala.
Nate ao passar por mim, fareja algo no ar, e então para no meio do caminho, como se tivesse encontrado algo. Ele me olha surpreso, o que só aumenta meu terror. Ele desvia o olhar, e da uma risadinha, como se achasse graça de algo.
Ok, ele sabe que eu estava lá.
- sua presença não é mais solicitada aqui, Nathaniel - Heitor fala sério - você pode sair.
- senhor, ele é meu herdeiro, está prestes a assumir o poder e... - o pai de Nate começa a falar, mas é interrompido por Daniel.
- parece que não entendeu o que meu irmão falou - ele fala ríspido - o garoto deve sair.
- é claro, Supremo - o pai de Nate fala calmo, mas era visível ver o ódio em seu olhar.
Tenho certeza que era ele no quarto junto com Nate, mas... e a voz feminina? Talvez alguma empregada...
Nate apenas abaixa a cabeça, e se retira.
- suponho que tenha algo importante para fazer, irmãzinha - Daniel fala carinhoso - veio aqui para alguma coisa?
- sim... eu...boa noite - digo ainda tentando assimilar o ocorrido.
Saio da sala as pressas, e ao virar o corredor, bato de cara com uma parede me músculos.
- algum problema, Safira...? - Nate diz irônico.
Ele sabe... sabe que estive lá... escutando sua conversa atrás da porta.
- uau... você é realmente irritante! - reviro os olhos e tento sair mas o mesmo entra na minha frente novamente.
- é feio espionar os outros - ele fala irônico.
- eu não... eu não estava te espionando! - cruzo os braços nervosa.
- por que estava escutando atrás da porta...? - ele interroga.
- por que tantas perguntas...? O que está escondendo...? - minha vez de interrogar - eu moro aqui, posso andar por onde quiser!
- eu não...- o interrompo.
- ...então não tem porque ter medo... - digo e desvio o caminho dele.
- você não é tão delicada quanto parece, sabia?! - ele fala com humor enquanto me afasto.
- e você certamente é mais irritante do que aparenta! - falo sem o olhar, e continuo andando.
(...)
Quanto mais rápido eu ando, mais os corredores parecem ficar mais longos.
Eu quero, eu preciso saber o que Nathaniel White esconde, e por que ele quer se aproximar de meus irmãos.
Uma boa relação com a alcateia dele certamente não estava em questão, Daniel embora supremo não pode simplesmente virar as costas só por desavenças do passado, ou seja, isso tinha coisa a mais.
Fico tentada a contar para meus irmãos minhas descobertas, mas... como eu iria provar se eles fossem confrontar Nate e o pai?...
Droga!