Leilani fecha os olhos com força, lutando contra a dor em seu peito. Como ela ainda pode sentir dor? Ela não deveria estar anestesiada agora? Ela tenta engolir o grande nó em sua garganta e se esforça para acalmar seu corpo trêmulo.
Gabriel já a mandou embora sem motivo. Por que tanto ódio? Ela não está lutando contra a decisão, como em tudo em sua vida, ela só pode seguir a ordem, não importa o quanto ela não queira.
Leilani não vai lutar contra Gabriel nisso. Depois de alguns dias pensando, ela está realmente animada por deixar tudo isso, ela nunca teve muito a esperar em sua vida, até mesmo seus modestos sonhos parecem tão distantes, então mesmo que ela tenha passado dois dias esperando pela sua morte, no momento isso importa pouco.
Desde que ela esteja longe da matilha da meia lua, pelo menos uma vez em sua vida, ela considerará isso como algo realizado.
Gabriel agarra o queixo de Leilani e torce com força seu rosto para olhar para baixo, para ela. Ela pode sentir seu hálito ardente em seu rosto enquanto ele respira ofegante, toda sua presença tremendo com o esforço de respirar, um rosnado raivoso constantemente em seu peito.
Leilani reúne um pouco de coragem e olha nos olhos de Gabriel, seu lobo está emergindo e seus olhos são um n***o meia-noite profundo, um abismo infinito de repulsa. Seu coração treme mais uma vez e ela nem mesmo aguenta olhar para ele.
"Você me ouviu, órfã? Eu quero você morta. Nunca quis outra coisa além disso. Você é a desgraça da minha existência. Eu te abomino, te detesto. Quero ver seu sangue derramado, quero ouvir seu grito angustiado, quero ver seus olhos frios, mortos e sem vida"
Gabriel rosna com sua melhor voz de alfa.
"Olhe para mim, Leilani"
Leilani tenta manter seu olhar, mas está tão assustada que só quer chorar, quer se esconder.
"Apenas saiba que eu, o futuro alfa Gabriel, fiz isso com você. Fiz com que essa sentença caísse sobre você. Eu nunca quero ver seu rosto novamente. Nunca quero respirar o mesmo ar que você, mesmo se estiver do outro lado do mundo, ainda é muito perto de mim. Sua proximidade me enoja, seu cheiro me faz preferir asfixiar do que respirá-lo, seu rosto e corpo me dão ânsia de vômito. Não há nada em você que seja recuperável, você é um naufrágio, não tem valor"
Gabriel empurra Leilani com violência, fazendo com que seu pequeno corpo se choque bruscamente contra a parede mais uma vez. Ele olha para ela com um sorriso sarcástico nos lábios enquanto se afasta.
As mãos de Leilani tremem enquanto ela segura a bolsa junto a si e tenta colocar um pé na frente do outro, tentando conter suas lágrimas. Seu ombro bate no batente da porta enquanto sai, vendo o carro parado esperando por ela, seus olhos vasculham a multidão de pessoas que vieram se despedir.
Os membros da matilha têm sorrisos cruéis em seus rostos enquanto observam a mesma figura trêmula caminhar lentamente em direção ao carro.
Não há um único rosto amigável, apenas expressões de indiferença ou crueldade total.
A cabeça de Leilani está tão baixa que seu queixo encontra seu peito, ela não aguenta ver o ódio nos olhos das pessoas às quais ela nunca fez nada de m*l.
Enquanto entra no carro, uma alta comemoração irrompe da multidão enquanto todos começam a conversar, rir e abraçar como se tivessem se livrado de um grande fardo.
Leilani coloca sua bolsa no colo e suas mãos se torcem juntas, seus nós dos dedos doem com a força exercida, mas qualquer coisa que a ajude a conter suas lágrimas. Ela quer que o carro vá embora, mas não se atreve a dizer uma palavra.
Há um forte estrondo na janela e Leilani move os olhos para olhar e só vê as nádegas nuas de Maggie pressionadas contra o vidro enquanto Gabriel a penetra mais forte e mais forte, a carne batendo no vidro como os gemidos dos dois entram pela janela aberta do lado do motorista.
"F*de-me, Maggie, você é tudo o que preciso em uma mulher, você é tão boa, querida, se eu pudesse ficar preso dentro de você para sempre, seria tão feliz"
"Gabriel, eu te amo tanto"
Os ruídos na janela se tornam cada vez mais fortes. Leilani já há muito desviou o olhar, apenas olhando para a frente através para o para-brisa. Ela não faz ideia do que eles estão fazendo e não se importa.
Gabriel pensa que está a deixando com ciúmes, mas mesmo sendo fraca, ela tem mais auto respeito do que desejar alguém tão podre quanto Gabriel.
Aquela v***a e o maldito merecem um ao outro.
Gabriel está sorrindo enquanto tira a mulher do veículo, mantendo suas pernas envoltas em sua cintura enquanto dá ordens ao motorista.
"Vá embora agora, afaste essa v***a o máximo possível, o mais rápido possível"
Leilani respira aliviada enquanto acaricia seu corpo dolorido com movimentos pequenos para evitar o olhar de desprezo do motorista. Logo, eles adentram as árvores densas que cercam a casa da matilha e as áreas de treinamento, e Leilani sente uma sensação de serenidade tomar conta dela.Acomodando-se em seu assento, ela tem medo de fechar os olhos, ela não quer perder um momento de sua recém-encontrada liberdade. Mesmo este breve momento de paz é como nada que ela já tenha provado antes.
Leva um total de oito horas para chegar ao destino. Leilani olha pela janela para um grande arco de madeira com um portão de ferro fundido, uma cabine de guarda fica à esquerda e a cerca que percorre o perímetro nas duas direções é pontilhada com arame farpado, parece uma mistura estranha entre um acampamento de verão e um centro de detenção.
"No que você está olhando? Saia do carro!"
Leilani desvia seu olhar para o guerreiro que a encara com olhos cheios de desprezo. Leilani apenas acena levemente enquanto abre a porta e sai do veículo. Ela só foi à casa do grupo e à escola em sua vida, então isso é uma nova experiência para ela. No momento em que ela sai do carro, o carro parte lançando pedras, derrubando Leilani no processo.
Leilani se levanta e percebe um homem grande com braços tão grossos como troncos cruzados sobre o peito avantajado, olhando para ela com um olhar penetrante. Leilani mantém-se altiva e segura sua bolsa quebrada na frente dela, suas bochechas levemente coradas denunciam seu constrangimento.
O homem em pé no portão observa a garota enquanto ela se aproxima. Ela é uma coisinha pequena, seu rosto é esquisito e esses olhos e cabelos deixam claro que ela será algo maravilhoso de se contemplar mais tarde na vida.
A maneira como ela foi tratada, ele já viu tantas vezes antes. Ele faz sua pesquisa e consegue enxergar através de uma pessoa num instante. O número de inocentes que são enviados para este lugar por nada nunca deixa de surpreendê-lo.
Ele pega o telefone e aperta o botão de chamada.
"Ela chegou, o grupo deste ano é perfeito, é o que estávamos esperando"
Ele não espera por uma resposta antes de desligar. Leilani caminha até o portão fechado. Sua frequência cardíaca acelera enquanto ela olha para o homem que parece que poderia devorá-la como um lanche à tarde.
Ele é a pessoa mais alta que ela já viu. Ela pensava que Gabriel era alto antes disso, agora ela sabe melhor.
"O..O..Olá"
"Leilani?"
"S...S...Sou eu"
Titan acena para o guarda que abre o portão. Leilani se pergunta por que eles têm toda essa segurança. Um olhar para o homem à sua frente faz ela pensar que os invasores teriam que ser insanos.
"Siga-me"
Titan vira nos calcanhares e caminha até seu Jeep à espera, entrando sem usar a porta, seu corpo pesado atinge o assento com força, comprimindo a suspensão ao extremo. As barras de proteção fazem pouco enquanto sua cabeça passa facilmente por cima dela.
Leilani joga sua bolsa e depois tenta entrar no banco de trás.
"O que você está fazendo? Sente-se na frente"
Leilani acena enquanto se acomoda no veículo. Nenhuma outra palavra é dita até eles pararem em frente a uma cabana de madeira.
"Este é o seu lugar"
Leilani acena, sua voz é baixa, mas ela consegue não gaguejar.
"Obrigada"
Titan apenas acena e observa até que ela abra a porta da cabana. Seu cheiro é estranho. Ele não consegue identificar sua classe de sangue e isso confirma ainda mais sua reação inicial.