ZION|01

1477 Words
10 ANOS ATRÁS.... Enquanto corria pelas ruas fugindo dos dois policiais que me perseguiam , eu pensava o quanto a vida foi fodida para mim. Tudo ao meu redor não passava de uma casca de quem eu deveria ser , mas tudo me foi tirado porque assim meus pais optaram , eles escolheram o meu próprio destino , não me dando opção alguma, há não ser me tornar um ladrão de pequeno porte- ainda. Eu mesmo tinha grandes planos para mim , não significava que somente porque a vida decidiu ser uma filha da p**a comigo , é que eu me daria por vencido. Sou um lutador , já passei por merdas demais até aqui e pra quê? , só pra desistir no final ? -Não p***a, não ...sem chance, eu me recuso a aceitar permanecer vivendo no meio da miséria. Acabei de assaltar uma loja de conveniências do outro lado da realidade em que vivia. Lá só anda gente grã-fina , que tem grana – que sequer olham para o próximo ao não ser para o seu próprio umbigo. Acabo empurrando um casal de adolescentes que estavam de mãos dadas andando pelo calçadão sorridentes – e que nunca saberiam o que era passar pelo inferno o qual eu sinto na pele constantemente . Não me importo quando eles caem por cima de umas mesas de alguma lanchonete , uma vez em que eu só consigo pensar em minha fuga. Entretanto , não tenho êxito quando tento me esquivar virando a esquina,- sendo atingido por uma bala passando de raspão no meu braço esquerdo ,fazendo com que uma careta estampasse em meu rosto . -p***a!- Eu rosnei por entre os dentes cerrados quase soltando um urro , quando consegui despistá-los , me jogando para debaixo de uma caminhonete estacionada do lado da calçada. Por debaixo do carro , eu podia ver seus pés virando o outro lado do quarteirão à minha procura, quando soltei outro palavrão sentindo o ferimento doer pra c*****o. Dou um tempo, e ao perceber que já não corria perigo . Saí de debaixo da caminhonete puxando o capô do meu casaco pra cima da minha cabeça , conforme enfiei as mãos por entre os bolsos da minha calça jeans gasta. Não olho na cara das outras pessoas , enquanto acelero meus passos afim de chegar logo no lixão . O lugar onde pessoas humildes , que não tinham onde caírem mortas viviam , somente porque a sociedade de merda não fazia nada para dar a mão a quem quer que fosse . Eles não passavam de uns fodidos , filhos da mãe! E por isso mesmo eu roubava . Não tinha outra opção , ou você roubava ou morria de fome ; fazia isso não apenas por mim , mas pelas duas pessoas que eram importantes na minha vida , e graças a eles dois eu não tive um destino ainda pior . O m*l cheiro fétido alcançou minhas narinas , mas não me incomoda mais . Como poderia incomodar se eu vivi aqui desde que me entendia por gente?. Vim do lixão e aqui era o meu lar , porém não seria mais,- muito em breve. As crianças e adultos brigavam entre si para conseguirem achar comida, assim que os caminhões de lixo jogaram novos restos . Uma ira toma conta do meu peito à cada vez que eu via essa cena ; me fazendo prometer para mim mesmo que um dia faria deste lugar um lar para eles , onde não iriam mais se submeter a essas merdas . Enfio os polegares dentro da minha boca soltando um assovio . - Chega aí moleques! – Eu grito pra os dois filhos de um dos meus amigos . O mais velho tem 10 anos e o mais novo 7 – vê-los dessa maneira me faz recordar de mim há alguns anos atrás , passando pela mesma lástima por incansáveis vezes . Até que alcancei a adolescência , e fui em busca de trabalho, e tudo o que achei foi dar com a porta na minha cara – por que as pessoas sempre me tacharam de bandido . Na época eu não era mas hoje eu sou . - E aí Zion! , o que tem pra gente hoje ?- Landon pergunta com os olhos brilhando , regados de esperança, enquanto seu irmão Deivi só me encara de volta . - Dá essa grana ao pai de vocês . Tão afim de comer uma coisa legal , hoje ?- Um sorrisinho de boca fechada , forma-se no meu rosto. - Não brinca cara!- Landon toma os 200 dólares das minhas mãos e nem me agradece quando sai empolgado , correndo na direção do seu pai, junto a Deivi , que só me olhava de volta abrindo um sorriso desdentado gigantesco conforme segue a euforia do seu irmão. Glen me olha de volta ,acenando para mim em agradecimento batendo continência , enquanto lhe dou as costas indo em direção do casebre em que morava . Assim que atravessei as portas minha mãe de criação me olha com um belo sorriso no rosto. Eu a admirava , mesmo tendo vivido no meio de tanta pobreza nunca deixou de sorrir e parecer que vivia em um castelo , quando estava bem distante de sua realidade . Às vezes me peguei pensando que gostaria de ter esse lado que ela tem , mas não rolava . Nunca iria me conformar com essa vida medíocre , sem tentar crescer de alguma forma que fosse , e eu faria o que fosse possível pra ser grande , e dar tudo o que ela e o meu pai Marcel mereciam por terem sofrido tanto. Ele estava acamado, seus remédios eram caros e isso me dava mais incentivo ainda pra continuar a persistir naquilo que eu acreditava. - Meu Zion...você chegou . – Ela vem me tocando no rosto , mas quando seus olhos desviam-se para meu braço , a preocupação é evidente em suas feições . Antes que ela falasse mais alguma coisa , eu a interrompi. - Não foi nada demais . Eu estou bem, um curativo e fico novinho em folha . Não tem com o que se preocupar , entendeu ?. Como já sabia que qualquer coisa que viesse à me falar não iria fazer com que eu mudasse de ideia , apenas assentiu me ajudando a retirar o casaco sujo de sangue , uma vez em que eu pego gazes, algodão e álcool pra limpar o ferimento. -E meu pai ?,como está hoje ? -Um pouco melhor ,não sente tantas dores como ontem.Obrigado pelos remédios meu filho,sei o quanto isso é difícil pra você , se colocando em perigo e.... -Hey....para com isso – Lhe silencio, a tomando em meus braços e beijando na sua testa com meus olhos em cima do meu pai acamado , em seu sono .- Eu devo a minha vida a vocês , não tem que me agradecer mãe . Por vocês eu faria qualquer coisa....qualquer coisa mesmo . Inclusive matar. DIAS ATUAIS - Tá pensando em que ? – Absorto em pensamentos eu mergulhava em meu passado , lembrando de onde vim e onde estou agora, vivendo como a p***a de um rei. Martina entra dentro da banheira comigo, totalmente nua se posicionando em cima do meu colo , me abraçando pelo pescoço quando me dá um beijo na boca. - Em nada especifico .- Passo meus dedos pela base do seu pescoço distraidamente . - Meu pai está fora de si. Os Montenegro compraram as propriedades a qual ele estava de olho há algum tempo enquanto os antigos proprietários só enrolaram, só pra não ter que vender pra gente . Eles devem ter oferecido mais grana. Franzo meu cenho prestando atenção no seu rosto - Eles estão se espalhando como o c*****o de umas pragas . Precisamos dar um jeito nessa merda , ou vamos nos f***r. – Tiro Martina de cima do meu colo saindo de dentro da banheira a medida em que ela me encara de boca aberta. - Pra onde você vai ? - Dar um jeito nesse problema , antes que seja tarde demais – Lhe dou uma olhada firme por cima dos meus ombros . - E não pode deixar pra fazer isso depois ? -Não deixe pra fazer depois o que pode ser feito agora – Sigo meu caminho escutando seu praguejar atrás das minhas costas . Porém eu não tinha tempo pra ficar perdendo com as birras da minha noiva , tinha trabalho a fazer . Porque muito em breve , irei me apossar de tudo aquilo que me pertence por direito e junto com isso , eliminar de uma vez por todas a pedra no meu sapato da Arya Montenegro, aquela usurpadora que está desfrutando de tudo aquilo que é meu!.
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