Henrico - Redeção

Capítulo II - Oi?

Alessandro

Já faz meses que eu a vejo solitária, com os cabelos *negros uma bagunça e uma fisionomia peculiar.

Nossa organização tem um acordo com o orfanato, eles escondem algumas armas para nós e em troca pagamos uma boa quantia. Sem falar que muitas das meninas que saem dali acabam se casando com soldados da máfia e só descobrem que foi ‘’armado’’ depois de um tempo.

Já escolhi minha esposa, e deixei claro para a responsável pelo orfanato que não quero nenhum outro homem cortejando-a. Ela me disse para ficar tranquilo, que Briana é uma menina calma e que gosta muito de ler, mas tem poucas opções pois ela é cega. Não me importei nem um pouco com a deficiência dela, ela parece ser uma mulher incrível e eu quero ser o primeiro a explorar cada parte do corpo dela.

Não tenho nome importante na organização, sou um simples soldado que herdou uma pequena casa em um bairro calmo. As vezes vou em algumas missões importantes, ou em outras mais calmas, mas trabalho principalmente como motorista. Antes eu não gostava da vida calma, mas agora sabendo que logo terei para quem voltar, faço questão de me manter apenas atrás de um volante blindado.

Ela já tem idade para casar, mas quero fazer as coisas da maneira ‘’certa’’. Quero conquistá-la, quero cortejá-la da maneira que ela deseja e fazer com que ela se sinta única, até porque ela é!

Recebi a informação que algumas meninas pularam o muro ontem a noite, mas nenhuma delas é a minha Briana então ignorei totalmente. Não sei o que essas garotas veem de especial em sair por aí beijando rapazes desconhecidos e ainda correndo o risco de contrair alguma doença.

Faz meses que não fico com nenhuma mulher, não gosto e não tenho dinheiro para gastar com *prostitutas, e agora com Briana na minha vida também não me sinto disposto para sair e conquistar alguma mulher pra levar pra cama, eu sou todo dela, e ela será toda minha.

Hoje vou passar para ver como minha pequena está, às vezes eu a observo de longe, mas fica cada dia mais difícil manter a distância dela, desejo abraçá-la e fazê-la minha em qualquer lugar, mas infelizmente sei que devo controlar meus desejos.

Cheguei na instituição e logo a responsável veio me receber, com um sorriso no rosto como sempre.

_ Bom dia senhor Alessandro, a que devo a honra da sua visita ?

Perguntou a velha senhora. Sei bem da afinidade dela e de Briana e admiro a forma como ela tentou protegê-la do meu olhar esse tempo inteiro.

_ Bom dia, onde ela está ?

Fui direto ao ponto, não aguento mais esses suspense todo, quero oficializar logo um romance com a pequena morena, quero garantir que nenhum outro homem se aproxime.

_ Está no quarto, se quiser vê-la eu posso pedir a uma das meninas que …

_ Não será necessário!

Fui em direção aos quartos, conheço esse lugar como a palma da minha mão. Meu dever é guardar esse lugar, fazer entregas e manter o subsolo intacto. Temos muito dinheiro investido nesse lugar e aposto que ninguém desconfia da nossa mina de ouro. Nosso Capo é um homem muito inteligente, mas também caridoso. Esse lugar é sustentado pela organização a alguns anos, antes ele estava caindo aos pedaços, hoje conseguimos proporcionar um ambiente digno para as crianças e adolescentes que necessitam de um lar.

Bati na porta e aguardei, logo ouvi a voz dela autorizando a entrada.

Briana estava linda, os cabelos *negros estavam molhados e o cheiro de sabonete exalava pelo quarto. Fiquei observando ela durante alguns segundos enquanto a porta atrás de mim fechava lentamente.

Ela sentou na cama e franziu a testa.

_ Oi ?...

Perguntou ela, inspirando profundamente o cheiro no ar. Ainda sim fiquei sem reação, não é bem o que eu esperava, não me imaginei como um adolecente prestes a fazer uma declaração de amor, é tolice..

_ … você… quem é você ?

Perguntou ela, sentada na cama segurando firmemente o livro que eu havia lhe presenteado.

_ Eu … você gostou do livro ?

Perguntei em tom baixo. Ela fez uma cara de surpresa mas logo abriu um lindo sorriso.

_ Foi você quem me deu ?

_ Sim..

_ Como sabia que eu gosto de ler ?

_ Eu via você as vezes, sempre com os mesmos livros nas mãos.. imaginei que fosse gostar de algo diferente.

Ela abriu um sorriso maior ainda, um sorriso cativante.

_ Eu amei.. de verdade! Bom, como você deve ter percebido não posso ler qualquer livro, então..

Ela suspirou e inspirou profundamente parecia querer gravar meu perfume em sua mente.

_ Se quiser posso trazer mais, quero ver você dar mais sorrisos assim..

Falei enquanto tentava segurar a imensa vontade de beijá-la.

_ Bom, se não for incomodo pra você, eu gostaria sim!

Disse ela dando um sorriso tímido. Me aproximei e me ajoelhei aos pés dela, ela se afastou um pouco segurando firme a barra do vestido que estava usando.

_ Não é incomodo nenhum, quero ver você sorrir lindamente assim mais vezes.

Coloquei minha mão sobre a dela.

_ Qual é o seu nome ?

_ Alessandro.

_ E o que exatamente você quer comigo, Alessandro ?

Briana de boba não tem nada. Já que é assim, é melhor ser cem por cento sincero.

_ Faz tempo que desejo cortejar você, mas nunca tive coragem. Quero ter a oportunidade de ter sua companhia em um jantar, podemos ?

Perguntei enquanto olhava para o rosto dela. Ela parecia tão nervosa quanto eu.

_ Tá.. pode ser.

_ Pode ser hoje à noite ?

Perguntei ansioso.

_ Bom, se a madre autorizar, pode sim. Vou perguntar a ela..

_ Não. Eu pergunto, pode deixar.

Eu ia me levantar mas não resisti, tive que dar um beijo na bochecha dela. Briana ficou sem reação por uns instantes, mas logo senti a ponta dos dedos dela no meu rosto. Ela trilhou das minhas sobrancelhas até meus lábios, acariciou a minha barba e deu um largo sorriso.

_ Desculpa, mas é assim que consigo saber como é o rosto das pessoas..

_ Tudo bem, pode fazer isso quantas vezes quiser .. Até logo pequena.

_ Até..

Me levantei e fui direto na madre, informando que Briana sairia comigo pela noite e que ela estava proibida de falar qualquer coisa que pudesse revelar minha identidade ou prejudicar meu cortejo. Ela pareceu meio contrariada mas assentiu. Sai dali feliz, pela primeira vez na minha vida eu me sentia totalmente vivo.