11✔️

1178 Words
**Luísa** Fecho os olhos na tentativa de fugir daquele quarto, de desaparecer. Mas, em minutos, sou surpreendida por sua mão na minha cintura, e me assusto instantaneamente. — O que está fazendo? — pergunto, assustada. Ele permanece em silêncio e se aproxima do meu rosto, mas eu viro automaticamente. — Ok! — responde, levantando-se e saindo do quarto. "Preciso sair daqui..." repito para mim mesma em pensamento. As horas passam rapidamente até que, às 6:00 da manhã, decido ir até a sacada. Abro as portas e percebo que estou acima da piscina, com a casa rodeada de homens que, com toda certeza, estão armados. "O que esse homem realmente é?" — penso. Vejo um carro chegar, então entro rapidamente, sem muita emoção, tentando processar o que aconteceu nesses dias. "Eu tenho que sair..." Minutos depois, escuto a porta se abrir. Nem preciso olhar para saber de quem se trata! — Tenho um presente pra você — diz Tiago, mas permaneço calada. — Espero que caiba... Abra! — ordena. Observo-o por alguns segundos, então abro a caixa. "Mas que merda é essa..." — penso, em choque. — Obrigada... mas... não quero nada que venha de você! — digo, colocando a caixa sobre a cama. — Humm, não vou insistir... — ele fala, vindo na minha direção e me arrastando. Tento lutar contra ele, mas não tenho sucesso, estou sem forças. — Não, por favor... — imploro. — Quando você tiver a resposta que eu quero ouvir, nós conversamos — diz, e logo depois me joga em uma espécie de armário. "Não!!! Novamente não!!!" — grito em meus pensamentos, colocando as mãos nos ouvidos. Bato descontroladamente na porta. — Por favor!!! Me tira daqui!!! — grito. Me encolho e escorrego ao chão. O local é tão pequeno que nem posso deitar. *Flashback* — Não!!! Quero minha mãe!!! Não!!! — grito. — Se continuar desse jeito, vai ficar de castigo! — grita o vovô. — Quero minha mamãe... — falo, chorando. — Chega! — ele grita, me pegando pelo braço. — Eu disse para se comportar! Não quis, vai ficar de castigo! — fala, me colocando em um quarto escuro. — Vai ficar aí até parar de chorar! — diz. — Vovô!!! Não, não quero, por favor!! — grito, mas ele fecha a porta e a tranca. *Fim do flashback* Desde aquele dia, sempre dormi com algum abajur. Eu era muito pequena. Meu avô paterno me pegou na escola enquanto meus pais viajavam, mas eu estava com o meu tio, e não com ele. Tenho certeza de que faz horas que estou tentando acalmar minha respiração. Já estou ficando tonta, estou tentando ser forte, mas chega a ser impossível. Não só pelo fato da fobia, mas também porque não como desde... nem sei quanto tempo. Só jantei uma vez nesse lugar! Não tenho nem forças para me levantar! "Por que comigo?! Estava tudo dando certo na minha vida... Nunca fui uma filha ruim... É isso que dá, Luísa, querer pagar as dívidas do seu irmão!!!" — penso. Vejo a porta se abrir, mas continuo na mesma posição. — Já pensou na minha resposta? — fala Tiago. Assim que escuto sua voz, meu corpo estremece de medo e desespero. Levanto um pouco os olhos e digo: — Prefiro morrer a viver com você! — falo, rapidamente me encolhendo, esperando que ele me batesse ou algo do tipo. Mas nada acontece. — É uma pena você ser tão linda... Mas, já que esse é o seu desejo, tudo bem. Casarei com sua irmã então. "Não!" — Não, por favor — suplico, estendendo meu braço já sem forças. — Será você ou ela, Luísa! — diz, encostando-se à porta do armário. — Eu faço qualquer coisa, mas a minha irmã não! Por favor... — imploro. — Não tem outra opção, Luísa... A única que você já recusou... — desde que cheguei a essa casa, ele nunca falou tão tranquilamente. Ele sabe muito bem que não deixaria minha irmã entrar nisso. — Eu fico... — sussurro. — Mudou de ideia quanto à morte? — fala, com ironia. — Eu me casarei com você, mas com algumas condições... — sou interrompida. — Calminha, Luísa... Quem vai mandar nessa p***a será somente eu... E ai da minha querida esposa se me desobedecer! — diz, segurando firmemente o meu queixo. — Vamos, saia! — ordena. — Não consigo... — até hoje, minha única refeição nessa casa foi aquele jantar. Sou puxada brutalmente por ele. — Não brinque comigo, Luísa, porque eu não sei brincar! — diz, e assim minha visão escurece. Quando recobro a consciência, percebo que estou no quarto. "O que eu fiz!" — penso. Sento-me na cama e avisto uma bandeja de café da manhã com suco, bolo, frutas e frios ao pé dela. Puxo-a para o meu colo e devoro sem pensar duas vezes. Ao terminar, coloco a bandeja sobre o criado-mudo. Quando volto para a mesma posição, encontro Tiago me observando, encostado na porta. — Preciso falar com os meus pais... — digo. — Terá o seu momento, mas por agora, descanse! — diz, sentando-se ao pé da cama. — Mas não quero dormir... — falo, sentindo minhas pálpebras pesarem. — Cuidarei de tudo, querida, não se preocupe... — e essa é a última coisa que escuto antes de apagar. "Estou em um quarto todo branco, iluminado, e em cima da mesinha há um carro de brinquedo. Logo à frente, um quadro com duas crianças, mas não consigo ver os rostos. De repente, metade do quarto é tomada pelo preto, dividindo também o quadro. Uma escuridão tão profunda que não parecia ter paredes ou chão. Com um sopro do vento, perco o equilíbrio e caio sobre ela." Desperto, ainda zonza, e forço meu corpo a se manter acordado. Tento me levantar, tateando as paredes a caminho do banheiro. Ligo o chuveiro e me molho dos pés à cabeça, ainda com a roupa do corpo. Assim que saio, encontro uma toalha. Me dispo e me enrolo na mesma. "Aquele desgraçado me drogou!!!" — penso. Assim que saio, me deparo com a alma penada que habita essa casa. — Não esperava que já estivesse de pé. Achei que estivesse muito cansada — fala o rei da ironia. — Preciso de roupas! — digo, ignorando seu comentário. — Certeza que precisa? Por mim, aqui dentro, poderia andar assim! Até mesmo sem, se quisesse, claro — diz, com um sorrisinho de canto, movendo-se na minha direção e segurando meu queixo. — Nem morta! Seu canalha, filho da... — grito, mas ele me para, apertando cada vez mais minha bochecha e queixo! — Abra a boca!!! — grita, sem a expressão suave de antes, agora com sua carranca diária. Porém, não o faço, deixando-o ainda mais furioso! Ele aperta ainda mais forte, me fazendo abrir a boca, e então deposita um comprimido em meus lábios. — Vamos! Engula!! — manda. Fecho a boca, na esperança de que ele saia em seguida, mas ele espera que eu tome. Engulo, como se estivesse, também engolindo minha raiva. **Fim do capítulo** ---
Free reading for new users
Scan code to download app
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Writer
  • chap_listContents
  • likeADD