... Jota narrando ...
Eu estava me preparando para um assalto numa loja de joias hoje , eu tava desesperado para conseguir mais grana , não que eu não tivesse , mas eu queria mais e mais ... Eu estava estudando essa loja há uns dias , às 08h30min o segurança ir tomar café e ninguém substituía ele , era nesse momento que a gente entrava ... Ia eu e mais dois vapor ... Eu peguei a pistola para não chamar tanto a atenção , já eram 08h ....
- Vamos logo , para de enrolar c*****o ... - Eu disse entrando no carro e o vapor que tava dirigindo cantou pneu ...
A gente estacionou do outro lado da rua e ficamos esperando o segurança sair , dentro do carro não dava para ver nada ...
- Ta quase na hora ... Tu fica esperto c*****o ... - Eu disse para o vapor que tava no volante ...
- De boa chefia , to acostumado ...
- Você vem comigo , faz a limpa nas joia que eu vou limpar o caixa ... - Eu disse para o outro e ele assentiu ...
- Pode pá ... - Vi o segurança saindo bem na hora certa , sorri ...
- Vamo , vamo ... - Eu disse descendo do carro ... O outro veio atrás de mim ...
Entrei na loja , puxei a pistola e dei voz de assalto , a loja tava sem cliente , só tinham duas vendedoras ... Perfeito !!
- Em silêncio, mãos para cima e libera a grana ... - Eu disse apontando a pistola para as duas que se desesperaram ...
- calma moço , por favor ...
- EU TO CALMO c*****o , VOCÊS NÃO VÃO QUERER ME VER ESTRESSADO ...
- Vamo , vamo , passa as joias , coloca nessa mochila ... - O meu vapor disse para outra que fazia isso enquanto tremia ... Eu rapei o caixa da outra menina , quando ela terminou de dar o dinheiro , eu vi a mão dela indo por baixo do balcão e ela acionou um botão ... Tudo começou a apitar ...
- ta louca tio ? O que tu fez ? - Eu disse com a arma na cabeça dela ... O meu vapor saiu correndo com as duas mochilas e dois policial entraram na loja na mesma hora ...
- Sua v***a ... - Apontei a arma e disparei , a bala pegou no braço dela e ela caiu chorando ... Os dois policial me algemaram e os vapor já tinham vazado , pelo menos levaram a grana ...
- Achou que ia conseguir fugir é ? - um dos policial disse e eu fiquei em silêncio morrendo de ódio por dentro ... Mas era a primeira vez que a policia me pegava ... m***a !
Me enfiaram dentro da viatura e cantaram pneu para a delegacia ...
- Tu é de qual favela moleque ? - um deles perguntou e eu fiquei em silêncio ...
- FALA , se tu falar podemos te ajudar ... Qual favela ?
- Complexo da Penha ...
- Opa , vamo conversar então ... - Ele disse sorrindo no espelho para mim ... Eu desviei o olhar e eles me levaram para os fundos da delegacia ...
... Maia narrando ...
Acordei com o relógio despertando ao lado do meu ouvido completamente desesperado e exageramente escandaloso , era o segundo que ia parar na parede só essa semana ... Ele caiu no chão em mil pedacinhos e parou de tocar , encarei o teto tentando achar forças para levantar da cama e enfrentar mais uma dia dentro daquela delegacia ... Respirei fundo e decidi que se eu não fizesse isso por mim , ninguém mais faria , eu precisava garantir o meu salário no fim do mês de algum jeito e por enquanto , era aguentando cara b****a e machista no meu ouvido o dia inteiro .
Sentei na ponta da cama , me espreguicei estralando todos os ossos existentes no meu corpo , peguei minha toalha em cima da cadeira e fui direto para o banho , um banho matinal sempre me fazia despertar na hora . Assim que eu terminei , saí enrolada na toalha pelo quarto , eu morava numa casinha de fundos que eu tinha alugado de uma senhora que morava com o marido na casa da frente , um velho nojento que me espiava dentro da minha própria casa , por isso eu sempre estava com tudo fechado . Coloquei uma camiseta baby look na cor preta e escrito "Polícia civil" nas costas , em letreiro branco , coloquei uma calça jeans preta , amarrei o cinto de arma em volta da minha cintura , coloquei o distintivo como colar no meu pescoço , deixei o meu cabelo solto , ele alcançava os ombros e infelizmente ainda não dava para amarrar num r**o de cavalo , fiz uma maquiagem leve para esconder as olheiras das noites que eu não durmo direito , coloquei uma botinha de salto baixo e me perfumei ... Peguei a minha bolsa com a minha marmita de arroz e frango que eu tinha feito ontem a noite , coloquei o meu celular , carteira , tudo que eu precisaria para um dia de sobrevivência comum e saí de casa ...
Eu sempre ia de moto trabalhar , comprei ela semi nova e é mais econômica que um carro . Subi na minha moto , ia colocar o capacete quando eu vi a Dona Rosa sair em frente a casa dela ...
- Bom dia Maiazinha ... - Ela sempre me chamava assim , como se apelidos no diminutivo combinassem comigo .
- Bom dia Dona Rosa ...
- Indo trabalhar já cedo ?
- Alguém tem que garantir o pão do dia seguinte ... - Ela riu ...
- Concordo , bom trabalho filha ...
- Obrigada Dona Rosa ... - Coloquei o capacete e dei partida na moto ...
Assim que eu cheguei na delegacia , apressei os meus passos para chegar o mais rápido possível na minha mesa , mas é claro que no curtíssimo caminho eu precisava ter o azar de encontrar o Claudio ...
- Bom dia nossa policial feminina ... - Ele disse rindo , eu rolei os olhos e sentei na minha cadeira ...
- Seria um ótimo dia se eu não tivesse visto você ainda ... - Eu disse debochada e ele riu ...
- Tá afiada hoje policial feminina ...
- Não enche Cláudio , me deixa fazer o meu trabalho ... - Ele saiu rindo e resmungando coisas que eu não entendia ... Ele era mais um dos babacas que se achavam muito machões , mas não passava de um policial falido facilmente enganado por bandidos de dezessete anos ...
Liguei o meu computador , eu basicamente ocupava um cargo de perito criminal , eu investigava os locais de crimes , e quando eu não tinha nada para investigar , eu ficava em frente ao meu computador analisando as fotos de investigações que ainda estavam em andamento e não tinham sido solucionadas . Sim , todos os outros desmereciam o meu trabalho aqui , porque eu era a única policial mulher da corporação , já reclamei diversas vezes ao delegado , mas ele mesmo era um dos babacas ... O único que me levava a sério era o Estevan , ele era escrivão e também bastante zoado pelo pessoal , ele entrou na delegacia esse ano , transferido do interior e eu ensino bastante coisa para ele , acabamos nos tornando grandes amigos , daqueles que saem para beber nas sextas feiras a noite e falam m*l do patrão ...
Mas resumindo toda a minha vida , eu era uma mulher de vinte e cinco anos que deu sorte de entrar na faculdade aos dezoito , me formar aos vinte e dois e já assumir um concurso público da defesa civil assim que pegou o diploma ... Privilegiada ? Talvez , mas empregada pelo menos ...
- Bom dia ... - Estevan disse sentando na minha frente e eu sorri amarelo ...
- Bom dia ...
- Mais uma pegadinha i****a ... - Ele disse levantando a mão esquerda onde tinham taxinhas grudadas nos seus dedos , rolei os olhos ...
- Eles não cansam nunca ...
- Não , eu sou diversão para eles , a cada pegadinha tenho uma reação mais bizarra que a outra ...
- Isso só vai mudar se um de nós dois virarmos delegados ... - Ele riu ...
- Então isso nunca mais vai mudar ... – Estevan disse saindo e eu soltei um longo suspiro, realmente talvez ele esteja certo .