Lorenzo Mariano
Voltar a lidar com essa questão dos espanhóis é um saco. Primeiro pelas lembranças daquele dia e depois porque traz a sensação que o perigo sempre volta a nos espreitar.
Valentim começa a torturar o soldado. Com ele é assim. Primeiro ele bate muito, causa muita dor e depois ele conversa, pois assim o indivíduo já sabe o que o espera caso não fale o que ele quer ouvir. É uma tática eficiente. Mas muito rápida. Gosto de apreciar a dor e o sofrimento daqueles que torturo, então eu sou muito lento e adoro torturas psicológicas. Hugo Raffael gosta de fazer dos seus torturados ratos de laboratório e fazer diversas experiências com eles.
— Maldito! Meu problema é com o seu pai. Apesar que vocês também devem sofrer. Cof cof. Ahhh! Onde está o covarde do Dom Ângelo? Assassino!
Gargalhamos e trocamos olhares.
— Mesmo nessa situação acha que podem insultar o Dom Ângelo, também conhecido como ANJO DA MORTE? És mais t**o do que pensei. — Valentim diz se divertindo.
— Vocês invadiram nosso país e mataram nossos pais, irmãos mais velhos, tios e tudo por que? Nós não tínhamos culpa de o Dom Laerte ter usurpado o lugar de Dom!
— É nisso que vocês acreditam? Foi essa a mentira contada a vocês por todos esses anos? São mais tolos do que pensamos? — Pergunto incrédulo.
— O filho do Laerte está tentando tomar o lugar dele de direito, que é o de DOM. E ele fará vocês pagarem.
— Filho? — Perguntamos os três juntos.
— Sim. Laerte Jr. Cof... Quando vocês mataram o pai dele ele já tinha mais de 6 anos. Mas como foi gerado fora de um casamento era mantido em segredo.
— Put@ merda.
Nem preciso me virar para saber que meu pai acabou de entrar na sala e ele está no modo DOM ativado.
O verme continua a falar.
— Apesar que ele está disposto a fazer um acordo se o Dom entregar a irmã de vocês...
— Maldito! — Valentim brada.
— Miserável. — Raffael diz entre os dentes.
— Como ousa citar a nossa irmã? — Explodo em ódio.
Valentim, Hugo Raffael e eu partimos para cima dele. Atacamos simultaneamente e só paramos quando o Dom Ângelo ordena.
— Parem!
A sala fica em silêncio exceto pelos gemidos do homem.
— Orrrrr. Coff Coff. Arrr!
— Não se deixem levar pelas emoções Anjos Mariano. — Apenas assentimos. — Queria a minha presença? Estou aqui. — Dom Ângelo afirma com a voz com um som tão gélido. Que até me surpreendo. — Mas adianto que irá se arrepender rapidamente de ter me chamado.
“Nossa, a áurea do Anjo da Morte é realmente aterrorizante. E se já não fosse o suficiente tem o ódio refletido nos seus olhos.”
Ninguém ousa pensar ou falar da nossa irmã em sua presença. Ela é o querubim do Dom Ângelo e a nossa Angel.
— Anjos Mariano podem se retirar, eu resolvo daqui em diante. E não se preocupem este verme não irá morrer hoje, apesar de vocês já terem quase o matado. Nós vamos garantir a sobrevivência dele para que sofra por muito tempo.
— Sim, Dom! — Respondemos os três.
— Nicolas, conversará com vocês em sua sala Lorenzo. Ele irá prepará-los para as missões e o confronto. Vocês vão liderar os nossos ataques. Até mesmo você Lorenzo. Agora vão! — A voz de comando do Dom Ângelo é poderosa.
— Te... terá que matar a todos nós. Des... Destruir o nosso país. Ou nunca... Cof Cof.
— Me viro para ele e olho para o meu pai que assentiu.
— Não nos dê ideias tão tentadoras. — Gargalho de forma diabólica.
....
Valentim Mariano
Seguimos para a sala do Lorenzo depois de nos limparmos. Bater naquele verme nos sujou com o seu sangue. Assim que entramos nos deparamos com o Nicolas sentado com uma cara muito séria e algo me diz que não é só por causa dos espanhóis.
— Consigliere Nicolas, algum problema além dos espanhóis? — Pergunto indo direto ao ponto.
— Eles já são um problemão. Vocês não acham? — Ele responde pensativo.
Olho para meus irmãos que também não se convenceram. E depois encaramos simultaneamente o Nicolas que continua.
— Na verdade, há sim outra questão. O Dom recebeu uma solicitação do conselheiro Rogger...
— Rogger? — Pergunto interrompendo o Nicolas e meus irmãos me encaram com cara de poucos amigos.
— Valentim. — Sou repreendido pelo Nicolas.
Nos sentamos no sofá de frente para o Nicolas.
Assenti e comecei a imaginar o que o Rogger poderia ter solicitado.
— Vocês terão que passar por um treinamento bem específico. Nos foi relatado que vocês têm agido de forma imprudente em algumas situações envolvendo mulheres. Exceto o Hugo Raffael. Mas ele também participará desse treinamento.
— Nicolas estamos prestes a retaliar o ataque espanhol e dessa vez vamos destruí-los. E você está nos dizendo que vamos fazer mais um treinamento? — Lorenzo pergunta frustrado.
—Sim, Lorenzo. E acredito que ele é extremamente necessário justamente porque vocês irão para os ataques na Espanha. Vocês são os herdeiros. Você é o futuro Dom Lorenzo. E estarão em território inimigo.
— Nicolas do que se trata? Fale diretamente por gentileza. — Falo tentando controlar a curiosidade.
— Você e Lorenzo tem se colocado em situações de muita exposição quando o assunto é mulheres. E Valentim, só um aviso. Não me interrompa outra vez.
Nicolas me adverte e abaixo a cabeça, pois era exatamente o que eu ia fazer.
— Engraçado que recentemente aconselharam o Jordane sobre os perigos de baixar a guarda mesmo que seja no momento do sexo com uma mulher teoricamente fácil de dominar e de se defender dela se fosse necessário.
— Nicolas eu controlo muito bem todas as vezes que estou a sós com uma ou mais mulheres. Não me coloco em risco como Jordane fez ao se permitir ser arranhado. — Falo revoltado com essas “acusações”.
— Exatamente Nicolas. Sabemos disso e somos experientes, não nos arriscamos à toa. Sabemos o que estamos fazendo. Mas entendo sua preocupação. Lorenzo afirma.
— Acredito em vocês. Exceto quando vocês se envolvem com a primeira mulher que vê em uma das nossas boates. Ou com mulheres que sabem que vocês são mafiosos e não se lembram de pedir para vigiá-las depois. Não é mesmo Valentim?! E elas podem tentar armar uma gravidez por exemplo.
— Mas isso não aconteceu. — Rebato. Já estou put0 com essa conversa.
— Graças aos arcanjos de vocês. Por que se dependesse de você. A Dama estaria arrancando o seu coro pedaço por pedaço. Mesmo que fosse uma falsa gravidez ou até que fosse de um outro homem.
— Culpado! Já entendi. Mas porque foi o Rogger que solicitou esse treinamento? E não você, Nicolas?
— Porque as últimas informações foram passadas diretamente a ele. E ele já elaborou o treinamento na prática para vocês.
Hugo Raffael começa a gargalhar.
— Sempre avisei a vocês dois. — Ele aponta para nós. — Farei esse treinamento com prazer Nicolas. Só para ver meus irmãos reprovarem pela primeira vez em alguma coisa na vida.
— E você não, né? Porque é o certinho. Quase um monge. Apesar que se for em outro país você se solta. — Devolvo o sarcasmo para meu irmão.
— Nesse quesito, mulheres, o Raffael é o mais imune de nós três. — Lorenzo diz com a sobrancelha erguida.
E eu gargalho.