• Alice •
Lavínia estava no meu ouvido, me enchendo o saco pra ir num baile, não se aonde, e eu já estava começando a ficar irritada com ela falando em meu ouvido.
Alice: Eu já disse que não vou, Lavínia! - bufei cruzando os braços.
Lavínia: O que custa tu ir comigo? Hm? - me encarou.
Alice: Custa muito, tá? É uma favela. Lavínia, uma favela! Tem drogas, armas e traficantes!
Lavínia: Eu chamei você pra ir no baile, e não usar drogas ou se envolver com traficante. - revirou os olhos.
Alice: Vou ver.
Lavínia: Passo aqui hoje, umas dez horas. - falou e saiu da minha casa correndo.
Revirei os olhos e fui almoçar com meus pais. Meus pais são médicos em um hospital aqui na zona sul do Rio, e eu só estudo. A gente mora em uma casa em um condomínio fechado na zona sul também, aqui é até legal, mas não pode fazer uma festinha que os vizinhos enjoados vem encher a m***a do saco.
Vontade de mandar ir se fuder, mais mantenho a classe, e sigo bem plena, só por fora mesmo!
Lavínia mora aqui no condomínio também, só que lá do outro lado. Seu pai é engenheiro e sua mãe empresária. Ela tava me enchendo o saco desde ontem, para ir em um baile na favela dos Pedreiros, sei lá qual é o nome daquela favela.
Eu só não quero ir, tenho medo, já vi várias reportagens sobre essas favelas, são perigosas e tem vários traficantes. Não gosto de nenhum!
É cada coisa que já ouvi falar deles, que só de lembrar, me dá arrepios.
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Descemos na frente daquele morro enorme. Lavínia me obrigou a vir, eu não queria, mas ela começou a fazer aquele drama dela falando que iria embora desse país e nunca mais iria olhar na minha cara.
Eu sabia que ela não faria isso, mais vim mesmo assim pra ela parar de encher o saco, tava me irritando já, e pra não acabar em m***a, eu vim.
Meus pais não faziam ideia que eu estava aqui, eles estavam em plantão no hospital, então nem saberia que pisei em uma favela, se soubessem me matariam.
Alice: Só você pra me trazer nesse lugar. - encarei ela.
Ela riu de lado e fomos subindo. Tinha uma rua enorme, e ela estava praticamente vazia, quando a gente ia entrar na favela de vez, do nada, não sei da onde apareceram um monte de cara armado, impedindo nossa passagem. Eu já me tremi toda e dei alguns passos para trás.
- Tão pensando que vão aonde? - um cara com uma arma enorme nas costas perguntou nos olhando.
Lavínia: Baile.
- Com a permissão de quem?
Lavínia: Não conheço ninguém aqui, muito menos os donos pra pedir permissão. - cruzou os braços. - Deixa a gente passar ai, por favor, a gente só quer curtir o baile.
- Vou mandar o papo bom aqui pro chefe.
O menino ficou por maior tempão falando com alguém num rádio, mas deixou a gente passar no final. Subindo, eu dei graças a Deus que eu vim de tênis e não de salto.
Dava pra ouvir o som alto de longe. Quando entramos na quadrinha respirei fundo vendo que ela estava lotada de gente que nunca nem vi na vida.